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ATIVIDADE FÍSICA 
E ESPORTIVA
ADAPTADA
2 
 
SUMÁRIO 
 
ESCLARECENDO OS TERMOS ADOTADOS ....................................................................... 4 
POSICIONAMENTO DIANTE DAS DEFICIÊNCIAS ............................................................... 4 
O PORQUÊ DA ATIVIDADE FÍSICA ADAPTADA .................................................................. 5 
INCIDÊNCIA DAS DEFICIÊNCIAS NO BRASIL ..................................................................... 6 
DEFICIÊNCIA VISUAL (DV) .................................................................................................... 7 
CONCEITO E CLASSIFICAÇÃO DA DV ................................................................................. 7 
HISTÓRIA DA DV NO BRASIL ................................................................................................ 9 
QUEM É O DEFICIENTE VISUAL? E O CEGO? .................................................................. 11 
ATIVIDADE FÍSICA E DV ...................................................................................................... 17 
ESPORTE ADAPTADO PARA DV ........................................................................................ 26 
COMPETIÇÕES INDIVIDUAIS – MASCULINAS E FEMININAS .......................................... 32 
ATIVIDADES FÍSICAS, SAÚDE E QUALIDADE DE VIDA DO DV ....................................... 40 
DEFICIÊNCIA AUDITIVA (DA) .............................................................................................. 43 
ORALISMO E LÍNGUA DE SINAIS ....................................................................................... 44 
FALA E LINGUAGEM ............................................................................................................ 46 
CONCEITO E TIPOS DE SURDEZ ....................................................................................... 47 
DEFICIÊNCIA AUDITIVA E DESENVOLVIMENTO MOTOR ................................................ 51 
ATIVIDADE FÍSICA E DA ...................................................................................................... 53 
UTILIZAÇÃO DE RECURSOS PEDAGÓGICOS .................................................................. 55 
ESPORTES ADAPTADOS PARA O DA ............................................................................... 56 
FILMES QUE APRESENTAM A DEFICIÊNCIA AUDITIVA .................................................. 57 
DEFICIÊNCIA MENTAL ........................................................................................................ 57 
CATEGORIAS DE DEFICIÊNCIAS ....................................................................................... 58 
CARACTERÍSTICAS DO DEFICIENTE MENTAL (DM) ........................................................ 58 
SISTEMA 2002 – CONCEPÇÃO DE DEFICIÊNCIA MENTAL (AAMR) ................................ 58 
SISTEMA DE CLASSIFICAÇÃO BASEADO NO QI .............................................................. 60 
DEFICIÊNCIA MENTAL LEVE, MÉDIA E PROFUNDA. ....................................................... 61 
SUGESTÕES DE ATIVIDADES ............................................................................................ 65 
RECURSOS E ESTRATÉGIAS PEDAGÓGICAS ................................................................. 68 
ESTIMULAÇÃO PRECOCE .................................................................................................. 69 
FATORES DE RISCO E CAUSAS DA DM ............................................................................ 69 
OLIMPÍADAS ESPECIAIS ..................................................................................................... 70 
JOGOS PARALÍMPICOS PARA DM ..................................................................................... 72 
UM PROGRAMA DE GINÁSTICA OLÍMPICA DESTINADO A CRIANÇAS COM DEFICIÊNCIA 
MENTAL ................................................................................................................................ 76 
3 
 
SINDROME DE DOWN (SD) ................................................................................................. 78 
AUTISMO .............................................................................................................................. 89 
EFEITOS PSICOLÓGICOS DA DEFICIÊNCIA FÍSICA ........................................................ 98 
OBJETIVOS DA ATIVIDADE FÍSICO-ESPORTIVA COM ALUNO DF ................................. 98 
PARALISIA CEREBRAL (PC) ............................................................................................... 99 
LESÃO MEDULAR (LM) ...................................................................................................... 118 
TETRAPLEGIAS .................................................................................................................. 120 
T6 – PARAPLEGIAS ........................................................................................................... 120 
AMPUTAÇÃO ...................................................................................................................... 123 
HISTÓRIA DO ESPORTE ADAPTADO .............................................................................. 131 
PARALIMPÍADAS ................................................................................................................ 132 
CLASSIFICAÇÃO FUNCIONAL .......................................................................................... 135 
MANUAL DE REGRAS DE DESPORTOS (FUTEBOL) ...................................................... 137 
CHUTE INICIAL ................................................................................................................... 147 
BOLA FORA E DENTRO DO JOGO ................................................................................... 149 
CONTAGEM DE GOLS ....................................................................................................... 149 
TIROS LIVRES .................................................................................................................... 153 
ARREMESSO LATERAL ..................................................................................................... 156 
TIRO DE META ................................................................................................................... 157 
REFERÊNCIAS ................................................................................................................... 164 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
4 
 
 
ESCLARECENDO OS TERMOS ADOTADOS 
 
Os temas abordados neste estudo têm o objetivo de proporcionar informações 
teóricas, práticas e úteis aos profissionais da Educação Física e áreas afins, assim 
como, a sociedade e a aqueles que se interessam por pessoas que apresentam algum 
tipo de deficiência. 
Antes de tecer qualquer comentário sobre a Educação Física Adaptada é 
preciso, como responsável pela explanação, assumir determinadas posturas e 
vocabulários que se tornarão, a partir deste momento, frequentes em nossas 
discussões e leituras. 
Inicialmente esclareço aos leitores que os conteúdos tratados aqui dentro da 
disciplina, denominados Educação Física Adaptada (EFA), vocês encontrarão 
conteúdos semelhantes em disciplinas com denominações diferentes como Atividade 
Motora Adaptada (AMA), Atividades Físicas Adaptadas, (AFA) que, embora possuam 
uma terminologia diferente, desenvolvem estudos e ações práticas para pessoas que 
apresentam algum tipo de deficiência. 
 
 
POSICIONAMENTO DIANTE DAS DEFICIÊNCIAS 
 
A partir deste momento, apropriando-se da palavra deficiência, a qual utilizei 
no parágrafo acima, passo a assumir uma segunda posição bastante polêmica sob o 
ponto de vista de terceiros, porém utilizadas por mim dia a dia, com muita tranquilidade 
e com o pensamento de que ao mencioná-la não estou me referindo a questões 
externas ou visíveis como a aparência, mas a característicaspessoais como todos 
nós possuímos. Assim penso ao me expressar da mesma forma como se estivesse 
me referindo às pessoas altas, baixas e às suas características e suas 
individualidades biológicas. 
Além desse motivo é possível analisar estes termos que foram adotados e 
empregados às pessoas que apresentam algum tipo de deficiência sob outra ótica, 
para esta reflexão recorri a Sassaki (2003) que quanto a esses termos afirma que: 
São considerados corretos em função de certos valores e conceitos vigentes em cada 
sociedade e em cada época. Assim, eles passam a ser incorretos quando esses 
5 
 
valores e conceitos vão sendo substituídos por outros, o que exige o uso de outras 
palavras. (SASSAKI, 2003). 
 
A minha tranquilidade e segurança na adoção e aplicação da palavra 
deficiência, cego, surdo e outras que certamente pela minha vida profissional já foi 
aplicada, deve-se ao contato e convívio com esta população que inicialmente me 
preocupava em usar determinados termos a fim de não passar a impressão de 
sentimentos preconceituosos ou mesmo discriminatórios, e para minha surpresa eles 
mesmos me tranquilizavam dizendo: “Professora, sou cego mesmo não precisa falar 
deficiente visual”. A partir daí percebi que nossos conflitos internos e nossa 
insegurança são maiores que as realmente existentes nesta população, se é que 
existem. 
 
O PORQUÊ DA ATIVIDADE FÍSICA ADAPTADA 
 
 
Atualmente, a Educação Física Adaptada tornou-se um grande desafio frente à 
variedade de deficiências que cresce dia a dia com origens (etiologias) diferentes, ou 
quando se manifestam e ainda são desconhecidas, o que impossibilita a ação e 
intervenção de profissionais como da área de Educação Física. Já não contamos 
apenas com alterações genéticas, ou problemas congênitos, mas, atualmente devido 
a grandes transformações ocorridas no meio ambiente, a situação socioeconômica de 
muitas famílias brasileiras que vivem em condições precárias de higiene e saúde têm 
aumentado progressivamente o número de casos de pessoas que apresentam 
deficiências. 
De acordo com Mauerberg-de-Castro (2007) desde a II Guerra Mundial, em 
torno de 70 mil diferentes sintéticos químicos foram desenvolvidos para uso em 
alimentos, cosméticos, fertilizantes, pesticidas e outros produtos. Atualmente, mais de 
mil novas substâncias são desenvolvidas anualmente. Estas substâncias estão em 
contato com a população por meios diretos e indiretos, com e sem controle de seus 
efeitos sobre o organismo das pessoas. O que sabemos e estamos acompanhando é 
que o número de patologias atualmente existentes na sociedade é alarmante, e ao 
mesmo tempo em que nos assusta pelo avanço quantitativo e qualitativo, pela 
diversidade que elas vêm se apresentando, novos estudos e pesquisas surgem por 
6 
 
parte de profissionais da área da saúde que buscam caminhos por meio de 
orientações, medicamentos, intervenções e a prática de atividades físicas, a fim de 
que garantir a esta população uma melhor condição de saúde e qualidade de vida. 
 
