Baixe o app para aproveitar ainda mais
Prévia do material em texto
INTRODUÇÃO AO DIREITO ADMINISTRATIVO CONCEITO DE ESTADO Instituição organizada política, social e juridicamente, dotada de personalidade jurídica de Direito Público e submetida às normas da Constituição. Um Estado Soberano é formado por: - governo – elemento condutor - povo – elemento humano - território – espaço físico Atua tanto no Direito Público quanto no Direito Privado, mas sempre é Pessoa Jurídica de Direito Público. (Superação da Teoria da Dupla Personalidade) Estado de Direito – o próprio Estado (Administração Pública) se submete ao direito posto e dá origem à Tripartição dos Poderes, à Universalidade (controle de validade dos atos da administração) e generalização do princípio da legalidade. A adequação dos atos administrativos com o ordenamento jurídico é o principal critério para o estabelecimento de um Estado de Direito – neste prevalecem as normas jurídicas abstratas e gerais e não a vontade do governante. PODERES DO ESTADO Poderes estruturais do Estado ≠ Poderes Administrativos instrumentos concedidos à Administração Pública para a consecução de seus interesses: poder normativo, hierárquico, disciplinador e poder de polícia. A tripartição dos poderes não é absoluta funções típicas e atípicas de cada Poder. As funções atípicas são excepcionais, previstas na CF, havendo doutrinadores que defendem que é inconstitucional a ampliação deste rol, mesmo que através de Emenda Constitucional, tendo em vista que seria tendente a abolir a tripartição dos Poderes. A função típica do Poder Executivo é a função Administrativa, na defesa dos interesses públicos e sempre dentro dos parâmetros da lei. O Poder Executivo aplica, de ofício, a lei, realizando apenas um juízo de conveniência e oportunidade, não havendo necessidade de provocação. A função política ou função de governo (Celso Antonio Bandeira de Melo) – são os atos jurídicos do Estado não comportados pela função administrativa (sanção e veto de lei, declaração de guerra, decretação de estado de calamidade) – são decisões de natureza política. GOVERNO X ESTADO Estado: governo, povo e território. Governo: elemento formador do Estado, é a cúpula diretiva do Estado. Governo em sentido subjetivo: cúpula diretiva responsável pela condução das atividades estatais, configurada pelo conjunto de órgãos estatais. Governo em sentido objetivo ou material: é a atividade diretiva do Estado, confundindo-se com o complexo de suas funções básicas. ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA Sentido formal ou subjetivo conjunto de órgãos e agentes estatais no exercício da função administrativa, independentemente do poder a que pertençam. Sentido objetivo ou material se confunde com a função administrativa, sendo entendida como a atividade administrativa exercida pelo Estado. TAREFAS DA ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA: - poder de polícia; - prestação de serviços públicos – prestação positiva pelo Estado – água, energia, saúde. - regulação das atividades de interesse público - fomento das atividades privadas e controle da atuação do Estado incentivo a setores sociais específicos em atividades exercidas por particulares *o Estado pode exercer mas em caráter excepcional. Função ordenadora: Tripartição dos Poderes - art. 2º, CF Legislativo Executivo Judiciário Através exercício do poder de polícia – tarefa precípua: limitação e no condicionamento pelo Estado da liberdade e propriedade privadas em favor do interesse público. Função Prestacional: Prestação de serviços públicos – originado nas constituições sociais – prestação de serviços públicos como atribuição do Estado. Função regulatória ou de fomento: Incentivos a setores sociais específicos, em atividades exercidas por particulares, estimulando o desenvolvimento social. Função de Controle: Poder-dever de verificar a correção e a legalidade da atuação exercida pelos seus órgãos. - múnus público – atividade administrativa como obrigação ou dever do administrador em prol da coletividade, não tendo liberdade de atuação. FUNÇÃO EXTERNA X INTERNA - função externa (extroversa): atividade-fim da Adm. Púb. atender os interesses públicos primários em benefícios diretos dos cidadãos. - função interna (introversa): atividade-meio da Adm. Púb. atendimento às necessidades de forma mediata – interesse público secundário (máquina administrativa – normas e atividades relacionadas ao pessoal, os bens, a estrutura organizacional) DIREITO ADMINISTRATIVO – CONCEITO Direito público tutela dos interesses da sociedade Relação de desigualdade prevalência do interesse público sobre o privado prerrogativas que o colocam em posição de superioridade em relação ao particular, mas atuando sempre em conformidade com a lei e respeitando sempre as garantias individuais. Direito privado regulação dos interesses particulares, de forma a possibilitar o convívio Suas normas são supletivas, podendo ser afastadas ou modificadas pelas partes, tendo em vista que as partes são tratadas de forma igual. Prevalece a autonomia da vontade e liberdade negocial. Normas de ordem pública: Imperativas e inafastáveis, aplicáveis a todos os ramos do direito, sendo impositivas e derrogatórias do direito privado. Afastam a autonomia da vontade e a liberdade negocial. Direito Administrativo - Matheus Carvalho: conjunto harmônico de princípios e regras que disciplinam as atividades administrativas, visando à satisfação do interesse de toda a coletividade, que por vezes justifica a restrição de direitos individuais, e disciplina o conjunto de órgãos públicos e entidades que compõem sua estrutura organizacional. CRITÉRIOS DE DEFINIÇÃO 1. Corrente legalista: ou escola exegética – conjunto de legislação administrativa. 