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ABDOME AGUDO

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CENTRO UNIVERSITÁRIO GOVERNADOR OZANAM COELHO – UBÁ (MG) LUCAS MAGALHÃES DE OLIVEIRA [ 1 ] 
 
ABORDAGEM DO 
ABDOME AGUDO 
LUCAS MAGALHÃES DE OLIVEIRA – UNIFAGOC – 2021/1 
SÍNDROME DO ABDOME AGUDO 
Representa quadros abdominais súbitos, não 
traumáticos e geralmente de grande intensidade. Suas 
causas podem ser cirúrgicas ou clínicas extra-abdominais. As 
principais causas de dor abdominal aguda no adulto podem 
ser divididas em intra-abdominais (inflamação, peritonite, 
obstrução intestinal, alterações vasculares e distensão 
visceral) e extra-abdominais (insuficiência cardíaca, 
pneumonia, torção testicular, anemia hemolítica, dentre 
outras) ou conforme sua forma de abordagem, sendo clínica 
(metabólica, hematológica, tóxica) ou cirúrgica (obstrutiva, 
isquêmica, inflamatória, perfurativa, hemorrágica). 
 
AVALIAÇÃO DA DOR ABDOMINAL 
 É o resultado da avaliação da história clínica 
associada ao exame físico. Durante a anamnese, todos os 
pacientes com síndrome do abdome agudo devem ser 
questionados sobre a localização, irradiação, cronologia e 
qualificação da dor, assim como a presença de outras 
manifestações associadas (vômitos, diarreia, alterações do 
apetite, icterícia, hematúria, dentre outras). Durante o 
exame físico, é importante observar o estado geral e os 
sinais vitais do paciente (são fatores determinantes de 
urgência – febre baixa pode sugerir diverticulite ou 
apendicite, febre alta pode sugerir colangite ou infecções 
urinárias, por exemplo), e a atitude do paciente (paciente 
imóvel sugere peritonite, agitado sugere obstrução ureteral 
e posição genupeitoral sugere pancreatite). 
 Ao examinar o abdome do paciente, deve-se 
procurar por cicatrizes (que sugerem cirurgias previas), 
avaliar a presença de hérnias, procurar por massas e avaliar 
a distensão abdominal. A ausculta pode sugerir algumas 
hipóteses diagnósticas como íleo paralítico (abdome 
silencioso) e gastroenterite (ruídos aumentados). A palpação 
deve se iniciar num ponto distante da dor, que algumas 
localizações específicas podem sugerir o diagnóstico, como 
no caso de apendicite (dor no ponto de McBurney), 
colecistite (dor no quadrante superior direito) ou 
diverticulite (dor no quadrante inferior esquerdo). 
 Os dois parâmetros clínicos mais importantes a 
serem pesquisados e indicativos de peritonite são irritação 
peritoneal (por meio da descompressão dolorosa, 
representado pelo aumento da dor abdominal causado pela 
retirada súbita da mão do examinador, após a palpação 
abdominal profunda) e defesa muscular (aumento do tônus 
muscular à palpação abdominal pode sugerir peritonite, 
caso involuntário). 
 
 
 
EXAMES COMPLEMENTARES 
 Em um quadro de abdome agudo, na abordagem 
tradicional, os principais exames solicitados são: 
hemograma completo e bioquímica contendo glicemia, 
cetonemia, ureia, creatinina, ALT, AST, fosfatase alcalina, 
bilirrubina, amilase, lipase, lactato, bicabornato, eletrólitos, 
gasometria arterial, EAS e β-HCG. 
É possível encontrar alguns achados também nos 
exames de imagem, porém com indicações limitadas. 
Chama-se de “Rotina de Abdome Agudo” o conjunto de três 
radiografias, sendo elas: Tórax (PA), abdome em ortostase e 
abdome em decúbito dorsal. Nas radiografias devemos 
procurar por pneumoperitônio, aerobilia, calcificações e 
distensão de alças intestinais. Outros exames de imagem 
como a ultrassonografia, a tomografia computadorizada e a 
ressonância magnética também podem ajudar na elucidação 
diagnóstica. 
 
ABORDAGEM DO ABDOME AGUDO 
 O primeiro passo é a avaliação da estabilidade 
hemodinâmica do paciente, onde devemos descartar os 
estados de hemorragia e hipovolemia. Nesse momento, 
deve-se diagnosticar o mais rápido possível as causas que 
necessitem de tratamento de urgência. Em seguida, deve-se 
oferecer alivio sintomático logo que necessário. Grande 
parte desses pacientes vão necessitar de analgésicos e 
antieméticos. O terceiro passo consiste em excluir gravidez 
e causas pélvicas em mulheres, além do exame físico e da 
dosagem do β-HCG, podem ser necessárias USG 
transabdominal e transvaginal. Por fim, deve-se definir a 
conduta, se será clínica ou cirúrgica. 
 
SINAIS DE ALERTA 
 Em caso de hipotensão, taquicardia ou 
rebaixamento do nível de consciência, deve-se obter 
prontamente o acesso venoso periférico, monitorização 
cardíaca, suplementação de oxigênio quando necessário, 
avaliar necessidade de hemotransfusão, reposição volêmica 
e manutenção das vias aéreas. 
 
