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O estoicismo Foi fundado em Atenas por Zenão de Cítio e elaborado por seus discípulos: Cleantes e Crisipo. O estoicismo concebe a filosofia de forma sistemática e composta de três partes fundamentais: física, lógica e ética. Fazendo uma metáfora com uma árvore, a física é a raiz, a lógica o tronco e a ética os frutos, sendo ela ( a ética) a parte mais relevante. Para o homem ter uma conduta ética que assegure felicidade, suas ações devem estar de acordo com os princípios naturais. A boa ação é uma ação de acordo com a natureza. São três virtudes básicas para os estóicos: a inteligência, a coragem e a justiça. A partir da concepção de natureza pressuposta pela ética estóica, existe um forte determinismo ético que beira o fatalismo, onde a noção de destino, é muito forte. O homem deve resignar-se a aceitar os acontecimentos como predeterminados e agir de acordo com os preceitos éticos, além de aceitar as consequências de nossas ações. Devemos aceitar a racionalidade do real mesmo sem compreendê-la. Para o estoicismo, a felicidade consiste na tranquilidade, aceitando o curso dos acontecimentos, porém, só o sábio perfeito é capaz disso. Crisipo contribuiu com a lógica e desenvolveu uma lógica proposicional, que veio como alternativa à lógica aristotélica que, por meio de premissas e através do silogismo, obtinha uma conclusão. A lógica estóica baseia-se na inferências entre preposições. Panécio e Posídio deram um rumo eclético ao estoicismo, aproximando-se de certas doutrinas do platonismo e do aristotelismo, fase que ficou conhecida como “médio estoicismo”. A partir do séc. I, o núcleo do estoicismo desloca-se para Roma, dando origem ao “novo estoicismo” que teve como representantes Sêneca, Epicteto e Marco Aurélio. O tal estoicismo caracteriza-se pela ênfase na filosofia prática e em uma concepção humanista, valorizando a indiferença e autocontrole. Após esse período, inicia se uma decadência do estoicismo em virtude de sua tendência eclética, que inicia uma confusão com o platonismo, apesar da doutrina estóica ter tido grande influência no desenvolvimento do cristianosmo, dado seu caráter determinista e sua valorização do autocontrole, da submissão e da austeridade. O epicurismo Epicuro fundou sua escola em Atenas e foi reconhecido por seu tratado Da natureza, em que retoma as teorias atomistas de Demócrito e Leucipo. Os epicuristas foram grandes defensores de uma física materialista, atomista e mobilista. A teoria do conhecimento epicurista caracteriza-se pela valorização da experiência imediata, tendo introduzido o conceito de prolepsis, que consiste na conservação de elementos dessa experiência, os quais servem de pressupostos e pontos de partida para a aquisição de conhecimentos posteriores. A ética epicurista convergia com a estóica no princípio básico sendo a felicidade, obtida pela tranquilidade, porém divergia quanto ao caminho para se chegar a essa felicidade. Os epicuristas valorizavam a inteligência prática, considerando não haver conflito entre razão e paixão. O homem age eticamente na medida em que dá vazão a seus desejos e necessidades naturais de forma equilibrada, e isso garante a ataraxia. A ética epicurista prega a austeridade e a moderação, mas valorizando o prazer e tendo a concepção de que a realização de nossos desejos naturais é positiva. A escola epicurista não teve a mesma influência do estoicismo. Houveram poucos representantes cujos pensamentos chegaram até nós O interesse pelo epicurismo é retomado no Renascimento, abrindo caminho para o humanismo e para uma ciência natural anti-aristotélica. O ceticismo Não há um ceticismo, mas várias concepções diferentes. A tradição cética não se constitui linearmente a partir de um momento inaugural ou de um grande mestre, trata-se de uma tradição reconstruída. Há uma diferença fundamental entre a Academia de Clitômaco e de Carnéades e o ceticismo. Enquanto os acadêmicos afirmam ser impossível encontrar a verdade, os céticos seguem buscando. A afirmação de que a verdade seria inapreensível já não caracteriza mais uma posição cética, e sim uma forma de dogmatismo negativo. A posição cética caracteriza-se pela suspensão de juízo (époche) quanto à possibilidade ou não de algo ser verdadeiro ou falso. 