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1 Mayra Alencar @maydicina | HAB. TERAPÊUTICAS I | P4 - MEDICINA UNIT AL FARMACOCINÉTICA • A farmacocinética estuda o que o organismo faz com o fármaco. • Essa hierarquia pode não ser obedecida nessa sequência. ABSORÇÃO • É a transferência de um fármaco de seu local de administração para a corrente sanguínea por meio de vários mecanismos. • A velocidade e a eficiência da absorção dependem de dois fatores: Ambiente onde o fármaco é absorvido; Características químicas; Via de administração (o que influencia sua biodisponibilidade). Excetuando-se a via IV, as demais podem resultar em absorção parcial e menor biodisponibilidade. VIA DE ADM. PADRÃO DE ABSORÇÃO Oral Variável, afetada por vários fatores. Intravenosa Absorção não é necessária. Subcutânea e Intramuscular Depende do diluente do fármaco: • Soluções aquosas: imediata; • Preparações de depósito: liberação lenta e prolongada. Transdérmica (adesivo) Lenta e prolongada. Retal Errática e variável. Inalatória Pode ocorrer absorção sistêmica, o que nem sempre é desejado. Sublingual Depende do fármaco: • Poucos fármacos têm absorção sistêmica direta e rápida; • A maioria tem absorção incompleta e errática PROCESSOS DE PASSAGEM DE FÁRMACOS PELAS MEMBRANAS CELULARES • Dependendo das propriedades químicas, os fármacos podem ser absorvidos do TGI por difusão passiva, difusão facilitada, transporte ativo ou endocitose. • BARREIRAS FISIOLÓGICAS: físicas, químicas e biológicas. EPITÉLIO DO TGI E OUTRAS MEMBRANAS MUCOSAS. BARREIRA HEMATOENCEFÁLICA. MEMBRANA PLASMÁTICA: dupla camada lipídica (colesterol e fosfolipídios) + proteínas. Para que o fármaco possa afetar o meio intracelular, deve ser capaz de atravessá-la. COMPONENTE HIDROFÓBICO de uma membrana biológica → barreira para o transporte de fármacos. Hormônios esteroides (apolar/hidrofóbico/ lipossolúvel) se difundem facilmente. Muitos fármacos são grandes e polares → sistema ineficaz → utiliza proteínas transmembrana (difusão facilitada ou transporte ativo) OU ligam-se a receptores de superfície celular e fazem endocitose. O fármaco só irá penetrar na célula até que as concentrações intra e extracelular sejam iguais. Absorção •A absorção desde o local de administração permite a entrada do fármaco (direta ou indiretamente no plasma). Distribuição •O fármaco pode, então, reversivelmente, sair da circulação sanguínea e distribuir-se nos líquidos intersticiais e intracelular. Metabolismo •O fármaco pode ser biotransformado/ metabolizado no fígado ou em outros tecidos. •"Efeito de primeira passagem" - no fígado. Eliminação •O fármaco e seus metabólitos são eliminados do organismo na urina, na bile ou nas fezes. Farmacocinética: Absorção e Distribuição dos Fármacos APOLAR POLAR 2 Mayra Alencar @maydicina | HAB. TERAPÊUTICAS I | P4 - MEDICINA UNIT AL DIFUSÃO PASSIVA • A favor do gradiente de concentração. • O fármaco se move da região de maior concentração para a de menor concentração. • Não envolve um transportador através da membrana, não é saturável e apresenta baixa especificidade estrutural. • Tipo de difusão mais utilizada pelos fármacos. • CANAIS/POROS AQUOSOS → Fármacos hidrossolúveis. • BICAMADA FOSFOLIPÍDICA → Fármacos lipossolúveis (por causa da solubilidade). • PARACELULAR → espaço entre as células. DIFUSÃO FACILITADA • Os fármacos entram nas células por meio de proteínas transportadoras transmembrana