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PROTEÍNAS PLASMÁTICAS INTRODUÇÃO · Proteínas são macrobiomoléculas formadas por aminoácidos que são ligados (em ligação peptídica) numa sequência linear característica; · Medeiam virtualmente todo processo bioquímico e sua função depende de sua estrutura; · Organização das proteínas: as proteínas podem organizar-se de diferentes formas; · Primária: forma linear, sem ramificação. Nesse caso, podemos estudar a constituição do fio proteico, analisando os tipos de aminoácidos e suas quantidades; · Secundária: observa-se um enrolamento da proteína, formando, geralmente, uma espécie de hélice; · Terciária: observa-se o enrolamento das proteínas que já estavam em estrutura secundária, ou seja, ocorre o dobramento da hélice. Ocorre apenas em proteínas globosas; · Quartenária: ocorre apenas em proteínas conjugadas de grande porte. É possível observar várias cadeias enoveladas; · A síntese proteica é o mecanismo de produção de proteínas determinado pelo DNA, que acontece em duas fases chamadas transcrição e tradução. · O processo acontece no citoplasma das células e envolve ainda RNA, ribossomos, enzimas específicas e aminoácidos que auxiliarão na sequência da proteína a ser formada. · A cadeia polipeptídica é formada pela união de aminoácidos dentro do ribossomo segundo a sequência de nucleotídeos do RNAm. Essa sequência do RNAm, denominada códon, é determinada pela sequência de bases da fita do DNA que serviu de molde. Desse modo, a síntese de proteínas é a tradução da informação contida no gene, por isso se chama tradução gênica. PLASMA E SORO · Plasma é a solução aquosa onde os eritrócitos, leucócitos e trombócitos do sangue encontram-se suspensos; · Sobrenadante obtido após centrifugação de sangue coletado em um tubo de ensaio contendo anticoagulante; · Soro é a mesma constituição do plasma sem fibrinogênio e sem fatores da coagulação. FUNÇÕES DAS PROTEÍNAS PLASMÁTICAS · Proteínas plasmáticas são aquelas contidas no plasma sanguíneo, fração acelular do sangue, e são classificadas em dois grupos: · Proteínas sintetizadas pelo fígado; · Imunoglobulinas produzidas pelos plasmócitos. · Transporte: · No plasma ocorre o transporte de diversos componentes vitais: · Metabólitos, eletrólitos e hormônios são transportados no plasma; · Íons, lipídeos e hormônios esteroides são carreadoras por proteínas. · O transporte no vaso funciona a partir de duas pressões dentro do vaso sanguíneo: · Uma delas é constante, cujo nome é pressão oncótica (osmótica) capilar, que possui a função de absorver água dos tecidos, além de ter um valor médio de 25 mmHg; · A segunda é variável, tendo o nome de pressão hidrostática capilar, que reserva o dever de expulsar a água do vaso em direção aos tecidos, tendo um valor inicial nas artérias de 37 mmHg de final nas veias de 17 mmHg; · Conclui-se que, inicialmente, nas extremidades arteriais, parte do sangue é filtrado em direção aos tecidos por maior pressão hidrostática capilar e, em certo ponto, há uma inversão nos valores de tal forma que este passa a retornar (na forma de água) quando a pressão oncótica capilar supera aquela a 25 mmHg e o sangue ganha volume no final venoso, sendo reabsorvido. · Transporte com a albumina: · Ácidos Graxos; · Medicamentos; · Bilirrubina não conjugada. · Auxílio na defesa imunológica: · Proteínas do complemento: · Sintetizadas principalmente nos hepatócitos e macrófagos/ monócitos; · Esses peptídeos medeiam a resposta inflamatória: · Atraem células fagocíticas; · Iniciam a desgranulação de granulócitos; · Realizam a depuração de complexos de antígeno-anticorpo. · Proteínas de fase aguda (PFA): · Produzidas nos hepatócitos; · Indicadores mais confiáveis frente aos processos inflamatórios/infecciosos; · O estímulo acontece dentro de 6 a 8 horas após a agressão; · Modulado por citocinas pró-inflamatórias: IL-1, IL-6, TNF; · Níveis séricos proporcionais à intensidade da agressão e efeitos. · Imunoglobulinas · Reconhecem diferentes estruturas químicas; · Constituem os anticorpos na forma nativa, podendo estar secretados ou ligados à membrana; · Possuem regiões variáveis e constantes; · Formam o complexo BCR (Receptor da Célula B); · Há duas cadeias leves (L) e duas cadeias pesadas (H); · Porção Fc é uma porção da cadeia pesada que fica disponível para se acoplar ao antígeno; · Existem formas de membrana e de secreção; · Tipos de imunoglobulinas: · A A IgA está presente no sangue e líquidos orgânicos como saliva, leite materno, colostro, lágrima e líquor (líquido que protege o cérebro e a medula espinhal), bem como em secreções respiratórias, intestinais, genitais e urinárias. Também é uma proteína de fase aguda, porém é restrita ao uso de infecções de instalação e replicação em