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Apostila 1 - Produção de texto - gênero dramático, jornalístico, publicitário e reusmo cad2_ al_pr indd

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Prévia do material em texto

ENSINO 
MÉDIO
PRODUÇÃO 
DE TEXTO 2
Capa_Humanas cad2_ al_pr.indd 14 07/12/16 18:38
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Tipos de Gêneros Textuais
 TIPOS DE GÊNEROS TEXTUAIS
1 Gênero Dramático / Gênero Jornalístico . . . . . . . . . . . 4
 Modalidades do drama. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .4
 O moderno teatro brasileiro . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .11
 Gênero jornalístico . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .12
2 Gênero Informativo / Gênero Publicitário . . . . . . . . . 25
 Ler para saber . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .25
 O anúncio classificado . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .29
 Gênero publicitário. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .29
3 Resumo . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 39
Ideias em foco. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .39
PRODUÇÃO
DE TEXTO
Emiliana Abade
2137739 (PR)
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A reinvenção da imprensa por Johannes Gutenberg, no século 
XVI, é considerada uma das maiores revoluções na tecnologia da 
informação e da comunicação: aperfeiçoou-se, ao longo dos sécu-
los, na técnica de impressão de jornais, adaptando-se aos novos 
meios, como o rádio, a televisão e a internet. O jornalismo, em seu 
sentido amplo, tem importância central não apenas para trans-
missão de notícias mas também para debater e formar opinião. A 
liberdade lhe é uma premissa essencial.
A primeira atitude de regimes totalitários e ditatoriais é a de 
controlar os meios de comunicação, vetar a liberdade de expressão 
e censurar as vozes contrárias aos seus ideais. Por isso, a imprensa 
é o seu principal alvo e, muitas vezes, é usada para manipular e 
propagandear seus discursos.
MÓDULO
Tipos de Gêneros Textuais
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REFLETINDO SOBRE A IMAGEM
www.sesieducacao.com.br
1 Observe as duas páginas de jornal. Quais são 
seus conteúdos? Descreva o que você vê e 
reconhece.
2 A partir delas, quais relações podemos esta-
belecer com o período referente da História 
do Brasil?
3 De que modo o tema de uma página tem 
influência sobre a outra?
4 Você nota o poder dos meios de comuni-
cação em seu cotidiano e na sociedade? 
Explique.
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4 Tipos de Gêneros Textuais
CAPÍTULO
 MODALIDADES DO DRAMA
A palavra “drama” vem do grego drâma-atos e signifi ca “fato, ação cênica”.
A origem do gênero dramático, também conhecido como teatral, está vinculada às danças ri-
tualistas. Acreditava-se que a dança teria o poder de alterar algumas condições necessárias à so-
brevivência e ao bem-estar. Como os participantes representavam diferentes papéis, parece que 
esse processo se tornou a origem da encenação teatral.
Outra explicação seriam os festivais anuais realizados na Grécia Antiga, em honra ao deus Dio-
niso. Bebia-se, cantava-se para louvar o deus. A embriaguez facilitava a representação.
No início, havia apenas um coro que entoava os hinos; depois o coro foi dividido em duas par-
tes: perguntas e respostas. Mais tarde surgiu o ator protagonista. Sua atuação provocava sentimento 
no coro, que, naquele momento, se transformava em plateia.
Dois elementos tornaram-se fundamentais: presença de público e possibilidade de desenca-
deamento de emoções.
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9.
Bacanal, de Michel-Ange Houasse (óleo sobre tela, 1719).
A tragédia
Na Grécia Antiga, o gênero dramático era enfocado como tragédia e como comédia.
O elemento trágico era a paixão — pathos — dos seres humanos que os tornava irracionais, 
ignorando as leis humanas e divinas.
O objetivo da encenação era o de desencadear (fazer vir à tona) sentimentos de compaixão, 
paixão, piedade ou terror. O espectador passava a experimentar os mesmos sentimentos represen-
tados pelas personagens, processo de “purifi cação” provocado pela experiência estética, conhecido 
1 Gênero Dramático / Gênero Jornalístico
Objetivos:
c Reconhecer a 
estrutura do gênero 
dramático por meio 
da leitura de textos 
literários clássicos e 
contemporâneos.
c Compreender 
aspectos históricos 
e composicionais 
das manifestações 
literárias do gênero 
dramático: a tragédia, 
a comédia, o auto, a 
farsa e a tragicomédia.
c Identificar as 
características do 
gênero jornalístico 
em textos editoriais, 
notícias e reportagens, 
compreendendo 
a importância 
desse gênero para 
a informação e 
a construção de 
repertório sociocultural 
nas produções escritas.
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Tipos de Gêneros Textuais
como catarse.
Na tragédia, por meio de ação dramática, a plateia passa 
a participar de estado de grande tensão emocional. Geral-
mente, as peças trágicas terminam com acontecimento 
funesto.
Na Grécia, eram encenados textos que enfo-
cavam heróis contra a fatalidade determinada 
pelos deuses, além da luta dos indivíduos con-
tra as forças do meio social. Modernamente, 
tornou-se fi cção preocupada seriamente com 
o destino do ser humano e com o signifi cado 
de sua existência.
Leia a seguir fragmentos de textos pre-
sentes em Medeia, de Eurípedes (431 a.C.).
1o episódio
Creonte: A ti, Medeia, de olhar turvo, 
com teu esposo irada, eu digo que saias como exi-
lada deste país, levando contigo os teus dois fi lhos. […] Eu temo que 
faças a minha fi lha algum mal irreparável.
Medeia: […] Este dia só consente que eu fi que, a pensar na maneira de nos irmos e na di-
reção que hão de tomar os meus fi lhos, já que o pai nada se importa com o que há de arranjar 
para eles.
Creonte: […] Se é preciso fi cares, fi ca por um dia.
Coro: Pobre mulher
Ai de ti! Infeliz pela desgraça,
Para onde hás de voltar-te? Que hospitalidade,
Que casa, que país salva teus males?
2o episódio
Jasão: […] Mas, quanto ao que disseste contra os soberanos, fi ca sabendo que é para ti 
grande lucro ser a fuga o teu castigo.
Medeia: Ó grande malvado. Fui eu quem te salvou, como sabem os helenos quantos em-
barcaram na mesma nau de Argos. […] E fui eu que, traindo meu pai e a minha casa, contigo 
vim para Iolcos do Pélion, com mais paixão do que sensatez […]. E depois de teres recebido 
tais benef ícios […] atraiçoaste-nos e contraíste novas núpcias. E agora, para onde hei de 
voltar-me?
Terrível é a ira, e insanável, quando amigos contra amigos lançam a discórdia.
[…]
De que me vale viver? Não tenho pátria, não tenho casa, não tenho refúgio para esta ca-
lamidade. […] Ninguém me suponha fraca ou débil, nem sossegada; outro é o meu caráter: 
dura para os inimigos, benévola para os amigos.
Coro: Mas tu hás de atrever-te a matar a tua descendência, ó mulher?
Medeia: Nada morderá mais rijo no coração de meu marido. 
Leia também este trecho da peça Gota d’água, de Chico Buarque e Paulo Pontes.
Joana: Pois bem, você vai escutar as contas que eu vou lhe fazer
[…] Te dei cada sinal do teu temperamento
Te dei a matéria-prima para o teu tutano
E mesmo essa ambição que, neste momento,
Se volta contra mim, eu te dei, por engano,
Fabriquei energia que não era tua
Para iluminar uma estrada que eu te apontei.
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6 Tipos de Gêneros Textuais
E foi assim, enfim, que eu vi nascer do nada
Uma alma ansiosa, faminta, buliçosa,
Uma alma de homem. Enquanto eu, enciumada
Dessa explosão, ao mesmo tempo, eu, vaidosa,
Orgulhosa de ti, Jasão, era feliz.
Eu era feliz, Jasão, feliz e iludida […]
Certo, o que eu não tenho, Creonte tem de sobra
Prestígio, posição… teu samba vai tocar
Em tudo quanto é programa. Tenho certeza
Que a gota d’água não vai parar de pingar
De boca em boca… Em troca pela gentileza
Vais engolir a filha, aquela mosca morta.
[…] até que apareça uma outra porta
Que te leve direto pro inferno.
[…] só de ambição, sem amor, tua alma vai
Ficar torta, desgrenhada, aleijada,pestilenta…
Aproveitador! Aproveitador!…
Montagem de Gota d’água, peça escrita em 1975 por Chico Buarque em parceria com Paulo Pontes.
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Comentário sobre as duas peças
Medeia, tragédia grega de Eurípedes, narra a história de uma mulher carregada de amor e ódio.
Jasão foi em missão para Cólquida, tentando reconquistar o trono, usurpado por seu tio, Pélias. 
Lá, conheceu Medeia, filha do rei Eetes, a qual possuía poderes mágicos e se apaixonou por ele, 
Jasão. Usando seus poderes, Medeia ajudou Jasão em missão impossível para humanos comuns, 
e depois os dois fugiram. Perseguidos, foram para Corinto, local em que reinava o rei Creonte. O 
casal teve dois filhos.
Jasão deixa Medeia para se casar com a filha de Creonte. Medeia, então, manda presentes en-
venenados à noiva, matando a princesa e o rei. Depois, mata os próprios filhos e foge em carro 
guiado por serpente.
Em Gota d’água, de Chico Buarque e Paulo Pontes, Jasão é um malandro, compositor de sam-
ba. Joana é a protagonista, macumbeira, amante de Jasão, com quem tem dois filhos. Creonte é 
um empresário. Alma, filha de Creonte, casa-se com Jasão.
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A tragédia, inspirada em Medeia, é urbana e acontece nas favelas do Rio de Janeiro. Ela retrata 
as difi culdades vividas por moradores do local.
Quando Jasão abandona Joana e se casa com Alma, a amante não suporta a dor e o abandono. 
Entrega um bolo envenenado à noiva, mas Creonte impede que a fi lha o coma. Joana reparte com 
os dois fi lhos o bolo envenenado e os três morrem.
Nos dois textos, a mulher é agente. É ela que, usando seus poderes, orienta, motiva e faz cres-
cer o homem.
Sem Medeia, Jasão não teria êxito em sua missão de reconquista do trono.
Sem Joana, Jasão nada seria. Foi ela quem despertou nele “uma alma ansiosa, faminta e bu-
liçosa”.
Traídas, Medeia e Joana tornam-se novamente agentes, movidas pelo ódio e pela amargura. 
Planejam e executam um plano sinistro, daí o horror da tragédia.
A comédia
A comédia surgiu na mesma época da tragédia, nos festivais em honra a Dioniso, com cortejo 
de mascarados que recebiam o nome de komos, daí o nome “comédia”.