especializadas que facilitam a passagem de moléculas grandes. • Essas proteínas transportadoras sofrem alterações conformacionais, permitindo a passagem de fármacos ou moléculas endógenas para o interior da célula, movendo- os de áreas de alta concentração para áreas de baixa concentração – a favor do gradiente de concentração. • Não requer energia, pode ser saturado e pode ser inibido por compostos que competem pelo transportador. TRANSPORTE ATIVO • Também envolve transportadores proteicos específicos que atravessam a membrana. • Depende de energia (há gasto de ATP) e é um processo saturável. • Capaz de mover fármacos contra o gradiente de concentração, ou seja, de uma região menos concentrada para uma região mais concentrada. • Os sistemas são seletivos e podem ser inibidos competitivamente por outras substâncias cotransportadas. ENDOCITOSE E EXOCITOSE • Usado para transportar fármacos excepcionalmente grandes através da membrana. • ENDOCITOSE: envolve o engolfamento de moléculas do fármaco pela membrana e seu transporte para o interior da célula pela compressão da vesícula cheia de fármaco. • EXOCITOSE: é o inverso da endocitose. Muitas células utilizam para secretar substâncias para fora por um processo similar ao da formação de vesículas. Ex.: a Vitamina B12 é transportada através da parede intestinal por endocitose, ao passo que certos neurotransmissores (ex. norepinefrina) são armazenados em vesículas intracelulares no terminal nervoso e liberados por exocitose. 3 Mayra Alencar @maydicina | HAB. TERAPÊUTICAS I | P4 - MEDICINA UNIT AL FATORES QUE INFLUENCIAM NA ABSORÇÃO • GRADIENTE DE CONCENTRAÇÃO DO FÁRMACO – muito fármaco fora da célula favorece sua entrada; • CARGAS OPOSTAS favorecem a entrada do fármaco. • MEMBRANAS BIOLÓGICAS: A membrana biológica possui moléculas de lipídios e proteínas unidas por pontes de hidrogênio e forças hidrofóbicas (forças fracas). Ela possui natureza antipática, ou seja: Parte hidrofílica (cabeça polar): possui afinidade com água e é solúvel em água. Ficam em contato com a água no meio extra e intercelular. Parte hidrofóbica (cauda apolar): no interior da membrana, não se “misturam” com a água. Se os fosfolipídeos tiverem caudas pequenas, eles podem formar uma micela (pequena esfera de camada única), ao passo que se tiverem causas grandes, podem formar um lipossoma (partícula oca com membranas de camada dupla). Essa bicamadas geralmente são impermeáveis às moléculas polares e aos íons e permeáveis às moléculas de drogas apolares. Droga lipossolúvel: qualquer droga apolar (com características lipídicas) e possui capacidade de atravessar a camada lipídica da membrana, pois se dissolve na gordura. Dessa forma, drogas lipossolúveis são facilmente absorvidas. Drogas hidrossolúveis: são drogas com características hidrofílicas e não possuem facilidade de passar pela camada lipídica. Devido a sua hidrossolubilidade precisam de sistemas de transportadores específicos ou canais e poros hidrofílicos que existem na membrana. • SOLUBILIDADE DO FÁRMACO (> lipossolúvel > difusão). • PESO MOLECULAR: fármacos menores são mais permeáveis, ou seja, tem maior facilidade em atravessar membranas do que os maiores. • EFEITO DO PH NA ABSORÇÃO DE FÁRMACOS: maioria dos fármacos é ácido fraco ou base fraca. Fármacos ácidos (HA) liberam um próton (𝐻+), causando a formação de um ânion (𝐴−): 𝐻𝐴 ⇆ 𝐻+ + 𝐴− As bases fracas (𝐵𝐻+ ) também podem liberar 