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Farmacologia do Sistema Cardiovascular II 🫀 Bloqueadores Adrenérgicos e Fármacos de Ação Central Bloqueio dos receptores adrenérgicos em nível sistêmico e SNC. Mecanismo de ação: Bloqueio adrenérgico no musculo liso vascular diminui indiretamente o entrada de cálcio para as células. Uso terapêutico - HAS - ICC - Arritmias cardíacas - Enxaqueca vasogênica - Hipertensão em gestante - HPB – hiperplasia prostática benigna Glaucoma Bloqueadores Adrenérgicos de Ação Central Atua centralmente, produzindo inibição dos centros vasomotores simpáticos e diminuindo a estimulação simpática para a periferia. Isso leva à redução da resistência periférica total e à diminuição da pressão arterial. A clonidina é usada primariamente no tratamento da hipertensão que não responde adequadamente ao tratamento com dois ou mais fármacos. A clonidina não reduz o fluxo sanguíneo renal ou a filtração glomerular e, portanto, é útil no tratamento da hipertensão complicada por doença renal. A clonidina é bem absorvida após administração oral e é excretada pelos rins. Também está disponível como adesivo transcutâneo. É um α2-agonista que é convertido em metilnorepinefrina no SNC, causando diminuição do efluxo adrenérgico; acredita-se que esse composto seja capaz de ativar os receptores a2 centrais e reduzir a pressão arterial de modo semelhante ao mecanismo de clonidina. Os efeitos adversos mais comuns da metildopa são sedação e sonolência. Seu uso é limitado devido aos efeitos adversos e à necessidade de múltiplas dosificações diárias. É usada principalmente para o tratamento da hipertensão na gestação, por ter registros de segurança. Clonidina Os efeitos adversos incluem sedação, boca seca e constipação. Ocorre hipertensão de rebote após interrupção súbita da clonidina. Por isso, se a interrupção for necessária, o fármaco deve ser retirado lentamente. A clonidina é um agonista dos receptores alfa-2 que produz redução da pressão arterial por meio de ação nos centros vasomotores do tronco encefálico, como o bulbo, suprimindo a descarga simpática na periferia. Metildopa Efeitos Adversos de Modo Geral - Sonolência, torpor, lentidão, disfunção sexual, depressão, hipotensão arterial principalmente nas primeiras doses. - Bradicardia e bloqueios de condução elétrica - Crise de asma e broncoespasmo - Reduz o uso de glicose pelo musculo esquelético – intolerância a glicose – elevação da glicemia. - Efeito dopping Bloqueadores de Canais de Cálcio Os canais de Ca2+ sensíveis à voltagem (canais de tipo L ou lentos) medeiam a entrada do Ca2+ extracelular nos miócitos musculares lisos e cardíacos e nas células do nodo sinoatrial (SA) e do nodo atrioventricular (AV) em resposta à despolarização elétrica. Nos miócitos tanto do músculo liso quanto cardíacos, o Ca2+ deflagra o processo de contração, embora por mecanismos diferentes. Os antagonistas dos canais de Ca2+, também denominados bloqueadores da entrada de Ca2+, inibem a função dos canais de Ca2+. No músculo liso vascular, essa ação resulta em relaxamento, particulannente nos leitos arteriais. Esses fármacos também podem produzir efeitos inotrópicos e cronotrópicos negativos no coração. Mecanismos de ação. As concentrações aumentadas de Ca2+ citosólico provocam aumento da contração das células musculares cardíacas e musculares lisas vasculares. A entrada de Ca2+ extracelular é mais importante para iniciar a contração dos miócitos cardíacos (liberação de Ca2+ induzida por Ca2+). A liberação de Ca2+ dos locais de reserva intracelulares também contribui para a contração do músculo liso vascular, particularmente em alguns leitos vasculares. As concentrações citosólicas de Ca2+ podem ser aumentadas por vários estímulos contráteis nas células do músculo liso vascular. Muitos hormônios e autacoides aumentam o influxo de Ca2+ por meio dos