INCIDÊNCIA DAS DEFICIÊNCIAS NO BRASIL 
 
 
Após a promulgação da Lei n.7.853/89 que trouxe a obrigatoriedade para que 
fossem incluídas em censos nacionais as questões relativas às pessoas que 
apresentam deficiências, em 1991 o Brasil passou a contar com mais informações 
sobre os deficientes por meio do Censo Demográfico, cujos resultados apresentaram 
cerca de 1,7 milhões de pessoas com algum tipo de deficiência vivendo em nosso 
país, um valor equivalente a 1,14% da população total. 
Em 2000, no novo Censo Demográfico o quadro já se apresentou diferente e 
com valores numericamente maiores que saltaram para a casa dos 24,6 milhões de 
pessoas que se declararam com algum tipo de deficiência, cuja representação 
também passou a ser 14,5% da população total distribuídas da seguinte forma: 19,8 
milhões na zona urbana e 4,8 milhões na zona rural. 
Embora possa se notar um aumento de 14,5% de pessoas que apresentam 
alguma deficiência entre o Censo demográfico de 1991 e 2000, algumas 
considerações devem ser levantadas como mudanças nas questões do Censo de 
2000 que permitiu agrupar a este valor (14,5%) uma maior variedade de tipos de 
deficiência, a questão da incapacidade que incluiu a população idosa nesse segmento 
que apresenta dificuldades em função do processo de envelhecimento. 
Agora que já conseguimos ter uma ideia do contingente populacional que 
apresenta deficiência no cenário nacional, resta-nos conhecer qual a prevalência de 
cada tipo de deficiência dentro dele. 
Dos 24,6 milhões de deficientes existentes no Brasil, 48,1% corresponde a 
deficiência visual; 27% a deficiência física ou motora; 16,7% a deficiência auditiva e 
8,3% a deficiência mental (Censo, 2000). 
É importante esclarecer ao leitor que esta classificação em tipos de deficiência 
na prática não é funcional e nem sempre representa a realidade em que trabalhamos 
ou vivemos. Esta colocação torna-se significativa quando nos deparamos com 
pessoas que apresentam múltiplas deficiências, como, por exemplo, não possui uma 
7 
 
perna e é cego. Dentro deste exemplo classificaríamos como? Deficiente físico ou 
visual? Ou os dois? 
Porém no momento esta não é uma questão importante para este estudo e nem 
traçada como objetivo para ele, e somente foi levantada para esclarecer ao leitor que 
para efeitos didáticos e de organização textual esta classificação das deficiências em 
visual, física ou motora, auditiva e mental será adotada, e dentro de cada uma delas, 
quando for necessária, outra deficiência relacionada à classificação que no momento 
estiver sendo discutida será elucidada. 
Como estamos começando a organizar os nossos estudos, é importante a partir 
deste momento, explicar como será estruturado o conteúdo sobre cada tipo de 
deficiência. Inicialmente, destacarei os períodos históricos (1) mais importantes de 
cada uma delas, a partir disto à evolução conceitual (2), para depois apresentá-las 
dentro do contexto educacional (3), esportivo (4) e da saúde e qualidade de vida (5) 
desta população. 
 
DEFICIÊNCIA VISUAL (DV) 
 
 
 
 
CONCEITO E CLASSIFICAÇÃO DA DV 
 
8 
 
 A Organização Mundial de Saúde (OMS) estima em mais de 1,5 milhões o 
número de cegos no mundo. No Brasil este número chega a mais de 825.000 cegos, 
ou seja, perto de 7% da população brasileira possui algum tipo de deficiência visual. 
EmMato Grosso do Sul, temos um total geral de homens e mulheres com deficiência 
visual equivalente a 198. 358 (UBC-União Brasileira de Cegos). 
A deficiência visual é caracterizada pela perda parcial ou total da capacidade 
visual, em ambos os olhos, levando o indivíduo a uma limitação em seu desempenho 
habitual. Ela pode ser congênita ou adquirida. Congênita é quando a criança nasce 
sem resíduos de visão, ou mesmo perde a visão até os três anos de idade. Até essa 
idade, a criança ainda não grava imagens e não forma conceitos. A partir daí, porém, 
a cegueira é adquirida (MOSQUERA, 2000, p. 27). 
 
FIGURA – ÓCULOS PARA ALUNOS 
 
<http://www.usp.br/agen/bols/2000/rede554.htm> 
 
Então, quer dizer que se utilizo óculos porque sem ele me sinto limitada em 
desempenhar determinadas funções dependendo exclusivamente dele para me sentir 
independente, posso ser considerada como deficiente visual? 
Sim ou não como resposta não altera a minha condição ou situação visual, mas 
certamente altera a maneira como as pessoas me “veem” ou passarão a me “ver”, se 
assim eu for classificada. 
Fizemos a discussão de um item da definição, mas outros pontos ainda podem 
ser discutidos e algumas questões levantadas. Por exemplo, como chamarmos uma 
pessoa que não possui um olho, e o outro que possui enxerga perfeitamente? Para 
alguns autores, neste caso a pessoa não é considerada deficiente visual porque no 
único olho ele não apresenta perda parcial nem total e do outro lado, vamos dizer 
assim,não possui, nenhum órgão da visão. 
9 
 
No entanto, entendermos que as pessoas que apresentam perda parcial da 
visão e as pessoas que apresentam perda total da visão, assim como o momento e a 
origem destas perdas, torna-se importante para o entendimento de determinados 
comportamentos e ações que poderão estar impedindo esta pessoa de (con) viver 
melhor consigo e com as pessoas que o cercam. 
Estas relações são estabelecidas no ambiente escolar, esportivo, no trabalho, 
com os amigos e com a família. Para nossos estudos nos restringiremos a três 
ambientes conforme traçado inicialmente no objetivo, que são: escolar, esportivo e da 
saúde. 
INCIDÊNCIA DE DEFICIENCIA NO BRASIL 
FONTE: IBGE, Censo, 1920. 
 
 
HISTÓRIA DA DV NO BRASIL 
 
 É necessário apresentar um pouco de história para entendermos como os 
deficientes visuais foram atendidos no Brasil primeiramente e quais as questões que 
envolviam este atendimento. A partir deste breve histórico chegaremos a atual 
situação do DV nas escolas. 
No Censo Demográfico de 1920, já apareciam dados de indivíduos que 
apresentavam deficiência sensorial, os chamados na época como “cegos” e “surdos-
mudos” as pessoas com deficiência visual e auditiva. O quadro abaixo representa a 
incidência destas deficiências. 
 
 
10 
 
Segundo Jannuzzi (2004), em meados do século XIX teve início a educação 
para crianças com deficiência visual, predominantemente institucional e vinculada à 
área médica. No final deste mesmo século, é criada no Brasil uma instituição 
governamental direcionada para o atendimento educacional de pessoas cegas 
conhecido como Instituto Imperial dos Meninos Cegos hoje, atual Instituto Benjamin 
Constant. 
O Instituto Benjamin Constant foi criado a partir da iniciada de José Álvares de 
Azevedo, jovem cego descendente de família abastada e que, ainda menino e a 
conselho do Dr. Maximiliano Antônio de Lemos, amigo de um tio seu, fora mandado 
estudar em Paris, no Instituto Imperial dos Jovens Cegos, idealizado por Valentin 
Hauy e que também servira de escola a Louis Braille, onde, aliás, desenvolveu o 
Sistema Braille. Regressando da França em 1852, após ter permanecido por oito 
anos, lançou-se à luta pela educação de seus compatriotas, ora escrevendo artigos 
em jornais, ora ministrando aulas particulares dos conhecimentos lá adquiridos. 
Foi na condição de professor que se tornou amigo do Dr. José Francisco Xavier 
Sigaud, francês naturalizado brasileiro e médico da Imperial Câmara, cuja filha cega, 
Adéle Marie Louise Sigaud, veio a ensinar o sistema Braille trazido da França. 
Encantado com tal técnica, resolveu criar uma instituição, aprovada pelo império de 
Dom Pedro II, que, ao ser fundado, teve o nome de Instituto dos Meninos Cegos, e 
logo depois Dr. Benjamin Constant Botelho de Magalhães que lecionou muitos anos 
no instituto. 
A preocupação com a Educação Física para alunos cegos, segundo 
informações colhidas junto a professores cegos aposentados do Instituto Benjamins 
Constant, já existia nesta Instituição desde a primeira década do século. A atividade 
física era orientada por um instrutor, funcionário da Instituição, que ocupava o cargo 
de “Mestre de Ginástica”. 
Em 1931, houve uma demonstração especial de ginástica calistênica, por 
alunos cegos do IBC, treinados pelo Tenente Bonorino, do 3º Regimento de Infantaria, 
situado na Urca, já utilizando o uniforme de ginástica. Essa demonstração especial 
realizou-se na Fortaleza de São João, por ocasião de uma visita do General Leite de 
Castro, Primeiro Ministro da Guerra, do Governo do Presidente Getúlio Vargas. A 
prática da ginástica calistênica prevaleceu para os alunos do IBC até 1937, época em 
que se deu o fechamento da Instituição, para obras. 
11 
 
Mais tarde com a abertura do IBC em 1944 e o reinício de suas atividades 
escolares têm-se notícias de uma mudança de orientação na prática da Educação 
Física para alunos cegos. A partir dessa época a Educação Física foi considerada 
fator importantíssimo no processo educacional dos alunos cegos, no que diz respeito 
a problemas de postura, equilíbrio, marcha, recreação, integração e socialização. 
Essa valorização deu-se, por meio da contribuição e orientação de professores de 
Educação Física diplomados pela Escola Nacional de Educação Física, que 
começaram as primeiras experiências com alunos cegos do Instituto Benjamim 
Constant. A partir de 1946, professores de Educação Física em caráter interino, 
passaram a exercer as suas funções dando aulas a alunos cegos no IBC. 
Em 1947, seis professores aprovados em Concurso Públicos desenvolveram 
um trabalho para melhorar a orientação da Educação Física a alunos cegos, contando 
com equipamentos modernos adquiridos na época. A partir de então, práticas como 
atletismo, ginástica rítmica, luta livre e recreação, começaram a ser introduzidas no 
processo educacional das pessoas cegas, conforme informações colhidas entre 
professores e funcionários do IBC (BARUKI et. al, 2007). 
A partir da criação do IBC, ex-alunos do Instituto com o auxílio de pessoas 
influentes na sociedade foram responsáveis pela criação de outras organizações 
responsáveis pela formação e orientação para o trabalho e educação para cegos. 
E hoje nas escolas como se encontram os alunos DV? Estão presentes nas 
aulas de Educação Física? 
É importante inicialmente sabermos que a partir da educação especial no final 
do século XVIII e início do século XIX, quando houve a institucionalização 
especializada dos indivíduos em condição de deficiência e a preocupação da 
sociedade em prestar apoio aos deficientes, mas, o que acabou ocorrendo foi à 
segregação destes. Porém no século XX ocorreu a expansão da escolarização básica 
e consequentemente o aumento dessa população nas escolas. (SILVA et.al,2008) 
Para tanto, foram necessárias algumas alterações para que o aluno DV fosse 
recebido no ambiente escolar, tanto o cego como a pessoa com baixa visão. 
 
