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Eduarda Lima (UFCA – T31) Tecido Conjuntivo - São responsáveis pelo estabelecimento e pela manutenção da forma do corpo, sendo também importantes em papéis biológicos; - Originam-se do mesênquima, tecido embrionário formado por células alongadas, as células mesenquimais (o mesênquima origina-se principalmente do mesoderma); - Este papel mecânico é determinado por um conjunto de moléculas (matriz extracelular) que conecta as células e os órgãos, dando suporte aos tecidos, órgãos e ao corpo como um todo; - Seu principal componente não é células e sim a MEC, as fibras e a substância fundamental; Consiste em diferentes combinações de proteínas fibrosas e em um conjunto de macromoléculas hidrofílicas e adesivas, as quais constituem a substância fundamental. - Substância fundamental: Complexo viscoso e altamente hidrofílico de macromoléculas aniônicas (glicosaminoglicanos (GAG) e proteoglicanos) e glicoproteínas multiadesivas (laminina, fibronectina etc.) encontradas na superfície de células e em outros componentes da matriz; - As fibras compostas predominantemente pela proteína colágeno, constituem os tendões, aponeuroses, cápsulas de órgãos e membranas que envolvem o SNC (meninges). Também compõe as trabéculas e pares que existem nos órgãos, formando o componente mais resistente do estroma (tec. de sustentação). Oferece resistência ou elasticidade aos tecidos. Células do Tecido Conjuntivo - De maneira geral, algumas células desse tecido como os fibroblastos, têm origem localmente a partir de células mesenquimais indiferenciadas; - Outras como mastócitos, macrófagos e plasmócitos, originam-se de células-tronco hemocitopoéticas da medula óssea, circulam no sangue e se movem para o conjuntivo, onde executam suas funções. - Os leucócitos também se originam na medula óssea, migram para o conjuntivo, onde residem por poucos dias; Fibroblastos - Células mais comuns do conjuntivo e são capazes de modular sua capacidade metabólica, refletindo na sua morfologia; - Sintetizam a proteína colágeno e a elastina, além de GAGs, proteoglicanos e glicoproteínas multiadesivas que farão parte da MEC. - Produzem os fatores de crescimentos, que controlam a proliferação e a diferenciação celular; - Com intensa atividade de síntese: FIBROBLASTOS; Metabolicamente em repouso (quiescente): FIBRÓCITOS; - Os fibroblastos raramente se dividem em indivíduos adultos, exceto quando o organismo requer fibroblastos Eduarda Lima (UFCA – T31) adicionais, como, por exemplo, durante um processo de cicatrização de uma ferida. OBS.: A capacidade de regeneração dos tecidos conjuntivos é observada quando eles são destruídos por lesões inflamatórias ou traumáticas. Nesses casos, os espaços deixados pela lesão em tecidos cujas células não são capazes de se regenerar (ex: músculo cardíaco) são preenchidos por uma cicatriz de tecido conjuntivo. Assim, a cicatrização de incisões cirúrgicas depende da capacidade de o tecido conjuntivo se regenerar. A principal célula envolvida na cicatrização é o fibroblasto. Quando estimulados adequadamente, como durante a cicatrização, os fibrócitos revertem-se para o estado de fibroblastos, e sua capacidade de síntese é reativada. Durante o processo de reparação de feridas, observam-se células conhecidas como miofibroblastos. Elas reúnem a maioria das características dos fibroblastos, mas contêm maior quantidade de filamentos de actina e de miosina (proteínas do citoesqueleto) e se comportam como células musculares lisas. Sua atividade contrátil é responsável pelo fechamento das feridas após as lesões, processo conhecido como contração da ferida. Macrófagos - Características morfológicas muito variáveis, que dependem de seu estado de atividade funcional e do tecido que habitam; - Atuam como elementos de defesa e reparo; - Deriva de células precursoras da medula óssea, as quais se dividem produzindo os monócitos (circulam no sangue). Depois, eles cruzam as paredes de vênulas pericíticas e capilares, e penetram no tecido conjuntivo, amadurecendo e adquirindo as características de macrófagos; - O processo de transformação de monócito-macrófago resulta em aumento no tamanho da célula e na síntese de proteína; - Logo, monócitos e macrófagos são as mesmas células em diferentes estágios de maturação; - Os macrófagos dos tecidos podem proliferar localmente, produzindo novas células; - Quando corantes vitais (ex: azul tripan) são injetados em animais, eles os fagocitam e acumulam o corante em grânulos ou vacúolos citoplasmáticos visíveis ao microscópio de luz; - Já no microscópio eletrônico, eles são caracterizados por apresentarem superfície irregular com protusões e reentrâncias, o que