denominados canais operados por receptores, enquanto aumentos nas concentrações externas de K+ e estímulos elétricos despolarizantes aumentam o influxo de Ca2+ por meio de canais sensíveis à voltagem ou "operados por potencial". Os antagonistas dos canais de Ca2+ exercem seus efeitos por meio de sua ligação com a subunidade a1 dos canais de Ca2+ do tipo L, reduzindo o fluxo de Ca2+ através do canal. A ocorrência de um aumento do Ca2+ citosólico resulta em aumento da ligação do Ca2+ à calmodulina. Por sua vez, o complexo Ca2+-calmodulina ativa a cadeia leve de miosina cinase, com consequente fosforilação desta. Essa fosforilação promove a interação entre a actina e a miosina e leva a contração do músculo liso. Os antagonistas dos canais de Ca2+ inibem os canais de Ca2+ dependentes da voltagem no músculo liso vascular em concentrações significativamente menores do que aquelas necessárias para interferir na liberação de Ca2+intracelular ou para bloquear os canais de Ca2+ operados por receptores. Todos os bloqueadores de Ca2+ relaxam o músculo liso arterial, mas exercem um efeito pouco evidente sobre a maioria dos leitos venosos e, portanto, não afetam de forma significativa a pré- carga cardíaca. Todos os bloqueadores dos canais de Ca2+ aprovados para uso clínico diminuem a resistência vascular coronariana e podem levar a um aumento no fluxo sanguíneo coronariano. entrada de cálcio por se ligarem aos canais de cálcio do tipo L no coração e nos músculos lisos dos vasos coronarianos e arteriolares periféricos. Isso causa o relaxamento do músculo liso vascular, dilatando principalmente as arteríolas. Os BCCs não dilatam veias. Ação. A concentração intracelular de cálcio tem um papel importante na manutenção do tônus da musculatura lisa e na contração do miocárdio. O cálcio entra nas células musculares através de canais de cálcio voltagem-sensíveis. Isso dispara a liberação de cálcio do retículo sarcoplasmático e da mitocôndria, aumentando adicionalmente o nível de cálcio citosólico. Os antagonistas de canais de cálcio bloqueiam a Usos terapêuticos. No tratamento da hipertensão, os BCCs podem ser usados como tratamento inicial ou adicional. Eles são úteis no tratamento de pacientes hipertensos que também têm asma, diabetes e/ou doença vascular periférica porque, diferentemente dos β- bloqueadores, eles não têm potencial de afetar adversamente essas condições. Todos os BCCs são úteis no tratamento da angina. Além disso, diltiazem e verapamil são usados no tratamento da fibrilação atrial. Diminuem a pós-carga, devido a perda da contratilidade. Farmacocinética. A maioria dos BCCs apresenta meia-vida curta (3-8 horas) após uma dose oral. Preparações de liberação sustentada estão disponíveis e permitem dosificação única por dia. O anlodipino tem meia-vida muito longa e não requer formulação de liberação estendida. Efeitos adversos. Bloqueio atrioventricular de primeiro grau e constipação são efeitos adversos dose- dependentes do verapamil. Verapamil e diltiazem devem ser evitados em pacientes com insuficiência cardíaca congestiva ou com bloqueio atrioventricular, devido aos efeitos inotrópicos (força de contração do músculo cardíaco) e dromotrópicos (velocidade de condução) negativos. Tontura, cefaleia e sensação de fadiga causada pela redução da pressão arterial ocorrem mais frequentemente com di-hidropiridinas. Edema periférico é outro efeito adverso comumente registrado desta classe. Nifedipina e outras di-hidropiridinas podem causar hiperplasia gengival. Alem de causar flush facial, enxaqueca, impotência, agravar a ICC, bradicardia, hipotensão arterial e arritmias (diltiazem e verapamil). 