Os mascarados percorriam os campos dançando, cantando e recitando poemas jocosos em que 
satirizavam personalidades e acontecimentos da vida pública.
Quando Esparta derrotou Atenas, na Guerra do Peloponeso, a democracia chegou ao fi m, com-
prometendo a liberdade de expressão dos textos cômicos. Então, as comédias abandonaram a crí-
tica política para satirizar episódios cotidianos.
Leia agora um trecho extraído de O bem-amado, de Dias Gomes.
Odorico: Data vênia e botando de lado os ora veja e os Virgem Santíssima, devo dizer que 
estou deverasmente estupefacto com tudo que acabo de escutar.
Vigário: Nós estivemos lá, coronel, eu e o padre Rugero. E vimos com nossos próprios 
olhos.
Odorico: Viram o quê?
Vigário: Uma casa foi incendiada.
Rugero: E outros posseiros foram ameaçados.
Odorico: Pelo respeito que tenho a Vossa Reverendíssima e pelo amor que tenho à lei e à 
justiça, vou mandar apurar. Todos sabem que sou contra a violência, venha ela da ponta da es-
querda ou da ponta direita, da lateral ou do meio de campo. Emboramente haja no caso certos 
relevantes… (Odorico faz uma pausa de efeito) Alguns desses posseiros apresentaram a Vossa 
Reverendíssima um título, um documento qualquer de propriedade?
Rugero: Mas senhor prefeito, é gente que está lá há vários anos, trabalhando, cultivando 
a terra.
Vigário: E, ao que me consta, são terras devolutas.
Odorico: (sorri) Aí é que a porca torce o rabo… (tira da gaveta uma cópia de registro — uma 
folha como uma escritura) Aqui está o título de propriedade, devidamente registrado no Re-
gistro de Imóveis da Comarca. Todo o descampado me pertence.
Vigário: (examina o documento) Desde quando?
Odorico: Desde sempre. Tanto que há anos venho pagando o imposto territorial corres-
pondente.
(O vigário troca um olhar com o padre Rugero, como se desconfi asse da autenticidade do 
documento, mas nada pudesse fazer.)
Vigário: Mas este título o senhor só conseguiu agora?
Odorico: Esse é um considerando cronológico que não vem ao caso. O primeiro homem a 
sujar as mãos nessa terra morna e cariciosa de Sucupira foi um Paraguaçu. E é deverasmente 
contristante a ingratitude dessa gente a quem permiti usufruir de um bem que sempre per-
tenceu a minha família. Desde os mais antigos antigamentes. […] Essa minha mania de querer 
dividir tudo com os pobres…
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Máscara usada em comédias. A excessiva 
abertura da boca servia para que a voz do 
ator ecoasse e alcançasse grande número de 
pessoas.
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8 Tipos de Gêneros Textuais
Rugero: Por que o senhor não distribui títulos de propriedade com os posseiros?
Odorico: Primeiramente, porque não quero entrar em choque com o Incra, a quem com-
pete fazer a reforma agrária; segundamente, porque acabo de vender todo o descampado a 
uma grande companhia, a Internacional Agropecuária S.A.
Comentário sobre o texto
Odorico Paraguaçu personifica o político demagogo, corrupto, ignorante, mas ha-
bilidoso. Sua linguagem reflete suas características, ora com clichês burocráticos: “data 
vênia”, “um considerando” etc., ora com discurso demagógico: “sou contra a violên-
cia, pelo amor que tenho à lei e à justiça…”. Mistura a norma culta com a fala popular:
“a quem permiti usufruir de um bem”/ “aí é que a porca torce o rabo”. Cria palavras por derivação 
sufi xal: “deverasmente”, “emboramente”, além de pleonasmos viciosos: “os mais antigos antiga-
mentes”.
Consegue humor quando recorre à fusão entre a política e o futebol: “sou contra a violência, 
venha ela da ponta esquerda ou da ponta direita, da lateral ou do meio de campo…”.
O texto de Dias Gomes explora o humor, usando para isso a ganância da personagem Odorico 
Paraguaçu, o exótico prefeito de uma cidadezinha chamada Sucupira.
O auto
O auto é uma modalidade do teatro medieval cujo assunto é basicamente religioso. Trata-se 
de uma peça curta em que as personagens representam conceitos abstratos: bondade, virtude, 
hipocrisia, pecado, gula, luxúria. O conteúdo é sempre simbólico e moralizante.
No início da Idade Média, a cultura greco-latina, que via o ser humano como centro — antro-
pocentrismo —, foi desvalorizada e o incentivo começou a se vincular à religião, à superstição, 
caracterizando-se um período teocêntrico, isto é, em que Deus era o centro de tudo.
No Brasil, o padre Anchieta escreveu autos que eram representados pelos próprios índios.
Um dos mais conhecidos autos de Anchieta é Na festa de São Lourenço. Ele foi redigido em tupi, 
espanhol e português. Guaiaxará, Aimbirê e Saravaia, três demônios ligados aos tamoios, tribo que 
se aliou aos franceses contra os portugueses, queriam incentivar hábitos de bebida, fumo e curan-
deirismo na aldeia. Como não conseguiram, resolveram assaltá-la. São Lourenço e São Sebastião 
— este último, padroeiro do Rio de Janeiro — prenderam os três demônios. Na dança fi nal, afi r-
mam os propósitos do cristianismo.
Leia agora um trecho adaptado de Auto da Compadecida, de Ariano Suassuna.
Chicó: Ai.
Palhaço: Ai. Corre, Chicó!
Chicó: E eu posso? Acho que minhas pernas caíram. […]
João Grilo: Tenha vergonha, Chicó! Um homem desse tamanho com medo de alma? Te-
nha vergonha, Chicó. Estou vivo!
Chicó: É possível? Eu só acredito vendo.
João Grilo: Pois então veja. Você não disse que acreditava vendo?
Chicó: Disse, mas não lhe pedi que me mostrasse não. […]
João Grilo: E a nossa sociedade, nossa velha amizade, vão se acabar?
Chicó: Já estão acabadas. É contra os meus princípios fazer sociedade com defunto.
João Grilo: Mas eu estou vivo, rapaz. Pegue aqui no meu braço.
Chicó: (com cautela, Chicó toca-lhe o braço e enfi m se convence) Meu Deus, é mesmo, 
João. (abraça-o) Como foi isso, João?
João Grilo: Sei não, Chicó, acho que abala pegou de raspão. […] quando acordei estava na 
rede e vocês iam me enterrar. Mas tenho uma notícia horrível para você. […] Perdi o dinheiro 
do testamento do cachorro.
Chicó: Pode fi car descansado, João, o dinheiro da sociedade está aqui. Eu tirei de seu 
 OBSERVAÇÃO
 1 Quando um texto interage com 
outro, ele tem duas fi nalidades:
1. reafirmar alguns significados 
presentes em ambos os textos;
2. fazer oposição, criar polêmica 
com o texto original.
Quando existe semelhança e con-
cordância entre os textos, temos 
uma paráfrase (“Canção do exílio”, 
de Gonçalves Dias, e o “Hino Na-
cional”, de Osório Duque Estrada).
Quando aparecem oposições entre 
as signifi cações das duas criações, 
temos uma paródia. (“Canção do 
exílio”, de Gonçalves Dias, e “Can-
ção do exílio”, de Murilo Mendes).
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bolso, antes que você fosse enterrado. […] esse dinheiro não ia lhe servir, achei que era mais 
seguro eu fi car com ele.
João Grilo: Quer dizer que estamos ricos? […]
Chicó: Não, pensando que não tinha mais jeito, fi z uma promessa a Nossa Senhora para 
dar todo o dinheiro a ela, se você escapasse!
SUASSUNA, Ariano. Auto da Compadecida. 
Rio de Janeiro: Agir, 2005.
Comentário sobre a obra
Auto da Compadecida é obra muito conhecida de Ariano Suassuna. Entre suas personagens temos: 
João Grilo, Chicó, Padre João, Padeiro, Mulher do Padeiro, Palhaço, Antônio Moraes, a Compadecida.
O trecho lido revela humor muito bem construído, entre João Grilo, homem simples mas astu-
cioso, e Chicó, companheiro medroso.
Fiel às regras dos autos, em que os preceitos do catolicismo estão sempre presentes, Suassuna 
insere na obra a linguagem, os costumes e as desigualdades sociais do Nordeste. Marcando a ideo-
logia do catolicismo, Nossa Senhora aparece como intercessora junto a Jesus.
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Cena de O auto da Compadecida, fi lme dirigido por Guel Arraes (2000)..
A farsa
A farsa é uma comédia mais simples, porque está centrada em uma única intriga, de caráter 
ridículo e caricatural. Baseada no lema latino Ridendo castigat mores (Rindo, castigam-se os costu-
mes), a farsa critica a sociedade e seus costumes.
Leia o trecho da peça A farsa de Inês Pereira, de Gil Vicente, em que Inês reencontra um antigo 
pretendente, agora transformado em ermitão. Ele faz propostas libidinosas e Inês aceita, pedindo 
ao marido que a leve nas costas ao atravessar um riacho a fi m de que, do outro lado, na ermida 
(igrejinha), ela se confesse com o homem santo.
O marido faz isso com delicadeza e, na travessia, ela canta canções que o chamam de “cuco”, 
ou seja, na linguagem vulgar, um “cornudo”, um “chifrudo”, verifi cando-se assim um caráter pe-
queno e mesquinho, vulgar e de baixa estatura moral. Na fi gura de Inês Pereira, está claro que Gil 
Vicente critica os deslizes morais, os vícios humanos: a ambição, o adultério, a superfi cialidade.
(Põe-se Inês Pereira às costas do marido, e diz:)
Inês: Marido, assi me levade.
Pero: Ides à vossa vontade?
Inês: Como estar no Paraíso!
Pero: Muito folgo eu com isso.
Inês: Espera de ora, esperade!
Olhai que lousas aquelas,
Pera poer as talhas nelas!
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10 Tipos de Gêneros Textuais
Pero: Quereis que as leve?
Inês: Si. Uma aqui e outra aqui.
Oh como folgo com elas!
Cantemos, marido, quereis?
Pero: Eu não saberei entoar.
Inês: Pois eu hei só de cantar
E vós me respondereis
Cada vez que eu acabar:
“Pois assi se fazem as cousas”.
(Canta Inês Pereira:)
Inês: Marido cuco me levades
E mais duas lousas.
Pero: “Pois assi se fazem as cousas.”
Inês: Bem sabedes vós, marido,
Quanto vos amo.
Sempre fostes percebido
Pera gamo.
Carregado ides, noss’amo,
Com duas lousas.
Pero: “Pois assi se fazem as cousas.”