define sua grande atividade de pinocitose e fagocitose; - Os macrófagos estão distribuídos na maioria dos órgãos formando o SISTEMA FAGOCITÁRIO MONONUCLEAR; - São células de vida longa, podendo sobreviver por meses nos tecidos; OBS.: Em algumas regiões recebe nome especiais: Fígado – células de Kupffer; SNC – micróglia; Pele – células de Langerhans; Técido ósseo – osteoclastos. Mastócitos - Distribuído por todo o corpo, mas são mais abundantes na derme e nos sistemas digestório e respiratório; - Sua principal função é estocar, em seus grânulos secretores, mediadores químicos da resposta inflamatória, como a histamina, que promove aumento da Eduarda Lima (UFCA – T31) permeabilidade vascular, e os GAG sulfatados, como a heparina; - Também colabora com as reações imunes, tendo papel fundamental em inflamação, reações alérgicas e infestações parasitárias; - Existem pelo menos duas populações de mastócitos no tecido conjuntivo (morfologicamente semelhantes. Um tipo é o mastócito do tecido conjuntivo, encontrado na pele e na cavidade peritoneal. O outro tipo é o mastócito da mucosa, encontrado na mucosa intestinal e pulmões; - Embora sejam parecidas com os leucócitos basófilos, os mastócitos têm origem de uma células-tronco diferente; - Originam-se de células hematopoéticas (produtoras de sangue) situadas na medula óssea. Esses mastócitos imaturos circulam no sangue, cruzam a parede de vênulas e capilares e penetram os tecidos, onde vão proliferar e se diferenciar; - A liberação de mediadores químicos armazenados por eles promove reações alérgicas denominadas reações de hipersensibilidade imediata; Plasmócitos - Células grande e ovoides, pouco numerosas no tecido conjuntivo normal, exceto nos locais sujeitos à penetração de bactérias e proteínas estranhas, como a mucosa intestinal; - Abundantes nas inflamações crônicas, em que predominam plasmócitos, linfócitos e macrófagos; - Derivadas dos linfócitos B e responsáveis pela síntese de anticorpos; Leucócitos - Mesmo em situação normal, os tecidos conjuntivos contêm leucócitos (glóbulos brancos), que migram do sangue através de capilares e vênulas pós-capilares, por um processo chamado diapedese; - Esse processo aumenta muito durantes as invasões locais de microrganismos, já que os leucócitos são células especializadas na defesa contra microrganismos agressores; - A inflamação (reação celular e vascular contra subst. estranhas, na maioria dos casos bactérias ou substâncias químicas irritantes) se inicia com uma liberação local de mediadores químicos da inflamação, substâncias de diferentes origens que induzem alguns eventos, como, aumento do fluxo sanguíneo e permeabilidade vascular, quimiotaxia e fagocitose; - Os leucócitos não retornam ao sangue depois de terem residido no tecido conjuntivo, com exceção dos linfócitos, que circulam continuamente em vários compartimentos do corpo; Células Adiposas - São células do tec. conjuntivo que se tornaram especializadas no armazenamento de energia na forma de triglicerídeos (gorduras neutras); Fibras do Tecido Conjuntivo - São formadas por proteínas que se polimerizam,formando estruturas muito alongadas; - Os três tipos principais observados ao microscópio são as colágenas, as reticulares e as elásticas; - As fibras colágenas e reticulares são formadas pela proteína colágeno, e as fibras elásticas pela proteína elastina; - Portanto, tem apenas dois sistemas de fibras: o sistema colágeno, constituído por fibras colágenas e reticulares; e o sistema elástico, formado pelas fibras elásticas, elaunínicas e oxitalânicas; - Os 3 tipos de fibras variam em diferentes tipos de tecidos conjuntivos; Eduarda Lima (UFCA – T31) Fibras Colágenas - A proteína colágeno tem variáveis graus de rigidez, elasticidade e força de tensão; - Mais abundante de proteína do organismo; - De acordo com sua estrutura e função, o colágeno é classificado nos seguintes grupos: → Colágenas que formam longas fibrilas: moléculas de colágeno dos tipos I, II, III, V ou XI se agregam para formá-las, são muito visíveis ao microscópio. O do tipo I é o mais abundante e distribuído no organismo, se apresenta como estruturas denominadas fibrilas de colágeno, que constituem a estrutura dos ossos, derme, tendões etc.; → Colágenos associados a fibrilas: colágenos dos tipos IX, XII, XIV formam estruturas curtas que ligam as fibrilas de colágeno umas às outras e a outros componentes da matriz extracelular; → Colágeno que forma rede: moléculas do tipo IV associam-se, assim, compondo as lâminas basais, exercem o papel de aderência e de filtração; → Colágeno de ancoragem: é do tipo VII, encontrado nas fibrilas que ancoram as fibras de colágeno tipo I à lâmina basal. - Atualmente, mais de 