1. Difenilalquilaminas: O verapamil é o único representante dessa classe disponível nos EUA. O verapamil é um vasodilatador e o menos seletivo dos BCCs e apresenta efeitos significativos nas células cardíacas e no músculo liso vascular. Ele é usado também no tratamento da angina e das taquiarritmias supraventriculares, bem como para prevenir a enxaqueca e a cefaleia em salvas. Principais FármacosO verapamil por via intravenosa provoca redução da pressão arterial, devido a uma diminuição da resistência vascular; entretanto, a taquicardia reflexa é atenuada ou abolida pelo efeito cronotrópico negativo direto do fármaco. Esse efeito inotrópico negativo intrínseco é compensado em parte por uma diminuição da pós-carga e pelo aumento reflexo do tônus adrenérgico. Dessa forna, em pacientes sem insuficiência cardíaca congestiva, o desempenho ventricular não é comprometido e pode, na verdade, melhorar, especialmente se a isquemia limitar o desempenho. Em contraste, nos pacientes que têm insuficiência cardíaca congestiva, o verapamil por via intravenosa pode causar uma acentuada diminuição da contratilidade e da função ventricular esquerda. A administração oral de verapamil diminui a resistência vascular periférica e a pressão arterial, frequentemente com alterações mínimas na frequência cardíaca. O alívio da angina induzida por marca-passo observado com o uso do verapamil deve-se, principalmente, a uma redução na demanda de oxigênio pelo miocárdio. 2. Benzotiazepínico: O diltiazem é o único membro dessa classe que está aprovado nos EUA atualmente. Como o verapamil, o diltiazem afeta tanto as células cardíacas quanto as do músculo liso vascular, mas apresenta efeito inotrópico cardíaco negativo menos pronunciado comparado ao efeito do verapamil. O diltiazem apresenta um perfil de efeitos adversos favorável. A administração intravenosa de diltiazem pode resultar, de início, em acentuada redução da resistência vascular periférica e da pressão arterial, produzindo aumento reflexo da frequência cardíaca e do débito cardíaco. Em seguida, a frequência cardíaca cai abaixo dos níveis iniciais, graças ao efeito cronotrópico negativo direto do fármaco. A administração oral de diltiazem diminui tanto a frequência cardíaca quanto a pressão arterial média. Enquanto o diltiazem e o verapamil produzem efeitos semelhantes sobre os nodos SA e AV, o efeito inotrópico negativo do diltiazem é mais modesto. 3. Di-hidropiridinas: Esta classe de BCCs inclui nifedipino (o protótipo), anlodipino, felodipino, isradipino, nicardipino e nisoldipino. Esses fármacos diferem na farmacocinética, nos usos aprovados e nas interações farmacológicas. Todas as di-hidropiridinas apresentam muito maior afinidade pelos canais de cálcio vasculares do que pelos canais de cálcio do coração. Elas são, por isso, particularmente benéficas no tratamento da hipertensão. As di-hidropiridinas têm a vantagem de interagir pouco com outros fármacos cardiovasculares, como a digoxina ou a varfarina, que são frequentemente usados em conjunto com BCCs. O anlodipino sofre absorção lenta e apresenta efeito prolongado. Com uma meia-vida plasmática de 35-50h, os níveis plasmáticos e os efeitos aumentam no período de 7-10 dias de administração diária de uma dose constante. O anlodipino produz vasodilatação arterial periférica e dilatação coronariana, com perfil hemodinâmico semelhante ao do nifedipino. Entretanto, ocorre menos taquicardia reflexa com o anlodipino, possivelmente pelo fato de a meia-vida longa produzir picos e depressoes mínimos nas concentrações plasmáticas. Diuréticos A alteração farmacológica do equilíbrio de Na+ foi possível com o desenvolvimento de diuréticos tiazídicos ativos pela via oral. Estes fármacos e os agentes diuréticos relacionados possuem efeitos anti-hipertensivos quando usados sozinhos e eles potencializam a eficácia de praticamente todos os outros fármacos anti-hipertensivos. Por causa destas considerações, junto com a ampla experiência favorável com diuréticos em estudos randomizados em pacientes com hipertensão, esta classe de fármacos é muito