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Clínica 1 LESÕES CERVICAIS NÃO CARIOSAS São lesões caracterizadas pela perda de estrutura dentária na região cervical do dente (JAC), sem envolvimento bacteriano. Esse desgaste pode ter início pela erosão, abrasão ou abfração ou pode ser multifatorial, quando a lesão ocorre pela associação de mais de um fator. Etiologia Ação sinérgica de 2 ou 3 mecanismos: 1. Biocorrosão (erosão, união de fatores) 2. Fricção (abrasão) 3. Tensão (abfração) Além disso, outros fatores influenciam: Saliva, forma de dente, composição, microestrutura, mobilidade, presença de restaurações, magnitude, direção, frequência, local, duração das forças aplicadas. BIOCORROSÃO (erosão) 1. Pode ocorrer devido a fatores extrínsecos ácidos (alimentos e bebidas ácidas, medicação ácida) e/ou intrínseca ácidos (ácido gástrico) 2. Além disso, enzimas proteolíticas no estômago (pepsina) e pâncreas (tripsina) liberadas durante o vômito/refluxo podem degradar a matriz orgânica dentinária desmineralizada. 3. Os fatores de risco são a composição e frequência da ingestão de ácidos, a posição e a forma dos dentes na arcada dentária, e a presença de recessão gengival 4. Saliva (pH, viscosidade, fluxo, composição, capacidade tampão) é um fator de risco importante no desenvolvimento Apresentação o Muito comum nas superfícies vestibulares dos dentes do que nas línguas, palatinas e oclusais o Uma possível explicação é a diferença na química e caráter a saliva nas áreas linguais (saliva mais serosa – boa capacidade tampão) e áreas vestibulares (saliva mucosa – capacidade tampão inferior) o Xerostomia e desidratação por transpiração com atividade física podem criar deficiente fluxo salivar e inibir a atenuação de ácidos na cavidade oral Diagnóstico • Perda patológica, cônica (pires, borda brilhosa), localizada e indolor • Dissolução dos ácidos bacterianos provenientes dos alimentos e medicamentos • Agravada pela xerostomia e perimólise Avaliar 1) Dieta 2) Profissão 3) Histórico médico ABRASÃO 1. Desgaste físico que resultado de um processo mecânico envolvendo objetos 2. Fatores envolvidos: pasta de dente abrasiva, escovação, força excessiva, frequência, rigidez das cerdas e hábitos de dieta particulares 3. Magnitude, direção, frequência e duração das forças aplicadas 4. Aparatos protéticos: grampos de prótese removível Diagnóstico: ✓ Perda pelo desgaste mecânico que ocorre pela constante fricção por corpo estranho ✓ Escovação exagerada no sentido horizontal associada a uma escova dura e dentifrícios abrasivos ✓ Características: superfície lisa TENSÃO – abfração 1. A teoria da abfração é baseada em uma abordagem biomecânica em que o colo do dente se torna um ponto de apoio durante função oclusal, bruxismo e atividade parafuncional, causando tensões de tração na área onde ocorrem os NCCLs 2. Essas tensões causam comprometimento da estrutura cristalina do esmalte localmente fino e subjacente da dentina por fadiga cíclica, levando a rachaduras. 3. Esmalte se quebra na margem cervical e expõe progressivamente a dentina, onde o processo continua. Diagnóstico: Microfraturas no esmalte Presença de trauma oclusal ou excesso de força em um único dente Característica: forma de cunha (V), profunda, margens bem definidas, atinge um único dente ou dentes em grupo e pode ser subgengival Caso clínico Paciente sem molares inferiores, tem molares superiores com extrusão Lesão multifatorial ➢ A maioria das lesões envolvem mais de um fator etiológico ➢ Resultado: aumento do desgaste dentário cervical, ou seja, o combinado efeito da erosão e abrasão é maior ➢ Sugere-se que a biocorrosão tem um papel muito importante na formação de lesões Classificação em dentes anteriores Classificação em dentes posteriores ▪ Cunha ▪ Côncava ▪ Mista Por que os pré molares é o dente mais afetado