25 tipos de colágeno já foram identificados em situações normais e patológicas; OBS.: A síntese de colágeno depende da expressão de vários genes e eventos. Logo, muitas patologias são diretamente atribuídas a uma síntese ineficiente ou anormal do colágeno. Ex.: Osteogênese imperfeita, Esclerose sistêmica progressiva. Eduarda Lima (UFCA – T31) A renovação de colágeno é, em geral, muito lenta. Em alguns órgãos, como tendão e ligamentos, o colágeno é muito estável; ao contrário, no ligamento periodontal, sua renovação é muito rápida. Para ser renovado, é necessário que ele seja primeiramente degradado, e essa degradação é iniciada por enzimas específicas, colagenases. → Fibras de colágeno tipo I: - Mais numerosas no tecido conjuntivo; - No estado fresco, têm cor branca, conferindo a mesma cor aos tecidos que predominam; - São birrefringentes (pois tem moléculas alongadas arranjadas paralelamente umas às outras); - Alguns corantes ácidos compostos por moléculas alongadas (ex.: sirius red), são capazes de se ligar paralelamente a moléculas de colágeno, intensificando sua birrefringência e produzindo uma cor amarela; - Em alguns locais, as fibras de colágeno organizam-se paralelamente umas às outras, formando feixes de colágeno; - As fibras são estruturas longas com percurso sinuoso, logo, suas características morfológicas plenas são difíceis de serem estudadas em cortes histológicos; - O mesentério é usado para esse propósito; OBS.: O mesentério consiste em uma porção central de tecido conjuntivo revestido em ambos os lados por epitélio pavimentoso, o mesotélio. É uma estrutura muito delgada não necessita ser cortada. - As fibras colágenas são acidófilas e se coram em rosa pela eosina, em azul pelo tricômio de Mallory, em verde pelo tricômio de Masson e em vermelho pelo sirius red; Fibras Reticulares - Formadas predominantemente por colágeno tipo III; - Extremamente finas, diâmetro entre 0,5 e 2 micrometros; - Formam uma rede extensa em determinados órgãos; - Essas fibras não são visíveis em preparados corados pela HE, mas podem ser visualizadas em cor preta por impregnação com sais de prata (por causa dessa afinidade podem ser chamadas de argirófilas); - Ao microscópio eletrônico, exibem as estriações transversais típicas das fibras colágenas; - São formadas por finas fibrilas frouxamente arranjadas, unidas por pontes provavelmente compostas de proteoglicanos e glicoproteínas; - São abundantes em músculo liso, endoneuro e órgãos hematopoéticos, como baço, nódulos linfáticos e medula óssea vermelha; - Seu pequeno diâmetro e a disposição frouxa criam uma rede flexível em órgãos que são sujeitos a mudanças fisiológicas de forma ou volume (artérias, baço, fígado, útero e camadas musculares do intestino); Sistema Elástico (Fibras elásticas) - Composto por 3 tipos de fibras: oxitalânicas, elaunínicas e elásticas; - A estrutura do sistema de fibras elásticas desenvolve- se por meio de 3 estágio sucessivos: → No primeiro estágio, as fibras oxitalânicas consistem em feixes de microfibrilas, compostas de glicoproteínas, entre as quais uma molécula grande, a fibrilina. As fibrilinas formam o arcabouço necessário para a deposição da elastina. As fibras oxitalânicas podem ser encontradas nas fibras da zônula do olho e em determinados locais da derme, onde conectam o sistema elástico com a lâmina basal; → No segundo estágio, ocorre deposição irregular de proteína elastina, entre as microfibrilas oxitalânicas, formando as fibras elaunínicas. Elas são encontradas ao redor das glândulas sudoríparas e na derme; Eduarda Lima (UFCA – T31) → No terceiro estágio, a elastina continua a acumular-se gradualmente até ocupar todo o centro do feixe de microfibrilas, as quais permanecem livres apenas na região periférica. Estas são as fibras elásticas, o componente mais abundante do sistema elástico. - As fibras oxitalânicas não têm elasticidade, mas são altamente resistentes a forças de tração, enquanto as fibras elásticas, ricas em elastina, distendem-se facilmente quando tracionadas; - O sistema elástico constitui uma família de fibras com características funcionais variáveis capazes de se adaptar às necessidades locais dos tecidos. OBS.: Mutações no gene da fibrilina, localizado no cromossomo 15, resultam na síndrome de Marfan, uma doença caracterizada pela falta de resistência dos tecidos ricos em fibras elásticas. Por causa da riqueza em componentes do sistema elástico, grandes artérias como a aorta, que são submetidas a alta pressão de sangue, rompem-se com facilidade em pacientes portadores da síndrome de Marfan, uma condição de alto risco de morte. Substância Fundamental - Mistura complexa (incolor e transparente) altamente hidratada de