importante no tratamento da hipertensão. A ação inicial destes fármacos é a redução do volume extracelular ao interagir com o cotransportador de NaCl sensível a tiazida expresso no túbulo convoluto distal no rim, potencializando a excreção de Na+ na urina e causando uma queda no débito cardíaco. Entretanto, efeito hipotensor é mantido durante a terapia prolongada por causa da redução da resistência vascular; o débito cardíaco retoma para os valores pré-tratamento e o volume extracelular retoma quase ao normal graças às respostas compensatórias como a ativação do SRA. A explicação para a vasodilatação a longo prazo induzida por estes fármacos é desconhecida. As tiazidas promovem a vasodilatação diretamente em artérias isoladas in vitro. Por outro lado, existe uma evidência que sugere que a vasodilatação pode ocorrer como uma consequência indireta da ação destes fármacos nos rins. Os inibidores da anidrase carbônica– por exemplo, acetazolamida – aumentam a eliminação de bicarbonato acompanhado de Na+, K+ e água, resultando em aumento do fluxo de urina alcalina e acidose metabólica. Esses agentes, embora já não usados como diuréticos, ainda são aplicados no tratamento de glaucoma para reduzir a formação de humor aquoso e também em alguns tipos de epilepsia infantil, e para acelerar a aclimatação a altitudes elevadas. A perda urinária de bicarbonato causa depleção do bicarbonato extracelular, e o efeito diurético dos inibidores da anidrase carbônica, consequentemente, é autolimitado. A acetazolamida é uma sulfonamida, podendo ocorrer efeitos indesejáveis como rashes, discrasias sanguíneas e nefrites intersticiais, como com outras sulfonamidas. Inibidores da Anidrase Carbônica Túbulo proximal Diuréticos de Alça São os mais potentes, capazes de causar a eliminação de 15-25% do Na+ filtrado. Sua ação turma ser descrita como causadora de “fluxo urinário torrencial”. O principalmente exemplo é a furosemida; a bumetamida e a torasasemida são agentes alternativos. Esses fármacos atuam sobre o ramo ascendente espesso, inibindo o transporte Na+/K+/ 2Cl- na membrana luminal, combinando-se com seu ponto de ligação para Cl-. Ramo ascendente da alça de Henle As ações vasculares dos diuréticos de alça também não soa inteiramente compreendidos. A administração intravenosa de furosemida a pacientes com edema pulmonar causando por insuficiência cardíaca aguda provoca um efeito vasodilatador terapeuticamente útil, independente do início da diurese. Possivelmente mecanismos invocados incluem diminuição da responsividade vascular da formação de prostaglandinas vasodilatadoras; diminuição da produção do hormônio natriurético endógeno semelhante à ouabaína (inibidor da Na+/ K+-ATPase) e efeitos de abertura de canais de potássio em arteriais de resistência. Os diuréticos de alça aumentam a oferta de Na+ ao néfron distal, causando perda de H+ e K+. Considerando que ocorre perda urinária de Cl-, mas não de HCO3-, a concentração plasmática de HCO3- aumenta quando o volume plasmático é reduzido - uma forma de alcalose metabólica, portanto, denominada “alcalose de contração”. Os diuréticos de alça aumentam a eliminação de Ca2+ e Mg2+ e diminuem a eliminação de ácido úrico. Efeitos adversos. Perdas excessivas de Na2+ e água, em especial em idosos, causam hipovolemia e hipotensão. A perda de potássio, resultando em K+ baixo no plasma (hipopotassemia), e a alcalose metabólica também são comuns. A hipopotassemia aumenta os efeitos e a toxicidade de vários fármacos (p. ex., digoxina, e os antiarrítmicos tipo III), de modo que esta é potencialmente uma fonte importante de interação medicamentosa. Se necessário, a hipopotassemia pode ser evitada ou tratada pelo uso concomitante de diuréticos poupadores de K+ ou por reposição suplementar de potássio. Hipomagnesemia costuma ser menos vista, mas também pode ser clinicamente importante; a