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Lúpus Eritematoso Sistêmico COLANGENOSES o São doenças que acometem o tecido conectivo. o São doenças autoimunes que causam alteração cutâneo mucosas, com acometimento do colágeno. o Principais colangenoses: ▪ Lúpus Eritematoso Sistêmico (LES) ▪ Dermatomiosite (DM) / Poliomiosite (PM) ▪ Esclerodermia / Esclerose Sistêmica (ES) ▪ Síndrome de Sjogren (SS) ▪ Síndrome do Auto Antifosfolipídeo (SAAF) LÚPUS ERITEMATOSO SISTÊMICO o Colangenose autoimune mais comum o Existe uma diversidade na prevalência da forma crianças e adultos: ▪ 20-40 anos a prevalência é de 12M:1H ▪ Antes da puberdade/idosos: 2M:1H o Mais acometidas em mulheres negras com a faixa etária em média de 31 anos. o Doença multissistêmica: produção de auto anticorpo. o Causa desconhecida o Início dos sintomas são constitucionais, importância de anamnese direcionada. Tem pacientes que ficam meses e anos com sintomas inespecíficos. Etiopatogenia o Multifatorial o Existe uma predisposição genética (5-12% dos parentes de pacientes com LES desenvolvem a doença). o Fatores Ambientais: Vírus Epstein-Barr, Radiação UV, Estresse Emocional, Tabagismo, Medicamentos (Procainamida, Hidralazina) o Fatores Hormonais: Aumenta da relação estrogênio/androgênio. o Esses fatores causam perda da tolerância imunológica -> ativação de linfócitos B e produção de auto anticorpos. Etiologia o Genética – Ligada ao X, Concordância entre gêmeos monozigóticos (25-58%). o Genes que determinam MHC (HLA A1, B8, DR3) o Deficiência do complemento (C1q, C2, C4) o Fatores Ambientais: Raio UV, Infecções (EBV), Drogas e Estresse Emocional (desequilíbrio neuro-psico-imuno-endócrino) o Paciente geneticamente pré-dispostos quando são exposto a fatores ambientais, são gatilhos para desenvolver a doença. o Quando suspeitar? Mulheres, jovens, sintomas constitucionais, artralgia inflamatória ou artrite, alopecia. Lesões de pele, alterações renais. ▪ FAN + -> 95-99% ▪ FAN - -> é um forte evidencia contra o diagnóstico. FAN (fator antinuclear) o Pesquisa de anticorpos contra antígeno celulares (PAAC) o FAN não é um anticorpo antinuclear especifico, mas um teste para avaliar a presença de um ou mais anticorpos contra quaisquer antígenos nucleares. o O soro do paciente é colocado sobre células especificas (Hep-2, células de linhagem humana provenientes a cultura celular de carcinoma de laringe). Caso algum anticorpo contra qualquer antígeno nuclear esteja presente no soro do paciente, ele se ligara as estruturas celulares do Hep-2. Depois, é adicionado anticorpos anti-imunoglobulina humana ligados à fluoresceína determinando um “padrão de imunofluorescência” que será visto ao MO. o Informações básicas fornecidas pelo FAN: ▪ Presença ou ausência de autoanticorpos ▪ Padrão de imunofluorescência, que sugere algumas especialidades de autoanticorpos (são mais de 20 padrões descritos) ▪ Concentração do anticorpo no soro, indicada pelo título, 1:80 – 1:640 (representa a mais alta diluição do soro ainda com reação positiva). ▪ Muito sensível (93-100%), pouco especifico (57%): ocorrendo em ate 10% da população normal, em outras doenças autoimunes e infecciosas. (A) - Padrão Nuclear Homogêneo (B) – Nuclear pontilhado grosso (C) – Centromérico (D) – Nucleaolar (E) – Citoplasmático (F) – Misto – pontilhado fino e nucleolar (G) – Fuso Mitótico Manifestações Clínicas o LES é doença inflamatória crônica, que evolui com períodos de atividade e remissão, onde existe o comprometimento de diversos órgãos ou sequencial o A doença pode ser branda, acometendo apenas a pele e/ou sistema articular, como pode acometer órgãos vitais, levando a uma doença grave e de prognostico ruim. o Artrite, Eritema malar, Fotossensibilidade, Ulcera Oral, Serosite, Nefrite, Proteinúria, Psicose, Neurológica, Convulsão, Anemia Hemolítica, Imunológica, Trombocitopenia, Leucopenia. o Comprometimento Geral ▪ Fadiga, Febre, Emagrecimento, Adinamia o Manifestações em Mucosas: Ulceras orais, nasais e anogenitais. Essas ulceras geralmente são indolores. o