moléculas aniônicas (glicosaminoglicanos (GAG) e proteoglicanos) e glicoproteínas multiadesivas; - Preenche os espaços entre as células e fibras do tecido conjuntivo e, como é viscosa, atua como lubrificante e como barreira à penetração de microrganismos invasores; - Quando fixada para análises histológicas, seus componentes se agregam e precipitam nos tecidos como um material granular que pode ser identificado em micrografias eletrônicas; OBS.: A degradação dos proteoglicanos é feita por vários tipos de células e depende de várias enzimas lisossômicas denominadas genericamente glicosidases. Conhecem-se várias patologias nas quais a deficiência nas enzimas lisossômicas bloqueia a degradação e tem como consequência o acúmulo dessas moléculas nos tecidos. A falta de glicosidases específicas nos lisossomos causa várias doenças em humanos, incluindo síndrome de Hurler, síndrome de Hunter, síndrome de Sanfilippo e síndrome de Morquio. Graças a sua alta viscosidade e sua localização estratégica nos espaços intercelulares, essas substâncias atuam como barreira à penetração de bactérias e outros microrganismos invasores. As bactérias capazes de produzir a enzima hialuronidase, glicosidase que hidrolisa o ácido hialurônico (GAG), têm grande poder de invasão, uma vez que podem reduzir a viscosidade da substância fundamental dos tecidos conjuntivos. - O sangue transporta até o tecido conjuntivo os vários nutrientesnecessários para suas células e leva de volta para órgãos de desintoxicação e excreção (fígado, rim etc.) produtos de refugo do metabolismo celular. Tipos de Tecidos Conjuntivos Eduarda Lima (UFCA – T31) Tecido Conjuntivo propriamente dito - São duas classes: Frouxo e Denso. → Tecido Conjuntivo Frouxo: - Suporta estruturas sujeitas a pressão e atritos pequenos; - Tipo muito comum que preenche espaços entre grupos de células musculares, suporta células epiteliais e forma camadas em torno dos vasos sanguíneos; - É também encontrado nas papilas da derme, na hipoderme, nas membranas serosas que revestem as cavidades peritoneais e pleurais e nas glândulas; - As células mais numerosas são os fibroblastos e macrófagos, mas todos os outros tipos celulares do tecido conjuntivo também estão presentes, além de fibras dos sistemas colágeno e elástico; - Tem uma consistência delicada, é flexível, bem vascularizado e não muito resistente a trações. → Tecido Conjuntivo Denso: - Adaptado para oferecer resistência e proteção aos tecidos; - É formado pelos mesmos componentes encontrados no tecido conjuntivo frouxo, porém, existem menos células e uma clara predominância de fibras colágenas; - Menos flexível e mais resistente à tensão que o Frouxo; - Tecido Conjuntivo Denso Não Modelado: Quando as fibras colágenas são organizadas em feixes sem uma orientação definida. As fibras formam uma trama tridimensional, o que lhes confere certa resistência às trações exercidas em qualquer direção. Encontrado, por exemplo, na derme profunda da pele; - Tecido Conjuntivo Denso Modelado: Feixe de colágeno paralelos uns aos outros e alinhados com os fibroblastos. Respondem as forças de tração exercidas em um determinado sentido. Ex.: Tendões, estruturas alongadas e cilíndricas que conectam os músculos estriados aos ossos; Tecido Elástico - Composto por feixes espessos e paralelos de fibras elásticas; - O espaço entre as fibras é ocupado por fibras delgadas de colágeno e fibrócitos; - As fibras elásticas lhe conferem cor amarela e grande elasticidade; - Não é muito frequente no organismo e está presente nos ligamentos amarelos da coluna vertebral e no ligamento suspensor do pênis. Tecido Reticular - Muito delicado e forma uma rede tridimensional que suporta as células de alguns órgãos; - Constituído por fibras reticulares intimamente associadas a fibroblastos especializados chamados de células reticulares; - Cria um ambiente especial para órgãos linfoide e hematopoéticos (medula óssea, linfonodos e nódulos linfáticos, e baço); - Estrutura trabeculada semelhante a uma esponja, dentro da qual as células e os fluidos se movem livremente; Eduarda Lima (UFCA – T31) - Ao lado das células reticulares, encontram-se células do sistema fagocitário mononuclear que estão estrategicamente dispersas ao longo das trabéculas, monitorando o fluxo de materiais e removendo organismos invasores por fagocitose. Tecido Mucoso - Consistência gelatinosa graças à preponderância de ácido hialurônico com pouquíssimas fibras; - A principal células desse tecido são os fibroblastos; - O tecido mucoso é o principal componente do cordão umbilical, sendo referido como geleia de Wharton. No adulto, é restrito à polpa jovem dos dentes.
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