Inês: Bem sabedes vós, marido,
Quanto vos quero.
Sempre fostes percebido
Para cervo.
Agora vos tomou o demo
Com duas lousas.
Pero: “Pois assi se fazem as cousas.”
E assi se vão, e se acaba o dito Auto.
Laus Deos
(Deus seja louvado)
VICENTE, Gil. A farsa de Inês Pereira. 
In: SPINA, Segismundo. Gil Vicente. 6. ed. 
São Paulo: Brasiliense, 1973.
A tragicomédia
A tragicomédia é a mistura do trágico com o 
cômico, de elementos da tragédia e da comédia.
Podemos citar como exemplo de tragicomédia a 
obra Cirano de Bergerac, de Edmond Rostand.
Cirano, soldado, músico, poeta, astrônomo, inte-
ligente, criativo, complexado por causa de seu nariz 
enorme, apaixona-se por Roxane, sua prima, mas 
esconde seu amor. Roxane apaixona-se por Cristiano 
e ela pede a Cirano proteção ao seu amado.
Cirano empresta a Cristiano sua facilidade com 
as palavras, a fim de que o rapaz envie cartas à 
amada.
Roxane não sabia se amava o recruta pela apa-
rência ou pelo conteúdo das cartas. Somente no 
trágico final ela descobre a verdade.
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Gérard Depardieu, ator francês que fez o papel de 
Cirano de Bergerac, nas telas de cinema, em 1990..
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Tipos de Gêneros Textuais
 O MODERNO TEATRO BRASILEIRO
Em 1943 foi encenado o texto Vestido de noiva, de Nelson Rodrigues. A montagem, dirigida 
pelo polonês Ziembinski, é considerada um marco da encenação moderna em palcos brasileiros. 
Em seu cenário, a peça apresenta três planos que se intercalam: o plano da alucinação, o plano da 
realidade e o plano da memória. Conta-se a história de Alaíde, uma moça que é atropelada por 
um automóvel e, enquanto é operada no hospital, ela relembra o confl ito com a irmã (Lúcia), de 
quem tomou o namorado (Pedro), e imagina seu encontro com Madame Clessi, uma cafetina as-
sassinada pelo namorado de 17 anos. Depois de sua estreia, a peça foi encenada várias vezes por 
atores conhecidos do grande público.
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Leandra Leal e Marcelo Antony em cena da peça Vestido de noiva. 
Em 1948 surgiu o Teatro Brasileiro de Comédia (TBC), responsável pela projeção de vários ar-
tistas que, à época, encenavam textos estrangeiros. Apenas em 1958 o teatro brasileiro assumiu 
sua função social, voltando-se para o questionamento da realidade brasileira, com a peça Eles não 
usam black-tie, de Gianfrancesco Guarnieri.
Na década de 1960, houve uma proliferação de grupos teatrais, entre eles o Teatro de 
Arena e o Teatro Oficina, o qual teve seu destaque com a encenação da peça de Oswald 
de Andrade O rei da vela, dirigida por José Celso Martinez Corrêa, e de Liberdade, liberdade, 
baseada nos textos de Flávio Rangel e Millôr Fernandes, acompanhada por canções de protesto. 
Com a repressão militar, o teatro brasileiro enfraqueceu, visto que muitos autores importantes 
foram exilados, embora alguns deles, como Guarnieri, Dias Gomes, Chico Buarque, Ruy Guerra, 
Ferreira Gullar, Paulo Pontes e Plínio Marcos, tenham resistido à repressão e continuaram a pro-
duzir seus textos.
Características do gênero dramático
O texto teatral deve ser adequado à representação, portanto deve ter indicações de como a 
história deve ser mostrada no palco.
Deve haver indicações de cenário, música, luz, fi gurino, maquiagem, gestos, movimentação, 
entre outras. O autor faz essas indicações por meio de marcações cênicas e rubricas, que aparecem 
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12 Tipos de Gêneros Textuais
no texto em letra de tipo diferente (geralmente em itálico).
Uma peça teatral longa normalmente é dividida em atos. A linguagem deve ser adequada ao 
contexto e à época que o autor quer retratar. O diálogo é a estrutura básica desse tipo de texto, 
normalmente dispensando-se o narrador.
Observe tais características no trecho a seguir, da peça O rei Lear, de William Shakespeare.
ATO V
Cena II
(Uma planície entre dois acampamentos. Trombetas soam. Entram com tamborese bandeiras 
Lear, Cordélia e soldados, que atravessam a cena e saem. Entram Edgar e Gloucester.)
Edgar: Aqui, bom ancião, aceita a fresca hospedagem que te oferece a sombra desta árvore. 
Reza para que vença a causa justa. Se eu voltar a vê-lo será para lhe trazer consolação.
Gloucester: O céu o proteja, meu senhor. (Sai Edgar. Fanfarras indicando começo e fim 
da batalha. Edgar reentra.)
Edgar: Fujamos, velho! Dá-me tua mão! Fujamos! O rei Lear perdeu; ele e sua filha são 
prisioneiros. Dá-me tua mão; vem comigo.
Gloucester: Nem mais um passo, senhor, um homem pode apodrecer aqui mesmo.
Edgar: O quê? Outra vez pensamentos sombrios? Os homens devem aguardar a hora de 
sair deste mundo com a paciência com que esperam a hora de entrar nele: estar preparado 
para tudo. Venha.
Gloucester: Isso também é verdade. (Saem.)
SHAKESPEARE, William. O rei Lear. Tradução de Millôr Fernandes. Porto Alegre: L&PM, 2013.
 GÊNERO JORNALÍSTICO
Desde que Gutenberg inventou a imprensa, a leitura tem colaborado muito para a construção 
do conhecimento. Todas as descobertas passaram a ser registradas, escritas com detalhes, possi-
bilitando rapidez na comunicação.
Com os avanços proporcionados pelos satélites e pela fibra óptica, uma notícia pode ser vis-
ta no mundo todo em tempo real. Entretanto, existe diferença significativa entre o que se lê nos 
jornais e o que é transmitido pela televisão. A TV apresenta a imagem e narra a notícia em língua 
materna. O jornal exibe a imagem, mas escreve a notícia.
Esse processo, que exige w, é possível apenas para os alfabetizados e proporciona fundamental 
importância para a construção do universo de significados.
Quem lê diariamente, cria imagens mentais, constrói rico vocabulário, torna-se crítico, não acei-
tando passivamente o ponto de vista de quem escreve, e, principalmente, aprende a compreender 
o texto escrito, essencial para sua comunicação.
Entre os gêneros jornalísticos, estão os que priorizam a informação e os que priorizam o 
comentário. Os textos que priorizam a informação se ocupam de divulgar um fato novo, um 
acontecimento; os textos que priorizam o comentário se ocupam de expressar uma opinião.
Num bom jornal há vários cadernos, cada um com um assunto específico: notícias, eventos 
culturais, eventos sociais, anúncios classificados, seção de humor, entre outros. Bons jornalistas 
escrevem e deixam suas opiniões em colunas específicas: editorial, esporte, economia, educação, 
saúde etc.
A função do jornalista é buscar os pressupostos, os subentendidos, proporcionando não visão 
superficial, mas profunda das causas e das consequências dos acontecimentos.
O editorial
Para opinarem sobre os assuntos publicados e sobre os temas que estão em discussão na so-
ciedade, jornais e revistas dispõem de uma seção denominada editorial, com textos claramente 
persuasivos.
Leia este trecho de editorial publicado pela Folha de S.Paulo.
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Johannes Gutenberg (Alemanha, 1398-1468).
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Comentário sobre o editorial
O gênero editorial privilegia a imparcialidade, isto é, o autor fala do tema de modo distanciado, 
sem se colocar diretamente no texto. Entretanto, fazer uso da imparcialidade é algo difícil, porque, 
mesmo que conscientemente não queira, muitas vezes, quem escreve, deixa seus pressupostos e 
subentendidos no texto escrito. Vejamos como isso acontece.
Logo no início do editorial, o uso da expressão “louvável propósito” mostra o posicionamento 
crítico de seu enunciador, pois retrata que o propósito da construção de um campus para facilitar 
o acesso dos estudantes é digno de louvor, mas a obra não se concretizou de maneira louvável, 
tal qual esse propósito.
Ainda no primeiro parágrafo, a expressão “uma academia dessa importância” mostra a visão 
que o autor tem sobre a USP e, por ser vista dessa forma, não poderia ter deixado que um erro 
assim a acometesse.
O autor do editorial emprega a terceira pessoa gramatical, indispensável para marcar e repre-
sentar a imparcialidade.
No desenvolvimento, em sua argumentação, ao enumerar os transtornos causados pela interdi-
De volta ao campus
Inaugurado em 2005 com o louvável propósito de facilitar o acesso de estudantes que 
residem em regiões afastadas da Cidade Universitária e do centro da cidade, o campus 
da USP Leste tem acumulado problemas impensáveis para uma academia dessa impor-
tância.
O mais grave deles é um erro de origem: as instalações foram erguidas num terreno 
insalubre, que se prestava a depósito de resíduos. Além disso, a área recebeu terra conta-
minada, proveniente da drenagem do rio Tietê.
Em 2013, relatório da Cetesb (agência ambiental paulista) apontou a presença de gás 
metano no solo e o risco de explosão. Com base no estudo, uma decisão judicial interdi-
tou a área no início do ano.
Atendendo a uma exigência básica de segurança, a medida causou, como não poderia 
deixar de ser, uma série de transtornos. Para evitar a perda do período letivo, as aulas 
foram transferidas provisoriamente para outras unidades.
Perdido um semestre, um novo relatório da Cetesb embasou a liberação do campus. Pro-
fessores, funcionários e os cerca de 5 mil alunos da instituição poderão, enfi m, voltar à 
universidade.
Mantém-se, contudo, um clima de apreensão. Ainda seria preciso aprofundar os es-
tudos sobre a qualidade do terreno e tomar ações adicionais, em especial quanto à terra 
contaminada. Para contornar o problema, a USP recobriu a área exposta com grama e 
montou tapumes para vedar o acesso.
Parece inverossímil que o governo do estado de São Paulo e a principal universidade 
do país tenham se envolvido em enredo tão bizarro e irresponsável. Precauções ambien-
tais há muito se tornaram indispensáveis em qualquer obra. O poder público deveria, 
quanto a isso, ser o primeiro a dar exemplo, assim como a USP, uma instituição sempre 
ciosa de sua excelência.
O governador Geraldo Alckmin (PSDB), que também comandava o Estado quando 
a nova área universitária foi inaugurada, enfatizou, à época, que aquela não seria uma 
academia de segunda linha.
Lamentavelmente, vê-se que não é bem assim: o campus da zona leste não parece ter 
sido objeto dos cuidados necessários, e o contribuinte paga, mais uma vez, pela incúria 
dos governantes.
