Enes Akca, and Nuri Sen. 2018. 'A Review on Devulcanization of Waste Tire Rubber', Periodicals of Engineering and Natural Sciences, 6: 154-60. La Rosa, A. D., I. Blanco, D. R. Banatao, S. J. Pastine, A. Bjorklund, and G. Cicala. 2018. 'Innovative Chemical Process for Recycling Thermosets Cured with Recyclamines (R) by Converting Bio-Epoxy Composites in Reusable Thermoplastic-An LCA Study', Materials, 11. Martin, T. A., and D. M. Young. 2003. 'Correlation of the glass transition temperature of plasticized PVC using a lattice fluid model', Polymer, 44: 4747-54. Estrutura e Propriedades de Polímeros Marcelo Silveira Rabello 47 Razavi-Nouri, M., and J. N. Hay. 2004. 'Effect of orientation on mechanical properties of metallocene polyethylenes', Iranian Polymer Journal, 13: 521-30. Sabzekar, Malihe, Mahdi Pourafshari Chenar, Seyed Mohammadmahdi Mortazavi, Majid Kariminejad, Said Asadi, and Gholamhossein Zohuri. 2015. 'Influence of process variables on chemical devulcanization of sulfur-cured natural rubber', Polymer Degradation and Stability, 118: 88-95. Algumas possibilidades de transições térmicas e estados físicos dos polímeros. 3. Estados físicos e transições Dos conceitos básicos de química, é sabido que são três os estados físicos da matéria: sólido, líquido e gasoso, que diferem, essencialmente, no estado de agregação dos átomos e moléculas. Em polímeros, devido às especificidades de sua estrutura macromolecular e comportamento geral, esse conceito será ampliado e subdivido em transições que ocorrem em polímeros amorfos e nas fases cristalinas. Estrutura e Propriedades de Polímeros Marcelo Silveira Rabello 49 3.1. Transições em polímeros amorfos Dependendo da temperatura, os polímeros amorfos não reticulados podem existir em três estados de agregação: vítreo, borrachoso ou fluidoviscoso. Estado vítreo e transição vítrea. O estado vítreo é caracterizado pelo movimento vibracional dos átomos sem movimento dos segmentos ou da cadeia como um todo. Nessa situação, as regiões amorfas não possuem mobilidade suficiente para superar a barreira de energia para rotações moleculares (ver seção 2.4), permanecendo em um estado “congelado”. Como consequência, o produto é rígido e frágil1, sendo semelhante ao vidro (vítreo). Ao aquecer um polímero no estado vítreo, os átomos adquirem movimentação progressiva até atingir o nível de energia em que é possível haver rotações nas ligações covalentes da cadeia principal. Isso ocorre na faixa de temperatura denominada transição vítrea, sendo a temperatura de transição vítrea (Tg) uma das mais importantes propriedades intrínsecas de um material polimérico. Propriedades de engenharia como módulo elástico, resistência tênsil e ao impacto, coeficiente de expansão térmica e outras são bastante diferentes acima e abaixo da Tg. As características dessa transição térmica e os fatores que afetam foram abordadas com maiores detalhes no capítulo 2. Estados borrachoso e fluidoviscoso. Ao adquirir mobilidade suficiente para possibilitar rotações moleculares com alterações frequentes das conformações trans-gauche, as moléculas poliméricas das regiões amorfas passam a exibir comportamento borrachoso, com alta ductilidade e deformações reversíveis. Esse estado requer mais energia e maior volume livre para a movimentação segmental. Conforme a representação esquemática da Figura 3.1, ao ultrapassar Tg, o volume livre torna-se progressivamente mais significativo, permitindo a movimentação intensa das moléculas poliméricas. A natureza elastomérica no estado borrachoso é consequência combinada dos grandes tamanhos das cadeias e da formação de novelos e emaranhados moleculares. Acima da Tg, o aumento da temperatura confere cada vez mais mobilidade molecular, tanto pela maior energia envolvida quanto pelo maior volume livre disponível. A partir de certa temperatura, o polímero passa a exibir um comportamento de líquido e não mais de borracha. Como esse “líquido” geralmente apresenta altíssima viscosidade, não convém associa-lo a um líquido convencional, adotando-se o termo fluidoviscoso para caracterizar um estado acima da Tg em que o polímero deixa de exibir comportamento borrachoso e passa a escoar como um líquido de alta viscosidade. A temperatura em que isso ocorre é a temperatura de fluxo (Tf). Ao contrário da Tg, que depende quase exclusivamente da estrutura química da unidade repetitiva, a Tf é fortemente dependente dos tamanhos moleculares, 1 Existe uma situação especial em que o polímero, mesmo no estado vítreo, apresenta alta ductilidade. Isso é devido às transições vítreas secundárias e será abordado no capítulo 6. Estrutura e Propriedades de Polímeros Marcelo Silveira Rabello 50 ou seja, da massa molar. Quanto maior a massa molar, maior a densidade dos emaranhados e, como consequência, maior deverá ser o volume livre para que os emaranhados reduzam a sua influência e permitam o escoamento do material. Como um elevado volume livre requer maiores temperaturas (Figura 3.1), a temperatura de fluxo é sempre maior para massa molares mais elevadas. Uma representação esquemática das estruturas macromoleculares em diferentes faixas de temperatura está mostrada na Figura 3.2. Note que em temperaturas mais elevadas o espaçamento entre as cadeias é maior, reduzindo a densidade de emaranhados moleculares e, assim, permitindo o fluxo viscoso. Figura 3.1. Dependência do volume específico com a temperatura em um polímero amorfo. A Figura 3.3 ilustra as curvas termomecânicas (deformação em função da temperatura, com aplicação de uma tensão constante) de um polímero com diferentes massas molares. Os grades de baixas massas molares (M1 e M2) existem apenas nos estados vítreo e fluidoviscoso, indicando uma única transição nas curvas, que se caracteriza por um grande aumento na deformação ao passar do estado vítreo para o fluido. Ou seja, a transição vítrea coincide com a temperatura de fluxo, sem passar para condição borrachosa. Com massa molar mais elevada (M3), ocorre a separação entre essas duas transições, com o desenvolvimento de platô borrachoso, que se torna mais largo (ou seja, maior diferença entre Tf e Tg) para grades de massas molares mais elevadas. Note que o aumento da massa molar deixa de influenciar na transição vítrea, mas a temperatura de fluxo é sempre crescente. A massa molar em que a transição se divide em Tg e Tf depende da flexibilidade da cadeia; polímeros com cadeias mais rígidas apresentam essa separação com massas molares mais elevadas. Por exemplo, no poli(isobutileno) isso ocorre com massa molar ~1.000g/mol, enquanto que no poliestireno ocorre com ~40.000g/mol (Tager 1978). Ressaltamos que os grades comerciais, em geral, são produzidos em faixas Estrutura e Propriedades de Polímeros Marcelo Silveira Rabello 51 de massas molares que a dependência da Tg com a massa molar não é muito perceptível (conforme mostrado na Figura 2.14). T<Tg Tg<T<Tf T>Tf Figura 3.2. Representação esquemática (elaborada pelo autor) das estruturas macromoleculares em diferentes faixas de temperatura. Figura 3.3. Curvas termomecânicas de uma séria homóloga de polímeros com massas molares crescentes – M1<M2<M3<M4<M5