Manifestações Cutâneas: ▪ Bastante frequentes: 70-80% dos pacientes durante a evolução da doença; manifestação inicial em 20% dos pacientes. ▪ Classificado em: ✓ Lúpus Cutâneo Agudo: Rash malar em vespertílio ou asa de borboleta, lesões maculosas ou papulosas difusas, lúpus bolhoso, fotossensibilidade. ✓ Lúpus Cutâneo Subagudo: (90% são anti-Ro+): papuloescamoso (psoriasiforme), anular (policíclico). ✓ Lúpus Cutâneo Crônico: Lesões discoides (deixam cicatrizes, 15-25%), lúpus verrucoso, lúpus mucoso, paniculite lúpica (lúpus profundo), lúpus pérnio ✓ Lesões Inespecíficas: Vasculite, Alopecia não cicatrial, e fenômeno de Raynaud (até 50% dos pacientes). o Manifestações Musculoesqueléticas ▪ Artrite inflamatória ▪ Poliartrite ▪ Artropatia de Jaccoud (10%): deformidades articulares reversíveis, principalmente das mãos, secundária a frouxidão das estruturas periarticulares. Não apresenta erosões ósseas. ▪ Necrose óssea avascular: queixa de artralgia, principalmente em quadris, joelhos e ombros. Prevalência aumentada em pacientes com LES, principalmente naqueles com corticoterapia. O quadril (cabeça do fêmur) é mais envolvida; ▪ Mialgias, Miopatia Inflamatória ▪ Fibromialgia (22% dos pacientes). o Manifestações Hematológicas: ▪ Anemia: Hemolítica autoimune (< 15%): mais grave; teste de Coombs direto +, maior reticulócitos. ▪ Leucopenia, neutropenia e/ou linfopenia: Atividade inflamatória da doença. Efeito colateral de medicamentos imunossupressores. ▪ Plaquetopenia ▪ Pancitopenia ▪ Linfadenopatias: até 35% adultos e 69% crianças. o Manifestações Renais: ▪ Incidência Variável: até 60% nos adultos e 80% nas crianças. ▪ IRC estabelecida: 10-30% ▪ O envolvimento renal é caracterizado pela presença de proteinúria >500mg/24h, relação prot/creat > 500mcg/mg, cilindrúria no EAS, ou aumento dos níveis de creatinina sem outra causa aparente. – o que fecha critério para diagnóstico. ▪ Diagnóstico Histológico: biópsia renal com imunofluorescência (confirmar o diagnostico e a classe histológica da nefrite >> guiar tratamento). ✓ Padrão “full house”: depósito de IgG, IgM, IgA, C1q, C3, C4, kappa e lambda. ▪ Classe mais comum e mais grave de acometimento renal em pacientes com LES: GN difusa (classe 4) ▪ Um dos principais determinantes da morbimortalidade de pacientes com LES. o Manifestações Neuropsiquiátricas: ▪ Formações de anticorpos antineuronais ▪ Anticorpos antifosfolípides ▪ Trombose ▪ Vasculite ▪ Vasculopatia não inflamatória ▪ Produção de citocinas o Manifestações Pulmonares e Cardiológicas: ▪ Pneumonite Aguda Lúpica: Inflamação alveolar aguda, incomum, < 10% dos pacientes, semelhante a pneumonia (febre, tosse, dispneia, dor pleurítica, hemoptise). ▪ Pleurite com derrame pleural bilateral e exsudato. ▪ Pericardite ▪ Hipertensão Pulmonar ▪ Pneumopatia intersticial: quadro insidioso de tosse seca, dispneia progressiva, crepitações, TC com infiltrado pulmonar intersticial bibasal. ▪ Miocardite ▪ Endocardite de Libman-Scaks: vegetações presentes em até 40% dos pacientes, pp na valva mitral, consistem em acúmulos estéreis de imunocomplexos, células mononucleares, plaquetas e fibrina. Ao cicatrizarem podem deformar a valva levando a regurgitação SÍNDROME DE SJÖGREN SECUNDÁRIA o Infiltrado linfoplasmocitário, acometendo principalmente as glândulas exócrinas (salivares e lacrimais) >>> xerostomia, xeroftalmia, xerodermia, dispareunia e vaginite seca. o Manifestações Sistêmicas: Pulmões, Rins, Tireóide, Sistema Nervoso, Pele, Tecido Hematopoiético e articulações. o FAN nuclear pontilhado fino >>> Anti-SSA/Ro+e/ou anti-SSB/La+ o Anamnese direcionada ▪ Dor e inchaço nas juntas? ▪ Áreas com menos cabelo? ▪ Aftas na boca ou lesões nasais repetidamente: ▪ Manchas na pele que pioram com o sol? ▪ Urina espumosa? ▪ Convulsão ou alteração de comportamento? ▪ Água no pulmão ou no coração alguma vez? ▪ Já fez transfusão de sangue? ▪ Alguém na família com reumatismo? Qual? ▪ Tem falta de ar? Biomarcadores o Exame para diagnóstico, avaliação da extensão e atividade da doença, prognóstico. o Sangue: ▪ Hemograma