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Universidade Federal de Uberlândia Instituto de Ciências Biomédicas Departamento de Microbiologia Denise Von Dolinger Biofilme Microbiano Bactérias planctônicas Bactérias sésseis Estima-se que 90% dos micro-organismos vivem sob a forma séssil • São comunidades microbianas aderidas a uma superfície e entre si, envolvidas por uma matriz celular polimérica • Podem ser encontrados em superfícies bióticas ou abióticas, preferencialmente em superfícies abióticas • O biofilme protege as células microbianas, deixando-as mais virulentas Biofilme Microbiologia Cangussu- Atlas de Microbiologia . Disponível em: https://www.luciacangussu.bio.br/atlas/escherichia-coli/ Espécies bacterianas produtoras de biofilme isoladas de dispositivos invasivos ou tecidos vivos, resultando em doença Espécies bacterianas Sítio do biofilme/doença Pseudomonas aeruginosa Lente de contato Infecção pulmonar – fibrose cística Ferida crônica Sinusite crônica Staphylococcus aureus Osteomielite Ferida crônica Conjuntivite Cateter venoso central Escherichia coli Infecção do trato urinário Prostatite bacteriana crônica Acinetobacter baumannii Cateter urinário Tubo endotraqueal • Os micro-organismos representam somente uma parte do biofilme (10%) • Podem ser constituídos por bactérias Gram-positivas, Gram- negativas, fungos, microalgas, protozoários e vírus Composição do biofilme • A água é a fração mais significativa da massa total do biofilme, podendo variar entre 70 a 95%; • A estrutura do biofilme possui canais proteicos que circulam entre as estruturas do biofilme, permitindo a aquisição e troca de genes. Composição do biofilme • É responsável pela morfologia, estrutura, coesão e integridade funcional. • É formada por ácidos nucleicos, proteínas, fosfolipídios e principalmente substância polimérica extracelular- EPS. • EPS são polissacarídeos que desempenham funções importantes no biofilme. Representam cerca de 70 a 95% da matéria orgânica do biofilme. Composição do biofilme: Matriz Extracelular Determinam a estrutura e integridade funcional do biofilme microbiano; sua produção é controlada por vários genes Age como barreira defensiva, auxiliando as células microbianas a resistirem ao stress múltiplo. Capta cátions, metais e toxinas conferindo proteção contra radiações UV, alterações de pH, choques osmóticos. • As células microbianas presentes nas camadas superficiais externas possuem acesso fácil a oxigênio e nutrientes, são metabolicamente ativas e não tem dificuldade na eliminação de detritos metabólicos; • As células incorporadas ao centro do biofilme estão protegidas de agentes estressantes, são metabolicamente menos ativas e em fase de dormência. Distribuição populacional • Mudanças fenotípicas; • Ambiente hostil; • Mecanismos genéticos; Passagem de vida livre para séssil • É dividida em: • Estágio 1 – Adesão inicial • Estágio 2 – Adesão irreversível • Estágio 3 – Formação da cadeia polimérica • Estágio 4 – Maturação • Estágio 5 – Liberação das células “persisters” Formação do biofilme Estágio 1 e 2 • Bactérias planctônicas (colonizadores primários) aderem-se a uma superfície originando microcolônias, que produzem matriz. • Essa adesão é mediada por meio de ligações eletrostáticas ou de Van der Waals . Concentração do substrato Superfície Fatores de virulência • Pili • Fímbrias • Flagelos • Adesinas • Formação de cadeias poliméricas entre si, estabelecendo uma adesão forte e estável. • Com a matriz extracelular bem estabelecidas, os micro-organismos iniciam a sua multiplicação celular. • Alta atividade metabólica. Estágio 3 • Maturação da estrutura do biofilme; ➢Formação de canais e colunas; ➢Entrada de nutrientes e água. Estágio 4 • Liberação das células “persisters” Estágio 5 • Mecanismo de comunicação. Trata-se de um sistema de sensores ambientais que permite às bactérias monitorarem e responderem às densidades populacionais. • São sintetizados compostos sinalizadores de baixo peso: os autoindutores • São necessários três eventos pra modular o fenótipo de resposta bacteriana: • (1) – a síntese de um sinal químico • (2) – a acumulação do sinal • (3) – o reconhecimento do sinal Quorum sensing e o biofilme Biofilme em fungos Biofilme mono -espécie Biofilme misto • São biofilmes formados por células