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Emergências Obstétricas - 8º semestre - UNIFTC Nícia Torres Estrela Doenç� trofoblástic� gestaciona� Proliferação anormal do trofoblasto RARA (1 para 10.000 gestações). Apresentação em 3 tipos celulares: ● Citotrofoblasto (vilo corial); ● Sinciciotrofoblasto (vilo corial): produzem gonadotrofina coriônica (hCG); ● Trofoblasto intermediário (extravilositária): produzem hormônio lactogênio placentário. Benigna: mola hidatiforme ● Mola completa; ● Mola incompleta; Maligna: tumor trofoblástico gestacional (TTG) OU neoplasia trofoblástica gestacional (NTG) ● Mola invasora (corioadenoma destruens); ● Coriocarcinoma; ● Tumor trofoblástico gestacional (TTG) OBS: pode ser metastática ou não. Fatores de Risco: ● Idade > 40 anos; ● Intervalo interpartal curto; ● Síndrome de ovários policísticos; ● Abortamentos prévios; ● Mola hidatiforme anterior; ● Inseminação artificial; ● Tabagismo; ● Exposição à radiação ionizante; ● Uso de contraceptivos orais (controverso). Fatores de Proteção: gestação anterior normal. MOLA HIDATIFORME: Maior incidência: baixa renda e extremos da vida reprodutiva (principalmente, > 40 anos). Teorias para etiologia: 1. Degeneração das vilosidades coriônicas + hiperplasia dos elementos trofoblásticos; 2. Neoplasia benigna do trofoblasto → degeneração das vilosidades coriônicas. Patologia: Macroscopicamente: vesículas com líquido claro ("cachos de uva" ou "hidátides" → sinal patognomônico). Microscopicamente: proliferação trofoblástica, degeneração hidrópica do estroma e déficit da vascularização. Mola completa: Eliminação de grandes vesículas e ausência de feto e/ou âmnio. Causa: perda da vascularização vilosa → degeneração hidrópica de todas as vilosidades coriais. Aspecto genético: mola diploide e cromossomos de origem paterna. ● Homozigótica: cariótipo 46XX (androgênese) ○ 90% das molas completas; ○ Edema generalizado; ○ Hiperplasia grosseira do trofoblasto; ○ Menor probabilidade de malignização; ○ Níveis elevados de beta-hCG ● Heterozigótica: cariótipo 46 XY ou 46XX ○ Chamada de mola dispérmica; ○ Fertilização de 1 óvulo por 2 espermatozoides 23X e 23Y; ○ Maior tendência à doença trofoblástica persistente; ○ Risco para tumores mais agressivos (20%). Mola parcial ou incompleta: Referência: Medcurso Emergências Obstétricas - 8º semestre - UNIFTC Nícia Torres Estrela Cariótipo mais encontrado: triploidia (69 XXY, 69 XXX, 69 XYY) de origem biparental (2 genomas paterno e 1 materno). Características: ● Vilos com invaginações profundas (fjord-like); ● Tecido fetal sempre presente; ● Células vermelhas nucleadas nos vilos → evidência de crescimento embrionário; ● Gestação inviável; ● Feto com estigmas de triploidia (malformações congênitas múltiplas e restrição de crescimento) Manifestações clínicas: Quadro clássico: ● Sangramento vaginal: intermitente, aumento gradual de volume (pode levar à anemia ferropriva); ○ Sinal patognomônico: emissão de vesículas. ● Útero amolecido, indolor e maior do que o esperado para a idade gestacional; ○ Útero em sanfona: aumento de volume → eliminação do material intrauterino → novo crescimento. ● Náuseas e vômitos intensos (altos níveis de beta-hCG). Pode ocorrer: desenvolvimento precoce de pré-eclâmpsia antes da 24ª semana de gestação (sugestivo de mola). Ausência de AUSCULTA dos batimentos cardiofetais. Complicações esperadas: ● Cistos ovarianos tecaluterínicos: bilateral; palpável no exame ginecológico; regridem após resolução da doença; podem ter torção ou rotura (abdome agudo). ● Hiperêmese gravídica: sintoma mais prevalente da mola (26%), junto com o sangramento. ● Hiperestímulo tireoidiano: tireotoxicose (10%) ● Coagulação intravascular disseminada; ● Embolização trofoblástica; ● Insuficiência pulmonar: grande aumento do volume uterino + altos níveis de beta-hCG ⇒ infiltrado pulmonar bilateral. Diagnóstico: Clínico, ultrassonográfico e laboratorial. Suspeita diagnóstica: confirmar com estudo histopatológico do material