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A Educação Escolar de Arte tem uma História Capítulo 2 do Livro FICHAMENTO DE CITAÇÃO| FERRAZ, 2009 Produzido por Augusto Henrique PRODUÇÕES ARTÍSTICAS INTERDISCIPLINARES PÁGINA 1 “No século 20, foram muitos os fatores sociais, educacionais e culturais a influir no ensino artístico. O inicio dos movimentos modernistas como a “Semana de 22”, a criação de universidades(anos 30), a manifestação das Bienais de São Paulo a partir de 1951, dos movimentos universitários ligados a cultura popular(anos50/60), da contracultura(anos 70), a introdução da pós-graduação em ensino de arte(anos 70), a organização profissional e a criação de associações de arte-educadores(a partir dos anos 80), entre outros, acompanharam o ensino de arte em sua expansão na educação formal e outras experiências(em museus, centros cultuais, escola de arte, conservatórios etc.)” (p.38) “Isto nos faz ver que as correlações dos movimentos culturais com a arte e com a educação em arte não acontecem no vazio, nem desenraizadas das práticas sociais vividas pela sociedade como um todo. As mudanças que ocorrem são caracterizadas pela dinâmica social que interfere, modificando ou conservando as práticas vigentes.” (p.38) “Quando o Marquês de Pombal expulsou os jesuítas de Portugal e do Brasil, em 1759, o sistema educacional ficou desorganizado, e houve mudanças de alguns cursos, principalmente o de humanidades, que era a base dos estudos jesuítos, e foi substituído por “aulas régias”(Ghiraldelli Jr., 2008) (p.42) “A transferência da Corte em 1808 mudou o cenário político, econômico, educacional e cultural brasileiro. Dentre as ações promovidas por D. João VI, gestou-se a formação de um Estado político e a composição do sistema educacional leigo e superior. O sistema educacional escolar ficou estruturado em três níveis: primário(das primeiras letras), secundário e superior. Foram criados também cursos profissionalizantes.” (p.42) “A nova ordem econômica e social também pedia reformas culturais. Assim, vem ao Brasil a convite do rei a Missão Artística Francesa, com a incumbência de reformular os padrões estéticos vigentes.” (p.42) “Com a vinda da Missão Artística Frances, em 1816, foi criada a Escola Real das Ciências, Artes e Ofícios no Rio de Janeiro (Decreto Real de 12 de agosto desse ano), transformada, dez anos depois, em Imperial Academia e Escola de Belas Artes. Este ato permitiu a instalação oficial do ensino artístico no Brasil, mas que acompanhava as orientações de instituições similares europeias.” (p.42) “No Brasil, como na Europa, o desenho era considerado a base de todas as artes, tornando-se matéria obrigatória nos anos iniciais de estudo da Academia Imperial. No ensino primário e secundário, o desenho também tinha por objetivo ser útil desenvolver as habilidades gráficas, técnicas e o domínio da racionalidade. Com isso, os professores preparavam os alunos para serem, no futuro, bons profissionais e com formação regida por regras fundamentadas no pensamento dominante, com a estética da ‘beleza e do bom gosto’”. (p.44) “Na prática, o ensino de desenho nas escolas primárias e secundárias valorizava o traço, o contorno, a configuração, e era voltado sobretudo para o aprimoramento do conhecimento técnico e estética neoclássica. Daí ser muito reconhecida a habilidade de saber copiar as figuras, objetos ou outros desenhos que eram apresentados pelo professor.” (p.44-45) PÁGINA 2 “O perfeito conhecimento das formas como a reprodução de desenhos de ornatos (estilização de elementos naturais), a cópia e o desenho geométrico visava á preparação do estudante para a vida profissional e para as atividades que desenvolviam tanto em fábricas quanto em serviços artesanais.” (p.45) “Nessa concepção tradicional de educação, o que vale sempre é o produto a ser alcançado: é mais importante o resultado dos trabalhos do que o desenvolvimento dos alunos em arte”. (p.45) “Do ponto de vista metodológico, os professores, seguindo essa “pedagogia tradicional” (que permanece até hoje), encaminhavam os conteúdos através de atividades a serem fixadas pela repetição e tinham por finalidade exercitar o olho, a mão, a Inteligência, a memorização, o gosto e o senso moral. É importante frisar-se que os conteúdos desta modalidade pedagógica eram considerados verdades absolutas e a relação do professor com o aluno tinha um caráter bem mais autoritário.” (p.46) “Outro ponto a ser considerado sobre a “pedagogia tradicional” é a importância de perceber-se nesta tendência aquilo que pode ser modelar e, portanto, perpassa o tempo e está sempre atual e aquilo que é ultrapassado (pedagógica, artística e