𝐻+. Contudo, a forma protonada dos fármacos básicos, em geral, é carregada e a perda do próton produz a base (B) não ionizada: 𝐵𝐻+ ⇆ 𝐵 + 𝐻+ Um fármaco atravessa a membrana mais facilmente se estiver não ionizado. Assim, para os ácidos fracos, a forma HA não ionizada consegue permear entre as membranas, mas o A- não consegue. Para a base fraca, a forma não ionizada B consegue penetrar através das membranas celulares, mas a BH+ protonizada não consegue. Por isso, a concentração efetiva da forma permeável de cada fármaco no seu local de absorção é determinada pelas concentrações relativas entre as formas ionizada e não ionizada. A relação entre as duas formas é, por sua vez, determinada pelo pH no local de absorção e pela força do ácido ou da base fracos, que é representada pela constante de ionização,o pKa. Quanto menor o pKa de um fármaco, mais ácido ele é. Ao contrário, quanto maior o pKa, mais básico ele é. O equilíbrio de distribuição é alcançado quando a forma permeável de um fármaco alcança uma concentração igual em todos os espaços aquosos do organismo. • Em pH ácido, os ácidos apresentam elevada absorção da sua forma molecular (que é lipossolúvel, então possui maior facilidade de atravessar as membranas). • No pH básico, o fármaco fica em sua forma ionizada e por apresentar essa carga elétrica, não possui a capacidade de atravessar a membrana porque se tornou hidrossolúvel. • pKa de um fármaco: 50% das moléculas estarão na forma ionizada e 50% não-ionizada. • Ácido tende a doar prótons e base tende a receber. • Quando o pH está baixo (ácido), há um aumento de prótons que irá fazer a reação deslocar no sentido de aumentar a forma ionizada. 4 Mayra Alencar @maydicina | HAB. TERAPÊUTICAS I | P4 - MEDICINA UNIT AL Exemplos de fármacos e o pKa que eles atuam: BASES ÁCIDOS • FLUXO SANGUÍNEO NO LOCAL DA ABSORÇÃO: quanto mais vascularizado, maior a absorção. • ÁREA OU SUPERFÍCIE DISPONÍVEL PARA ABSORÇÃO: quanto maior a superfície de contato de um órgão, maior a absorção de um fármaco através dele. Com uma superfície rica em microvilosidades, o intestino tem uma superfície de cerca de 1000 vezes maior do que a do estômago; por isso, a absorção de fármacos pelo intestino é mais eficiente. A maior superfície de absorção do corpo é o pulmão. • ESPESSURA DA MEMBRANA: Quando o fármaco que estava no suco gástrico por exemplo (em pH ácido) consegue passar com sua forma molecular pela membrana, ao chegar no plasma (que estará em pH básico), a forma molecular vai se ionizar, ou seja, os íons (que são hidrossolúveis) não irão conseguir sair de dentro da célula para fora, ficando aprisionados e terão sua ação desencadeada. No caso, como os compartimentos do corpo possuem valor de pH diferentes, dependendo do pKa do fármaco pode se ter diferenças nas concentrações de moléculas iônicas ou moleculares em determinados locais. Isso justifica o porquê de alguns fármacos serem mais bem distribuído em alguns compartimentos que outros. • Ex: Sangue (7.2-7.6), Duodeno (4.8-8.2), Jejuno e íleo (7.5- 8.0), estômago (1.0-3.0) ... GRAU DE IONIZAÇÃO DO FÁRMACO: o grau de ionização de um eletrólito em solução aquosa depende do pH da solução. O pH do meio exerce ação sobre a ionização da droga da seguinte forma: Quando uma droga ácida se encontra em um meio com pH ácido = ↓ ionização e ↑ absorção. Quando a droga ácida se encontra em um meio com pH básico = ↑ ionização e ↓ absorção • Fármaco ácido é melhor absorvido em pH ácido e excretado através da urina com pH básico. • Fármaco básico é melhor absorvido em pH básico e excretado através da urina com pH ácido. 