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Síndrome do QT Longo Congênita Essa síndrome do QT longo congênito é uma doença hereditária com incidência a cada 2 mil pessoas. Essa doença é caracterizada por uma repolarização ventricular prolongada e por taquiarritmias ventriculares malignas. Essas taquicardias ventriculares (TV) são do tipo polimórficas ou torsades de pointes, que podem culminar em síncopes (como no caso do paciente) ou morte súbita. Normalmente os eventos arrítmicos podem ser observados a partir dos 12 anos. O diagnóstico da doença pode ser muitas vezes errôneo devido a semelhança clínica com síncopes de etiologia vasovagal e epilepsia nos jovens. Devido a isso, existe um consenso para o diagnóstico de síndrome de QT longo e utiliza- se um score de risco de SQTL>=3,5 (Score de Schwartz) (na ausência de outras causas secundárias ou presença de mutação patogênica nos genes do SQTL) além desse score utiliza-se também a leitura no ECG (intervalo QT acima de 500 ms). Porem esse score não deve ser utilizado de maneira única devido à alta sensibilidade e pouca especificidade e a não utilização do teste genético, visto que existem 30% de portadores assintomáticos. Existem mutações em vários genes que causa a Sídrome do QT longo, os mais frequentes são nos genes: KCNQ 1 (como no caso do paciente) e causa a SQTL tipo 1, gene KCNQ 2 (SQTL tipo 2) e o gene SCN5A (SQTL tipo 3). As mutações que causam a SQTL tipo 1 e 2 levam a perda de função dos canais de potássio e a do tipo 3 ganho da função de canais de sódio alterando correntes iônicas e deixando as membranas instáveis. A SQTL do tipo 1 é caracterizada por uma onda T ampla e larga e, devido à dependência adrenérgica as arritmias surgem durante exercícios ou emoções (natação, caminhadas, reuniões). A do tipo 2 as ondas T são longas e entalhadas e surgem com fortes emoções e estímulos auditivos. A do tipo 3 surgem em repouso ou durante o sono, não sofrendo tanta influência do sistema simpático, ou seja, não se sabe sua resposta aos bloqueadores beta. É necessário identificar os portadores silenciosos pois esses possuem grandes chances de arritmias ventriculares que podem levar a morte súbita. • Nesse tópico podemos entender melhor o motivo dos betabloqueadores e as síndromes congênitas que ocasionam o QT longo. 1. O paciente possui uma obstrução de 65% do vaso por placa ateromatosa associado a trombo devido à quebra de hemostasia, enquanto os exames laboratoriais mostraram hipopotassemia A fibrilação atrial normalmente estaria mais relacionada ao trombo associado a placa ateromatosa, pois frequentemente os trombos que chegam às coronárias são devido a isso. Porém com todas as informações oferecidas pelo problema podemos notar que o indivíduo além de possuir SQTLc tipo 1 também possui hipocalemia (aumentando as chances de pós-despolarização precoce) por meio do aumento na voltagem do potencial de repouso da membrana, observando os parâmetros no exame do paciente nota-se que ele também possui hipomagnesemia, alguns estudos indicam que os canais de potássio presentes nas fases 2 e 3 do gráfico de contração ventricular são dependentes de magnésio, ou seja, o magnésio é necessário para manter o intervalo QT necessário, uma hipomagnesemia intracelular pode causar um aumento do intervalo QT. Devido ao QT longo, hipopotassemia e hipomagnesemia uma série de PDP podem ser geradas, ocasionando no ECG um padrão de ondas conhecido como torção de pontes, uma rotação em torno do traçado isoelétrico é observada. Essa arritmia pode cessar ou levar a uma fibrilação ventricular que pode ser seguida por síncope ou morte. Essa fibrilação ventricular provoca o comprometimento hemodinâmico, ou seja, no caso do paciente acredito que devido ao diagnóstico tardio uma placa ateromatosa foi formada por danos recorrente no endotélio devido a fibrilações em anos anteriores da vida. Mantenho essa ideia devido ao fato que, todos os outros parâmetros do paciente estão fisiologicamente em níveis aceitáveis (Glicemia em jejum me fez excluir diabetes e o colesterol me fez excluir a formação da placa devido a acumulo de gordura), observamos uma pequena elevação em leucócitos e linfócitos, provavelmente devido ao dano causado pelo distúrbio hemodinâmico na parede do endotélio ou alguma infecção. ▪ Nesse tópico observamos a decorrência da doença e em todos os seus agravos. Relacionando os parâmetros obtidos nos exames com a clínica. ▪ Preocupado com os exames o paciente se questiona se o medicamento adotado é a melhor opção e se algo mais poderia ser feito para melhorar o prognóstico, visto o risco aumentado de ocorrência de torsades de pointes. Será que o uso de fármacos como a quinidina (classe 1a) ou amiodarona (classe 3) seria adequado? Os betabloqueadores são indicados para pacientes assintomáticos com intervalo QTc acima de 470 ms ou doentes assintomáticos com síncopes ou arritmias ventriculares podendo também ser utilizados em pacientes assintomáticos com QTc menor que 470 ms. Muitas vezes após episódios agudos os pacientes respondem com a administração de magnésio durante 1 a 2 minutos, se o tratamento não for bem sucedido, um segundo bolo é administrado em 5 a 10 min e uma infusão pode ser iniciada em pacientes sem insuficiência renal de 3 a 20 mg/min. Muitas vezes a lidocaína (antiarrítmico de classe 1b) pode ser utilizado por encurtar o intervalo QT. A desenervação simpática também pode ser considerada nos doentes de alto risco e que não são candidatos ao CDI (cardioversor desfibrilador implantável) (É um dispositivo do tipo pacemaker/marcapasso que monitoriza continuamente o seu ritmo cardíaco. Em caso de suspeita de um problema não demasiado grave no ritmo, aplica uma série de impulsos elétricos indolores para corrigir o ritmo cardíaco. Se isto não funcionar, ou se for detetado um problema mais grave no ritmo cardíaco, o CDI irá aplicar um pequeno choque elétrico, conhecido por cardioversão. Se isto não funcionar, ou se for detectado um problema muito sério, o dispositivo irá aplicar um choque mais forte no coração, conhecido por desfibrilhação.) além deles nos doentes com arritmias ventriculares apesar de medicados com betabloqueadores ou em pacientes que possuem intolerância aos betabloqueadores. Em todos os pacientes reanimados de parada cardiorrespiratória ou síncope sob a utilização de bloqueadores beta está indicada a implantação do CDI. Nos pacientes que possuem SQTL do tipo 3 e possuem um intervalo QT>500ms os bloqueadores de canais de sódio podem ser eficazes, associados aos betabloqueadores. O paciente precisa evitar exercícios extenuantes e mudanças emocionais abruptas (SQTL tipo 1 e 2). Os membros da família devem ser avaliados com realização de ECG. O uso do fármaco quinidina (fármaco de classe 1 e subclasse 1a), não deve ser sugerido devido ao prolongamento da repolarização, por meio do bloqueio moderado do canal de sódio e potássio tipo r, tornando o intervalo QT mais longo, favorecendo ainda mais a formação de arritmia do tipo torção de pontas. O fármaco amiodarona bloqueia canais de potássio tipo r aumentando o tempo de repolarização tornando o intervalo QT mais longo.
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