esteticamente) e, portanto, necessita ser superado”. (p.46) “A partir dos anos 50, além do Desenho, faziam parte do currículo escolar as matérias Música, Canto Orfeônico e Trabalhos Manuais, que mantinham de alguma forma o caráter e a metodologia do ensino artístico anterior.” (p.46) “Assim, ainda nesse momento, o ensino e a aprendizagem de arte concentram-se apenas na “transmissão” de conteúdos reprodutivistas, desvinculando-se da realidade social e das diferenças individuais.” (p.47) “A “Pedagogia Nova”, também conhecida por Movimento da Escola Nova, tem suas origens na Europa e Estados Unidos (século 19), e no Brasil vai surgir a partir de 1930, passando a ser disseminada dos anos 40 aos 60 com as escolas experimentais.” (p.47) “Na Escola Nova, a ênfase é a expressão com um dado subjetivo e individual que os alunos manifestam em todas as atividades, as quais passam de aspectos intelectuais para afetivos. A preocupação com o método, com o aluno, seus interesses, sua espontaneidade e o processo do trabalho caracterizam uma pedagogia essencialmente experimental, fundamentada em novos estudos pedagógicos, filosóficos e psicológicos. Foram importantes no desenrolar desse movimento as reflexões assentadas nos trabalhos de psicanálise, psicologia cognitiva e Gestalt.” (p.47) “As palavras de Augusto Rodrigues sintetizam as ideias da Escola Nova, que via o aluno como ser criativo, a quem se devia oferecer todas as condições possíveis de expressão artística, supondo-se que, assim, ao “aprender fazendo”, saberiam fazê-lo, também, cooperativamente, na sociedade.” (p.49) “O movimento modernista favorece muito essa nova interpretação e surgem debates sobre a importância da livre expressão como um fator da formação artística e estética.” (p.49) PÁGINA 3 “Desde os anos de 1930, artistas e intelectuais brasileiros como Anita Malfati, Flávio de Carvalho, Osório Cesar e Mário de Andrade, entre outros, motivaram-se pelas produções artística das crianças, analisando e colecionando seus trabalhos e também realizando exposições”. (p.49) “Em síntese, na Pedagogia Nova, o ensino e a aprendizagem de arte referem-se ás experimentações artísticas, inventividade e ao conhecimento de si próprio, concentrando se na figura do na figura do aluno e na aquisição de saberes vinculados á sua realidade e diversidade individual. Essa mudança de foco foi muito importante, pois colocou ênfase no educando – ou ser que aprende – e não apenas no conhecimento.” (p.51) “Pode-se considerar como um marco dessa tendência tecnicista a instituição da Lei n. 5.692/71, que introduz a Educação Artística no currículo escolar de 1°. E 2°. Graus (Ensino Fundamental e Médio)”. (p.51) “A tendência tecnicista manifesta-se principalmente a partir da segunda metade do século 20, no mundo, e a partir de 1960/1970, no Brasil, seguindo as mudanças ocorridas na sociedade industrial e tecnológica e as novas metas econômicas, sociais e políticas.” (p.51) “Na “Pedagogia Tecnicista”, o professor tende a ser responsável por seu planejamento, que deve se mostrar competente e incluir os elementos curriculares essenciais: objetivos, conteúdos, estratégias, avaliação. A dinâmica do ensino e daaprendizagem não é questionada, pois o elemento principal é o sistema técnico de organização da aula e do curso.” (p.52) “(...) agir no interior da escola é contribuir para transformar a própria sociedade. Cabe a escola difundir os conteúdos vivos, concretos, indissoluvelmente ligados as realidades sociais. Os métodos de ensino não partem de um saber espontâneo, mas de uma relação direta com a experiência do aluno confrontada com o saber trazido de fora. O professor é mediador da relação pedagógica – um elemento insubstituível. É pela presença do professor que se torna possível uma “ruptura” entre a experiência pouco elaborada e dispersa dos alunos, rumo aos conteúdos culturais, permanentemente reavaliados face ás realidades sociais (Cenafor, 1983, p.30)”. (p.55) “Com referência aos PCNS de Arte, tais saberes foram direcionados ao autoconhecimento, ao outro, ao fazer e perceber arte com autonomia e criticidade, ao desenvolvimento do senso estético e a interação dos indivíduos no ambiente social/tecnológico/cultural, preparando-os para um mundo em transformação e para serem sujeitos no processo histórico.” (p.57) “Em síntese, é preciso aprender a saber arte e saber ser professor de arte.” (p.60) PÁGINA 4 REFERÊNCIA FERRAZ, Maria Heloísa C. de T. Metodologia do ensino de arte : fundamentos e proposições / Maria Heloísa C. de T. Ferraz, Maria F. de Rezende e Fusari. – 2. ed. rev. e ampl. – São Paulo : Cortez, 2009
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