locais com secreções mucolíticas; · M IgM está confinada ao espaço intravascular e auxilia na eliminação de antígenos circulantes e microorganismos. Também é uma proteína de fase aguda, sendo uma das primeiras proteínas a se alterarem; · D IgD é encontrada em baixos níveis no soro; seu papel no soro é duvidoso. Ela é primariamente encontrada em superfícies de célula B onde funciona como um receptor para antígeno; · E Envolvida em reações alérgicas – Como consequência da sua ligação a basófilos e mastócitos, IgE é envolvida em reações alérgicas. IgE também participa em doenças parasitárias por helmintos. Uma vez que os níveis sorológicos de IgE aumentam em doenças parasitárias, a quantificação dos níveis de IgE auxilia no diagnóstico de infecções parasitárias. Eosinófilos têm receptores de Fc para IgE e a ligação de eosinófilos a helmintos cobertos por IgE resulta na morte do parasita; · G IgG é a única classe de Ig que atravessa a placenta, circulando em altas concentrações no plasma e a transferência é mediada pelo receptor da região Fc do IgG nas células placentárias. A mensuração do IgG na prática médica faz-se necessária para avaliar uma resposta imune de longa duração, como analogia a um efeito protetor. · Alfa-1 globulinas: · Conjunto de várias proteínas. Ex alfa-1-antitripsina, protrombina, transcortina, globulina ligadora de tiroxina e alfa-fetoproteína. · Falta do inibidor natural da enzima elastase, resulta em mudanças destrutivas no pulmão; · Proteína de fase aguda. · Alfa-2 globulinas: · Conjunto de várias proteínas: haptoglobina, a alfa-2- macroglobulina, a ceruloplasmina, a eritropoetina e a colinesterase; · Ceruloplasmina: é, na sua maioria, sintetizada pelas células do parênquima do fígado contém 95% do Cu2+ existente no soro e exporta o Cu2+ do fígado para os tecidos periféricos, além de possibilitar a ligação e o transporte do ferro pela transferrina. · β-globulinas: · Conjunto de proteínas: beta-lipoproteínas, transferrina e componente C3 do complemento; · A diminuição dessa fração é rara; · A anemia por deficiência de ferro leva ao aumento da transferrina; · O hipotireoidismo, a cirrose biliar, as nefroses e alguns casos de diabetes mellitus podem aumentar o colesterol e consequente aumento das beta-lipoproteínas (LDL); · Transferrina transporta até dois ferros e, em excesso, Fe3+ pode circular livremente no plasma e se acumular nos tecidos parenquimais; em reações inflamatórias, o complexo Fe-transferrina é degradado levando ao acúmulo de ferro. · Manutenção da integridade do sistema circulatório (regulação de): · Dano endotelial dos vasos; · Exposição da membrana basal e células musculares lisas; · Coágulo de fibrina iniciado por plaquetas na área danificada. · Coagulação: plaquetas são, a partir da proteína GP1b, que se liga ao fator de von Willebrand, ainda com auxílio dos fatores de coagulação, as principais atuantes da hemostasia, fenômeno que ocorre a partir de um dano tecidual. ANÁLISE DE PROTEÍNAS · Nefelometria · A nefelometria se baseia na diminuição da intensidade pela difusão da luz causada pelo espalhamento da radiação por partículas em suspensão, sendo um método analítico de laboratório; · É utilizada na medicina para o controle dos níveis de proteína C reativa no organismo, responsável pelo aumento no acúmulo de placas de gordurana parede das artérias e pelo desencadeamento de processos inflamatórios nos vasos sanguíneos; · A Nefelometria é uma técnica para medir as concentrações de Ig A, Ig M e Ig G e outras proteínas plasmáticas de uma amostra. Um aparelho específico que mede a turbidez é utilizado e mede a difração (desvio) da luz ao passar por uma solução contendo complexos imunológicos. · Turbidimetria · A turbidimetria é determinada graças a um sistema ótico que mede a absorbância de um raio luminoso que atravessa a suspensão; · A turbidimetria é uma técnica analítica que se baseia no método de espectrofotometria, capaz de medir a turbidez de uma amostra; · Neste método, mede-se a redução da transmissão de luz em um meio causado pela formação de partículas (suspensão ou colóides); · Sua aplicação é restrita à quantificação de substâncias que podem ser precipitadas, com a utilização de reagentes apropriados e nas condições que garantem a formação de uma suspensão estável para que se obtenha reprodutibilidade; · Eletroforese · A técnica consiste na migração de moléculas em função da aplicação de um campo elétrico. · A princípio a mostra é aplicada em gel e a fonte de eletroforese cria a corrente elétrica que ocasiona a sua migração, quanto maior a molécula, mais lento é este processo, assim, moléculas de diferentes tamanhos realizam este trajeto de um pólo a outro em tempo e velocidades distintos. · A distância que o fragmento percorreu