Folha de S.Paulo, 25 jul. 2014. 
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14 Tipos de Gêneros Textuais
ção do terreno, faz uso da expressão “como não poderia deixar de ser” (expediente explorado pelo 
produtor com a fi nalidade de levar o leitor a crer naquilo que ele diz). Ainda no desenvolvimento, 
faz crítica direta à universidade e ao governo, ou até mesmo levanta suspeita sobre o ocorrido, 
fazendo uso da expressão “parece inverossímil”, ou seja, não é possível crer que o governo e a uni-
versidade façam parte de “enredo tão bizarro e irresponsável”.
Na conclusão, usa a expressão “lamentavelmente” para confi rmar sua indignação com a falta 
de cuidados em relação à obra, lembrando que quem paga pela negligência do poder público é 
o contribuinte.
Como podemos ver, o editorial é um texto argumentativo que apresentou, nesse trecho, a se-
guinte estrutura:
Introdução (identifi cação do assunto) nos dois primeiros parágrafos.
Desenvolvimento do texto (análise dos fatos, com dados objetivos), a partir do terceiro pa-
rágrafo.
Conclusão (retomada e síntese das ideias desenvolvidas) no último parágrafo.
Características do editorial
 Expressa a opinião do jornal ou revista a respeito de um assunto atual, geralmente polêmico.
 Tem caráter persuasivo, visando esclarecer ou alertar leitores.
 A linguagem deve ser, predominantemente, de acordo com a norma culta e, geralmente, impes-
soal.
Existem recursos valiosos para impessoalizar a linguagem:
 indeterminação do sujeito, emprego da voz passiva;
 verbos impessoais, isto é, sem sujeito (haver, fazer etc.);
 expressões: convém lembrar, é importanteressaltar, ocorre que, importa que etc. 1
Leia trechos de outro editorial, publicado na revista CartaCapital em 4 de julho de 2014.
Por que escolhemos Dilma Rousseff 
Começa ofi cialmente a campanha eleitoral e CartaCapital defi ne desde já a sua preferên-
cia em relação às candidaturas à Presidência da República: escolhemos a presidenta Dilma 
Rousseff para a reeleição.
[…]
O apoio de CartaCapital à candidatura de Dilma Rousseff decorre exatamente da percep-
ção de que o risco de uns é a esperança de outros. Algo novo se deu em 12 anos de um go-
verno fustigado diária e ferozmente pelos porta-vozes da casa-grande, no combate que desfe-
chou contra o monstruoso desequilíbrio social, a tolher o Brasil da conquista da maioridade.
CartaCapital respeita Aécio Neves e Eduardo Campos, personagens de relevo da política 
nacional. Permite-se observar, porém, que ambos estão destinados inexoravelmente a repre-
sentar, mesmo à sua própria revelia, a pior direita, a reação na sua acepção mais trágica. A 
direita nas nossas latitudes transcende os padrões da contemporaneidade, é medieval. […]
Críticas cabem, e tanto mais ao PT, que no poder portou-se como todos os demais parti-
dos. Certo é que o empenho social do governo de Lula não arrefeceu com Dilma, e até avan-
çou. Por isso, a esperança se estabelece é deste lado. […]
Mino Carta. Disponível em:
http://www.cartacapital.com.br/revista/807/por-que-escolhemos-dilma-rousseff -131.html (acesso em 5 dez. 2016)
Observe que o autor do editorial dispõe da opinião da revista sobre o assunto tratado. No título, 
assume posição política com o uso da primeira pessoa (sujeito elíptico): “Por que (nós) escolhemos 
Dilma Rousseff”. O gênero editorial, embora privilegie a impessoalidade, não tem obrigação de ser 
neutro, indiferente. Assumir uma posição é decisão do veículo de comunicação.
No primeiro parágrafo, o autor apresentou a posição do veículo sobre o tema. Nos parágrafos 
seguintes, usou argumentos para explicar o motivo de sua escolha, por exemplo, dizendo o quanto 
o governo foi alvo de críticas “no combate que desfechou contra o monstruoso desequilíbrio social”. 
 OBSERVAÇÃO
 1 Quem emprega a primeira pessoa 
gramatical torna seu texto mais pes-
soal, mais subjetivo. Entretanto, os 
dois tipos de editorial são corretos; 
o importante é saber argumentar.
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Na conclusão, reafi rma sua posição, reconhecendo aspectos negativos sobre o comportamento do 
PT enquanto esteve no poder, mas, sobretudo, depositando esperança no avanço, principalmente 
no que diz respeito ao empenho social, característica do governo que defende.
A notícia e a reportagem
Um jornal não é constituído, como já sabemos, apenas pelo editorial. Essencialmente, o jornal 
apresenta notícias, que são relatos de fatos ocorridos, “recortes” de acontecimentos mais ou menos 
relevantes da realidade que nos rodeia.
O primeiro parágrafo da notícia chama-se lead, ou lide, com conteúdo mais denso e amplo, 
relacionado ao título da matéria. Os demais parágrafos constituem o corpo.
Quanto à reportagem, é um texto jornalístico, escrito ou apresentado oralmente, baseado no 
testemunho direto de acontecimentos que são narrados sob um olhar da realidade e vivenciados 
por pessoas em determinado contexto. As reportagens feitas para a televisão apresentam não ape-
nas os fatos, mas as imagens e os sons relacionados a eles.
Tanto a notícia como a reportagem descrevem e caracterizam o acontecimento por meio das 
clássicas perguntas (que constituem o lide): o quê, quem, onde, quando, por quê e como.
O modo como o fato ocorreu
A causa do fato
O local do fato
Os envolvidos
O fato acontecido
O momento do fato
COMO
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ONDE
?
QUEM
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QUAN
DO?
Normalmente, o processo de produção de um texto jornalístico, ainda que sofra modifi cações, 
basicamente, divide-se em quatro fases: a pauta, a apuração, a redação e a edição.
Escolha do assunto Veri�cação dos fatos
A PAU
TA A APU
RAÇÃO
Textos organizados
 para o jornal, após sua 
correção e revisão
A EDIÇ
ÃO
Organização das ideias, 
transformando-as
 em textos
A RED
AÇÃO
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16 Tipos de Gêneros Textuais
ATIVIDADES
 1 Relacione os itens a seguir.
a) Tragédia
b) Comédia
c) Auto
d) Farsa
( ) Modalidade do teatro medieval cujo assunto é ba-
sicamente religioso. Trata-se de uma peça curta em 
que as personagens representam conceitos abstratos: 
bondade, virtude, hipocrisia, pecado, gula, luxúria.
O conteúdo é sempre simbólico e moralizante.
( ) Modalidade cuja encenação é capaz de desencadear 
sentimentos de compaixão, paixão, piedade ou terror. O 
espectador passa a experimentar os mesmos sentimentos 
representados pela personagem, processo de “purifi cação” 
provocado pela experiência estética conhecido como ca-
tarse.
( ) É uma comédia mais simples, pois está centrada em uma 
única intriga, de caráter ridículo e caricatural; critica a 
sociedade e seus costumes.
( ) É o espetáculo que explora o humor provocando o riso.
Leia a notícia para responder às questões 2 e 3.
Risco de transmissão do ebola para o Brasil 
é baixo, diz Ministério da Saúde
Governo descartou possibilidade de paciente de Goiânia es-
tar com o vírus
O Ministério da Saúde informou que não há caso sus-
peito ou confi rmado de ebola no país e que o ris-
co de transmissão para o Brasil é considerado baixo.
O governo brasileiro também descartou a possibilidade de 
uma paciente do Hospital de Doenças Tropicais (HDT) de 
Goiânia estar com o vírus. A mulher de 23 anos procurou, 
na sexta-feira, atendimento no hospital especializado por 
ter apresentado febre e tosse depois de uma estadia de dez 
dias em missão religiosa no Moçambique.
O país africano não é foco de surto da doença, mas, segun-
do assessoria do HDT, como fi ca no mesmo continente de 
Leia esta notícia.
Menino atacado por tigre em zoológico no PR tem o braço amputado
O menino de 11 anos que foi atacado por um tigre no zoológico de Cascavel (PR) teve o 
braço direito amputado na altura do ombro nesta quarta-feira (30/9).
O animal avançou sobre o garoto após ele ter colocado a mão dentro da jaula para alimen-
tar o bicho. [...] 
De acordo com o hospital, a equipe médica avaliou que nada poderia ser feito no braço 
do menino, dilacerado pelo tigre. Ele continua internado em estado estável e não corre risco 
de morrer.
O garoto havia pulado uma grade e entrado em uma área proibida do zoológico para jogar 
um pedaço de frango ao tigre.
Segundo a Prefeitura da cidade, cuidadores relataram que o pai do garoto o incentivou a 
correr em volta da jaula, provocando o animal.
Vídeos feitos antes do acidente mostram o menino encostado na grade com o braço esti-
cado dentro da jaula na tentativa de tocar o tigre.
O pai do menino, de 43 anos, foi levado a uma delegacia de Cascavel (a 498 km de Curiti-
ba) para prestar depoimento e foi liberado em seguida.
A guarda municipal diz que vai apurar se houve falha na segurança, feita por seis homens.
Disponível em: www1.folha.uol.com.br (acesso em 5 dez. 2016)
O lide da notícia responde às perguntas clássicas.
O quê? – menino tem braço amputado
Quem? – menino de 11 anos e o tigre
Onde? – zoológico de Cascavel (PR)
Quando? – nesta quarta-feira (30/9)
Por quê? – menino foi atacado por um tigre
Como? – menino teve braço direito amputado na altura do ombro.
(Observação: Os detalhes de como ocorreu o acidente aparecem no corpo da notícia.)
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países em que está havendo surto da doença, ela foi encami-
nhada para o serviço especializado. [...]
De acordo com os dados ofi ciais divulgados pela Or-
ganização Mundial da Saúde (OMS), os países aco-
metidos pelo surto do vírus são a Guiné, a Libé-
ria e Serra Leoa, todos situados na África ocidental. 
Os presidentes dos países sereuniram com a diretora-geral 
da Organização Munidal da Saúde, Margaret Chan, para 
elaborar um plano de combate ao surto. [...]
Aline Leal. Agência Brasil.
Disponível em: www.ebc.com.br
 2 A notícia traz informação ou comentário? Justifi que sua resposta.
 3 Na notícia que você leu, identifi que:
a) o fato acontecido;
b) os envolvidos;
c) o local dos fatos;
d) o momento do fato;
e) a causa do fato;
f) o modo como o fato aconteceu.