microbianas de uma única espécie • Não representam a realidade clínica Biofilme mono-espécie Biofilme de Pseudomonas aeruginosa em uma superfície óssea (biópsia) Biofilme de Staphylococcus aureus na superfície de um CVC Biofilme de Candida albicans na superfície de um stent (ducto de malha metálica) biliar Escarro contendo bacilo Gram negativo envolto por matriz extracelular • São biofilmes formados por membros da microbiota e micro- organismos patogênicos, bem como eucariotos e procariotos; sempre levando em consideração de ser mais de uma espécie • Podem estar presentes no corpo humano tanto em indivíduos saudáveis quanto em condições infecciosas. Biofilmes mistos IUD = intrauterine device = DIU Antagônicos Sinérgicos Antagonismo das bactérias contra o fungo, aspergillus flavus Streptococcus pneumoniae Pseudomonas aeruginosa é conhecida por inibir o crescimento de micro-organismos, principalmente de bactérias Gram-positivas, aumentando a sua virulência na presença da flora orofaríngea e pela comunicação pelo AI tipo II 28 Granillo et al., 2015 S. aureus não forma um biofilme consistente em superfícies abióticas, necessitando de complementação e nutrientes para crescer. Candida albicans fornece suporte estrutural para que a bactéria consiga crescer. Foi observado um aumento de S. aureus resistente a vancomicina em biofilmes polimicrobianos, requerendo a matriz produzida por C.albicans. Nenhuma adesina foi identificada como responsável pela resistência, mas alguns estudos proteômicos demonstraram que a interação interespécies influencia a expressão proteica. 30 Métodos de detecção “in vitro” Método colorimétrico Os micro-organismos serão semeados em caldo BHI e diluídos 1:40. Cucarella et al., 2011 Sal tetrazólico que avalia a atividade metabólica e quantidade de células viáveis Quantificação de matriz extracelular polimérica Quantificação de biomassa 34 Formação de biofilmes em placas 35 Importância Clínica Estima-se que 60% de todas as infecções hospitalares estão associadas com formação de biofilme; 2% em implantes de mama e 2% em próteses 10% em marcapasso e desfibrilador 40% Dispositivos médicos ventriculares 38Fonte: https://slideplayer.com.br/slide/5626063/ • A formação do biofilme permite que o micro-organismo permaneça na superfície do material por mais tempo; • Aumenta a resistência a antimicrobianos e agentes químicos e físicos utilizados no processo de higienização; • Uma vez formados, a limpeza da superfície torna-se difícil pela presença do EPS (substância polimérica extracelular) • Antígenos presentes na superfície do biofilme estimulam a produção de anticorpos; • Esses anticorpos não conseguem penetrar no biofilme, formando complexos imunológicos que podem causar danos ao tecido; Resposta imune • Com a maturação do biofilme, este adota uma forma tridimensional, aumentando a sua virulência; • Mesmo em indivíduos com resposta imune eficientes, não são suficientes para o combate do biofilme. Resistência microbiana • O teste de susceptibilidade na clínica é feita com cepas isoladas. • Os micro-organismos tornam-se de 10-1000 vezes mais resistentes ao antimicrobianos no biofilme; • A causa exata da resistência microbiana precisa ser estudada. Algumas causas são apontadas como: • Penetração limitada; • Alteração da taxa de crescimento; • Alterações fisiológicas; • Expressão genética. Cerca et al., 2011 • A relação direta entre infecção hospitalar e biofilmes ainda não é investigada frequentemente; • As patologias mais comuns causadas por bactériasconhecidas como formadoras de biofilme são Pneumonia associada a ventilação, infecções sistêmicas e infecções urinárias; • Biofilme dificulta o tratamento e aumenta os custos hospitalares. Orlandi et al., 2017; Menoita et al., 43 • A prevenção deve ser focada em dois aspectos: ➢Redução ao máximo da presença dos micro-organismos no ambiente; ➢Desenvolvimento de novos produtos para superfícies ou condições especiais que desfavoreçam a adesão primária. Henriques et al., 2011 44 Como prevenir o biofilme? • Colocar em prática o protocolo de processamento desenvolvido para biofilme; • Pesquisa e criação de novos métodos de detecção; • Seleção de artigos e equipamentos; • Limpeza adequada; • Treinamento, supervisão; Nós X biofilme
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