2. C. do Poder Executivo: é a atuação do Poder Executivo, sendo o complexo de leis que disciplinam a atuação do Poder Executivo. 3. C. das relações jurídicas: disciplina das relações jurídicas entre a Adm. Púb. E o particular. 4. C. do serviço público: (França) disciplina jurídica dos serviços públicos, ou seja, dos serviços prestados pelo Estado à coletividade. 5. C. Teleológico: sistema de princípios que regula a atividade do Estado para a consecução de seus fins. 6. C. Negativista: por exclusão – ramo do direito que regula todas as questões que não pertençam a outro ramo jurídico. 7. C. da Distinção entre atividade jurídica e social do Estado: separa atividade não contenciosa do Estado e atividades de cunho social, sendo o d. administrativo responsável pela estruturação dos órgãos e das atividades do Estado. 8. Critério Funcional: estuda e analisa a disciplina normativa da função administrativa, seja ela exercida pelo Poder Executivo, Legislativo ou Judiciário e, inclusive, da função administrativa exercida por particulares mediante delegação. Para Hely Lopes Meirelles: “conjunto harmônico de princípios jurídicos que regem os órgãos, os agentes e as atividades públicas tendentes a realizar concreta, direta e imediatamente os fins desejados pelo Estado.” *evidencie-se a função de limitação dos poderes estatais, definindo seus contornos, tendo em vista, que os poderes da administração são poderes- deveres instrumentais, necessários à garantia do interesse público. DIREITO ADMINISTRATIVO X ADMINISTRAÇÃO (CIÊNCIA) Administração – técnicas e estratégias de planejamento, execução e organização da gestão governamental – são técnicas de gestão. CODIFICAÇÃO E FONTES Fatores favoráveis da codificação: Segurança jurídica, transparência, previsibilidade das decisões e estabilidade social, bem como a facilidade de controle da atuação estatal. Fatores contrários: Estagnação, desatualização constante, competência concorrente de certos temas e diversidade de temas a serem codificados. FONTES DO DIREITO ADMINISTRATIVO: 1 – Lei: - fonte primária; - princípio da legalidadeadministrativa; - abrangência de demais espécies normativas: a CF, leis ordinárias, complementares, delegadas, decretos-lei e medida provisória); - os atos normativos infralegais estão inclusos como fonte secundária (os atos normativos expedidos pela adm. Púb. São de observância obrigatória pela própria administração – regulamentos, instruções normativas, resoluções, etc) 2 – Jurisprudência: - reiteração de julgados dos órgãos judiciários; - são fontes secundárias; - as súmulas vinculantes têm força vinculante inclusive para a administração pública; - será cabível Reclamação ao STF a respeito de ato administrativo ou decisão judicial que contrarie súmula, anulando o ato administrativo ou cassando a decisão judicial, determinando o proferimento de outra decisão - Súmulas vinculantes são fontes primárias, tendo em vista, alterarem o ordenamento jurídico positivo de forma imediata.; - As decisões proferidas pelo STF nas ações de controle concentrado de constitucionalidade produzirão eficácia contra todos e efeito vinculante, tanto ao judiciário quanto aos órgãos da administração. - Os precedentes são reconhecidos pela nova sistemática processualista, sendo que as decisões com repercussão geral do STF também terão caráter vinculante e orientador. 3 – A Doutrina - é fonte secundária, - influencia a elaboração de novas regras, bem como o julgamento das lides de cunho administrativo. 4 – Costumes - conjunto de regras não escritas, mas observadas de modo uniforme pela sociedade, que as considera obrigatórias; - somente são fonte quando da influência da produção legislativa ou a jurisprudência; - têm menor relevância que as fontes secundárias; - costume administrativo – pratica reiterada pelos agentes administrativos, usual nos casos de lacuna normativa – podem gerar direitos para os administrados em face dos princípios da lealdade, da boa fé, moralidade administrativa, etc. 5 – Princípios Gerais do Direito - normas não escritas, vetores genéricos sem previsão legal expressa. 