 4 (Unicamp-SP, adaptada) Auto da barca do inferno é uma das pe-
ças mais conhecidas de Gil Vicente; foi escrita no século XVI e 
sua temática permanece atual. As cenas ocorrem à margem de 
um rio, onde estão ancorados dois barcos: um é guiado por um 
anjo e leva as almas que, de acordo com seu julgamento, serão 
conduzidas ao céu; o outro é dirigido pelo diabo, que levará as 
almas condenadas ao inferno. Leia um trecho do auto.
Fidalgo: Que leixo na outra vida
quem reze sempre por mi.
Diabo: E tu viveste a teu prazer,
cuidando cá guarecer
por que rezem lá por ti!…[…]
Anjo: Que querês?
Fidalgo: Que me digais,
pois parti tão sem aviso,
se a barca do paraíso
é esta em que navegais.
Anjo: Esta é; que me demandais?
Fidalgo: Que me leixês embarcar,
sô fi dalgo de solar,
é bem que me recolhais.
Anjo: Não se embarca tirania
neste batel divinal.
Fidalgo: Não sei por que haveis por mal
que entr’a minha senhoria.
Anjo: Pera vossa fantesia
mui estreita é esta barca.
Fidalgo: Pera senhor de tal marca
nom há aqui mais cortesia? […]
Anjo: Não vindes vós de maneira
pera ir neste navio.
Essoutro vai mais vazio:
a cadeira entrará
e o rabo caberá
e todo vosso senhorio.
Vós irês mais espaçoso
com fumosa senhoria,
cuidando na tirania
do pobre povo queixoso;
e porque, de generoso,
desprezastes os pequenos,
achar-vos-eis tanto menos
quanto mais fostes fumoso. […]
Sapateiro: […] E pera onde é a viagem?
A notícia traz informação, pois relata acontecimento que informa o leitor sobre 
um fato: o risco de transmissão do ebola para o Brasil.
O local do fato é o Brasil com suspeita de caso em Goiânia.
A mulher procurou atendimento na sexta-feira (1º) e a declaração do Ministério 
foi dada no dia seguinte.
O fato que levou o Ministério a fazer uma declaração foi uma mulher ter 
apresentado sintomas da doença.
A mulher esteve por dez dias em missão religiosa no Moçambique, país que 
pertence ao continente com surto do vírus.
O fato é que não há caso suspeito ou confi rmado de ebola no país e que o 
risco de transmissão para o Brasil é considerado baixo.
Os envolvidos são o Ministério e o governo brasileiros e uma mulher de 23 anos.
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18 Tipos de Gêneros Textuais
Diabo: Pera o lago dos danados.
Sapateiro: Os que morrem confessados,
onde têm sua passagem?
Diabo: Nom cures de mais linguagem!
Esta é a tua barca, esta!
[…] E tu morreste excomungado:
não o quiseste dizer.
Esperavas de viver,
calaste dous mil enganos…
tu roubaste bem trint’anos
o povo com teu mester. […]
Sapateiro: Pois digo-te que não quero!
Diabo: Que te pês, hás-de ir, si, si!
Sapateiro: Quantas missas eu ouvi,
não me hão elas de prestar?
Diabo: Ouvir missa, então roubar,
é caminho per’aqui.
VICENTE, Gil. Auto da barca do inferno.
In: BERARDINELLI, Cleonice (org.). Antologia do teatro
de Gil Vicente. Rio de Janeiro: Nova Fronteira, 1984.
a) Por que razão específi ca o fi dalgo é condenado a seguir na 
barca do inferno? E o sapateiro?
b) Além das faltas específi cas dessas personagens, há uma 
outra, comum a ambas e bastante praticada à época, que 
Gil Vicente condena. Identifi que essa falta e indique de que 
modo ela aparece em cada uma das personagens.
 5 +Enem [H18]
Chicó: É por causa dessas e de outras que eu não me admiro 
mais de nada, João. Cachorro bento, cavalo bento, tudo isso 
eu já vi.
João Grilo: Quer dizer que você acha que o homem vem?
Chicó: Só pode vir. É o único jeito que ele tem a dar.
A mulher disse que vai largá-lo, se o cachorro morrer.
O doutor diz que não sabe o que é que o bicho tem, o jeito 
agora é apelar para o padre. Hora de se chamar padre é a hora 
da morte, ele tem de vir. Padre João! Padre João!
Padre (aparecendo na igreja): Que há? Que gritaria é essa?
[…]
Chicó: Mandaram avisar para o senhor não sair, porque 
vem uma pessoa aqui trazer um cachorro que está se ulti-
mando para o senhor benzer.
Padre: Para eu benzer?
Chicó: Sim.
Padre (com desprezo): Um cachorro?
Chicó: Sim.
Padre: Que maluquice! Que besteira!
João Grilo: Cansei de dizer a ele que o senhor não benzia. 
Benze porque benze, vim com ele.
Padre: Não benzo de jeito nenhum.
Chicó: Mas padre, não vejo nada de mal em se benzer o 
bicho.
João Grilo: No dia em que chegou o motor novo do major 
Antônio Moraes o senhor não benzeu?
Padre: Motor é diferente, é uma coisa que todo mundo ben-
ze. Cachorro é que eu nunca ouvi falar.
Chicó: Eu acho cachorro uma coisa muito melhor do que 
motor.
Padre: É, mas quem vai fi car engraçado sou eu, benzendo 
o cachorro. Benzer motor é fácil, todo mundo faz isso; mas 
benzer cachorro?
João Grilo: É, Chicó, o padre tem razão. Quem vai fi car en-
graçado é ele e uma coisa é benzer o motor do major Antô-
nio Moraes e outra é benzer o cachorro do major Antônio 
Moraes.
Padre (mão em concha no ouvido): Como? […] E o dono do 
cachorro de quem vocês estão falando é Antônio Moraes?
João Grilo: É. Eu não queria vir, com medo de que o senhor 
se zangasse, mas o Major é rico e poderoso e eu trabalho na 
mina dele. Com medo de perder meu emprego, fui forçado a 
obedecer; mas disse a Chicó: o padre vai se zangar.
Padre (desfazendo-se em sorrisos): Zangar nada, João! 
Quem é um ministro de Deus para ter direito de se zangar? 
Falei por falar, mas também vocês não tinham dito de quem 
era o cachorro!
SUASSUNA, Ariano. Auto da Compadecida. Rio de Janeiro: Agir, 2005.
O fi dalgo é condenado por sua tirania, que pode ser entendida como auto-
ritarismo arrogante (“desprezastes os pequenos”), pretensioso (“generoso”, 
“fumoso”) e abusivo em seus privilégios (“cadeira”, “rabo”, “senhorio”). O 
sapateiro é condenado por sua desonestidade: “tu roubaste bem trint’anos / 
o povo com teu mester”.
Ambas as personagens acreditavam que a devoção religiosa, ainda que alheia 
(Fidalgo: “leixo na outra vida / quem reze sempre por mi”), desonera o pecador 
de seus pecados e lhe garante o paraíso (Sapateiro: “Quantas missas eu ouvi, 
/ não me hão elas de prestar?”).
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O diálogo entre as personagens constrói a ideia de que:
a) João Grilo e seu companheiro Chicó protagonizam os acon-
tecimentos de forma absolutamente séria, em favor dos 
desfavorecidos, como é o caso do cachorro.
b) os preceitos do catolicismo estão presentes, bem como os gestos 
transgressores cometidos por membros da Igreja.
c) Chicó é típico anti-herói, que se envolve com as mais diversas 
confusões sem se comprometer com as próprias mentiras.
d) as fraquezas humanas se equiparam às fraquezas do animal, 
que merece igual tratamento.
e) o humor percorre a estrutura inicial da peça, que culminará 
em fi m trágico, quando o cachorro morre ao ser benzido pelo 
padre.
Verifique no Portal SESI os materiais complementa-
res com atividades relacionadas aos conteúdos deste 
Capítulo
Roteiro de Estudos
Pensamento Crítico
MATERIAL COMPLEMENTAR
PARA PRATICARCOMPLEMENTARES
Texto para as questões 6 e 7.
No Amazonas, jovens ticunas e cocamas 
criam site com produções audiovisuais
Pesquisa divulgada pelo Instituto Brasileiro de Geografi a 
e Estatística (IBGE) informou que quase metade da popu-
lação brasileira com 10 anos ou mais de idade acessava a 
internet em 2011. O acesso aos meios de comunicação e, 
principalmente, pelo computador, também é realidade para 
os indígenas. Jovens das etnias ticuna e cocama serão os 
responsáveis por “abastecer” um site criado para a rede de 
jovens indígenas do alto rio Solimões, no Amazonas. O site 
será lançado após o término das ofi cinas sobreferramentas 
de internet, que ocorrem em Tabatinga.
As ofi cinas, onde aprendem a produzir material com foco 
em direitos humanos, reúnem 30 jovens dos quatro núcleos 
de comunicação que funcionam em comunidades indígenas 
dos municípios de Benjamin Constant, São Paulo de Oli-
vença e Tabatinga.
As capacitações são promovidas pelo Fundo das Nações 
Unidas para a Infância (Unicef ) e, segundo seu representan-
te no Brasil, Gary Stahl, com esse projeto, os jovens lançam 
seus olhares para a própria realidade. “Eles produzem jornais, 
vídeos, programas de rádio e fotografi as sobre temas rela-
cionados aos direitos humanos, em especial de crianças e 
adolescentes indígenas”, detalhou. Gary explicou ainda que, 
com o site, as expressões audiovisuais serão acessadas por 
um universo ilimitado de pessoas.
O jovem ticuna Sandro Flores, de 23 anos, relatou que a in-
ternet era a ferramenta que estava faltando. “Queremos nos 
comunicar também na nossa língua ticuna e mostrar que 
podemos continuar nosso costume tradicional, sem jamais 
deixarmos de ser ticunas”, explanou.
A cocama Geruzethe Arcanjo, de 17 anos, disse que a ex-
pectativa é aprender a usar a internet para divulgar o traba-
lho local. “Este é um grande incentivo para a gente, porque 
é dif ícil chegarem oportunidades para nós jovens indígenas. 
Com o site, vamos manter sempre contato com outros jo-
vens e nos informar sobre nossos direitos”, afi rma.
As peças audiovisuais já produzidas valorizam histórias 
e ações ocorridas nas comunidades indígenas e têm sido 
divulgadas em escolas e pontos de circulação dos mora-
dores, alcançando um público diversificado.
Adaptado de www.portalamazonia.com.br.