5 Mayra Alencar @maydicina | HAB. TERAPÊUTICAS I | P4 - MEDICINA UNIT AL • TEMPO DE CONTATO COM A SUPERFÍCIE DE ABSORÇÃO: se um fármaco se desloca muito rapidamente ao longo do TGI, como pode ocorrer em uma diarreia, ela não é bem absorvido. Contudo, qualquer retardo no transporte do fármaco do estômago para o intestino reduz a sua velocidade de absorção • BARREIRA PLACENTÁRIA: Vasos sanguíneos do feto são revestidos por uma única camada de células. Atravessa a maioria das drogas → retardo na transferência para o feto. Plasma fetal é ligeiramente mais ácido que o materno (7 x 7,4) → Risco de aprisionamento iônico para fármacos básicos. • BARREIRA HEMATOENCEFÁLICA: as células endoteliais são muito aderidas (pouco ou nenhum espaço entre elas) – células da glia. • PELE: serve como barreira também. Mas se o fármaco for muito lipossolúvel, acaba sendo absorvida, mesmo sem solução de continuidade. ABSORÇÃO DAS VIAS DE ADMINISTRAÇÃO • VIA ORAL: o princípio ativo sai da região intestinal e cai na circulação enterohepática, o fígado é o principal órgão relacionado com a biotransformação (modificação química) dos medicamentos. Na maioria das vezes, a biotransformação inativa parte do princípio ativo. • VIA ENDOVENOSA: não possui absorção, o fármaco cai diretamente na corrente sanguínea, por isso possui 100% de biodisponibilidade. • VIA SUBLINGUAL OU RETAL: rápida absorção devido à alta vascularização da região. CURVA DA CONCENTRAÇÃO PLASMÁTICA X TEMPO: QUAL A VIA DEMORA MAIS TEMPO PARA ATINGIR CONCENTRAÇÃO PLASMÁTICA MÁXIMA? A presença de alimento no estômago dilui o fármaco e retarda o esvaziamento gástrico. Portanto, quando um fármaco é ingerido com o alimento, em geral, é absorvido mais lentamente. OBS: o álcool possui baixo peso molecular, é altamente lipossolúvel e é não-ionizado, por isso chega até o cérebro e ultrapassa a barreira hematoencefálica. As drogas funcionam da mesma forma → se passar pela barreira hematoencefálica, passa por qualquer outra barreira. RESUMINDO FATORES QUE INFLUENCIAM: 1) Propriedades físico-químicas do fármaco • Lipossolubilidade/hidrossolubilidade • Grau de ionização do fármaco: pKa X pH do meio • Tamanho das partículas e formulação farmacêutica 2) Fatores fisiológicos • pH e fluxo sanguíneo no sítio de absorção • Área de superfície disponível para absorção • Tempo de contato com a superfície de absorção • Espessura da membrana 3) Vias de administração • Vias enterais • Vias parenterais • Via Tópica 6 Mayra Alencar @maydicina | HAB. TERAPÊUTICAS I | P4 - MEDICINA UNIT AL BIODISPONIBILIDADE • Representa a taxa e a extensão com que um fármaco administrado alcança a circulação sistêmica. • Conhecer a biodisponibilidade é importante para calcular a dosagem de fármaco para vias de administração não IV. • Como a biodisponibilidade se trata da diferença, se colocar uma pomada ou remédio no local da ação (tópico), não vai perder concentração, então dizemos que não tem biodisponibilidade, pois não possui razão. Dessa forma: só existe biodisponibilidade se for sistêmico. FATORES QUE INFLUENCIAM A BIODISPONIBILIDADE • BIOTRANSFORMAÇÃO HEPÁTICA DE PRIMEIRA PASSAGEM: quando um fármaco é absorvido pelo TGI, primeiro entra na circulação portal antes da circulação sistêmica. Se