hiperuricemia é comum, podendo precipitar gota aguda. Diurese excessiva leva à redução da perfusão renal e a consequente comprometimento da função renal (um sinal precoce é a elevação da concentração de ureia no soro). Diuréticos de Túbulo distal Os diuréticos que atuam sobre o túbulo distal incluem tiazídicos(p. ex., bendroflumetiazida, hidroclorotiazida) e fármacos relacionados (p. ex., clortalidona, indapamida e metolazona. Os tiazídicos são menos potentes que os diuréticos de alça, pelo menos em termos de pico de crescimento da taxa de formação da urina, e são preferidos para tratar hipertensão não complicada. São mais tolerados que os diuréticos de alça e, em ensaios clínicos, demonstram reduzir os riscos de acidente vascular encefálico (AVE) e de infarto agudo do miocárdio (IAM) associados à hipertensão. No maior ensaio (ALLHAT, 2002), a clortalidona teve um desempenho tão bom quanto o de anti- hipertensivos mais modernos (um inibidor da enzima conversora de angiotensina [ECA] e um antagonista do cálcio. Ligam- se ao ponto do Cl do sistema de cotransporte tubular distal de Na+/Cl, inibindo sua ação e causando natriurese com perda de íons sódio e cloreto na urina. A contração do volume sanguíneo decorrente estimula a secreção de renina, levando à formação de angiotensina e à secreção de aldosterona. Esse mecanismo homeostático limita o efeito dos diuréticos sobre a pressão arterial, resultando, in vivo, em uma relação dose-resposta hipotensiva com apenas um gradiente leve durante posologia crônica. Embora os tiazídicos sejam diuréticos mais suaves que os diuréticos de alça quando usados isoladamente, a coadministração com diuréticos de alça tem efeito sinérgico, porque o diurético de alça oferece maior fração da carga filtrada de Na+ ao local de ação do tiazídico no túbulo distal. Os diuréticos tiazídicos têm ação vasodilatadora. Quando usados no tratamento de hipertensão, a queda inicial da pressão arterial decorre da diminuição do volume sanguíneo causada pela diurese, mas a vasodilatação contribui para a fase tardia. Os diuréticos tiazídicos têm um efeito paradoxal no diabetes insípido, no qual reduzem o volume de urina por interferência na produção de líquido hipotônico no túbulo distal e a capacidade do rim de secretar urina hipotônica (i. e., reduzem a depuração de água livre). Os efeitos dos tiazídicos sobre o balanço de Na+, K+, H+ e Mg2+ são qualitativamente semelhantes aos dos diuréticos de alça, mas de menor magnitude. Em contraste com os diuréticos de alça, entretanto, os tiazídicos reduzem a eliminação de Ca2+, o que é possivelmente vantajoso em pacientes idosos com risco de osteoporose, favorecendo as tiazidas sobre os diuréticos de alça nesse cenário. Efeitos adversos. Além do aumento na frequência urinária, o efeito indesejável mais comum dos tiazídicos, não obviamente relacionado à sua ação renal principal, é a disfunção erétil. A disfunção erétil associada aos tiazídicos é reversível; é menos comum com doses baixas usadas na prática clínica, mas continua a ser um problema. A perda de potássio pode ser importante, assim como a perda de Mg2+. A excreção do ácido úrico é reduzida, e pode ocorrer alcalose hipoclorêmica. Presume-se que a tolerância à glicose diminuída, devido à inibição da secreção de insulina, possa ser resultante da ativação dos canais KATP nas células das ilhotas pancreáticas. O diazóxido, um tiazídico não diurético, também ativa os canais KATP, causando vasodilatação e comprometimento da secreção de insulina. Diz-se que a indapamida reduz a pressão sanguínea com menos distúrbios metabólicos do que os fármacos correlatos, possivelmente por ser comercializada em uma dose equivalente mais baixa. Hiponatremia é potencialmente grave, especialmente nos idosos. Hipopotassemia pode ser causa de interação medicamentosa adversa e pode precipitar encefalopatia em