intrauterino. Ultrassonográfico: Mola completa: ● Vilos em “tempestade de neve” ou “flocos de neve”→ pode diagnosticar em IG precoces ● Comum: cistos ovarianos tecaluteínicos; ● Diagnóstico diferencial: aborto com vilos hidrópicos. Mola parcial: ● Tecido placentário com ecos dispersos de dimensões variadas; ● Presença do: feto, âmnio e cordão umbilical e/ou espaços anecoicos focais (imagem de queijo suíço). Laboratorial: Dosagem de beta-hCG: valor diagnóstico e prognóstico (acompanhamento após a terapia). ● Mola completa: > 200.000 mUI/ml OU > 400.000 mUI/ml ● Gestação normal em torno da 10ª semana: 100.000 mUI/ml; ● Mola parcial: RARAMENTE níveis maiores do que 100.000 mUI/ml. Referência: Medcurso Emergências Obstétricas - 8º semestre - UNIFTC Nícia Torres Estrela Condutas: Baseadas em: ● Avaliar complicações: anemia, hipertireoidismo, préeclâmpsia e insuficiência respiratória; ● Realizar profilaxia para isoimunização Rh nas pacientes Rh negativas (após esvaziamento molar); ● Proceder ao esvaziamento uterino; ● Enviar material para análise histopatológica. Inicialmente: encaminhar para centros especializados. Condutas gerais: ● História completa; ● Exame físico; ● USG com dopplerfluxometria; ● TC ou RM (se a USG for inconclusiva); ● Beta-hCG; ● Exame clínico neurológico; ● Fundo de olho; ● Aferição da pressão arterial; ● RX de tórax (rastreio de metástases pulmonares); ● Hemograma completo; ● Ureia; ● Creatinina; ● Função hepática; ● Função tireoidiana. Condutas específicas: ● Esvaziamento uterino: tratamento de eleição ○ Vacuoaspiração: procedimento de eleição (menor risco de perfuração uterina); ○ Aspiração Manual Intrauterina (AMIU); ○ Curetagem uterina: quando não disponíveis outros métodos ou de forma complementar a estes; ● Histerotomia: casos de mola incompleta com feto > 4 meses, colo desfavorável à indução e sangramento profuso; ● Histerectomia total profilática: tratamento de escolha de tumor trofoblástico do sítio placentário ○ Prole completa e > 40 anos; ○ Fatores de risco para progressão da doença; ○ Hemorragias incoercíveis; ○ Sepse; ○ Pode ser realizada com a mola in situ. Acompanhamento pós-esvaziamento: possibilidade de malignização da doença ● Dosagem seriada semanal de beta-hCG: negativa em 8 a 10 semanas após o esvaziamento uterino → realizar por, pelo menos, 6 meses após a negativação do hCG. ● Clínico; regressão de náuseas e vômitos e os cistos ovarianos; ● Ultrassonográfico: monitorização da involução uterina e dos cistos ovarianos; ● RX de tórax: risco de embolização antes e após o procedimento de esvaziamento; ● Anticoncepção: uso de anticoncepcionais orais combinados para não haver gravidez e consequente aumento nos níveis de beta-hCG. DIU: contraindicado se beta-hCG presente (maior risco de perfuração uteirna). Referência: Medcurso Emergências Obstétricas - 8º semestre - UNIFTC Nícia Torres Estrela Acompanhamento de gestações subsequentes: risco de nova gestação molar é 10x maior que a população normal. ● USG ● Dosagem de hCG NEOPLASIA TROFOBLÁSTICA GESTACIONAL: Critérios de malignização: ● Elevação por 2 semanas consecutivas dos níveis de beta-hCG a partir de 3 valores obtidos no período; ● Estabilização dos níveis de beta-hCG por 3 semanas consecutivas (platô); ● Ausência de negativação do beta-hCG após 6 meses de seguimento; ● Surgimento de metástases (vagina e pulmões); ● USG com imagem intramiometrial mista, hipo ou hiperrefringente ( "olho de coruja"); ● Índice de resistência e pulsatilidade das artérias uterinas baixo ( < 1) e ausência de incisura protodiastólica. Classificação: Mola invasora: Mais comum→ 70 a 90%. Também conhecida como neoplasia trofoblástica gestacional PERSISTENTE ⇒ sequela da mola hidatiforme. Características: ● Invade miométrio e parede uterina; ● Potencial de produzir metástases em órgãos distantes; ● Mantém a estrutura vilositária (diferente do coriocarcinoma); ● Pode ser considerada uma mola hidatiforme em estágios mais avançados; ● Pode sofrer regressãoespontânea; ● Praticamente