 6 (UEA-AM) De acordo com as informações contidas no texto:
a) a pesquisa realizada pelo IBGE informou que a maior parte 
da população brasileira, acima de 10 anos, acessou a internet 
em 2011.
b) Gary Stahl, do Unicef, reconhece o esforço dos jovens en-
volvidos no projeto, pois eles não tiveram oportunidade de 
receber orientações para manter o site.
c) os jovens temem que a utilização da internet como ferra-
menta de comunicação os leve a abandonar os costumes de 
suas etnias.
d) o Unicef pretende criar ofi cinas de capacitação para reunir 
indígenas de outras faixas etárias e sensibilizá-los para par-
ticipar do projeto.
e) o material presente no site dará aos jovens condições de 
discutirem temas relacionados à comunidade e à cidadania 
e de divulgá-los amplamente.
 7 Na construção do texto jornalístico, o autor:
a) adicionou uma curta narrativa de cunho pessoal com a 
intenção de expor seu ponto de vista.
b) averiguou os dados fornecidos pelo Unicef sobre o número 
de brasileiros que acessam a internet.
c) citou depoimentos de indivíduos envolvidos no projeto 
descrito no texto.
d) defendeu a validade da iniciativa do órgão internacional e 
deu apoio a outras de mesmo gênero.
No auto, Ariano Suassuna realiza uma leitura da moral católica muito ajustada aos 
tipos que cometem gestos transgressores. O padre benze o motor e o cachorro do major 
porque se benefi cia com essas atitudes. A alternativa a é incorreta, pois João Grilo e 
Chicó vivem ao sabor do acaso e das aventuras, não defendem causas ou minorias. 
A alternativa c é incorreta, pois João Grilo é o típico anti-herói da peça, não 
Chicó, e acaba se comprometendo com as próprias mentiras. A alternativa 
d está errada, pois as fraquezas humanas são mostradas na peça, mas não 
equiparadas às do animal. O auto não apresenta fi m trágico e a morte do 
cachorro ocorre no início.
Alternativa b
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20 Tipos de Gêneros Textuais
e) levantou polêmica ao confrontar pareceres opostos a respeito 
do projeto do Unicef.
 8 (U. F. Uberlândia-MG, adaptada) 
Solução urbana
No tempo de Jack, o Estripador, uma época dif ícil para Lon-
dres, também vivia na capital britânica um afável estenógra-
fo chamado Ebenezer Howard — e ele merece ser lembrado 
porque acabou tendo um impacto signifi cativo e duradouro 
no modo como pensamos nas cidades.
Calvo, com bigode farto que lhe cobria a boca e óculos de 
armação metálica, Howard tinha o ar distraído de um sonha-
dor. E não estava nada contente com seu trabalho, que era 
o de transcrever discursos parlamentares. Sua inquietação 
levou-o a investigar o espiritismo, aprender o esperanto, lín-
gua que acabara de ser criada, e inventar uma máquina de 
taquigrafi a. Além disso, sonhava com imóveis. Em carta de 
1885 à esposa, ele afi rma que o melhor para a família deles 
seria uma casa com “um jardim muito agradável e talvez até 
uma quadra de tênis”. Após gerar quatro fi lhos ao longo de 
seis anos enquanto morava em uma apertada casa alugada, 
Howard concebeu um plano para despovoar Londres.
Na década de 1880, Londres, que passava por um surto de 
crescimento, estava repleta de gente bem mais desesperada 
que Howard. Jack, o Estripador, escolhia suas vítimas em 
cortiços nos quais as condições de vida eram medonhas. 
Tais cortiços eram conhecidos na época vitoriana como “vi-
veiros”, ou colônias de reprodução de animais.
O planejamento urbano no século XX teve como 
base essa percepção negativa, herdada do século an-
terior. E, curiosamente, ele começou com Ebenezer 
Howard. Em um livreto que publicou em 1898, o estenó-
grafo decidiu expor suas sugestões de como deveria viver a 
humanidade — apresentando uma concepção mais atraente 
com base na qual, meio século depois, o americano Lewis 
Mumford, um importante crítico de arquitetura, conside-
rou ter sido Howard quem lançou “os fundamentos de um 
novo ciclo da civilização urbana”. Para Howard, era preciso 
interromper a onda de crescimento urbano, incentivando as 
pessoas a sair das metrópoles cancerosas e se mudar para 
novas e autônomas “cidades-jardins”.
Howard estava certo a respeito do desejo humano de se 
viver em condições menos apinhadas, mas se equivocou 
quanto ao futuro das cidades: no fi m, o que prevaleceu por 
todo o planeta foi mesmo a onda de urbanização, mas vista 
com bons olhos.
Adaptado de KUNZIG, Robert. Solução urbana.
National Geographic Brasil. São Paulo: Abril, fev. 2014.
O texto apresentado é uma reportagem cujo tema central é a 
ascensão das cidades. Trata-se, portanto, de um texto de na-
tureza jornalística. Entretanto, conforme é possível observar, 
há um grande número de sequências textuais narrativas e 
descritivas. Considerando esse fato, explique qual é a função 
da presença maciça de sequências textuais narrativas nessa
reportagem.
ANOTAÇÕES
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TAREFA PROPOSTA
As questões de 1 a 4 tomam por base um fragmento de uma 
peça do teatrólogo Guilherme Figueiredo (1915-1997).
A raposa e as uvas
(Casa de Xantós, em Samos. Entradas à D., E., e F. Um gongo. 
Uma mesa. Cadeiras. Um “clismos”. Pelo pórtico, ao fundo, vê-
-se o jardim. Estão em cena Cleia, esposa de Xantós, e Melita, 
escrava. Melita penteia os cabelos de Cleia.)
Melita: (Penteando os cabelos de Cleia.) Então Rodópis con-
tou que Crisipo reuniu os discípulos na praça, apontou para 
o teu marido e exclamou: “Tens o que não perdeste”. Xan-
tós respondeu: “É certo”. Crisipo continuou: “Não perdeste 
chifres”. Xantós concordou: “Sim”. Crisipo fi nalizou: “Tens o 
que não perdeste; não perdeste chifres, logo os tens”. (Cleia 
ri.) Todos riram a valer.
Cleia: É engenhoso. É o que eles chamam sofi sma. Meu ma-
rido vai à praça para ser insultado pelos outros fi lósofos?
Melita: Não; Xantós é extraordinariamente inteligente… No 
meio do riso geral, disse a Crisipo: “Crisipo, tua mulher te 
engana, e no entanto não tens chifres: o que perdeste foi a 
vergonha!” E aí os discípulos de Crisipo e os de Xantós atira-
ram-se uns contra os outros…
Cleia: Brigaram? (Assentimento de Melita.) Como é que Ro-
dópis soube disto?
Melita: Ela estava na praça.
Cleia: Vocês, escravas, sabem mais do que se passa em Sa-
mos do que nós, mulheres livres…
Melita: As mulhereslivres fi cam em casa. De certo modo 
são mais escravas do que nós.
Cleia: É verdade. Gostarias de ser livre?
Melita: Não, Cleia. Tenho conforto aqui, e todos me consi-
deram. É bom ser escrava de um homem ilustre como teu 
marido. Eu poderia ter sido comprada por algum mercador, 
ou algum soldado, e no entanto tive a sorte de vir a perten-
cer a Xantós.
Cleia: Achas isto um consolo?
Melita: Uma honra. Um fi lósofo, Cleia!
Cleia: Eu preferia que ele fosse menos fi lósofo e mais mari-
do. Para mim os fi lósofos são pessoas que se encarregam de 
aumentar o número de substantivos abstratos.
Melita: Xantós inventa muitos?
Cleia: Nem ao menos isto. E aí é que está o trágico: é um 
fi lósofo que não aumenta o vocabulário das controvérsias. 
Já terminaste?
Melita: Quase. É bom pentear teus cabelos: meus dedos 
adquirem o som e a luz que eles têm. Xantós beija os teus 
cabelos? (Muxoxo de Cleia.) Eu admiro teu marido.
Cleia: Por que não dizes logo que o amas? Gostarias bastante 
se ele me repudiasse, te tornasse livre e se casasse contigo…
Melita: Não digas isto… Além do mais, Xantós te ama…
Cleia: À sua maneira. Faço parte dos bens dele, como tu, as 
outras escravas, esta casa…
Melita: Sempre que viaja te traz presentes.
Cleia: Não é o amor que leva os homens a dar presentes às 
esposas: é a vaidade; ou o remorso.
Melita: Xantós é um homem ilustre.
Cleia: É o fi lósofo da propriedade: “Os homens são desi-
guais: a cada um toca uma dádiva ou um castigo”. É isto 
democracia grega… É o direito que o povo tem de escolher 
o seu tirano: é o direito que o tirano tem de determinar: 
deixo-te pobre; faço-te rico; deixo-te livre; faço-te escra-
vo. É o direito que todos têm de ouvir Xantós dizer que 
a injustiça é justa, que o sofrimento é alegria, e que este 
mundo foi organizado de modo a que ele possa beber bom 
vinho, ter uma bela casa, amar uma bela mulher. Já termi-
naste?
Melita: Um pouco mais, e ainda estarás mais bela para o 
teu fi lósofo.
Cleia: O meu fi lósofo… Os fi lósofos são sempre criaturas 
cheias demais de palavras…
 1 (Vunesp) A leitura deste fragmento da peça A raposa e as uvas 
revela que a personagem Cleia:
a) aprecia, orgulhosa, Xantós como homem e como fi lósofo.
b) tem bastante orgulho pelas vitórias do marido nos debates.
c) manifesta desprezo pelo marido, mas valoriza sua sabedoria.
d) demonstra grande admiração pela cultura fi losófi ca de 
Xantós.
e) preferiria que Xantós desse mais atenção a ela que à fi losofi a.
 2 (Vunesp) Entre as frases, extraídas do texto, aponte a que consiste 
num raciocínio fundamentado na percepção de uma contradi-
ção:
a) “Tenho conforto aqui, e todos me consideram.”
b) “As mulheres livres fi cam em casa. De certo modo são mais 
escravas do que nós.”
c) “É bom pentear teus cabelos: meus dedos adquirem o som 
e a luz que eles têm.”
d) “Os fi lósofos são sempre criaturas cheias demais de pala-
vras…”
e) “Xantós é extraordinariamente inteligente…”
 3 (Vunesp) Considerando-se que os papéis desempenhados pela 
esposa e pela escrava são reveladores do modo como sentem 
as condições em que vivem, pode-se afi rmar que Cleia e Melita 
encarnam em cena, respectivamente, dois sentimentos distintos:
a) insatisfação – felicidade
b) ingenuidade – sabedoria
As respostas encontram-se no portal, em Resoluções e Gabaritos.
