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FPM 3 Aula 8 – Abordagem das Doenças Crônicas não Transmissíveis Alguns dados interessantes • Queda na mortalidade por doenças transmissíveis – redução de 46 para 10% por doenças infecciosas e parasitárias entre 1930 e 2007 • Mortalidade infantil sofreu uma redução de 58,8% entre 1990 e 2008 • Mortalidade por doenças crônicas sofreu uma redução de 569 para 475 mortes por 100 mil habitantes no período de 1996 a 2007 • O tabagismo no Brasil também sofreu uma queda, de 34,8% para 12,1% entre 1990 a 2011 → Reflexo em uma diminuição da mortalidade por doenças cardíacas. Vigilância Epidemiológica Vigilância: Conjunto de ações que proporciona o conhecimento, a detecção ou a prevenção de qualquer mudança nos fatores determinantes e condicionantes de saúde individual ou coletiva, com a finalidade de recomendar e adotar as medidas de prevenção e controle de doenças e agravos. Vigilância de Doenças Crônicas Não Transmissíveis • Informação baseada em tendências temporais • Relação multicausal • Ênfase central: estabelecer os níveis de exposição aos fatores de risco, associados também a diversas doenças • Maior intervalo de tempo entre exposição e desfecho Vigilância de Doenças Transmissíveis • Informação baseada na notificação e investigação de casos individuais • Relação unicausal presente • Ênfase central: interrupção rápida da cadeia de transmissão Objetivos da Vigilância de DCNT • Reduzir a incidência e prevalência das DCNT • Retardar ou prevenir o aparecimento de complicações e incapacidades decorrentes das DCNT • Aliviar a gravidade e prolongar a vida com qualidade de saúde Análise de Situação de Saúde (ASIS) Processo analítico-sintético que permite caracterizar, medir e explicar o perfil de saúde-doença de uma população, assim como seus determinantes, que facilitam a identificação de necessidades e prioridades em saúde, a identificação de intervenções e de programas apropriados e a avaliação de seu impacto. Razões pra queda de mortes por DCNT A queda da mortalidade por DCNT no período teve maior contribuição das DCV. Observa-se, por outro lado, pequeno aumento da mortalidade por diabetes e outras doenças crônicas Entre as principais causas dessa redução, temos: ✓ A expansão da atenção básica e melhoria do acesso aos serviços de saúde; ✓ A importante redução da prevalência de tabagismo no Brasil: em 1989, a prevalência de fumantes era de 34,8%, em 2011 esse número sofreu uma queda para 14,8% A diminuição do ritmo de declínio pode, em parte, ser resultado do aumento expressivo na prevalência de obesidade e diabetes A mudança do perfil epidemiológico da população se baseia em uma transição e mudanças sociais importantes nos últimos 30 anos, como: Transição demográfica Transição nutricional, em que 48,97 da população encontra-se com sobrepeso e obesidade Mudanças sociais e de hábitos na população Tripla Carga de Doenças → Ainda há um número considerável de Doenças Transmissíveis, maior do que em países desenvolvidos; Aumento de doenças crônicas não transmissíveis e ainda causas externas, como violência e acidentes de trânsito. Quatro principais DCNT X Quatro fatores de risco Foram escolhidas quatro doenças crônicas não transmissíveis para poderem ser trabalhadas ao decorrer do tempo, como doenças cardiovasculares, câncer, diabetes e doenças respiratórias crônicas; assim como quatro fatores de risco relacionados com essas doenças, como alimentação não saudável, tabagismo, atividades físicas insuficientes e uso nocivo de álcool. A partir disso, foram criadas metas para modificar esses fatores: • Reduzir a taxa de mortalidade prematura por DCNT em 2% ao ano • Reduzir a prevalência de obesidade em crianças e adolescentes • Deter o crescimento da obesidade em adultos • Aumentar a prevalência de atividade física no lazer • Aumentar o consumo de frutas e hortaliças • Reduzir o consumo médio de sal • Reduzir as prevalências de consumo nocivo de álcool • Reduzir a prevalência de tabagismo • Aumentar a cobertura de mamografia em mulheres entre 50 e 69 anos • Aumentar a cobertura de exame preventivo de câncer de colo de útero entre mulheres de 25 a 64 anos • Tratar 100% das mulheres com diagnóstico de lesões precursoras de câncer Mas ainda temos muitos desafios: Macro dimensões • Gestão • Financiamento • Regionalização • Articulação Intersetorial Micro dimensões • Qualificação do cuidado / boa prática clínica • Adensamento