QUEM É O DEFICIENTE VISUAL? E O CEGO? 
 
 
 
12 
 
 
 FIGURA – PESONAGEM DE INCLUSÃO 
 
<http://johannaterapeutaocupacional.blogspot.com.br/2011/07/os-
personagens-de-inclusao-da-turma-da.html> 
 
Pessoa que apresenta baixa visão é aquela que possui dificuldade em 
desempenhar tarefas visuais, mesmo com prescrição de lentes corretivas, mas que 
pode aprimorar sua capacidade de realizar tais tarefas com a utilização de estratégias 
visuais compensatórias, outros recursos e modificações ambientais. Os recursos para 
baixa visão partem do princípio de que a imagem deve ser ampliada. Sendo assim, 
eles são divididos em três grupos de acordo com Bonatti (2005): 
 
a) Para perto: lupas manuais, lupas de apoio, óculos com adições 
especiais; 
b) Para longe: os sistemas telescópicos que são esteticamente 
apresentáveis e tem um custo elevado, além de reduzirem o campo visual; 
c) Sistemas de videomagnificação: usados para a ampliação da imagem 
projetada por meio da tela da televisão. 
 
Não podemos atualmente desconsiderar e deixar de mencionar os esforços e 
estudos efetuados na área da deficiência visual, no que diz respeito aos avanços 
tecnológicos como as novas metodologias de ensino, que oportunizam o aprendizado 
e acesso a estas pessoas as escolas e outros ambientes, sobretudo permitindo-lhes 
uma condição de vida mais independente. Para isso, recorri aos estudos de Bonatti 
13 
 
(2005) que em seu trabalho intitulado “Desenvolvimento de equipamento de auxílio a 
visão subnormal”, percebeu o quanto poderia ser cansativo para um DV segurar a 
lupa o tempo todo em uma mão durante sua leitura, em que o foco também deve ser 
ajustado constantemente. Seu estudo teve como produto final à elaboração de um 
protótipo para utilização com a lupa conforme figura abaixo: 
 
FIGURA– EQUIPAMENTO DE AUXÍLIO A VISÃO SUBNORMAL 
 
 
Lendo este trabalho uma questão me deixa intrigada, quandopenso no DV que 
utiliza este recurso diariamente. Será que ele não se sente desestimulado nas aulas 
algumas vezes pelo cansaço? Não sei, mas, considerando que o conhecimento é 
importante e para evitar o desestímulo devem ser utilizados diversos recursos 
pedagógicos a fim de proporcionar ao aluno uma aprendizagem prazerosa e 
significativa. 
A pessoa é considerada cega quando a perda que ela apresenta vai desde a 
percepção luminosa até a ausência total de visão. Geralmente essas pessoas 
desenvolvem os outros órgãos dos sentidos como a audição, olfato, paladar e o tato 
para auxiliarem no seu desenvolvimento global, e que denominamos de “sentidos 
remanescentes”, importantes e utilizados para locomoção, orientação, 
reconhecimento, percepção dos espaços e pessoas meio pelos quais os DV, 
constroem seu mapa mental utilizando como ferramenta esses canais que são os 
outros sentidos já que não podem contar com a visão. Diferente da pessoa com baixa 
visão, a pessoa cega necessita utilizar o sistema Braille para a comunicação da 
escrita. 
14 
 
A simples utilização de óculos ou lentes de contato não é suficiente para 
caracterizar a deficiência visual, pois a prescrição de correção óptica adequada pode 
conferir ao indivíduo uma condição visual ideal. 
Se um indivíduo perder a visão de um dos olhos, mas o outro olho tiver uma 
visão normal, este não é considerado deficiente visual, pois para isso são necessários 
que tenha comprometimento em ambos os olhos. A terminologia para se referir à 
pessoa que apresenta deficiência visual tem sido alvo de intermináveis discussões: 
deficiente visual, cego, portador de deficiência visual, pessoa com baixa visão, 
portador de visão subnormal. Estes são alguns dos termos frequentemente 
encontrados na literatura sobre deficiência visual. 
Há várias classificações para a deficiência visual, que variam conforme as 
limitações e os fins a que se destinam. Apesar das pessoas com deficiência visual 
possuírem em comum o comprometimento do órgão da visão, as alterações 
estruturais e anatômicas promovem modificações que resultam em níveis 
diferenciados nas funções visuais, que interferem de forma diferenciada no 
desempenho de cada indivíduo. Sendo assim, torna-se necessária à existência de 
classificações, que de acordo com as necessidades e particularidades apresentadas 
pelo deficiente visual, possibilite-os ter uma participação ativa no meio educacional, 
esportivo e social. Na literatura, a classificação da deficiência visual baseia-se em 
alguns parâmetros como: Legais, para efeito de elegibilidade em programas de 
assistência e obtenção de recursos junto à previdência social; clínicos, para 
diagnóstico, tratamento e acompanhamento médico especializado; educacionais, 
relacionados aos recursos necessários para o processo ensinoaprendizagem; 
Esportivos, como critério de divisão em diferentes categorias para competições e 
eventos esportivos. 
A Organização Mundial da Saúde (OMS) sugeriu a classificação das 
deficiências visuais baseada na Acuidade Visual e no Campo Visual. 
 
a) Acuidade visual: pode ser definida como a capacidade de distinguir 
detalhes. Esta é tomada a partir da relação entre o tamanho do objeto e a distância 
onde está situado. O procedimento básico de avaliação da acuidade visual envolve a 
apresentação de uma sequência de estímulos padronizados progressivamente 
menores, a partir de distâncias também padronizadas. O resultado é baseado na 
relação entre os valores distância/tamanho, podendo ser representado por diferentes 
15 
 
escalas. A avaliação é feita utilizando a escala de Snellen (MEY e ALMEIDA, apud in 
GORGATTI E COSTA, 2005, p. 33). 
 
b) Campo visual: a função macular (visão central) é determinada pela 
acuidade visual (AV). O restante da retina (visão periférica) determina o "campo 
visual". Quando fixamos um ponto, fixamos com a mácula, mas cada olho poderá ver 
em torno desse ponto de fixação uma área ampla, determinada "campo visual" 
(FUNDAÇÃO HILTON ROCHA, 1987, p.36). 
 
De acordo com as classificações para o nosso estudo vamos enfatizar as 
seguintes: 
 
1a. Classificação educacional 
• Enfatiza os efeitos da limitação visual sobre a habilidade crítica da 
leitura; 
• O instrumento padrão usual é a Escala de Snellen; 
• Pessoa Cega: é aquela que possui perda total ou resídua mínimo de 
visão, necessitando do método Braille como meio de leitura e escrita e/ou outros 
métodos, recursos didáticos e equipamentos especiais para o processo ensino-
aprendizagem. 
• Pessoa com baixa visão: é aquela que possui resíduos visuais em grau 
que permitam ler textos impressos à tinta, desde que se empreguem recursos 
didáticos e equipamentos especiais, excluindo as deficiências facilmente corrigidas 
pelo uso adequado de lentes (BRASIL. Ministério da Educação e do Desporto, 1993). 
 
2a.Classificação esportiva 
 
FIGURA – VELOCISTA ADRIA ROCHA SANTOS ESPECIALISTA NOS 100, 
200 E 400 METROS. 
16 
 
 
www.percepcoes.org.br 
 
A classificação esportiva é utilizada nas competições e é especificada pela 
InternationalBlind Sport Association (2005). 
 
• B1: Ausência total da percepção da luz em ambos os olhos, ou alguma 
percepção da luz, mas com incapacidade para reconhecer a forma de uma mão em 
qualquer distância ou sentido. 
 
• B2: Da habilidade de reconhecer a forma de uma mão até uma acuidade 
visual de 2/60 metros e/ou um campo visual inferior a 5º de amplitude. 
 
• B3:Desde uma acuidade visual superior a 2/60 metros até 6/60 metros 
e/ou um campo visual de mais de 5º e menos de 20º de amplitude. 
Todas as classificações devem ser feitas medindo o melhor olho e a correção 
mais elevada possível. Isto significa que todos os atletas que usam lentes de contato 
ou vidros devem corrigir normalmente durante a classificação, se pretenderem ou não 
as usar durante a competição. 
A letra "B" refere-se ao termoblind, que significa cego, segundo a 
InternationalBlind Sport Association (2005). 
17 
 
 
ATIVIDADE FÍSICA E DV 
 
O corpo com deficiência movimenta-se assim como qualquer outro corpo. O 
que muitas pessoas pensam, de forma equivocada, é que o deficiente visual não pode 
realizar nada sem ter ajuda de outra pessoa, ou seja, ele não tem a capacidade de 
vivenciar e experimentar uma atividade motora ou o esporte de maneira independente. 
As atividades motoras, principalmente o esporte acontece de forma positiva e 
relevante para essas pessoas, trazendo os mais diversificados benefícios como: 
locomoção, equilíbrio, noção espacial, conscientização corporal, agilidade, amplitude 
dos movimentos em geral, maior integração com outros indivíduos, melhora da 
autoestima, e da autoconfiança. As atividades físicas podem contribuir nas perdas ou 
defasagens motoras e afetivas provocadas pela ausência da visão, comumente 
encontradas no deficiente visual, que precisam ser trabalhadas para pelo menos não 
serem acentuadas. 
Se analisarmos e conhecermos as características comuns dos DV será mais 
fácil entendermos, assim como elaborarmos um plano de atividades que vão de 
encontro as suas necessidades. Então vejamos quais são estas características que 
se apresentam com frequência em uma pessoa com DV: 
 
• Mobilidade prejudicada; 
• Equilíbrio falho; 
• Esquema corporal e cinestésico não internalizados; 
• Locomoção dependente; 
• Postura defeituosa; 
• Expressão corporal e facial muito raras; 
• Coordenação motora bastante prejudicada; 
• Lateralidade e direcionalidade não estabelecidas; 
• Inibição voluntária não controlada; 
• Falta de resistência física; 
• Tônus muscular inadequado; 
• Falta de autoiniciativa para ação motora. 
 