pacientes com hepatopatia grave. A espironolactona e a eplerenona têm ação diurética limitada quando usadas isoladamente, porque a troca distal de Na+/K+ – local em que agem – é responsável pela reabsorção de apenas 2% do Na+ filtrado. Elas têm, contudo, acentuados efeitos anti- hipertensivos, prolongam a sobrevida em pacientes selecionados com insuficiência cardíaca e podem impedir hipopotassemia quando combinadas a diuréticos de alça ou tiazídicos. Competem Diuréticos Poupador de Potássio Trianterano e Amilorida Espironolactona (bloqueador de Aldosterona) Assim como os antagonistas da aldosterona, o triantereno e a amilorida têm eficácia apenas limitada como diuréticos, porque também atuam no néfron distal, onde ocorre apenas pequena fração de reabsorção de Na+. Atuam sobre os túbulos coletores e ductos coletores, inibindo a reabsorção de Na+ por bloqueio dos canais de sódio luminais, diminuindo, assim, indiretamente a eliminação de K+. Podem ser administrados juntamente com diuréticos de alça ou tiazídicos, com a finalidade de manter o balanço de potássio. O principal efeito indesejável, a hiperpotassemia, está relacionado à ação farmacológica desses fármacos e pode ser perigoso, especialmente nos pacientes com comprometimento renal ou que estejam recebendo outros fármacos que possam aumentar o K+ plasmático. Foram relatados distúrbios gastrintestinais, mas não são frequentes. São incomuns as reações idiossincráticas, como os rashes cutâneos. com a aldosterona por seus receptores intracelulares, inibindo, assim, a retenção de Na+ e a secreção de K+ em nível distal. Efeitos adversos. Os antagonistas da aldosterona predispõem à hiperpotassemia, que é potencialmente fatal. Não devem ser coprescritos suplementos de potássio, a não ser em circunstâncias especiais seguidas de monitoramento contínuo da creatinina e dos eletrólitos no plasma. Tal monitoramento é necessário também se esses fármacos forem usados para pacientes com comprometimento da função renal, especialmente se também forem prescritos outros fármacos que possam aumentar o potássio plasmático, tais como os inibidores da ECA, antagonistas dos receptores da angiotensina (sartanas) ou antagonistas β-adrenérgicos – como costuma ocorrer para os pacientes com insuficiência cardíaca. É bem comum o desconforto gastrintestinal. As ações da espironolactona/canrenona sobre os receptores de progesterona e andrógenos em tecidos não renais podem causar ginecomastia, distúrbios menstruais e atrofia testicular. A eplerenona tem afinidade mais baixa por esses receptores, e são menos comuns os efeitos estrogênicos colaterais. Os usos clínicos dos diuréticos poupadores de potássio são descritos no boxe clínico. Túbulo coletor Terapêutica: coadjuvante para. ICC, HAS, hiperaldosteronismo primário (Sd Conn), hiperaldosteronismo secundário (cirrose hepática) Usos: coadjuvante ICC – diminuir o remodelamento do ventrículo esquerdo Quando e terapia conjunta com outros diuréticos espoliadores de K HAS Diurético Osmótico Os diuréticos osmóticos são substâncias farmacologicamente inertes (p. ex., manitol) filtradas no glomérulo, mas não reabsorvidas. Seu principal efeito é exercido naquelas partes do néfron que são livremente permeáveis à água: o túbulo proximal, o ramo descendente da alça e (na presença de HAD; ver anteriormente) os túbulos coletores. A reabsorção passiva de água é reduzida pela presença de soluto não reabsorvível dentro do túbulo; consequentemente, um volume maior de líquido continua no túbulo proximal. Isso tem o efeito secundário de reduzir a reabsorção de Na+. Portanto, o principal efeito dos diuréticos osmóticos é aumentar a quantidade de água eliminada, com menor aumento da eliminação de Na+. Eles são às vezes usados na insuficiência renal aguda, que pode ocorrer em virtude de hemorragia, traumatismo ou infecções sistêmicas. A taxa de