todos os casos têm antecedentes de mola hidatiforme; ● Pode se transformar em coriocarcinoma. Quadro clínico: ● Metrorragias persistentes; ● Subinvolução uterina; ● Infecções; ● Curetagens repetidas não diminuem o sangramento; ● Níveis de beta-hCG permanecem elevados, Diagnóstico: realizado no seguimento pós-molar. ● Níveis de beta-hCG permanecem elevados e podem até aumentar de uma dosagem para outra. ● USG e dopplervelocimetria: imagens sugestivas de invasão miometrial. ● Diagnóstico definitivo: histopatológico do útero após histerectomia. Prognóstico: ● Evolução para coriocarcinoma; ● Complicações possíveis: abdominais, hemorragia, infecções, perfuração uterina, traumatismos operatórios e metástases (obstrução vascular de alguns órgãos → SNC); ● Metástases: presentes em 4% dos casos no momento do diagnóstico. Coriocarcinoma: Menos comum→ 10 a 30% Transformação maligna após gravidez molar (25%,), gravidez ectópica, gravidez normal (25%) ou abortamento (25%). Características: ● NÃO mantém a estrutura vilositária ⇒ população dimórfica (células do sincício e do citotrofoblasto); Referência: Medcurso Emergências Obstétricas - 8º semestre - UNIFTC Nícia Torres Estrela ● Extensas áreas de necrose e hemorragia (tumor preenche a cavidade uterina, invadindo útero e vasos); ● Não regride espontaneamente. Quadro clínico: ● Hemorragia: vermelho-escuro ou roxo e bastante friável, podendo ou não atingir o peritônio; ● Necrose; ● Pode estar limitado ao miométrio → difícil retirar por curetagem; ● Útero aumentado com sangramentos permanentes; ● Nível de beta-hCG permanece positivo → ESSENCIAL para o diagnóstico. Diagnóstico: ● Nível de beta-hCG permanece positivo; ● Doença metastática no momento do diagnóstico (mais comum nos pulmões); ● Sinais característicos de metástases: hematêmese, lesões pulmonares ao RX (local mais comum de disseminação), sinais de dano cerebral, hemorragia intraabdominal e lesões vaginais. ● Diagnóstico de certeza: anatomopatológico. Prognóstico: ● Principais fatores para BOM prognóstico: ○ Nível urinário de hCG < 100.000 UI/24h ou sérico < 40.000/24h; ○ Sintomas surgidos < 4 meses; ○ Ausência de metástases cerebrais ou hepáticas; ○ Nenhuma quimioterapia prévia; ○ Não ser a gravidez anterior de termo ● Metástases: 4% dos casos após gestação molar. Mais comum em pulmões (80%), vagina (30%), pelve (20%), fígado (10%) e cérebro (10%). ● Morte por insuficiência respiratória: hemorragia pulmonar ou hemorragia cerebral. Tratamento: não há indicação para repetir o esvaziamento uterino. ● Quimioterapia: ○ Pode levar à cura de pacientes extensamente metastáticos; ○ Mesmo esquema da mola invasora; ○ Baseado no estadiamento e no escore de risco; ■ Baixo risco: escore < 6; ■ Alto risco: escore > 7 ○ Bom prognóstico (altas taxas de cura); ○ Geralmente, não há necessidade de histerectomia. ● Quimioterapia + radioterapia local: metástases cerebrais ou hepáticas. Tumor trofoblástico do sítio placentário: Raro e compromete o útero, endométrio e miométrio. Composição: ● Células intermediárias do citotrofoblasto (NÃO produz níveis elevados de beta-hCG) ● Células produtoras de gonadotrofinas e prolactina. Desenvolvimento: no local de implantação placentária meses a anos após um abortamento, Referência: Medcurso Emergências Obstétricas - 8º semestre - UNIFTC Nícia Torres Estrela gestação molar ou gravidez a termo (maior parte dos casos). Características: ● Massas sólidas, bem circunscritas; ● Dentro do miométrio; ● Pode ter componentes polipoides na luz uterina; ● Pode haver áreas de hemorragia e necrose; ● Raras as metástases à distância (30%); ● Invasão NÃO destrutiva do endométrio. Diagnóstico: ● Tardio, após a gestação anterior; ● Níveis de hCG costumam ser baixos; ● Aumento do lactogênio placentário Tratamento: ● Pouca resposta à quimioterapia; ● Tratamento de escolha: histerectomia + quimioterapia (QT) ● Metástase cerebral: QT + radioterapia Referência: Medcurso
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