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22 Tipos de Gêneros Textuais
c) respeito – desprezo
d) admiração – resignação
e) orgulho – euforia
 4 (Vunesp) Em sua penúltima fala no fragmento, Cleia critica o 
conceito de “democracia grega”, podendo-se perceber, pelo teor 
de seu discurso, que:
a) o marido não lhe passa argumentos para compreender a
beleza do conceito.
b) a fi losofi a de Xantós é elevada demais para as pessoas co-
muns compreenderem.
c) não tem informações sufi cientes para entender o valor da
“democracia grega”.
d) tem muita perspicácia ao perceber e apontar as contradições
do conceito.
e) é incapaz, como todas as mulheres gregas, de compreender
abstrações.
Leia o editorial para responder às questões 5 e 6.
Mais e melhores médicos
O governo federal anunciou que vai aumentar em 15% a 
oferta de vagas por cursos de medicina. Pela proposta do 
Ministério da Educação, do segundo semestre deste ano, até 
2014 serão abertos mais 2.500 postos. Preveem-se 2 mil em 
universidades federais e 500 em instituições particulares. A 
administração Dilma Rousseff alega que a medida é neces-
sária para atender a áreas em que há carência de profi ssio-
nais. Os médicos, por meio de seu Conselho Federal (CFM), 
protestam. A categoria afi rma que o país já conta com ex-
cesso de profi ssionais.
Os dois lados têm alguns argumentos e muitos interesses. 
É verdade que o Brasil está com um problema sério de dis-
tribuição de médicos. Eles estão concentrados nas cidades 
grandes do Sudeste e do Sul. Há falta crônica em algumas 
regiões do Nordeste e do Norte. A questão é que não basta 
formar mais gente para garantir que essas áreas sejam con-
templadas. Os jovens profi ssionais não se fi xam onde são 
necessários porque, apesar dos bons salários oferecidos por 
várias prefeituras, as condições de trabalho são precárias. 
Sem medidas adicionais para resolver isso, o mais prová-
vel é que os recém-formados se apinhem nas metrópoles. 
O governo federal, porém, prefere a saída populista de ape-
nas abrir mais vagas. No cômputo geral, ao contrário do que 
apregoa o CFM, o país precisa de mais médicos. Atualmen-
te, o Brasil conta com 1,8 profi ssional para cada grupo de 
mil habitantes. Nações desenvolvidas têm bem mais do que 
isso. Nos EUA, eles são 2,4 por mil; no Reino Unido, 2,7; na 
Suécia, 3,3. Com o envelhecimento da população, por aqui a 
demanda ainda vai crescer.
Os médicos, porém, não querem a abertura de vagas por 
dois motivos. O primeiro, justifi cável, é a preocupação com 
a qualidade dos cursos. O segundo é o receio com o aumen-
to da concorrência. Há várias formas de lidar com a questão 
da qualidade. Ampliar e aperfeiçoar os programas de resi-
dência, onde o jovem profi ssional de fato aprende, é a mais 
óbvia. Criar um exame de habilitação, nos moldes do que 
existe para bacharéis em direito se tornarem advogados, é 
outra a considerar.
Já o problema da concorrência tende a ser mitigado se o go-
verno conseguir fazer com que estados e prefeituras criem 
as condições adequadas para que o médico se fi xe onde ele 
é mais necessário. A carência de profi ssionais se mostra es-
pecialmente grave nos rincões do país, mas também ocorre 
nas escalas de hospitais públicos das maiores e mais ricas 
cidades.
Adaptado de Folha de S.Paulo, 9 jun. 2012. Opinião.
 5 (UEMG, adaptada) Marque a opção que sintetiza corretamente 
as ideias do texto.
a) O aumento em 15% da oferta de vagas por cursos de medicina
no Brasil, proposto pelo Ministério da Educação, garantirá a 
solução do problema da má distribuição de médicos pelas
regiões do país.
b) O governo federal adotou medidas para resolver o problema 
das precárias condições de saúde no Brasil, como oferecer
2.500 vagas a mais nos cursos de medicina, além de ampliar 
e aperfeiçoar os programas de residência.
c) Ampliar a oferta de vagas nos cursos de medicina das univer-
sidades brasileiras, conforme prevê o projeto do Ministério
da Educação, não contribui para resolver o problema da
escassez de médicos em algumas regiões do país.
d) Para solucionar o problema da carência de médicos no Brasil,
propõe-se que as universidades ampliem a oferta de vagas nos 
cursos de medicina, devendo se somar a essa proposta medi-
das que garantam a qualidade dos profi ssionais formados.
 6 (UEMG, adaptada) No trecho “O governo federal, porém, prefere 
a saída populista de apenas abrir mais vagas”, do segundo pará-
grafo, há uma ideia de contraste que se relaciona diretamente 
ao fato de que:
a) os médicos recém-formados se apinharão nas grandes me-
trópoles.
b) o Brasil conta apenas com 1,8 médico para cada grupo de
mil habitantes.
c) a formação de mais médicos não garante que áreas carentes
sejamcontempladas.
d) os jovens médicos não se fi xam onde são necessários, por
causa das condições precárias.
 7 (Unicamp-SP, adaptada) Leia o seguinte parágrafo para respon-
der à questão.
[…]
A sobrevivência dos meios de comunicação tradicionais de-
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manda foco absoluto na qualidade de seu conteúdo. A in-
ternet é um fenômeno de desintermediação. E que futuro 
aguardam os meios de comunicação, assim como os partidos 
políticos e os sindicatos, num mundo desintermediado? Só 
nos resta uma saída: produzir informação de alta qualidade 
técnica e ética. Ou fazemos jornalismo de verdade, fi el à ver-
dade dos fatos, verdadeiramente fi scalizador dos poderes pú-
blicos e com excelência na prestação de serviços, ou seremos 
descartados por um consumidor cada vez mais fascinado 
pelo aparente autocontrole da informação na plataforma 
virtual.
[…]
DI FRANCO, Carlos Alberto. Democracia demanda jornalismo indepen-
dente. O Estado de S. Paulo, 14 out. 2013.
“Desintermediação” é um termo técnico do campo da comu-
nicação. Ele se refere ao fato de que os meios de comunicação 
tradicionais não mais detêm o monopólio da produção e dis-
tribuição de mensagens. Considerando esse “mundo desinter-
mediado”, identifi que duas críticas ao jornalismo atual formu-
ladas pelo autor.
 8 +Enem [H21]
A África ocidental, uma das regiões mais pobres do mundo, 
enfrenta o pior surto de ebola desde que esse vírus extrema-
mente letal foi descoberto, em 1976. A debilidade institucio-
nal dos países afetados impõe à comunidade internacional o 
dever de acompanhar de perto a crise, tanto para debelá-la 
como para evitar sua propagação.
[…]
Disponível em: www1.folha.uol.com.br 
Os diferentes gêneros textuais desempenham funções sociais 
diversas, reconhecidas pelo leitor com base em suas caracterís-
ticas específi cas, bem como na situação comunicativa em que 
eles são produzidos. Assim, o texto apresentado:
a) narra um fato real vivido pelo autor.
b) surpreende o leitor pelo seu caráter fi ccional.
c) opina sobre assunto que está em discussão na sociedade.
d) descreve uma das regiões mais pobres do mundo.
e) limita-se a relatar um fato ocorrido.
PARA PRATICARCONSTRUINDO O TEXTO
 1 (PUC/Campinas-SP, adaptada) Leia com atenção a situação
seguinte.
Num semáforo fechado, ouve-se de um carro uma música pe-
sada, em altíssimo volume. Um senhor idoso, no volante do 
carro ao lado, busca protestar, mas o rapaz responsável pelo 
som não lhe dá atenção. Um ciclista encosta ao lado do rapaz. 
Um guarda que passava também se aproxima. Uma senhora 
sai à janela do sobrado ao lado.
Desenvolva um texto dramático com base na situação mostra-
da. Dê voz a todas as personagens envolvidas. Faça marcações 
cênicas usando parênteses.
 2 (U. E. Maringá-PR, adaptada) Os textos a seguir tratam do tema 
da prática do rolezinho em shopping centers. Tomando-os como 
apoio, redija o gênero textual solicitado.
Texto I
Rolezinho é a ocupação de um 
templo de consumo
O rolezinho é a ocupação de um templo de consumo. O ob-
jetivo é justamente o consumo. Tudo começou como distra-
ção e diversão: se arrumar, sair, se vestir bem. Existe toda 
uma relação com as marcas e com o consumo, num proces-
so de afi rmação social e apropriação de espaços urbanos.
Os lojistas e os frequentadores de shoppings se sentem 
ameaçados porque o shopping sempre foi uma redoma, um 
lugar das elites e das camadas médias. De repente, essa paz 
e essa fronteira foram abaladas e, no fundo, se teme ver o 
que antes não se via: a periferia negra, a pobreza e a desi-
gualdade.
A proibição dos rolezinhos por parte dos administradores de 
shoppings é uma atitude completamente errada.
Como estabelecer critérios que não sejam preconceituosos? 
Não se pode negar o direito de ir e vir. Será que, se diversos 
jovens das elites brancas marcassem encontro, algum shopping 
iria proibir? Isso é apartheid.
A atitude da polícia militar também não é correta quando usa 
a força policial e a violência para agir contra os mais fracos. 
Não se pode agir com brutalidade, pois trata-se de um movi-
mento social. De modo geral, existe um rancor, não apenas da 
polícia, mas de grande parte da sociedade brasileira.
Embora muitos acreditem que os rolezinhos podem acabar 
em arrastões e violência, esse movimento está se tornando 
cada vez mais político como forma de protesto e ocupação 
de espaço. Os jovens da periferia sempre foram a shoppings 
e nunca assaltaram.
Rosana Pinheiro-Machado (antropóloga e professora 
da Universidade de Oxford, na Inglaterra). Adaptado 
de http://noticias.uol.com.br
Texto II
Tais como são, os “rolezinhos” 
atentam contra direitos coletivos
Por mais que nos solidarizemos com nossa juventude humilde 
que busca espaços para se relacionar e dar vazão ao seu amor 
e alegria, não é possível apoiá-la nessa onda recente de “rolezi-
nhos” marcados em shopping centers e outros locais privados 
com destinação específi ca.
É triste a ausência de opção de lazer para nossos jovens de 
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24 Tipos de Gêneros Textuais
ANOTAÇÕES
camadas mais pobres. No entanto, os “rolezinhos”, como vêm 
sendo marcados, atentam contra os direitos individuais e cole-
tivos assegurados pela Constituição Federal. Isso sem falar no 
direito também constitucionalmente garantido à propriedade e à 
livre iniciativa. Daí porque estão corretas as liminares concedidas 
pelo judiciário aos shoppings, as quais estabeleceram multas aos 
participantes.
Os shoppings são empreendimentos privados abertos ao 
público especifi camente para compras, lazer, diversão, pas-
seio. A maioria deles tem cinemas e praças de alimentação. 