18 
 
As pessoas cegas, em geral as crianças, apresentam desenvolvimento inferior 
nas áreas motora, cognitiva e afetivo-social. O potencial mental delas não é diminuído 
pela cegueira. Pode ser diminuídopelas limitações impostas por seu déficit sensorial. 
A audição fornece pistas quanto à direção e distância dos objetos que produzem sons, 
mas não traz uma ideia dos objetos como tal. Quando utilizam o tato constroem o 
conceito dos objetos por partes, conforme passam os dedos e mãos sobre eles, 
construindo assim primeiramente sua aprendizagem de partes específicas para formar 
o todo, o completo. Geralmente nas crianças videntes o primeiro contato com os 
objetos a visão oferece uma informação do todo (caminho inverso), posteriormente 
ela passa a percepção das partes. As figuras abaixo representam as duas formas de 
aprendizado por uma criança cega e por uma criança vidente. 
 
FIGURA - USO DO TATO 
 
FIGURA - USO DA VISÃO 
19 
 
 
 
A família, muitas vezes, com cuidados excessivos, na intenção de proteger a 
criança cega acaba sem perceber prejudicando seu desenvolvimento motor geral. A 
relação da criança cega com o meio é fundamental para o seu desenvolvimento em 
todos os aspectos, e quanto menos ela interagir fisicamente no ambiente, menos 
oportunidades ela tem de formar conceitos básicos, menos ela relaciona-se com as 
pessoas e mais ela se fecha dentro do seu mundo particular e restrito pela falta de 
informações visuais. Sem dúvida a educação física é um importante aliado na 
interação social, no incremento das funções da inteligência e principalmente no 
desenvolvimento das condições motoras dos indivíduos cegos. Por meio de atividades 
lúdicas, podemos alcançar os 3 domínios e melhorar a qualidade de vida dessas 
pessoas. As defasagens no desenvolvimento geral da criança cega, que se 
apresentam como estatisticamente relevantes, são mais acentuadas na área motora. 
(PEREIRA SOUZA, 2007). 
A Educação Física Adaptada para o DV tendo como ponto de partida o 
conhecimento, o controle e domínio do corpo, utiliza o movimento como estratégia e 
enfatiza: 
 
1. A diminuição da limitação motora; 
2. Desenvolvimento da autoconfiança, autoestima, colaboração e 
coparticipação; 
20 
 
3. Ampliação das possibilidades de formação de conceitos por meio da 
exploração dos ambientes e das situações de aprendizagem. Formação de imagens 
e esquema corporal (internalização). 
4. A superação de situações-problema por meio da descoberta do corpo e 
do movimento. 
 
 
FIGURA– BRINCADEIRA “CABRA CEGA” 
 
 
Conversamos até agora sobre as atividades físicas e a sua relação com o 
desenvolvimento motor, cognitivo, social e afetivo do DV, mas na prática como isso 
se efetiva? 
Vimos também que podemos proporcionar-lhes estas aprendizagens de formas 
mais variadas e diferenciadas possível, pois a Educação Física nos oferece um 
contexto imenso e diversificado por meio de jogos, esportes, danças, atividades 
rítmicas etc. 
Chegamos ao momento de colocarmos algumas atividades que possam ilustrar 
e incentivá-los a criação de outras. As atividades que serão aqui registradas tratam-
se de exercícios elaborados por acadêmicos de Educação Física quando trabalhamos 
juntos na disciplina Educação Física Adaptada. 
 
Atividade 01: Lateralidade, confiança no grupo. 
 
• Em colunas os alunos deverão segurar no ombro dos colegas e 
caminhando pelo espaço, sob o comando do professor (direita, esquerda, um salto, 
21 
 
para trás etc.) deverão realizar os movimentos solicitados ao mesmo tempo e trocados 
constantemente. A coluna que fizer as mudanças em conjunto será o grupo vencedor. 
 
 
Atividade 02: Expressão corporal. 
 
• Os alunos em duplas sentados um de frente para o outro em círculo. 
Primeiramente os que estão sentados na parte interna do círculo farão expressões 
com a face “cara e bocas” (sorrindo, bravo, triste, chorando) e o colega a sua frente 
tentará descobrir o que seu parceiro está expressando no momento. 
 
• Variação: aluno em pé brincando de estátua ou imitando um animal e o 
colega da frente por meio do tato tentará adivinhar a imitação. 
OBS: O DV não se utilizando deste sentido deixa de utilizar também as suas 
expressões faciais e não se manifesta por meio dela seus sentimentos. A posição da 
cabeça fica baixa e seu corpo comunica-se do tronco para baixo timidamente. Este 
exercício é importante a partir do momento que lhe mostra que a ausência da visão 
não lhe tira os demais sentidos nem o movimento dos músculos e comunicações que 
estes transmitem por meio da face. 
 
Atividade 03: Caminhar sobre a corda. 
 
• Caminhar sobre a corda estendida no chão, descalços, passando uma 
perna à frente da outra, com os braços na linha dos ombros. 
• Associar a este exercício uma parada no meio da corda para a realização 
de uma posição estática (avião, apoio sobre um pé). 
• Caminhar sobre o Banco Sueco. 
OBS: É importante que durante a realização destes exercícios a postura do DV 
seja orientada com a cabeça reta, não para baixo, com o “olhar” para frente. 
 
Atividade 04: Telefone sem fio com o corpo. 
 
• O primeiro aluno de cada grupo fará certo movimento em que o segundo 
aluno do seu grupo segurando no seu ombro tentará entendê-lo e realizá-lo para o 
22 
 
seguinte e assim sucessivamente. Ao chegar ao último aluno ele realizará o 
movimento para o primeiro que iniciou e criou o movimento a fim de que ele possa 
senti-lo e perceber se foi mudado ou não. 
 
Outras atividades propostas por autores da área da Educação Física Adaptada: 
 
FIGURA - CRIANÇA CEGA GUIADA POR CORDA 
 
FONTE: Mauerberg-de-Castro, 2005. 
 
GRUPO DE CRIANÇAS E ADULTOS CEGOS DURANTE UM PROGRAMA DE 
NAVEGAÇÃO EM AMBIENTES NATURAIS 
 
FONTE: Mauerberg-de-Castro, 2005. 
 
23 
 
 
FIGURA -ATIVIDADES LÚDICAS ENTRE PARES 
 
FONTE: Atividades Lúdicas entre Pares (MEC, 2001). 
 
ATIVIDADES GRUPAIS 
 
FONTE: Atividades Grupais (MEC, 2001). 
 
O professor de Educação Física em suas aulas não deve colocar o DV nas 
atividades como “cone humano”, mesário ou juiz porque nestas funções ele não está 
adicionando ao seu desenvolvimento. Quanto às perguntas recomenda-se começar 
na “O que você consegue enxergar?” e não “quanto você consegue enxergar?” 
24 
 
Porque para ele esta medida deverá ter um referencial que ele não tem condições de 
definir pelo fato de não enxergar. 
Na maioria das deficiências visuais, a iluminação forte potencializa a visão. No 
caso do albinismo e o glaucoma a claridade é um problema. 
Existe alguma atividade física contraindicada? 
Existem, mas para isso é preciso obter algumas informações como: 
• A causa da cegueira; 
• Pessoas com cegueira total há poucas contra-indicações; 
• Restrição com as que possuem baixa visão; 
• Pessoas com Deslocamento de retina não podem sacudir a cabeça, 
esporte de contato, mergulho e natação. 
• Glaucoma: não podem ficar em posição de apoio invertido (cabeça para 
baixo) e natação em submersão. 
Glaucoma: O glaucoma é uma doença causada pela lesão do nervo óptico 
relacionada à pressão ocular alta. (IBC, 2005). 
 
FIGURA – NERVO ÓPTICO 
 
<www.hojf.com.br> 
 
FIGURA - OLHO COM GLAUCOMA 
25 
 
 
www.hojf.com.br 
 
Conversar com o DV e mediante a conversa fazer algumas perguntas como: 
Quais são as atividades que você gosta? 
Como você gosta de correr? Com um guia? Com cabo-guia? Sozinho? 
Recomendações para que o aluno se movimente com independência nas aulas 
de Educação Física é preciso que inicialmente: 
 
• Reconhecer o local quantas vezes for necessário. 
• Deixar os materiais existentes no local sempre na mesma posição. 
• Se os materiais forem mudados deverá ser feito um novo 
reconhecimento do local pelos alunos cegos e ele deverá ser avisado. 
• Deixá-lo sentir no local o vento das portas, janelas e a iluminação para 
que ele possa construir o mapa mental do local. 
 
Durante a prática das atividades físicas: 
 
• Haverá em determinados momentos, necessidades de demonstração de 
algum exercício. Esse deverá ser feitocom ajuda física, tocando o aluno e deixando 
que ele possa tocá-lo. 
• É absolutamente necessário que o professor saiba o nome de seus 
alunos. Além da demonstração de interesse, assume um papel importante na 
segurança do aluno. Eles não poderão responder a expressões acompanhadas de 
gestos do tipo: Ei! Você aí!! Pare!! 
http://www.hojf.com.br/
26 
 
• Uso de dicas específicas ambientais tais como: muretas, muros, odor 
característico, textura do solo e da parede, posição do sol, auxiliarão o DV na sua 
locomoção e formação de mapa mental do ambiente físico. 
• Procure evitar ambientes com muitos estímulos sonoros para as 
atividades com seu grupo. 
• Nunca saia de uma conversa com o seu aluno cego antes de avisá-lo, 
tampouco entre em um grupo sem comunicar a sua chegada. 
• Não tenha melindres em avisar ao seu aluno, sobre qualquer problema 
em seu vestuário. 
 