6 – Tratados internacionais - são fontes do d. administrativo, independente de sua forma de tramitação, após a incorporação no ordenamento pátrio – os tratados de direito administrativo não passarão pelo rito dos tratados de direitos humanos. COMPETÊNCIA PARA LEGISLAR - em regra: concorrente entre a União, Estados e DF. - Municípios poderão editar leis em matéria de Direito Administrativo que visem ater interesse local. - exceções – matérias de direito administrativo de competência privativa da União: Art. 22. Compete privativamente à União legislar sobre: I - .... marítimo, aeronáutico, espacial e do trabalho; III - requisições civis e militares, em caso de iminente perigo e em tempo de guerra; IV - águas, energia, informática, telecomunicações e radiodifusão; V - serviço postal; IX - diretrizes da política nacional de transportes; X - regime dos portos, navegação lacustre, fluvial, marítima, aérea e aeroespacial; XI - trânsito e transporte; XII - jazidas, minas, outros recursos minerais e metalurgia; XXII - competência da polícia federal e das polícias rodoviária e ferroviária federais; XXV - registros públicos; XXVI - atividades nucleares de qualquer natureza; XXVII - normas gerais de licitação e contratação, em todas as modalidades, para a administração pública, direta e indireta, incluídas as fundações instituídas e mantidas pelo Poder Público, nas diversas esferas de governo, e empresas sob seu controle; XXVII - normas gerais de licitação e contratação, em todas as modalidades, para as administrações públicas diretas, autárquicas e fundacionais da União, Estados, Distrito Federal e Municípios, obedecido o disposto no art. 37, XXI, e para as empresas públicas e sociedades de economia mista, nos termos do art. 173, § 1°, III; XXVIII - defesa territorial, defesa aeroespacial, defesa marítima, defesa civil e mobilização nacional; INTERPRETAÇÃO DO DIREITO ADMINISTRATIVO Pressupostos de interpretação dos atos, contratos e normas de direito administrativo: - desigualdade jurídica entre Administração e administrados – prevalecimento do interesse da coletividade sobre os interesses do particular; - presunção de legitimidade dos atos da administração; - necessidade de poderes discricionários para a Administração atender o interesse público, tendo em vista que o administrador público age dentro dos limites imposto pelo ordenamento, em busca do interesse da coletividade. SISTEMAS DE CONTROLE DA ATUAÇÃO ADMINISTRATIVA REGIME JURÍDICO ADMINISTRATIVO Direito administrativo como disciplina – conjunto sistematizado de princípios, de direito público, aplicável aos órgãos e entidades que compõem a Administração Pública e à atuação dos agentes administrativos baseados na supremacia do interesse público e indisponibilidade do interesse público. prerrogativas limitações CONSTITUCIONALIZAÇÃO DO DIREITO ADMINISTRATIVO - modernização do conceito de legalidade no direito público somente é legal a conduta que está em conformidade com a lei e com todos os princípios constitucionais´ - restrição à discricionariedade – pautando a escolha nos princípios; - ampliação do controle judicial sobre os atos administrativos, adentrando em aspectos de mérito, em atenção aos princípios constitucionais. Sistema francês (contencioso administrativo) • dualidade de jurisdição (jurisdição administrativa e jurisdição comum); • o Poder Judiciário não pode conhecer dos atos ilícitos praticados pela Administração Pública, ficando sujeitos à jurisdição especial do contencioso administrativo (tribunais de natureza administrativa) • o Poder judiciário não pode revisar as decisões proferidas pela jurisdição especial. Sistma Inglês (sistema de juridição única) • unicidade de jurisdição - todos os litígios são levados à justiça comum; • não implica que a esfera administrativa não possa reolver litígios, mas tal decisão poderá ser apreciada no Poder Judiciário. Sistema Administrativo Brasileiro • adotou o sistema de juridição única ou sistema de controle judicial; • CF estabelece a inafastabilidade da jurisdição ou unicidade da jurisdição - não excluirá lesão ou ameaça • as decisões dos órgãos administrativos não são dotadas de definitividade - apenas no judiciário; • Controle dos atos - sistema de freios e contrapesos --> independentes e harmônicos entre si; • o recurso ao P. Judiciário não depende de esgotar as instâncias administrativas **exceção - art.217, p.1º da CF - PJ só admitirá ações retivas à disciplina e às competições desportivas após esgotarem-se as instências da justiça desportiva, regulada em lei. Princípio da Legalidade Sentido restrito P. da reserva legal - matérias reservadas à lei Sentido Amplo legalidade abangendo não apenas a lei, mas também os atos normativos do P. Executivo e os princípios da Constituição Súmulas do STF: Súmula 346: A Administração Pública pode declarar a nulidade dos seus próprios atos Súmula 473: A administração pode anular seus próprios atos, quando eivados de vícios que os tornam ilegais, porque deles não se originam direitos; ou revogá-los, por motivo de conveniência ou oportunidade, respeitados os direitos adquiridos, e ressalvada, em todos os casos, a apreciação judicial. Súmula 645: É competente o município para fixar o horário de funcionamento de estabelecimento comercial. Súmula 419: Os municípios têm competência para regular o horário do comércio local, desde que não infrinjam leis estaduais ou federais válidas. Jurisprudência – pg. 55 – terceirização na Adm. Pública como modelo organizacional de desintegração vertical com ganhos de performance na prestação dos serviços pelo Estado. (STF. RE 760931/DF. Min. Relatora: Rosa Weber. 26/04/2017)
Compartilhar