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Intoxicações por Metais Cobre O cobre é um metal pesado e um microelemento essencial ao organismo por atuar nas células em diferentes processos bioquímicos, como na respiração celular, biossíntese de catecolaminas, metabolização do ferro por enzimas cobre-dependentes, na formação de elastina, colágeno e na produção de melanina. A intoxicação acomete bovinos, ovinos, suínos e cães. No entanto, ovinos são muito mais suscetíveis (maior letalidade) à intoxicação por Cu, pois tendem a absorver e reter mais cobre devido a menor afinidade de metalotioneína com Cu. A intoxicação por cobre pode ser dividida em duas categorias (toxicose): Intoxicação aguda (muito rara) ou Intoxicação acumulativa (ICA). Intoxicação Aguda → Ingestão de altas concentrações de cobre ou injeção por via parenteral (muito rara, mas geralmente ocorre em ovinos). Provoca ulceração do trato gastrointestinal e insuficiência hepática. Intoxicação Acumulativa (ICA) → Intoxicação por ingestão de dietas ricas em concentrados energéticos e pobres em molibdênio, enxofre e ferro (antagonistas do cobre); utilização de ração própria de bovinos em ovinos. Provoca anemia hemolítica (com presença de sangue na urina) e nefropatia (insuficiência renal aguda). Fatores Predisponentes Água de pedilúvio contendo sulfato de cobre Sal mineral Cama-de-frango* Esterco de suínos * (rico em proteínas) Áreas que são utilizados fungicidas ou antimicrobianos Teores Máximos Toleráveis de Cobre na Dieta sem Causar Intoxicação Espécies Dose (mg/kg) Suínos 250 Bovinos 100 Ovinos 25 Toxicocinética O cobre é absorvido preferencialmente na sua forma divalente no trato gastrointestinal, a entrada facilitada quanto menor for a quantidade de metalotioneína (importante na absorção de Cu2+). Após ser absorvido, o Cu se deposita no fígado, que é o órgão-estoque. No fígado, o Cu se liga a proteína carreadora ceruloplasmina e, então, é transportado para todo o organismo. Patogenia (ICA) O Cu no fígado causa necrose dos hepatócitos (Cu é oxidante), com a necrose ocorre a liberação de Cu livre e lisozimas na corrente sanguínea. O Cu livre penetra as hemácias e se liga a glutationa, oxidando-a, o que vai acarretar a hemólise das hemácias e na liberação de radicais livres e hemoglobina, causando um quadro de icterícia. O Cu, radicais livres e hemoglobina são filtrados pelos rins e irão causar hemoglobinúria, oligúria e resulta em uma insuficiência renal (principal causa mortis). Tratamento Uso do tetratiomolibdato (TTM) como antídoto e tratamento suporte. O tetratiomolibdato é produzido por meio do molibdênio, que se relaciona de maneira inversa com o cobre (quando a concentração de molibdênio aumenta a concentração de cobre diminui). Chumbo As espécies mais afetadas são bovinos e cães; os animais de produção são os mais susceptíveis à exposição do chumbo, especialmente os ruminantes. Geralmente é causado pelo hábito dos animais de lamber as paredes pintadas com tinta à base de carbonato de chumbo das baias e pelo pastejo em propriedades com resíduos de fábricas de baterias e indústrias de tinta. A intoxicação pode ser aguda ou crônica, mas geralmente é manifestada pela sua forma aguda. A intoxicação crônica Cu → Fígado → Hepatócitos → Necrose dos hepatócitos → Cu livre na corrente sanguínea → Hemácias → Glutationa → Lise das hemácias → Cu livre, radicais livres e hemoglobina → Filtrados pelos rins → Lesa glomérulos e túbulos renais → Insuficiência renal aguda provocada pela exposição ao chumbo é denominada saturnismo. Toxicocinética A principal via de absorção é pela via oral, que tem baixa absorção (1 a 2%) e que é absorvido no trato gastrointestinal (TGI). Cerca de 90% do que é absorvido se liga aos eritrócitos e os outros 10% se ligam ao SNC, fígado, rins e ossos. O chumbo é armazenado nos ossos onde pode permanecer por muito tempo, mesmo após o chumbo circulante ter sido eliminado pelas vias de excreção (TGI, trato urinário). Pode, então, haver uma reagudição da intoxicação por algum estresse que cause a liberação do chumbo armazenado nos ossos. O chumbo é capaz de atravessar as barreiras hematoencefálica e placentária. Mecanismo de Ação Inibe a síntese da hemoglobina através de inibição enzimática. → O chumbo é inibidor da enzima ALA desidratase que transforma o ácido deltaaminolevulínico em porfiobilinogênio, o qual está envolvido na síntese do grupamento HEME, e consequentemente afeta negativamente a síntese de hemoglobina. Sinais Clínicos Hiperestasia (excesso de sensibilidade a estímulos), cegueira parcial ou total, nistagmo (oscilações involuntárias rítmicas dos olhos), espasmos musculares, comportamento agressivo, convulsões recorrentes, sialorréia e atonia ruminal. Diagnóstico Exame radiológico → Linhas de chumbo (humanos). Avaliação hematológica → Anemia e pontilhados basófilos. Tratamento EDTAC CaNa2 (via parenteral), Ácido dimercapto succínico – DMSA (via oral) com tratamento sintomático e tratamento de suporte.
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