 
ESPORTE ADAPTADO PARA DV 
 
 O Esporte Adaptado refere-se ao esporte modificado para atender e suprir as 
necessidades especiais dos deficientes. Os programas de esporte adaptados são 
realizados em vários ambientes com objetivos diversos. 
Como segunda parte deste estudo farei agora junto a vocês um levantamento 
dos esportes adaptados praticados pelos DV. Não é intenção deste estudo discutir as 
questões técnicas, táticas e de regras de cada modalidade, mas apenas apresentá-
las a vocês. 
Iniciarei descrevendo a vocês sobre o Goalball, sabem por que? Por que é o 
único esporte para o DV que não é considerado adaptado, pois foi criado 
exclusivamente para eles. Considera-se esporte adaptado aquele cuja regra, material, 
ou mesmo espaço físico e metodologia sofrem alterações para atender determinada 
deficiência. No caso do Goalball isto não aconteceu. Suas regras, matérias, espaços 
já foram criados visando atender os DV. Em que consiste este jogo? Falaremos 
rapidamente sobre ele. 
Em 1946 o austríaco HanzLorenzen e o alemão SettReindle desenvolveram 
uma atividade para ajudar na reabilitação de soldados veteranos que haviam adquirido 
a deficiência visual durante a Segunda Guerra Mundial. Era o goalball. 
Nos Jogos Paraolímpicos de Toronto, em 1976, o esporte foi disputado em 
caráter de exibição e a partir dos Jogos de Arnhem 1980, na Holanda, entrou para o 
programa da competição. As mulheres fizeram sua primeira participação nos Jogos 
27 
 
de Nova York 1984. Em 1978, na Áustria, foi realizado o primeiro Campeonato Mundial 
da modalidade. Atualmente é praticado nos cinco continentes do mundo. 
 
Como é jogado? 
É um esporte coletivo, em que participam duas equipes de três jogadores, com 
no máximo, mais três atletas (reservas). Competem, na mesma classe, atletas 
classificados como B1, B2 e B3, segundo as normas de classificação desportiva da 
InternationalBlind Sports Federation (IBSA), separados nas categorias masculina e 
feminina. 
O desenvolvimento do jogo é baseado no uso da percepção auditiva para a 
detecção da trajetória da bola, que tem guizos, e requer uma boa capacidade de 
orientação espacial do jogador para saber onde está localizada. 
O silêncio no decorrer da partida deve ser absoluto para que os jogadores não 
sejam prejudicados. O principal objetivo é que cada equipe jogue a bola rasteira para 
o campo adversário e marque o maior número de gols em dois tempos de 10 minutos 
jogados. Os três jogadores atacam e defendem. Abaixo as figuras mostram os 
jogadores no momento da defesa e do ataque. 
DEFESA 
 
 
28 
 
 
 
 FIGURA – JUDÔ PARALÍMPICO 
 
www.medalhabrasil.com.br 
 ATAQUE 
 
 
29 
 
 
A arte marcial foi à primeira modalidade de origem asiática a entrar no programa 
Paralímpico. O judô Paralímpico é disputado por atletas cegos ou deficientes visuais. 
Desde a sua entrada no quadro dos Jogos Paralímpicos, na década de 70 já 
se praticava esta modalidade. A estreia, no entanto, foi nas Paraolimpíadas em 1988, 
em Seul, mas nesta época, só lutaram os homens com deficiência visual. E assim foi 
em Barcelona, Atlanta e Sydney. As mulheres só puderam competir nos Jogos 
Paralímpicos de Atenas, em 2004. 
Os atletas lutam pelo ouro seguindo praticamente as mesmas regras da 
Federação Internacional de Judô. A deficiência faz com que os judocas utilizem sua 
sensibilidade por meio do tato e seu equilíbrio. Os únicos três aspectos que diferem o 
judô Paralímpico são: 
• Os atletas já iniciam a luta com a pegada feita; 
• Ocorre a interrupção da luta quando os oponentes perdem o contato; 
• Não há punições para quem sai da área de combate. 
 
Judocas das três categorias oftalmológicas, B1 (cego), B2 (percepção de vulto) 
e B3 (definição de imagem) lutam entre si. O atleta cego (B1) é identificado com um 
círculo vermelho em cada ombro do quimono. 
 
JUDÔ PARALÍMPICO 
 
www.cpb.org.br 
30 
 
30 
 
 
Em Seul (1988), Jaime de Oliveira (categoria até 60 kg), Júlio Silva (até 65 kg) 
e Leonel Cunha (acima de 95 kg) conquistaram a medalha de bronze. Com esses 
resultados, o judô passou a ser a quarta modalidade brasileira a subir no pódio 
Paralímpico. Atlanta (1996) teve um significado especial: o Brasil conquistou pela 
primeira vez a medalha de ouro com o judoca Antônio Tenório da Silva, na categoria 
até 86 kg. Em Sydney, Tenório foi novamente campeão 
Paralímpico, desta vez na categoria até 90 kg. As mulheres não ficam atrás. 
Karla Cardoso (até 48 kg) conquistou no Mundial da IBSA, em 2003, a vaga de Atenas. 
Danielle Bernardes (até 57 kg) ganhou o bronze e também carimbou seu passaporte 
para a Grécia. Em Atenas os brasileiros brilharam mais uma vez, com a medalha de 
ouro de Antônio Tenório (até 100 kg), a prata de Eduardo Amaral (até 73 Kg), a prata 
de Karla Cardoso (até 48 kg) e o bronze de Daniele Silva (até 57 kg). 
 
Classificação Funcional 
Nesta modalidade os atletas deficientes visuais das classes B1, B2 e B3, 
competem juntos, ou seja, do atleta completamente cego até os que possuem 
acuidade visual parcial. 
• B1 – Cego total: de nenhuma percepção luminosa em ambos os olhos 
até a percepção de luz, mas com incapacidade de reconhecer o formato de uma mão 
a qualquer distância ou direção. 
• B2 – Lutadores que já têm a percepção de vultos. Da capacidade em 
reconhecer a forma de uma mão até a acuidade visual de 2/60 ou campo visual inferior 
a 5 graus. 
• B3 – Os lutadores conseguem definir imagens. Acuidade visual de 2/60 
a 6/60 ou campo visual entre 5 e 20 graus. 
 
KARLA CARDOSO CATEGORIA ATÉ 48 KG 
31 
 
 
www.cpb.org.br 
 
Considerações: 
Todos os atletas classificados como B1 deverão ter um círculo vermelho com 7 
cm de diâmetro costurado na parte externa de ambas as mangas. O centro do círculo 
deverá ser posicionado a cerca de 15 cm do ombro. Isto é necessário para que os 
juízes apliquem as regras específicas. 
Quando um participante também for surdo, um pequeno círculo azul com 7cm 
de diâmetro deverá ser colocado nas costas do judogi, na parte superior direita da 
gola. Isto é necessário para que os juízes apliquem as regras específicas. 
32 
 
Todas as classificações serão baseadas em ambos os olhos, com a ajuda das 
melhores lentes corretivas, ou seja, todos os atletas que usam lentes de contato ou 
óculos devem utilizá-los durante o teste (se forem usá-los durante a competição). 
 
COMPETIÇÕES INDIVIDUAIS – MASCULINAS E FEMININAS 
Regras Internacionais de Judô Publicadas pelo Subcomitê de Judô da 
IBSA 
 
Paralimpíada e Campeonatos Mundiais 
1. Cada país pode inscrever um participante por categoria de peso; 
2. Os grupos visuais B1, B2 e B3 competirão juntos; 
3. A duração de cada luta é de: 
Masculina – 5 minutos – tempo efetivo de luta; 
Feminina – 5 minutos – tempo efetivo de luta. 
4. Cada participante tem direito a um intervalo de 10 minutos entre cada 
luta. 
5. Dependendo do número de participantes inscritos em uma determinada 
categoria de peso, se aplicamas seguintes regras: 
• Se forem inscritos mais de 6 participantes em uma única categoria de 
peso, serão necessárias duas repescagens; 
• Se forem inscritos até 6participantes em uma única categoria de peso, 
será necessária somente uma repescagem; 
• Se forem inscritos 4 a 5 participantes em uma única categoria de peso, 
o sistema olímpico será usado; 
• Se forem inscritos até 3 participantes, o título Paralímpico ou mundial 
não será concedido. 
 
Campeonatos Regionais Individuais 
1. Cada país pode inscrever dois participantes por categoria de peso; 
2. Os grupos visuais B1, B2 e B3 competirão juntos; 
3. A duração de cada luta é de: 
• Masculina – 5 minutos – tempo efetivo de luta; 
• Feminina – 5 minutos – tempo efetivo de luta; 
 
33 
 
4. Cada participante tem direito a um intervalo de 10 minutos entre cada 
luta. 
5. Dependendo do número de participantes inscritos em uma determinada 
categoria de peso, se aplicam as seguintes regras: 
• Se forem inscritos mais de 6 participantes em uma única categoria de 
peso, serão necessárias duas repescagens. 
• Se forem inscritos até 6 participantes em uma única categoria de peso, 
será necessária somente uma repescagem. 
• Se forem inscritos 4 a 5 participantes em uma única categoria de peso, 
o sistema olímpico será usado. 
• Se forem inscritos até 3 participantes, o título regional não será 
concedido. 
 
Torneios Individuais Internacionais 
1. O número de inscrições por categoria de peso será estabelecido pelo 
organizador do evento. 
2. A duração e o sistema de luta serão estabelecidos pelas regras do 
torneio; 
3. O árbitro deve ser informado sobre a duração da luta antes de subir ao 
tatame; 
4. Dependendo do número de participantes inscritos em uma determinada 
categoria de peso, se aplicam as seguintes regras: 
• Se forem inscritos mais de 6 participantes em uma única categoria de 
peso, serão necessárias duas repescagens. 
• Se forem inscritos até 6 participantes em uma única categoria de peso, 
será necessária somente uma repescagem. 
• Se forem inscritos 3 a 5 participantes em uma única categoria de peso, 
o sistema olímpico será usado. 
 
A – COMPETIÇÕES MASCULINAS POR EQUIPE: 
Campeonatos Mundiais e Regionais 
1. Cada país pode inscrever uma única equipe representante, composta 
pelas seguintes categorias de peso: 
Até 66 kg; até 90 kg; 
34 
 
Até 73 kg; acima de 90 kg; 
Até 81 kg; 
2. Os países participantes podem inscrever dois atletas por categoria de 
peso; 
3. A equipe deve ter pelo menos 3 categorias de peso para ser admitida na 
competição; 
4. Os atletas podem competir na categoria de peso imediatamente acima 
da sua, entretanto isto deve ser comunicado antes da entrega da ficha com a 
escalação da equipe, dez minutos antes de cada “luta”. 
5. Os mesmos atletas podem retornar à sua categoria de peso natural nas 
disputas seguintes. 
Após ser notificada, a composição da equipe não pode ser modificada durante 
a disputa, somente nas disputas seguintes, mas sempre com os atletas que constam 
no relatório de pesagem. 
6. No caso de uma contusão, serão seguidas as regras da IJF. 
7. A equipe com o maior número de vitórias é a vencedora: 
Em caso de igual número de vitórias, a equipe com o maior número de pontos 
de judô é a vencedora; 
Caso a igualdade persista, serão sorteadas três categorias de peso na 
presença dos Chefes de Delegação das equipes, para a realização de três lutas com 
uma decisão por vitória forçada. No sorteio, categorias em que os países não 
inscreveram atletas serão excluídas. 
8. Os grupos visuais B1, B2 e B3 competirão juntos; 
9. Nos casos não previstos nestas regras, serão seguidas as da IJF. 
 