tecnológico da APS • Legitimação / Responsabilização da APS, coordenação do cuidado e ordenação da rede • Processo de trabalho da equipe, integração com a rede e tecnologia leve Como enfrentar esse desafio? ✓ Redes de Atenção à Saúde (RAS) ✓ Melhoria da Qualidade do Cuidado Importância das DCNT • Levam décadas para serem instaladas na vida de uma pessoa • Tem origem em idades jovens • Influenciada pelas condições de vida, não somente de escolhas individuais • Muitas oportunidades de prevenção – longa duração • Abordagem sistemática e longo tempo para tratamento • Serviços de saúde integrados para abordagens adequadas • Prevenção com baixo custo DCNT - Abordagens • Abordagem Integral • Micropolítica: ▪ Linhas do cuidado, acesso a medicação / apoio diagnóstico ▪ Vinculação e responsabilização ▪ Produção da autonomia do usuário • Macropolítica ▪ Ações regulatórias ▪ Articulações intersetoriais e promotoras de saúde ▪ Organização da rede de serviços Programa Farmácia Popular do Brasil • Início em 2004: compra de medicamentos a preços de custo em Farmácias Populares credenciadas • Ampliação do acesso a medicamentos essenciais: analgésicos, contraceptivos e para tratamento da hipertensão, diabetes e dislipidemia, asma, entre outros • Em 2006, o programa foi estendido para a rede privada de farmácias, com a criação de uma nova modalidade, o “Aqui tem Farmácia Popular”. Conclusões e recomendações As DCNT estão rapidamente se tornando prioridade em saúde pública no Brasil e políticas para sua prevenção e controle têm sido implementadas. Embora nem sempre haja uma avaliação formal, o SUS tem feito grandes avanços, entre eles, a implantação de intervenções altamente custo-efetivas, como o controle do tabaco e a ampla distribuição de medicamentos àqueles que tem alto risco de desenvolver doenças cardiovasculares. Porém, ainda temos o que fazer: 1. A prioridade e o apoio político para prevenir as DCNT precisam ser reforçados: ▪ Enfatizando o controle das DCNT por medidas populacionais, ao invés de individuais; ▪ Ressaltando o papel das DCNT no retardo do crescimento econômico e perpetuação da pobreza, e ▪ Focando em intervenções custo-efetivas. 2. Metas nacionais precisam ser desenvolvidas para reduzir as doenças crônicas e seus fatores de risco; 3. Ênfase especial na obesidade, e para o incremento de políticas e ações para atingi-las; 4. Garantir apoio orçamentário para ações de promoção de saúde e prevenção de doenças; 5. Intensificar estratégias intersetoriais que possam ajudar a criar um ambiente propício às escolhas saudáveis de estilo de vida 6. Enfatizar estratégias upstream, como por exemplo, aquelas para restringir a propaganda de alimentos não saudáveis para crianças 7. Atenção especial deve ser dada aos períodos críticos da vida (gravidez, primeira infância e adolescência) 8. O SUS precisa ser fortalecido para: ▪ Oferecer assistência aos portadores de DCNT mediante modelos de atenção a condições crônicas com base em experiencias locais ▪ Expandir e qualificar a Estratégia Saúde da Família ▪ Ampliar acesso a medicamentos custo-efetivos ▪ Viabilizar maior comunicação entre a atenção básica e outros níveis de cuidado ▪ Aperfeiçoar a detecção imediata e tratamento de indivíduos com cânceres potencialmente curáveis9. Programar estratégias que melhorem as desigualdades em saúde 10. Expandir vínculos com instituições acadêmicas 11. Expandir a avaliação de tecnologias em saúde Principais Mensagens • As doenças não transmissíveis são as principais fontes da carga de doença no Brasil e políticas importantes para sua prevenção e controle têm sido implementadas • As taxas de mortalidade por doenças cardiovasculares e respiratórias crônicas estão diminuindo, provavelmente como resultado do controle do tabagismo e do maior acesso à atenção primária • A epidemia de obesidade que acomete o mundo, com o consequente crescimento da prevalência de diabetes e hipertensão, ameaça o decréscimo adicional das DCNT • Tendências desfavoráveis na maioria dos principais fatores de risco mostram a necessidade de ações adicionais e oportunas de promoção e prevenção da saúde, especialmente na forma de legislação e regulamentação, e daqueles que permitem cuidados crônicos de qualidade. • Fortalecer os vínculos entre o governo, as instituições acadêmicas e a sociedade civil facilitarão a resposta da sociedade ao desafio das DCNT
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