Nenhum deles tem ainda uma praça de “rolezinho”, modali-
dade de diversão muitas vezes conturbada, promovida por jo-
vens infratores. Essa atividade fere o legítimo direito de pais, 
mães e fi lhos a um lazer sossegado e seguro que se crê encon-
trar no ambiente privado e protegido dos shoppings.
Se o poder público não disponibiliza, como deveria, espaços 
próprios para o saudável congraçamento e encontro entre 
jovens, nem por isso os brilhantes moços que os organizam 
deixam de ter alternativas interessantes. E todas elas são ga-
rantidas pela Constituição.
A lei garante que “todos podem reunir-se pacifi camente, sem 
armas, em locais abertos ao público, independentemente de 
autorização, bastando prévio aviso à autoridade”. Ora, por 
que não fazer uns “rolezinhos” no sambódromo ou em outros 
locais públicos? Os convocados pela internet não vão faltar. 
Meninos e meninas levam o som, comidinhas e bebidinhas 
(sem álcool, de preferência, senão tumultua e nem namoro 
acontece). Aí a festa “rola” de forma “legal”, no duplo senti-
do. Juridicamente, basta os organizadores enviarem cópia da 
convocação à Prefeitura e à Secretaria de Segurança.
Mauro Rodrigues Penteado (advogado, árbitro e 
professor de direito comercial da USP).
Adaptado de www1.folha.uol.com.br
Na condição de editor de uma revista para o público jovem, 
redija um texto, em até 30 linhas, no qual você manifeste sua 
opinião a favor ou contra a prática do rolezinho nesses tipos de 
estabelecimento. Você pode empregar a primeira pessoa gra-
matical, tornando o seu texto mais pessoal, mais subjetivo. Se 
preferir a impessoalidade, também está correto; o importante 
é saber argumentar. Se o seu posicionamento for contrário à 
prática, apresente uma solução para esses jovens. Dê um título 
a seu editorial.
Leia
Que tal conhecer Hamlet, de William Shakespeare, numa tradução de Millôr Fernandes (Porto Alegre: L&PM Pocket, 2000)? Esta é 
uma das mais conhecidas tragédias de Shakespeare. Narra a história do assassinato do rei Hamlet, que reaparece em forma de fantas-
ma para seu fi lho, o príncipe Hamlet, pedindo que ele desmascare seu assassino.
Você também pode gostar de O santo e a porca, de Ariano Suassuna (Rio de Janeiro: J. Olympio, 2004), comédia do mesmo autor deAuto da Compadecida. A peça é sobre Euricão Árabe, homem avarento que guarda dinheiro dentro de uma porca (cofre) e é devoto de 
Santo Antônio. É rabugento e não confi a nas pessoas.
VÁ EM FRENTE
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Objetivos:
c Identificar a 
funcionalidade utilitária 
dos textos informativos 
em situações de 
comunicação.
c Reconhecer textos 
informativos e 
literários segundo 
as características 
composicionais desses 
gêneros.
c Compreender a 
intencionalidade 
subentendida 
na estrutura e 
na composição 
linguística dos gêneros 
publicitários.
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 LER PARA SABER
Leia os dois fragmentos de texto a seguir.
Texto I
A crônica de Machado de Assis encontrada pela professora Daniela Matarro Callipo dei-
xará de ser inédita em livro no primeiro semestre do ano que vem. Publicar o texto é o que 
pretende Sebastião Lacerda, diretor da Nova Aguilar, que edita a obra completa do escritor 
carioca.
“Em geral, nós fazemos uma nova impressão a cada dois anos. Nossa ideia inicial é incluir 
essa crônica na próxima tiragem, no começo de 1999”, afi rma Lacerda.
A obra completa de Machado de Assis foi editada inicialmente pela Nova Aguilar em 
1959, época em que a editora chamava-se apenas Aguilar. São três volumes, com mais de mil 
páginas cada um, organizados por Afrânio Coutinho.
O texto machadiano deve ser inserido em um apêndice, no fi nal da obra, acrescido de 
uma explicação do contexto em que foi encontrado, concedendo o crédito da descoberta à 
professora de língua e literatura francesa da Unesp.
A crônica esquecida. In: Folha de S.Paulo, 22 ago. 1998.
Texto II
[…]
— Juro! Deixe ver os olhos, Capitu.
Tinha-me lembrado a defi nição que José Dias dera deles. “Olhos de cigana oblíqua e dis-
simulada.” Eu não sabia o que era oblíqua, mas dissimulada sabia, e queria ver se podiam 
chamar assim. Capitu deixou-se fi tar e examinar. Só me perguntava o 
que era, se nunca os vira: eu nada achei extraordinário: a cor e a 
doçura eram minhas conhecidas. A demora na contemplação 
creio que lhe deu outra ideia do meu intento: imaginou que 
era um pretexto para mirá-los mais perto, com meus olhos 
longos, constantes, enfi ados neles, e a isto atribuo que en-
trassem a fi car crescidos, crescidos e sombrios, com tal 
expressão que […].
Retórica dos namorados, dá-me uma comparação 
exata e poética para dizer o que foram aqueles olhos de 
Capitu. Não me acode imagem capaz de dizer, sem quebra 
da dignidade do estilo, o que eles foram e me fi zeram. 
Olhos de ressaca? Vá, de ressaca. É o que me dá ideia 
daquela feição nova. Traziam não sei que fl uido miste-
rioso e enérgico, uma força que arrastava para dentro, 
como a vaga que se retira da praia, nos dias de 
ressaca. […]
ASSIS, Machado de. Dom Casmurro.
In: Obra completa. 
Rio de Janeiro: Nova Aguilar, 1992.
CAPÍTULO
2 Gênero Informativo / Gênero Publicitário
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26 Tipos de Gêneros Textuais
No texto I, encontramos informações:
 a data do texto é de agosto de 1998;
 foi encontrada uma crônica inédita de Machado de Assis pela professora Daniela Matarro Callipo;
 a referida crônica deixaria de ser inédita porque participaria da edição seguinte da obra com-
pleta do escritor;
 o texto encontrado deveria ser inserido em um apêndice, no fi nal da obra, com explicação sobre 
o encontro.
No texto II, extraído de Dom Casmurro, obra-prima do autor Machado de Assis, aparecem me-
táforas surpreendentes na descrição dos olhos do narrador e de Capitu.
Segundo o texto, o narrador queria verifi car se a defi nição de José Dias era correta e acrescenta 
o que ele mesmo (narrador) pensou sobre o que Capitu imaginara deles (olhos):
 olhos longos, constantes, enfi ados nos olhos da amada;
 olhos que cresciam;
 olhos sombrios;
 olhos que a miravam mais de perto.
 Os olhos de Capitu são defi nidos como:
 olhos de ressaca;
 com fl uido misterioso e enérgico;
 semelhante a uma força que arrastava para dentro como a vaga que se retira da praia.
Ora, se ressaca é um retrocesso das ondas (saca e ressaca), quando o mar, em movimento de 
fl uxo e refl uxo, se lança e suga os objetos que estão na praia, a expressão “olhos de ressaca” de Capitu 
signifi ca que os olhos dela buscavam os olhos dele, num movimento de ida, e os arrastavam para 
dentro de si, num movimento de volta (metáfora).
Como vimos, os dois fragmentos têm modos diferentes de apresentar seu conteúdo. No texto 
I, existem apenas informações precisas, com a fi nalidade de comunicar ao leitor a descoberta de 
uma nova crônica de Machado de Assis. No texto II, vê-se a força da metáfora, em sua extrema 
signifi cação, em especial, nas relações estabelecidas em “olhos de ressaca”.
Essa oposição caracteriza dois tipos de texto — o informativo e o literário. O informativo co-
munica; o literário é burilado, trabalhado, busca fi guras de linguagem, porque sua fi nalidade é 
recorrer à arte para recriar a realidade e sensibilizar o leitor.
Entretanto, delimitar fronteiras entre textos literários ou não literários não é simples. Mais recente-
mente, a defi nição passou a estar centrada na afi rmação de que o texto literário tem função estética 
e que o texto não literário tem função utilitária (informar, explicar, documentar).
Leia os dois fragmentos de texto a seguir.
Umidade do ar atinge nível mais baixo do ano e deixa Ribeirão Preto em estado de alerta.
Sou bravo, sou forte
Sou fi lho do Norte;
Meu canto de morte,
Guerreiros, ouvi.
Gonçalves Dias. “I-Juca Pirama”.
No primeiro exemplo, a mensagem tem caráter utilitário e sua fi nalidade é informar. Quem lê 
a mensagem, buscando seu conteúdo, entende a informação.
No segundo caso, é o plano da expressão que desperta o interesse no leitor, pois este enfatiza 
a exaltação da coragem presente no plano do signifi cado. Isso ocorre porque o poeta constrói 
versos de cinco sílabas, com acento na segunda e na quinta, caracterizando um ritmo martelado 
que recria e afi rma a coragem presente no plano do conteúdo.
A primeira característica do texto literário é a relevância do plano da expressão. Fruir um texto 
literário é perceber a recriação do conteúdo na expressão, na estrutura, e não meramente com-
preender o conteúdo. Não importa apenas o que o escritor diz, mas o modo como diz.
Para isso, o autor conta com múltiplos recursos: ritmo, sonoridade, repetição de palavras ou de 
 DEFINIÇÃO
As partes do signo linguístico são signi-
fi cante e signifi cado. 
Signifi cante: é a parte perceptível do 
signo, constituída de sons, que podem 
ser representados por letras.
Signifi cado: parte inteligível do signo, 
constituída de um conceito.
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sons (rimas), distribuição das sequências por oposição ou simetria etc.
Outra característica é a intangibilidade, isto é, o caráter intocável de uma obra de arte. 
Pode-se fazer um resumo de um texto informativo, sem se perder o essencial, porém não 
se pode fazer resumo de texto literário sem se perder sua essência. É diferente dizer que o 
amor não pode durar a vida inteira, mas, enquanto durar, deve ser muito intenso e dizer 
“Que não seja imortal, posto que é chama / Mas que seja infinito enquanto dure”.
No uso estético da linguagem, podem ser criadas novas relações entre palavras, estabelecer 
associações inesperadas. José Cândido de Carvalho, em sua obra O coronel e o lobisomem, descre-
ve o lobisomem assim: “vinte palmos de pelo e raiva”, combinação que demonstra o tamanho do 
lobisomem associado à intensidade de seu furor.
A linguagem informativa tem função utilitária e revela um único signifi cado, mas a linguagem 
em função estética é plurissignifi cativa. 1
Leia ainda dois textos sobre o mesmo assunto.
Texto I
Brasília: centro das decisões nacionais
Há 50 anos, era erguida no planalto central do Brasil a nova capital

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