o fármaco é rapidamente biotransformado no fígado ou na parede intestinal durante essa passagem inicial, a quantidade de fármaco inalterado que tem acesso à circulação sistêmica será menor. Isso é denominado biotransformação de primeira passagem. • SOLUBILIDADE DO FÁRMACO: fármacos muito hidrofílicos (hidrossolúveis) são pouco absorvidos, pois são incapazes de atravessar a membrana. Fármacos extremamente lipofílicos (lipossolúveis) também são pouco absorvidos, pois são totalmente insolúveis nos líquidos aquosos. Para que ele seja bem absorvido, precisa ser ácidos ou bases fracos. • INSTABILIDADE QUÍMICA: alguns fármacos são instáveis no pH gástrico, como Benzilpenicilina. Outros, como a insulina, são destruídos no TGI pelas enzimas digestivas. • NATUREZA DA FORMULAÇÃO DO FÁRMACO: a absorção do fármaco pode ser alterada por fatores não relacionados com a sua estrutura química. EX.: tamanho da partícula, tipo de sal, revestimento entérico podem dificultar a dissolução, alterando a velocidade da absorção. BIOEQUIVALÊNCIA • Duas formulações de fármacos são bioequivalentes se elas apresentam biodisponibilidade comparáveis e tempos similares para alcançar o pico de concentração plasmática. • Equivalência terapêutica: duas formulações são terapeuticamente equivalentes se apresentam a mesma dosagem, contêm a mesma substância ativa e são indicadas pela mesma via de administração, com perfis clínicos e de segurança similares. • Dois fármacos que são bioequivalentes podem não ser terapeuticamente equivalentes. DISTRIBUIÇÃO• É o transporte do fármaco pelo sangue e outros fluidos aos tecidos do corpo. • A distribuição ocorre primariamente através do sistema circulatório e uma parte através do sistema linfático. PROCESSO DE TRANSPORTE DOS FÁRMACOS PELA CORRENTE SANGUÍNEA • O fármaco ao cair na corrente sanguínea irá ser distribuído para o local de ação terapêutica, para os reservatórios teciduais e também para os locais de ações adversas (inesperadas), além dos locais onde serão metabolizados e excretados. • No sangue, quase todas as drogas se subdividem em duas partes: Fármaco livre: ação mais rápida – dissolvida no plasma. Somente ela pode ser distribuída, atravessar o endotélio vascular e atingir o compartimento extravascular (somente ela é capaz de deixar o 𝐵𝑖𝑜𝑑𝑖𝑠𝑝𝑜𝑛𝑖𝑏𝑖𝑙𝑖𝑑𝑎𝑑𝑒 = 𝑄𝑡𝑑 𝑑𝑒 𝑓á𝑟𝑚𝑎𝑐𝑜 𝑞𝑢𝑒 𝑎𝑙𝑐𝑎𝑛ç𝑎 𝑎 𝑐𝑖𝑟𝑐𝑢𝑙𝑎çã𝑜 𝑠𝑖𝑠𝑡ê𝑚𝑖𝑐𝑎 𝑄𝑡𝑑 𝑑𝑒 𝑓á𝑟𝑚𝑎𝑐𝑜 𝑎𝑑𝑚𝑖𝑛𝑖𝑠𝑡𝑟𝑎𝑑𝑜 OBS: medicamento VO possuem dose maior para compensar a perda absortiva, pois perde até ser filtrado. Já a parenteral, é cerca de 100%. CONDIÇÕES PATOLÓGICAS QUE INFLUENCIAM NA ABSORÇÃO: a inflamação faz com que aumente a absorção (caso o fármaco seja ácido, porque se for básico, ioniza) porque a permeabilidade vascular está aumentada. Já o inchaço, pela presença de edema diminui a absorção de fármacos, pois o líquido promove uma barreira. 7 Mayra Alencar @maydicina | HAB. TERAPÊUTICAS I | P4 - MEDICINA UNIT AL compartimento vascular – FRAÇÃO ATIVA/LIVRE). Somente essa fração será filtrada no rim. Fármaco ligado a proteínas plasmáticas: especialmente à fração albumina. Só se torna farmacologicamente disponível quando se converte em porção livre. Outros exemplos são as globulinas e as hemoglobinas – FRAÇÃO DE DEPÓSITO. • A medida em que a parte livre é utilizada pelo organismo, a parte ligada vai se desligando para substituir a parte livre que é distribuída, acumulada, metabolizada e excretada. OBS: • Droga lipossolúvel