Completo ▪ VHS, PCR ▪ Creatinina ▪ Albumina ▪ EEP: hipergamaglobulinemia policlonal ▪ Reticulócitos, DHL, Bilirrubina, Coombs direto o Fatores de Risco Cardiovascular: ▪ Colesterol total e frações, triglicerídeos ▪ Glicemia de Jejum e Hemoglobina Glicada ▪ Outros o Urina: ▪ EAS ▪ Proteinúria 24h ou relação proteína / creatinina urina isolada ▪ Clearance de urina o Imagem e Biópsia: Depende da manifestação ▪ Radiografia de tórax, TC ▪ RM SNC ▪ ECOTT, ECG ▪ Biópsia de pele e renal o Laboratório na Reumatologia ▪ FAN (> 95%) ▪ Anti-Ro/SSA, Anti-La, Anti-Sme Anti-RNP ▪ Anti-dsDNA: Predizem atividade de doença, exacerbação de doença e resposta de tratamento ▪ Anti-nucleossomo ▪ Anti-histona ▪ C3, C4 e CH50: Predizem atividade de doença, exacerbação de doença e resposta de tratamento ▪ Anticorpos, antifosfolípides, Anti-cardiolipina IgG e IgM, Anti-beta2- glcoproteína 1 IgG e IgM, anticoagulante lúpico. BASES DO TRATAMENTO o Individualizado o Imunomodulador x Imunossupressor o Assim que diagnóstico: Antimalárico (eterno) – Cloroquina (não está sendo mais utilizada) / Hidroxicloroquina o Protetor solar (lembrar de lâmpadas brancas) – pois, lúpus pode ser ativado pelo sol. o Corticóide é o segundo medicamento mais usado o Importância do suplemento de Ca++ e Vit D o Sintomas graves (nefrite, SNC, hemato de difícil controle): Imunossupressão potente! Pulsoterapia / Citotóxicos TRATAMENTO o Hidroxicloroquina: até 6mg/kg/dia e Difosfato de Cloroquina até 3mg/kg/dia ▪ Indicado para todos os pacientes com diagnostico de LES, pois tem efeito poupador de corticóide, reduz atividade. ▪ Melhora manifestações cutâneas e artrite o Corticóide: Menor dose, pelo menos tempo possível ▪ Tópico: lesões cutâneas ▪ VO doses baixas < 0,5/kg/dia: comprometimento cutâneo, articular, serosites leves ▪ VO doses altas 0,5 a 1mg/kg/dia ou Pulsoterapia EV: serosites graves, manifestações hematológicas graves, comprometimento renal, vasculite cerebral. o Metotrexano: Comprometimento articular, lesões cutâneas refratárias, serosites e miosites. o Imunossupressores: Azatioprina, Leflunomida, Micofenolato, Ciclofosfamida, Ciclosporina ▪ Poupadores de corticóide ▪ Manifestações Renais ▪ Outras Manifestações graves não responsáveis a outras terapêuticas. TRATAMENTO DA NEFRITE o Biópsia renal em todos os acometidos (indicado pelo EULAR e ACR). Pelo menos naqueles com elevação de Cr e proteinúria > 1g/24h o Todos devem usar IECA (captopril, enalapril) ou bloqueador de angiotensina (losartan) o Depende da Classe: ▪ I e II: não necessita imunossupressão. Só IECA e HCLQ ▪ III e IV: Imunossupressão agressiva ▪ V: Não necessita da fase de indução. Manter com MMF, AZA ou Ciclosporina + PDN ▪ VI: Necessita terapia substitutiva (dialise x Transplante) TERAPIA DE INDUÇÃO o Uso de ciclofosfamida IV, em forma de pulsoterapia, ou oral diária (efeito pior e mais infertilidade/hematúria) o Esquemas de Pulsoterapia: ▪ NHI: Dose Mensal 6x (500mg/m2 -> 750mg/m2 -> 1g/m2 máx 1200mg) ▪ Ajuste de dose pela leucopenia no 14° dia pós CFM) ▪ Eurolupus: Dose quinzenal 6x de 500mg/m2 TERAPIA DE MANUTENÇÃO o Depois dos 6 meses da pulsoterapia, manter o tratamento. o Azatioprina o Micofenolato mofetil o Na falha: RItuximabe e Tacrolimus o Uso até completar: 3 anos sem atividade renal, depois suspender TRANSPLANTE RENAL AVALIAÇÃO DE RESPOSTA AO TRATAMENTO o SLEDAI o Acompanhamento clínico. Avalia sinais clínicos e laboratoriais presentes na consulta ou até 10 dias antes. o Avaliar pela variação da pontuação: ▪ 0 – Sem atividade ▪ 1- Atividade leve, sem necessidade de mudar conduta ▪ 2 – Atividade, estar atendo ▪ 3 – Atividade persistente o Suspeita de retorno da atividade renal: ▪ Anti DNA positivo ▪ Complemento baixo ▪ Sedimento urinário ativo: hematúria / cilindrúria ▪ Aumento da creatinina ▪ Hipertensão o Curso e Prognóstico: ▪ Doença Crônica ▪ Períodos de remissão e exacerbação ▪ Uso eterno de medicação ▪ Maior risco de infecções oportunista. ▪ Lembrar de efeitos colaterais das medicações
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