1. Proto-ceticismo: fase inicial em que podemos identificar tendências e temas céticos já na filosofia dos pré-socráticos . É a esses filósofos que Aristóteles se refere no livro IV da Metafísica. 2. Ceticismo inaugurado por Pirro de Élis. 3. Ceticismo acadêmico: corresponde à fase cética da Academia de Platão. A Academia abandona progressivamente o ceticismo. 4. Pirronismo ou ceticismo pirrônico: Enesidemo procura reviver o ceticismo buscando inspiração em Pirro e dando origem ao ceticismo pirrônico. Pirro de Élis é considerado o fundador do ceticismo antigo, mas ainda podemos apontar outros precursores do ceticismo, tais como Demócrito de Abdera e os atomistas posteriores; os mobilistas discípulos de Heráclito e os sofistas. Esses filósofos são alvo de Aristóteles no livro IV da Metafísica, pois sustentam que o princípio da não-contradição deve ser pressuposto mesmo por aqueles que exigem provas de todos os princípios ou que afirmam que algo é e não é, uma vez que esse princípio é pressuposto pela simples existência do discurso significativo. Apesar de Pirro ser identificado como o iniciador do ceticismo, só conhecemos a sua filosofia através de seu discípulo Tímon. Pirro, assim como Sócrates, não escreveu seus discursos. O ceticismo tem uma preocupação essencialmente ética, ou prática. O objetivo final da filosofia de Pirro é atingir a ataraxia (imperturbabilidade), alcançando assim a felicidade (eudaimonia). Pirro postulou a prática do distanciamento e da indiferença às sensações, o que caracterizaria a tranquilidade. O ceticismo não implica uma ruptura com a vida prática, mas apenas um modo de vivê-la com moderação e tranquilidade. Após a morte de Platão, a Academia entra em uma fase cética, sob a liderança de Arcesilau, conhecida por Nova Academia. Parece possível interpretar o pensamento de Platão como contendo elementos céticos e é esta interpretação que prevalece na Academia. Os elementos: 1) o modelo da dialética socrática, em que temos a oposição de argumentos, gerando conflito; 2) o caráter aporético, inconclusivo desses; 3) a admissão da ignorância; 4) a influência da discussão sobre o conhecimento, sem que se chegue a nenhuma definição aceitável. O ceticismo acadêmico deve ser considerado sobretudo a partir de sua polêmica com a filosofia estóica. O ponto de partida da disputa parece ter sido a questão do critério de verdade que serviria de base para a epistemologia estóica. Os céticos levantaram uma dúvida sobre a possibilidade de se adotar um critério de verdade imune ao questionamento, enquanto os estóicos mantinham a noção de phantasia kataleptiké (“apreensão cognitiva”) como base de sua teoria do conhecimento. Temos em Pirro as noções de apraxia (inação), aphasia (ausência de discurso), aphatia (ausência de sensações) que levariam à ataxia. A noção de époche parece ser de origem estóica. É parte da doutrina estóica que o sábio autêntico deve suspender o juízo em relação àquilo que é inapreensível, evitando assim fazer afirmações falsas. Époche: silêncio, ausência de resposta. Assim, o sábio deve suspender o juízo acerca de qualquer pretensão ao conhecimento, uma vez que nenhuma satisfará o critério de validade. O ceticismo se caracteriza como um procedimento segundo o qual os filósofos em sua busca da verdade se defrontaram com uma variedade de posições teóricas (o dogmatismo). Essas posições encontram-se em conflito (diaphoria), uma vez que são mutuamente excludentes. Diante da impossibilidade de decidir, o cético suspende o juízo e, ao fazê-lo, descobre-se livre das inquietações Zétesis (busca) - diaphonia (conflito) - isosthenia (equipotência) - èpoche (suspensão) - ataraxia (tranquilidade) Já que não podemos ter certeza sobre nada, pois é impossível determinar um critério de verdade,resta-nos o razoável. Surge assim o conceito de eulogon (o razoável). Com o advento do cristianismo, se dá o progressivo ocaso das filosofias pagãs, inclusive do ceticismo. Referências ao ceticismo antigo e discussões de questões céticas estão, salvo algumas exceções, ausentes da filosofia medieval.
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