filtração glomerular se reduz, e a absorção de NaCl e água no túbulo proximal se torna quase completa, de modo que partes mais distais do néfron virtualmente “secam” e cessam o fluxo urinário. As proteínas são depositadas nos túbulos e podem impedir o fluxo de líquido. Os diuréticos osmóticos (p. ex., manitol administrado por via intravenosa em uma dose de 12 a 15 g) podem limitar esses efeitos, pelo menos se fornecidos nos primeiros estágios,embora aumentem o volume intravascular e tragam o risco de insuficiência do ventrículo esquerdo. Os diuréticos osmóticos também são utilizados como tratamento de emergência para aumento súbito da pressão intracraniana ou intraocular. Esse tratamento não se relaciona com o rim, em absoluto, porém se baseia no aumento da osmolaridade plasmática por solutos que não penetram no cérebro ou nos olhos, o que resulta no efluxo de água desses compartimentos. Os efeitos adversos incluem expansão transitória do volume do líquido extracelular (com risco de causar insuficiência do ventrículo esquerdo) e hiponatremia. Podem ocorrer cefaleia, náuseas e vômitos efeitos adversos: Surdez (furosemida) Distúrbio hídrico - desidratação Disturbio de eletrólitos Hipomagnesemia Hipocalemia Hiperuricemia Hiperglicemia Hipercalcemia Efeito rebote por contração do volume circulante estimulando renina e aldosterona. Ginecomastia e mastalgia (espironolactona) Um homem de 65 anos apresenta história de diabetes e doença renal crônica com nível de creatinina basal de 2,8 mg/dL. Apesar de estar tomando cinco anti- hipertensivos diferentes, a sua pressão arterial é de 176/92 mmHg e relata edema matutino facial, ao exame, demonstra edema mmii de 2 a 3+ com piora vespertina. Há um ano, toma furosemida na dose de 40 mg duas vezes ao dia. Na consulta é aumentado para 80 mg duas vezes ao dia e a hidroclorotiazida na dose de 50 mg ao dia é acrescentada para melhor controle dos sinais/sintomas de sobrecarga hídrica e secundariamente controle pressórico. Quatro semanas depois, o paciente chega ao serviço de emergência com sintomas de fraqueza, anorexia e mal- estar generalizado. Nesse momento, a pressão arterial é de 91/58 mmHg, e o paciente perdeu 15 kg em duas semanas. Os exames laboratoriais são significativos, com creatinina sérica de 10,8 mg/dl. 1. O que causou a insuficiência renal aguda? O aumento da dose de furosemida, perda hidroeletrolitica (desidratação) a 4 semanas. 2. Qual o motivo da perda de peso? Desidratação devido a uma dose alta de diuréticos associados. 3. Que preocupações poderiam ter sido tomadas para evitar essa hospitalização? Ser mais parcimonioso, fazer um retorno mais frequente com no máximo 1 semana até ter certeza que o fármaco não está prejudicando mais do que ajudando. Caso Clínico 1 Caso Clínico 2 Mulher 71 anos, hipertensa de difícil controle com disfunção ventricular contrátil e de relaxamento, faz uso de enalapril, hidroclorotiazida, anlodipina e carvedilol. K 3,7 e creatinina de 1,0mg/dl. Durante consulta com clínico foi observado PA de 164/92 mmHg e FC 68 bpm. Foi acrescentado losartana a receita. Paciente retorno 2 meses depois em nova consulta com PA 170/94 mmHg, FC 68 bpm, creatinina de 1,8 mg/ dl e K 5,1. 1. Há erro de prescrição? Qual? Sim, devido ao inibidor da ECA (captopril) e BRA (losartana).. 2. Comente a elevação da PA, creatina e K. O uso concomitante do captopril com BRA não foi efetivo para a diminuição da pressão, aumenta as chances de desenvolver lesão renal e inibição intensa de aldosterona a ponto de ter aumento de potássio. 3. Comente a modificação possível dos outros medicamentos. Verificar se ela está utilizando para o controle de pressão; usar o captopril na dose máxima e refinar o losartana. Ou também pode substituir o losartana por outro fármaco que não seja inibidor de BRA. Referências
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