precisa mais da proteína e a hidrossolúvel menos. • Quanto menor for a interação dos fármacos com as proteínas, mais rapidamente ele será absorvido, biotransformado e excretado. Fármacos com pouca afinidade possuem meia-vida mais curta. • Devemos ver se o paciente faz uso de drogas que podem competir ou se ligar à albumina, mesmo que a albumina esteja normal. • Sulfanamina quando se liga na proteína impede a ligação de outras medicações, fazendo com que as outras medicações sejam frações livres e ajam todas de uma vez – intoxicação. LIGAÇÃO ÀS PROTEÍNAS E SEQUESTRO DO FÁRMACO: Um fármaco ligado à albumina ou a outras proteínas plasmáticas é incapaz de difundir-se do espaço vascular para os tecidos circundantes. A) Os fármacos que não se ligam às proteínas plasmáticas sofrem visivelmente uma rápida difusão (mostrada aqui na forma do Fármaco A nos tecidos). Isso resulta em alto nível de ligação ao local de ação farmacológica (habitualmente receptores) e numa alta taxa de eliminação (representada pelo fluxo através de um órgão de depuração). Entre os exemplos desses fármacos, destacam-se o acetaminofeno, o aciclovir, a nicotina e a ranitidina. B) Em contrapartida, para os fármacos que exibem altos níveis de ligação às proteínas plasmáticas (mostrados aqui na forma do Fármaco B), é necessária uma concentração plasmática total mais elevada do fármaco para assegurar uma concentração adequada do fármaco livre (não-ligado) na circulação. Caso contrário, apenas uma pequena fração do fármaco poderá sofrer difusão no espaço extravascular, e apenas uma pequena porcentagem dos receptores estará ocupada. Entre os exemplos desses fármacos, destacam-se a amiodarona, a fluoxetina, o naproxeno e a varfarina. FATORES FISIOLÓGICOS QUE INTERFEREM NA DISTRIBUIÇÃO FLUXO SANGUÍNEO 8 Mayra Alencar @maydicina | HAB. TERAPÊUTICAS I | P4 - MEDICINA UNIT AL • A taxa de fluxo de sangue para os capilares dos tecidos varia amplamente. • Locais onde o fluxo de sangue é maior: órgãos ricos em vasos (cérebro, fígado e rins) > músculos esqueléticos > tecido adiposo, pele e vísceras. • Os fármacos são, em sua maioria, captados em maior ou menor grau por todos esses tecidos, criando um padrão complexo e dinâmico de mudanças das concentrações sanguíneas ao longo do tempo, que é específico para cada fármaco, mas que também pode ser específico do paciente – ex.: paciente atleta e jovem possui mais músculo. ↑ PERFUSÃO → ↑ DISTRIBUIÇÃO PERMEABILIDADE CAPILAR • É determinada pela estrutura capilar e pela natureza química do fármaco. • A estrutura capilar varia bastante em termos de fração da membrana basal, que é exposta pelas junções com frestas entre as células endoteliais. • No fígado e no baço, grande parte da membrana basal é exposta a capilares descontínuos e grandes (facilita a passagem de proteínas plasmáticas – Figura A) • No cérebro ocorre o oposto, pois a estrutura capilar é contínua e não existem fendas – Figura B – (para entrar no cérebro, o fármaco precisa passar através das células endoteliais dos capilares do SNC ou ser transportados ativamente, como o transportador específico de aminoácidos que transporta Levedopa). LIGAÇÃO DE FÁRMACOS E PROTEÍNAS PLASMÁTICAS E DOS TECIDOS • Ligação a proteínas plasmáticas: a ligação reversível às proteínas plasmáticas fixa os fármacos de forma não difusível e retarda sua transferência para fora do compartimento vascular. A albumina é a principal