Torneios Internacionais 
1. Cada país pode participar com mais de uma equipe, de acordo com 
decisões dos organizadores. 
2. As regras do Subcomitê de Judô da IBSA e da IJF se aplicam a estes 
tipos de eventos; 
3. Os grupos visuais B1, B2 e B3 competirão juntos. 
 
B – COMPETIÇÕES FEMININAS POR EQUIPE: 
35 
 
Campeonatos Mundiais e Regionais 
1. Cada país pode inscrever uma única equipe representante, composta 
pelas seguintes categorias de peso: 
Até 52 kg; Até 57 kg; Até 63 kg. 
2. Os países participantes podem inscrever dois atletas por categoria de 
peso; 
3. A equipe deve ter pelo menos 2 categorias de peso para ser admitida na 
competição; 
4. As atletas podem competir na categoria de peso imediatamente acima 
da sua, entretanto isto deve ser comunicado antes da entrega da ficha com a 
escalação da equipe, dez minutos antes de cada “luta”. 
5. As mesmas atletas podem retornar à sua categoria de peso natural nas 
disputas seguintes. Após ser notificada, a composição da equipe não pode ser 
modificada durante a disputa, somente nas disputas seguintes, mas sempre com as 
atletas que constam no relatório de pesagem. 
6. No caso de uma contusão, serão seguidas as regras da IJF. 
7. A equipe com o maior número de vitórias é a vencedora: 
Em caso de igual número de vitórias, a equipe com o maior número de pontos 
de judô é a vencedora; 
Caso a igualdade persista, será sorteada uma categoria de peso na presença 
dos Chefes de Delegação das equipes, para a realização de uma luta com uma 
decisão por vitória forçada. No sorteio, categorias em que os países não inscreveram 
atletas serão excluídas. 
8. Os grupos visuais B1, B2 e B3 competirão juntos; 
9. Nos casos não previstos nestas regras, serão seguidas as da IJF. 
 
Torneios Internacionais 
1. Cada país pode participar com mais de uma equipe, de acordo com 
decisões dos organizadores. 
2. As regras do Subcomitê de Judô da IBSA e da IJF se aplicam a estes 
tipos de eventos; 
3. Os grupos visuais B1, B2 e B3 competirão juntos; 
 
 
36 
 
Natação 
 
Na natação foram adaptadas poucas regras para a prática de DV. Elas se 
baseiam nas normas da Federação Internacional de Natação - e as provas disputadas 
são: livre, costas, peito e borboleta, divididas nas classificaçõesB1, B2 e B3, sendo 
que cada uma disputa entre si. Para os nadadores B1 é obrigatório o uso de uma 
venda totalmente opaca. Em 1980 foi introduzido o tapper nas provas para atletas B1 
e B2. 
Sabem o que é o Tapper? 
É um técnico que fica à beira da piscina segurando um bastão com uma bola 
de tênis na ponta, que serve para tocar nas costas do atleta para que ele saiba a hora 
exata da virada. 
 
 
FIGURA – TREINAMENTO COM TAPPER 
 
www.atimais.blogspot.com 
 
Atletismo 
 
O Atletismo para Deficientes Visuais é constituído basicamente por todas as 
provas que compõem as regras oficiais da Federação Internacional de Atletismo - 
I.A.A.F., com exceção das provas de salto com vara, lançamento do martelo, corridas 
com barreira e obstáculos. 
As provas são divididas por classificação B1, B2 e B3 e as regras são 
adaptadas para os atletas B1 e B2. Para esses, é permitido o uso de sinais sonoros e 
37 
 
de um guia, que corre junto com o competidor para orientá-lo. Eles são unidos por 
uma corda presa às mãos e o atleta deve estar sempre à frente. As provas para os 
competidores B3 seguem as mesmas regras do atletismo regular. Ádria Santos é a 
maior medalhista cega da história paralímpica brasileira com 12 medalhas. 
 
FIGURA– CORRIDA COM GUIA 
 
http://portaldoprofessor.mec.gov.br/fichaTecnicaAula.html?aula=16090 
 
FIGURA - SALTO EM DISTÂNCIA COM ORIENTAÇÃO 
 
www.cpb.org.br 
 
38 
 
Futebol 
 
Futebol Para Deficientes Visuais 
 
No Brasil 
O Brasil é uma superpotência no Futebol de 5, como é conhecido o futebol para 
cegos. A modalidade começou a se desenvolver no país nos anos 60, em escolas e 
institutos de cegos, nos intervalos das aulas e não parou mais de crescer. 
A ABDC (Associação Brasileira de Desporto para Cegos) promove 
campeonatos de futebol de 5 desde sua fundação, em 1984. Hoje o Brasil é o país 
com mais equipes no mundo, com 40 times distribuídos por 21 estados.Por isso é 
também a nação que mais realiza competições. 
Conquistamos a medalha de ouro na primeira disputa nos Jogos Paralímpicos 
de Atenas (2004). Dois jogadores da nossa seleção receberam o título de melhores 
jogadores do mundo. São eles: Mizael Conrado e João Batista da Silva. 
(ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE DESPORTOS PARA CEGOS – ABDC/Estatuto). 
Esta modalidade pode ser iniciada na escola, como foi realmente difundida e 
não contava com material adequado como bolas com guiso, no entanto atendia 
perfeitamente os deficientes visuais que jogavam o futebol com uma bola amarrada 
com saco plástico. As que são usadas atualmente em jogos internacionais da IBSA 
(InternationalBlindAssociation Sport) são de fabricação brasileira, confeccionadas por 
presidiários no programa "Pintando a Liberdade" feito pelo Ministério do Esporte. 
Essas bolas são distribuídas gratuitamente pelo mundo todo. 
 
Futebol Para Deficientes Visuais B1 
Para esta classe várias adaptações foram feitas, mas a emoção do jogo foi 
mantida. 
O goleiro é o único jogador que enxerga, mas tem sua área limitada em um 
espaço de 5 x 2 metros. Se ele sair desta marcação, é pênalti. O jogo tem dois tempos 
de 25 minutos e um intervalo de 10 minutos. 
Em cada tempo são permitidas três faltas coletivas. 
A partir da quarta, todas são cobradas na forma de tiro direto. Cada time tem 
um "chamador", pessoa que fica atrás do gol adversário orientando o ataque. O goleiro 
também tem o papel de orientar a defesa. 
39 
 
A cobrança de pênalti e tiro direto tem um ritual específico: o "chamador" bate 
uma pequena barra de ferro nas duas traves para dar ao atleta a dimensão do gol. As 
laterais da quadra são cercadas de bandas, proteções que impedem que a bola saia. 
Isso tornou as partidas mais dinâmicas. Só há cobrança do lateral, com os pés, se a 
bola ultrapassar essas bandas. Caso contrário, o jogo segue normalmente. Os quatro 
jogadores de linha devem usar vendas nos olhos. Alguns jogadores B1 (cegos) têm 
uma leve percepção da luz e isso seria uma vantagem. 
As medidas da quadra são as mesmas do futsal, de 38x18m até 42x22m. As 
regras são as mesmas da FIFA (Federação Internacional de Futebol Associado) com 
adaptações da IBSA. (COMITÊ PARALÍMPICO BRASILEIRO). 
 
Classificação Funcional 
 
Em Jogos Paralímpicos, esta modalidade é exclusivamente praticada por 
atletas da classe B1 (cegos totais) que não têm nenhuma percepção luminosa em 
ambos os olhos; ou têm percepção de luz, mas com incapacidade de reconhecer o 
formato de uma mão a qualquer distância ou direção. 
 
Para deficientes visuais B2 e B3 
Esta modalidade não diferencia muito do futsal regular. Têm apenas algumas 
regras adaptadas e certa preocupação com a luz, esta deve ser homogênea, sem 
variações para que não atrapalhe o desenvolvimento do jogo. A bola deve ter uma cor 
chamativa, podendo ser verde, amarela ou branca para facilitar sua localização e 
percepção por parte dos jogadores. Nessa modalidade atletas com classificações 
oftalmológicas diferentes jogam na mesma equipe. Em quadra, cada time deve 
escalar pelo menos dois jogadores B2, que devem ser identificados por uma faixa, 
adesivo ou braçadeira, e no máximo dois B3. 
O goleiro tem sua atuação limitada e não pode sair da área de seis metros. Se 
tocar com o pé fora do limite é falta, punida com cartão amarelo. Toque com as mãos 
implica cartão vermelho direto. 
 
FIGURA– FUTEBOL PARA DEFICIENTES VISUAIS II 
40 
 
 
www.cbdv.org.br 
 
O que pode ser alcançado com a prática dos esportes? 
Algumas melhoras observadas e relatadas por DV em estudos realizados: 
1- Autoestima e autorrealização; 
2- Autonomia; 
3- Melhoria das condições orgânicas e de saúde; 
4- Desenvolvimento da coordenação motora dinâmica geral (equilíbrio, 
velocidade etc); 
5- Entendimento, elaboração, conhecimento e reflexão sobre a aplicação 
das regras. 
 