CLASSIFICAÇÕES 
 
IN
FL
AM
AT
Ó
RI
O
 É o mais comum. É uma consequência de 
processos inflamatórios e/ou infecciosos. 
PE
RF
U
RA
TI
VO
 Caracterizado por dor de inicio súbito e difuso, que 
frequentemente vem associado com choque e 
septicemia. 
Etiologias: Processos inflamatórios infecciosos, 
neoplásicos, inflamatórios, ingestão de corpo 
estranho, traumatismos, iatrogênicas. 
CENTRO UNIVERSITÁRIO GOVERNADOR OZANAM COELHO – UBÁ (MG) LUCAS MAGALHÃES DE OLIVEIRA [ 2 ] 
 
O
BS
TR
U
TI
VO
 Caracterizado pela presença de obstáculo 
mecânico ou funcional que leve a interrupção da 
progressão do conteúdo intestinal. 
Etiologias: Hérnia estrangulada, aderências, 
Doença de Crohn, neoplasia intestinal, 
diverticulites, fecaloma, impactação por bolo de 
áscaris, íleo paralítico. 
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M
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RR
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O
 
Mais comum entre as 5ª e 6ª décadas de vida. Em 
geral se apresenta como dor que aumenta 
progressivamente, podendo ser acompanhada de 
choque hipovolêmico. 
Etiologias: Em pacientes jovens está mais 
associado à ruptura de aneurismas das artérias 
viscerais; em mulheres à sangramentos por causas 
ginecológicas e obstétricas; e em idosos à ruptura 
de tumores, veias varicosas e aneurismas de aorta 
abdominal. 
IS
Q
U
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IC
O
 Presença de dor abdominal intensa, 
desproporcional as alterações do exame físico. 
Etiologias: Isquemia mesentérica aguda e crônica; 
colite isquêmica. 
 
ETIOLOGIAS 
 
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ABORDAGEM DAS PRINCIPAIS ETIOLOGIAS 
Pancreatite Aguda (Dor no Abdome Superior) 
 Paciente apresenta clínica de dor epigástrica 
intensa (irradiando principalmente para o dorso) + elevação 
da amilase/lipase. Durante a abordagem, deve-se 
diferenciar a forma leve (intersticial), da forma grave 
(Necrosante), fazendo uso do escore de Ranson. O 
tratamento da forma leve consiste em cuidados gerais e 
suporte, enquanto da forma necrosante, além do suporte, 
deve-se iniciar reposição volêmica agressiva e suporte 
nutricional. 
 Durante o exame físico, o paciente se encontra 
agitado, movimentando-se no leito em busca de posição 
mais confortável. Febre e icterícia podem estar presentes. 
Ocorre diminuição importante do peristaltismo, decorrente 
do íleo paralitico, hipertimpanismo, devido à distensão 
abdominal, e descompressão dolorosa e defesa voluntária 
ou involuntária durante a palpação do abdome. 
 
Doença Biliar / Colelitíase (Dor no Abdome Superior) 
 O quadro clínico consiste em dor em quadrante 
superior direito de abdome, com mais de 6 horas de duração 
e sinal de Murphy positivo. Paciente pode apresentar febre, 
leucocitose e aumento do PCR. O diagnóstico é feito por 
USG. 
 
Apendicite Aguda (Dor no Abdome Inferior) 
 É a principal causade abdome agudo em adultos, 
gestantes e crianças. Tem como causa a obstrução do 
apêndice por fecalitos ou apendicolitos, hiperpladia dos 
folículos linfoides, dentre outras. 
 Paciente apresenta quadro de dor periumbilical que 
migra para fossa ilíaca direita, no ponto de McBurney. O 
diagnóstico é clínico, fazendo-se uso dos sinais 
característicos de Dunphy, Blumberg, Rovsing e Lapisnky. Em 
caso de dúvida, pode-se solicitar TC ou USG. O tratamento 
da apendicite simples (com menos de 48h de evolução) é 
cirúrgico, se complicada (abscesso), o tratamento inclui 
antibioticoterapia, drenagem e colonoscopia, para posterior 
realização de apendicectomia. 
 
Diverticulite Aguda (Dor no Abdome Inferior) 
 Consiste na perfuração do divertículo, com 
inflamação pericolônica. O diagnóstico é clínico, podendo-se 
fazer uso de imagem (TC). A abordagem da diverticulite não 
complicada consiste em tratamento clínico, com 
antibioticoterapia e alterações na dieta, e da complicada 
(abscesso) consiste em drenagem guiada por TC, 
antibioticoterapia e cirurgia eletiva após 6-8 semanas. 
 
Isquemia Intestinal (Dor Abdominal Difusa) 
 Quadro clínico de dor abdominal difusa, com febre 
e diarreia sanguinolenta em pacientes idosos. A dor 
abdominal é, geralmente, intensa e desproporcional ao 
exame físico. 
CENTRO UNIVERSITÁRIO GOVERNADOR OZANAM COELHO – UBÁ (MG) LUCAS MAGALHÃES DE OLIVEIRA [ 3 ] 
 
Obstrução Intestinal 
 Paciente apresenta dor abdominal em cólica, 
vômitos (precoces e biliosos na obstrução alta, tardios e 
fecaloides na obstrução baixa), desidratação, constipação e 
diarreia paradoxal. No exame físico, pode-se observar 
hiperperistaltismo e distensão abdominal. O tratamento 
pode ser conservador (obstruções funcionais ou parciais) ou 
cirúrgico (obstruções parciais refratárias, totais ou 
estranguladas).

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