pela LCNC? o Desvantagem anatômica de ter furca mais próxima a região cervical o Construção cervical da coroa o Menor volume de coroa o Sulcos marcados em raiz e coroa o Participam de carregamentos laterais em movimentos excursivos Prevenção ✓ Aconselhamento para mudanças no comportamento do paciente dependendo da etiologia ✓ Abrasões cervicais: instrução de uma escovação adequada, rever técnicas, destreza da mão dominante ou uso de dentifrícios abrasivos ✓ Os pacientes devem ser instruídos a evitar escovar imediatamente após um desafio erosivo Acompanhamento 1) A progressão é lenta, mas tem variações entre pacientes 2) O protocolo de monitoramento deve ser individualizado 3) Pacientes muito expostos: 6 em 6 meses Como acompanhar? • Fotografias com sondas • Modelos de estudo (moldar o paciente) • Medição das dimensões da lesão (largura/comprimento) ao longo do tempo • Com a recente introdução de odontologia digital, utilizando os sistemas CAD/CAM para escaneamento Hipersensibilidade É uma resposta exagerada ou uma dor passageira relacionada a exposição da dentina a estímulos químicos, térmicos táteis ou osmóticos. A exposição dentinária pode ser resultado de uma perda de esmalte, cemento e/ou dentina. O complexo DP é altamente sensível. Teoria da hidrodinâmica Variação da pressão intrapulpar é decorrente do movimento do fluido dentinário em direção à polpa em sentido contrário estimula as terminações nervosas próximas à camada odontoblástica e provoca dor Causas a exposição da dentina ▪ Dentes mal posicionados ▪ Trauma ortodôntico ▪ Higiene oral precária ▪ Trauma oclusal ▪ Hábitos parafuncionais ▪ Restaurações cervicais inadequadas ou com sobrecontorno Diagnóstico ➢ Anamnese ➢ Exame clínico ➢ Teste (no exame térmico, paciente apresenta dor aguda, subida e de curta duração) ➢ Análise da oclusão ➢ Testes e exames complementares (radiografia, testes de vitalidade pulpar) Dor da sensibilidade: 1. Aguda 2. Localizada 3. Curta duração Mecanismos diferentes de ação dos produtos • Dessensibilização do nervo (nitrato de potássio) • Precipitação de proteínas (estrôncio, glutaraldeído, nitrato de prata, fluoreto de sódio) • Retorno do paciente após 3-4 semanas Oxalato de potássio o Reage com o cálcio o Homogêneo o Insolúvel o Aplicado após 2-3 minutos após a profilaxia o Desvantagem: causa pigmentação Hidróxido de cálcio • Bloqueia os túbulos dentinários Compostos fluoretados Pastas dentais Bochechos com solução fluoretada Aplicação de fluoreto de sódio Gel com flúor fosfato acidulado, fluoreto de sódio ou verniz de fluoreto de sódio Cloreto de estrôncio ❖ Encontrado na sensodyne ❖ Reduz sensibilidade da dentina Nitrato de potássio ✓ Despolarizam as membranas das fibras nervosas e bloqueia a passagem do estímulo nervoso ✓ Mais utilizado Gluma + HEMA • Dessensibilizante resinoso (tem monômeros) • Promove o selamento dos túbulos Novamin Presente na sensodyne Não tem flúor Forma uma hidroxiapatita carbonatada Primeiro mineral a ser dissolvido no esmalte Não é indicado para longa duração Arginina ▪ Tapar e selar túbulos dentinários expostos ▪ Efeito: dura até 28 dias após única aplicação Tratamento restaurador deve ser considerado quando: 1) Lesões com margens subgengivalmente 2) Extensa perda de estrutura dentária 3) Hipersensibilidade persistente 4) Lesões de cárie associadas à LCNC 5) Demanda estética do paciente Protocolo 1. Planejamento/diagnóstico 2. Profilaxia (pedra pome + água) 3. Seleção de cores 4. Isolamento do campo operatório 5. Condicionamento seletivo em esmalte 6. Seleção do sistema adesivo (os autocondicionantes apenas se dissolvem a camada de smear layer, mas não removemos fosfatos de cálcio dissolvidos) 7. Seleção e aplicação do composto resinoso 8. Fotopolimerização 9. Acabamento 10. Polimento
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