ATIVIDADES FÍSICAS, SAÚDE E QUALIDADE DE VIDA DO DV 
 
A atividade física dentro dos seus aspectos pedagógicos e o esporte tem 
alimentado uma bagagem motora, afetiva e social aos DV que os praticam. Estas 
práticas lhes proporcionam independência nas ações e na locomoção, elevam sua 
autoestima, melhoram a autoconfiança que é um sentimento pouco desenvolvido nas 
pessoas com DV como vimos no decorrer de nossos estudos. 
41 
 
Mas e na saúde e qualidade de vida como visualizamos a prática de atividades 
físicas para o DV? 
Primeiramente vamos discutir o que é saúde? Para esta discussão trago alguns 
conceitos de autores renomados. 
a) Primeiro a clássica definição de saúde adotada pela Organização 
Mundial de Saúde (OMS) em 1948 que a declara como "estado de completo bem-
estar físico, mental e social e não apenas a ausência de doenças", (IN MINISTÉRIO 
DA EDUCAÇÃO E DO DESPORTO, 1987). 
b) Tambellini, citado por Mataruna dos Santos (2000) complementa a 
definição da OMS, conceituando saúde como um bem coletivo que é compartido 
individualmente por todos os cidadãos. 
c) Minayo (1992) acrescenta que saúde é o resultante das condições de 
alimentação, habitação, educação, renda, meio ambiente, trabalho, transporte, 
emprego, lazer, liberdade, acesso e posse da terra e acesso aos serviços de saúde. 
 
E Qualidade de Vida (QV)? 
A Organização Mundial da Saúde (OMS) define QV como “a percepção do 
indivíduo de sua posição na vida, no contexto da cultura e sistema de valores nos 
quais vive e em relação aos seus objetivos, expectativas, padrões e preocupações”. 
Nesta definição estão incluídos os seis principais domínios: físico, estado psicológico, 
níveis de independência, relações sociais, meio ambiente e espiritualidade. 
Como podemos a partir destes conceitos trabalharmos nas aulas de Educação 
Física e por meio do esporte contribuir com a saúde e qualidade de vida dos DV? 
Antes de começarmos a responder esta pergunta vamos alinhavar alguns 
pontos entre a saúde, QV e DV? 
Se trabalharmos com as palavras educação, lazer e trabalho (Minayo 1992) 
e ligarmos a elas os seis domínios da QV e imaginarmos todos sustentados por dois 
braços da Educação Física Adaptada, Aulas de Educação Física Adaptada (AEFA) e 
Esporte Adaptado (EA) formaríamos um quadro mais ou menos assim: 
 
TABELA - ATIVIDADE FÍSICA ADAPTADA 
Aulas de Educação Física / Escola Esporte Adaptado/ Competição 
42 
 
Esquema corporal, consciência do 
próprio corpo 
Autoestima e autorrealização 
Coordenação Dinâmica Autonomia e Independência 
Diminuição da limitação psicomotora 
geralmente apresentada. 
Melhoria das condições sociais e 
econômicas. 
Organização e estrutura espaço-
temporal 
Melhoria das condições 
organofuncionais (aparelho 
circulatório, respiratório, etc.) 
Utilização de todo potencial sensorial 
e psicomotor. 
Utilização de todo potencial sensorial e 
psicomotor. 
 
FIGURA - ATIVIDADES DE LAZER 
 
 
FIGURA - ATIVIDADES DE AVENTURA 
 
www.tartarugas.net 
 
43 
 
Diante deste quadro organizado pelos exercícios e redações do próprio texto, 
temos condições de alinhavar e destacar alguns pontos desta tríade formada pela 
Educação Física Adaptada, Saúde e QV. 
a) As atividades físicas tanto realizadas nas escolas como os esportes 
coletivos e individuais são atividades que levam o DV ao contato e convívio com outras 
pessoas, outros ambientes, situações diferentes da sua rotina e, portanto, o lança a 
novas e diversas situações de aprendizagens. Sendo o nível de independência e 
relações social um dos domínios da QV, podemos baseados neste pressuposto, 
estabelecer uma relação positiva entre a Educação Física Adaptada e a QV dos DV. 
b) A escola e o esporte enquanto espaço de aprendizagem e socialização 
tem influência positiva sobre a saúde e QV dos deficientes visuais. 
c) A mobilidade independente traduzida pela autonomia e conquistada por 
meio de exercícios praticados nas aulas que colaboramcom a técnica de Orientação 
e Mobilidade vem de encontro aos aspectos físicos, mentais do conceito de saúde e 
ao domínio que corresponde ao estado psicológico. 
O DV durante seu desenvolvimento experimenta diferentes perdas funcionais 
que certamente comprometem a sua QV. Na sua infância sua limitação motora 
decorrente da falta de estímulo visual o impede de ter iniciativa e a curiosidade 
peculiar das crianças, ou seja, os seus interesses e escolhas, durante um período, 
passam a ser interesse e escolhas dos que os acompanha e que julga importante 
como estímulo. 
Diante disso a QV de uma pessoa com deficiência está diretamente relacionada 
com o grau de limitações que ela apresenta diante dos seis domínios no seu cotidiano. 
Independente da escolha pela prática de uma modalidade esportiva ou 
simplesmente pela prática de uma atividade física dentro do ambiente escolar ou fora 
dele, em uma academia, num parque, caminhada pelas ruas, o importante é 
percebermos que os DV conseguem por meio destas atividades expressar 
sentimentos de alegria, confiança, esforço, perseverança, que não conseguimos 
enxergar em seus olhos. 
 
DEFICIÊNCIA AUDITIVA (DA) 
 
Tudo que chega ao nosso cérebro passa pelos nossos sentidos, portanto se 
uma porta dos caminhos existentes para as informações chegarem a ele estiver 
44 
 
fechada, certamente alguma lacuna, ou alguma informação, se preferir assim, deixará 
de chegar, e assim de ser conhecida, explorada, transferida, relacionada. 
Início com a seguinte pergunta: todo surdo é mudo? Faço ainda outra pergunta: 
o surdo que por acaso, você conhece não emite nenhum som? Vejam bem que 
perguntei sobre som. Não perguntei se fala e veremos mais à frente a distinção entre 
fala e linguagem. Pesquisas demonstraram que os surdos podem vir a falar oralmente 
por meio de treinamentos com fonoaudiólogos, o que não é acessível a todos, e que 
também se comunicam com as mãos e as expressões corporais e faciais. Sendo 
assim, o surdo não é necessariamente mudo, ele pode não se expressar por meio da 
fala por não conhecê-la, e nunca ter ouvido as palavras, mas emite sons. 
Por muito tempo, o surdo foi considerado incapaz de estudar e trabalhar. 
Durante um período de aproximadamente cem anos a língua de sinais foi proibida nas 
escolas de todo mundo, obrigando os surdos a aprenderem a falar e fazer a leitura 
labial. (1888, Congresso Milão). 
Em 2002, a Lei 10.436 de 24 de abril sancionada pelo presidente Fernando 
Henrique Cardoso é reconhecida a LIBRAS como a língua dos surdos brasileiros. 
 
ORALISMO E LÍNGUA DE SINAIS 
 
Na década de 1960, o oralismo imperou e ainda persiste em algumas escolas 
e associações. Conforme Goldfeld (1997) o objetivo do oralismo era de integrar a 
criança surda na comunidade dos ouvintes para que a língua oral pudesse ser 
desenvolvida. 
A linguagem de sinais é considerada como língua natural, que utiliza canal 
espaço visual, criada por comunidades surdas pelas gerações. Quadro (1997) explica 
que a língua de sinais difere de comunidade para comunidade e que tem suas 
estruturas gramaticais próprias e independe da língua oral do país em que é utilizada. 
A língua de sinais (LIBRAS) foi padronizada e desenvolvida pelos surdos no 
Brasil para se comunicarem, em 1857, com a fundação do Instituto Nacional da 
Educação dos Surdos (INES). No Brasil além das LIBRAS, também é utilizada a 
datilologia, conhecido também como alfabeto manual. 
 
FIGURA – ALFABETO LIBRAS 
45 
 
 
 
 
FIGURA- DATILOLOGIA 
46 
 
46 
 
 
 
Língua de sinais 
Dentre os cinco sentidos do homem, a audição é o principal sentido à distância, 
pois ela fornece informações sobre acontecimentos no meio ambiente; é uma forma 
de vínculo sócio emocional, e dá sinais de alerta importante para nossa segurança 
física. É, também, o órgão responsável pelo equilíbrio. 
 
FALA E LINGUAGEM 
 
 
47 
 
47 
 
As primeiras palavras são um marco no desenvolvimento infantil. É motivo de 
alegria e início de uma comunicação entre pais e filhos mais afetuosa e interativa. 
A Fala é uma habilidade de comunicação complexa que reflete a evolução do 
pensamento e difere da linguagem que, por sua vez, pode ser expressa de várias 
formas, sendo a mais utilizada entre os seres humanos é a linguagem verbal. 
Toda forma de utilização de símbolos que possa ser reconhecida e utilizada por 
um grupo de indivíduos com o objetivo de trocar alguma informação denomina de 
linguagem. 
O ato de ouvir é um processo de escolha em que o cérebro seleciona as 
informações contidas em uma mistura de sons ambientais familiares ou não. Estes 
sons são energias que ocorrem a partir de vibrações randômicas e periódicas 
representadas por ondas mecânicas. 
 
CONCEITO E TIPOS DE SURDEZ 
 
A Deficiência Auditiva traz graves dificuldades na vida de uma pessoa, umas 
delas pode ocorrer no desenvolvimento do funcionamento normal dos processos 
auditivos; outra dificuldade pode ocorrer em nível das experiências sociais, já que a 
comunicação é um instrumento muito importante de interação social e emocional. 
O conceito mais usualmente empregado para designar as pessoas com 
deficiência auditiva é a perda total ou parcial, congênita ou adquirida, da capacidade 
de compreender a fala por meio do ouvido. 
Alguns autores fazem distinção (no que se refere à surdez adquirida) em termos 
etários, classificando-a da seguinte forma: 
a) Pré-lingual - Ocorre quando a criança já nasce surda ou perde a audição 
antes do desenvolvimento da fala e da linguagem. É mais complexa para o 
desenvolvimento cognitivo da criança. De acordo com Camargo Neto (1996), a 
maioria das crianças surdas que perdeu a audição antes da aquisição da fala utiliza-
se da língua de sinais. 
b) Pós-lingual - Perdeu a audição após a aquisição e desenvolvimento da 
fala e da linguagem. Nesse caso as crianças conseguem realizar a leitura labial. 
 