proteína ligadora e pode atuar como uma reserva de fármaco (à medida que a concentração do fármaco livre diminui, devido à eliminação, o fármaco se dissocia da proteína). Isso mantém a concentração de fármaco livre como uma fração constante do fármaco total do plasma. OBS: fármacos lipossolúveis entram facilmente no SNC, pois podem se dissolver na membrana das células endoteliais, já os fármacos ionizados ou polares em geral são incapazes de atravessar as células endoteliais do SNC, que não apresentam junção com fendas – Figura C. Essas células firmemente justapostas formam junções estreitadas que constituem a barreira hematoencefálica. 𝑉𝑑 = 𝑞𝑡𝑑 𝑑𝑒 𝑓á𝑟𝑚𝑎𝑐𝑜 𝑛𝑜 𝑜𝑟𝑔𝑎𝑛𝑖𝑠𝑚𝑜 𝐶𝑜𝑛𝑐𝑒𝑛𝑡𝑟𝑎çã𝑜 𝑛𝑜 𝑝𝑙𝑎𝑠𝑚𝑎 𝑛𝑜 𝑡𝑒𝑚𝑝𝑜 𝑧𝑒𝑟𝑜 9 Mayra Alencar @maydicina | HAB. TERAPÊUTICAS I | P4 - MEDICINA UNIT AL • Ligação a proteínas dos tecidos: vários fármacos se acumulam nos tecidos, levando a concentrações mais elevadas no tecido do que no líquido extracelular e no sangue. Os fármacos podem acumular como resultado da ligação a lipídeos, proteínas ou ácidos nucleicos. Os fármacos também podem ser transportados ativamente aos tecidos. Os reservatórios nos tecidos podem servir de fonte principal de fármaco e prolongar sua ação ou causar toxicidade local ao fármaco. • Drogas ácidas → albumina. • Drogas básicas → alfa 1-glicoproteína ácida. LIPOSSOLUBILIDADE • Como já visto, o fármaco lipossolúvel se move mais facilmente através das membranas. • O principal fator que influencia a distribuição do fármaco lipofílico é o fluxo de sangue para aquela área. • Em contraste, os fármacos hidrofílicos não penetram facilmente nas membranas celulares e devem passar através de junções com fendas. VOLUME DE DISTRIBUIÇÃO • Volume real – distribuição por todos os líquidos do organismo. • Volume aparente (Vd) – é o volume de líquido necessário para conter todo o fármaco do organismo na mesma concentração presente no plasma. DROGA LIPOSSOLÚVEL: ↑ VOLUME APARENTE (por apresentar elevadas concentrações teciduais) DROGAS LIGADAS (HIDROSSOLÚVEIS): ↓ VOLUME APARENTE (por terem mais dificuldade de se desligarem das proteínas). • Variação do volume aparente. Dependentes da droga: Lipossolubilidade; Polaridade e ionização; Ligação a proteínas. Dependentesdo paciente: Idade; Peso, tamanho; Hemodinâmica (ICC ↓ perfusão); [ ] proteínas plasmáticas; Estados patológicos; Genética. FATORES PATOLÓGICOS QUE INTERFEREM NA DISTRIBUIÇÃO • Falência hepática → ↓ produção de albumina (menos proteína para a mesma quantidade de fármaco) → ↑ fração de fármaco livre (maior concentração de fármaco no tecido e maior chance de reações adversas). ↓ albumina plasmática → ↓ pressão osmótica → ↑ fluido tecidual → ↑ Volume de distribuição de fármacos hidrossolúveis. Diminui a biossíntese proteica, o que gera hipoproteinemia. • Insuficiência renal aguda: proteinúria que leva a uma hipoproteinemia e/ou hipoalbuminemia. • Problemas cardíacos: ocorre um aumento da alfa-1- glicoproteína ácida após o infarto. É uma proteína de transporte. • Problemas tireoidianos: hipertireoidismo diminui as proteínas e hipotireoidismo aumenta as proteínas. Substâncias que penetram o SNC • Drogas apolares • Lipossolúveis • Tamanho molecular reduzido (ex.: álcool) • Elevado coeficiente de partição óleo/água (barbitúricos e anestésicos gerais) 10 Mayra Alencar @maydicina | HAB. TERAPÊUTICAS I | P4 - MEDICINA UNIT AL
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