é comparada a um padrão e as bandas irão guiar o pesquisador durante a análise. Para a visualização, é utilizado um corante que sob a luz UV de um transiluminador emite fluorescência e permite a leitura das bandas. HIPOALBUMINEMIA · O valor diminuído de albumina, também chamado de hipoalbuminemia, pode ocorrer devido a diversas situações, como exemplo: · Problemas renais, em que há o aumento da sua excreção na urina; · Alterações intestinais, o que impede a sua absorção no intestino; · Desnutrição, em que não há a absorção correta ou ingestão adequada de nutrientes, interferindo na absorção ou produção de albumina; · Inflamações, principalmente relacionadas ao intestino, como por exemplo a doença de Crohn e a colite ulcerativa. · Além disso, os valores diminuídos de albumina no sangue também podem ser indicativos de problemas no fígado, em que há diminuição da produção dessa proteína. Assim, o médico pode solicitar a realização de exames complementares para avaliar a saúde do fígado. ALBUMINÚRIA · A albuminúria corresponde à presença de albumina na urina, que é uma proteína responsável por diversas funções no organismo e que normalmente não é encontrada na urina; · No entanto, quando há alterações nefróticas, pode haver liberação desta na urina. · Microalbuminúria, em que pequenas quantidades de albumina são encontradas na urina, podendo significar que a lesão renal ainda está inicial ou uma albuminúria situacional, que acontece após exercício físico intenso e em infecções urinárias, por exemplo. · Macroalbuminúria, na qual são verificadas grandes concentrações de albumina, indicando um problema renal mais extenso. ALBUMINA: QUADROS CLÍNICOS E DEFICIÊNCIAS · Em medicamentos, a meia-vida destes está diretamente ligada ao grau de ligação às proteínas plasmáticas: quanto mais ligado à albumina, por exemplo, maior a meia-vida e menor a ação do fármaco, garantindo um prolongamento do uso deste na corrente sanguínea; de forma contrária, quanto menos ligado à albumina, menor a meia-vida e maior a ação do fármaco durante o período de tempo que este circule na corrente sanguínea; O edema resulta de perda de proteínas. · Quadro clínico 1 Síndrome nefrótica – Kwarshiorkor . · Uma menina com 8 anos foi encaminhada a um nefrologista após ter apresentado edema de face e tornozelos por um período de cerca de duas semanas. A fita de teste para pesquisa de proteína na urina mostrou um resultado fortemente positivo (++++) e a dosagem de proteína na urina coletada por 24 horas mostrou excreção de proteína de 7 g/dia (VR < 0,15 g/dia); · À microscopia eletrônica identificou a fusão e apagamento dos processos podocitários; · Resulta da perda da carga negativa da barreira glomerular, originando um tipo seletivo de proteinúria; · Portanto, a proteinúria resulta da hipoalbuminemia e a diminuição da pressão oncótica plasmática resulta em edema. · Quadro clínico 2 Doença de Wilson. · Uma menina de 14 anos com dor abdominal e fígado aumentado foi atendida no setor da emergência de um hospital. Ela estava ictérica, com dor abdominal e tinha o fígado sensível e aumentado, com sonolência e asterixe (tremores oscilantes) devido à insuficiência hepática aguda. · Apresentava um círculo amarronzado na extremidade da córnea. A história pregressa revelou transtornos de comportamento, dificuldade de realizar movimentos em passado recente e ausência às aulas do colégio. · Exames laboratoriais: · Sua concentração de ceruloplasmina era de 50 mmol/L (VR 200-450 mmol/L), a do cobre sérico era de 8 mmol/L (VR 10-22 μmol/L), excreção urinária de cobre era de 2,2 mmol/24 h (VR 2-3,9 μmol/24 h) · Anéis de Kayser–Fleischer e baixo nível de ceruloplasmina são considerados suficientes para o diagnóstico da doença de Wilson · Quadro clínico 3 Proteínas de fase aguda no prognóstico de pacientes. · Mulher de 45 anos sofreu lesão grave nos membros inferiores em acidente de trânsito. Após sua admissão no hospital, o perfil bioquímico revelou um pequeno decréscimo da concentração total de proteína sérica (58 g/L; normal 60-80 g/L) e albumina sérica (38 g/L; normal 36-52g/L). · A eletroforese do soro indicou aumento nas frações proteicas α1 e α2. Quatro dias apósa cirurgia, a condição da paciente se deteriorou e ela desenvolveu aumento de temperatura, sudorese e confusão. · Foi diagnosticada uma infecção aguda e o tratamento com antibióticos apropriados foi iniciado. · O aumento das concentrações PFA associado ao decréscimo de HSA, sugere uma resposta de fase aguda. Essa resposta está também associada ao aumento na PC-R, na velocidade de hemossedimentação (VHS) e na viscosidade do plasma. A resposta ao tratamento da infecção está associada a um decréscimo de PCR no plasma.
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