A DA não ocasiona, necessariamente, atrasos no desenvolvimento motor, 
ainda que alguns autores afirmem que são frequentes as perdas de equilíbrio e 
48 
 
coordenação geral, por problemas vestibulares, neurológicos, privação do som, 
ausência de verbalização e superproteção dos pais (BUENO, 1995). 
O diagnóstico do nível de surdez com precisão só é possível com a 
audiometria, exame para avaliar o nível de surdez, a perda auditiva remanescente é 
medida em DECIBÉIS (dB). Quanto maior for o número de decibéis necessários para 
a criança responder a um som, maior e mais significativa será a perda auditiva. 
Como nem sempre é possível submeter o indivíduo a audiometria, existem 
procedimentos que podem ajudar você a fazer uma classificação grosseira do tipo de 
surdez, com o intuito de facilitar seu primeiro entendimento do problema e encaminhar 
o seu aluno. 
Esses procedimentos são: chamá-lo pelo nome; estalar os dedos ou bater 
palmas; deixar cair algo no chão com ruídos diferentes. 
 
FIGURA - BATER PALMAS ATRÁS DA PESSOA 
 
 
O sistema auditivo começa a evoluir a partir do 5º mês de gestação e se 
aperfeiçoa intensamente nos primeiros meses de vida, continuando a expandir suas 
conexões neurais por vários anos. A perda auditiva pode ser otimizada pela 
estimulação que deve iniciar aos 6 meses de idade. 
Por conta disso, é importante que o leitor tenha conhecimento de outros testes 
diagnósticos que podem ser feitos, antes ou associados à audiometria, considerando 
49 
 
diferentes faixas etárias, a fim de perceber, quanto mais cedo melhor, problemas na 
audição: 
 
• Nos primeiros dias de vida - Reflexo de Moro (Reagir aos sons com um 
movimento brusco); 
• 03 meses - Reflexo Cócleo-palpebral; 
• 06 meses - Reflexo de orientação-investigação; 
• 07 a 08 meses não reagir à voz e a linguagem. 
 
 
Segundo Mauerberg-de Castro (2007), as perdas auditivas podem ser 
observadas por meio de vários comportamentos ligados aosaspectos cognitivos, 
quando a pessoa apresenta uma desatenção contínua; aos aspectos afetivos e sociais 
apresentados por comportamentos agressivos, ansiosos, de teimosia; e aspectos 
motores como equilíbrio insuficiente. 
 
Graus de perda auditiva 
 Surdez leve/moderada: perda auditiva de até 70 decibéis, que dificulta, 
mas não impede o indivíduo de se expressar oralmente, bem como de 
perceber a voz humana, com ou sem a utilização de um aparelho 
auditivo. 
 Surdez severa/profunda: perda auditiva entre 70 e 90 decibéis. As 
pessoas não podem ouvir a voz, mas percebem sensações auditivas. 
Nesse caso a compreensão da palavra dependerá de uso de 
metodologia adequada, na surdez profunda há um impedimento da 
percepção da voz humana e não aprendizagem da fala. 
 
 
FIGURA - GRAUS DE PERDA AUDITIVA RELACIONADA AO 
ENTENDIMENTO DA FALA 
50 
 
 
http://www.centroauditivoaquarius.com.br/sobre-audicao/os-graus-de-perda-
auditiva 
 
Para entendermos melhor os tipos de DA, convido-os a fazermos uma breve 
retrospectiva aos estudos anatômicos, referentes ao ouvido é claro, nosso foco de 
interesse, com a certeza de que a recordação sempre traz junto às lembranças novas 
maneiras de enxergamos e interpretarmos os conhecimentos. 
A descrição da anatomia do ouvido obedece a uma divisão em três partes: 
ouvido externo, médio e interno. O ouvido externo compõe-se do pavilhão auricular e 
do meado acústico externo; o pavilhão auricular é o primeiro elo da complexa cadeia 
responsável pela transmissão de vibrações sonoras do meio exterior para o cérebro. 
O meato acústico externo tem como finalidade conduzir as ondas sonoras no 
ouvido médio. A membrana do tímpano finaliza o conduto auditivo externo separando-
o da caixa timpânica (ouvido médio). Tem como função proteger o ouvido médio e 
transmitir as ondas sonoras à cadeia ossicular. 
Destaca-se na caixa timpânica, uma cadeia de ossículos denominado martelo, 
bigorna e estribo. A condução e amplificação das ondas sonoras decorrem da ação 
coordenada desta cadeia de ossículos e de pequenos músculos. O ouvido interno 
apresenta uma forma semelhante à de um caracol. Tem como função receber as 
ondas sonoras conduzidas pelos ouvidos externo e médio e enviá-las ao córtex central 
por meio do mesmo nervo coclear. 
51 
 
51 
 
É importante avaliar a estrutura do ouvido, relacionando-a com a perda da 
intensidade auditiva, e agora depois desta revisão temos condição para isso, que é a 
surdez de condução (ou Condutiva) e com a surdez neural (ou Neurosensorial). 
O que ë surdez de condução e neural? A de Condução resulta-se de alterações 
patológicas no ouvido médio, podendo ser produzida por malformação congênita ou 
adquirida. A consequência é a redução da intensidade dos sons que alcançam o 
ouvido interno, onde se inicia o nervo coclear. Se houver um aumento da intensidade 
do estímulo, as vibrações sonoras podem estimular a cóclea. 
Já a surdez neural é apresentada como uma das características da velhice, 
provavelmente causada pelo envelhecimento da cóclea. Ela leva a diminuição da 
capacidade de perceber sons. As perdas neurossensoriais são mais graves, tendo um 
comprometimento auditivo maior porque os danos sofridos afetam os órgãos 
sensoriais terminais ou células ciliadas da cóclea. Este tipo de perda é geralmente 
irreversível. (DUARTE et al, 2003). 
A surdez pode ser causada por enfermidades que levam ao comprometimento 
do ouvido externo, médio e interno, entre elas situam-se alguns fatores etiológicos, 
como meningite, a catapora, o sarampo, a rubéola e a sífilis. 
 
DEFICIÊNCIA AUDITIVA E DESENVOLVIMENTO MOTOR 
 
A partir do momento que estabelecemos uma relação entre o desenvolvimento 
motor e a DA, e por meio dela observamos por intermédio de pesquisas realizadas 
sob esta ótica que algumas crianças surdas podem apresentar prejuízos motores em 
decorrência de problemas auditivos, este fato nos instiga a buscar dentro das aulas 
de Educação Física mecanismos que possam auxiliar esta criança a melhorar seu 
desempenho e sua participação nas atividades de um modo geral. 
É neste momento que autores como Brunt e Broadhead (1982) Sherrill (1993), 
Mauerberg-de-Castro (2007) entram em cena com seus estudos para nos auxiliar em 
uma futura programação de atendimento. 
Na verdade uma programação, que aqui cabe melhor o termo planejamento, se 
faz dentro de um conhecimento prévio de uma situação. 
Dos estudos supracitados, de uma forma resumida apresentarei alguns 
resultados, porém suficientes para que novas diretrizes sejam traçadas em uma aula 
de Educação Física, como farei após apresentá-los. 
52 
 
 
a) Em 2000 crianças surdas entre 6 e 7 anos foram avaliados (Mauerberg-
de-Castro) e algumas observações foram relatadas como: desvio de direção e 
instabilidade postural, inclinação com rotação anormal da cabeça, inclinação 
exagerada do coro para frente, lentidão na performance de tarefas motoras e 
passadas arrastadas (SHERRILL, 1998). 
b) Indivíduos com surdez hereditária apresentam pouca ou nenhuma 
diferença no equilíbrio comparada aos indivíduos não surdos. Já os indivíduos com 
surdez adquirida apresentam déficits de equilíbrio (principalmente o estático) 
comparados aos indivíduos com surdez hereditária. (BRUNT e BROADHEAD, 1982). 
c) Outros estudos referem-se às estratégias motoras desenvolvidas pelos 
DA que são amparadas em pistas visuais e proprioceptivas para compensar sua 
defasagem auditiva. 
 
Diante destes exemplos como resultados de pesquisas podemos observar que 
o equilíbrio tanto em movimento como o estático, a postura, a marcha e as ações 
motoras em geral, podem apresentar algum prejuízo na criança com DA. Ficou 
evidente também que os DA utilizam-se da visão e da propriocepção como canais de 
informações e trocas. Em função deste levantamento apresentarei algumas propostas 
de atividades físicas. 
 
ATIVIDADE 01: Cumprimento musical 
Os alunos dispersos ao som de uma música deverão se cumprimentar quando 
ela for interrompida pelo professor. O aluno DA deverá andar descalço a fim de sentir 
a vibração da música e perceber no momento que ela parar. 
As atividades que serão descritas abaixo foram retiradas do livro “Jogando com 
as Diferenças” Diehl (2006), porém não serão transcritas na íntegra. 
 
ATIVIDADE 02: Como chegar ao Rei Leão 
Um aluno será escolhido para representar o Rei Leão e ficará do outro lado, 
separado dos colegas. Cada colega do grupo deverá perguntar ao Rei Leão como 
deve fazer para alcançá-lo. O Rei Leão responderá quantos passos seu colega deverá 
dar e qual animal deve imitar para chegar até ele. A comunicação entre eles deverá 
ser feita na língua de sinais. Vence o colega que chegar primeiro perto dele. 
53 
 
 
ATIVIDADE 03: jogo dos cartões 
Os alunos em círculo passado a bola entre eles deverão ficar atentos aos 
cartões que serão mostrados pelo professor. Os cartões terão códigos previamente 
combinados: amarelo sinaliza arremessar a bola para qualquer colega, vermelho 
significa quicar a bola e passá-la, o cartão azul a bola deve ser arremessada para um 
menino, e o cartão rosa para uma menina. 
 
ATIVIDADE 04: Zoológico 
Cada aluno receberá uma ficha com o nome de um animal e deverá representá-
lo no meio do círculo. Se no círculo houver um participante que julga ser também o 
animal que está sendo representado, irá ao seu encontro, enquanto os demais 
tentarão identificá-lo. A identificação será feita por meio da língua de sinais ou do 
alfabeto datilológico. 
Nas aulas de Educação física, antes da ação, os estímulos são peças 
importantes para o melhor aproveitamento das tarefas propostas. Recursos visuais, 
por exemplo, darão suporte as orientações para os exercícios. Podemos demonstrar 
com um aluno, apresentar o exercício, ou mesmo desenhá-lo para a turma. Essa 
atitude não corresponde desviarmos o pensamento ou

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