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Placenta e Gêmeos

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A placenta é um órgão materno fetal formada por dois 
componentes: 
 Uma porção fetal originária do saco coriônico; 
 Uma porção materna derivada do endométrio. 
As funções da placenta são: 
 Proteção; 
 Nutrição; 
 Respiração; 
 Excreção; 
 Produção de hormônios. 
No final da segunda semana de gestação, o embrião é 
um disco bilaminar que está suspenso pelo pedículo de 
conexão no saco coriônico. No saco coriônico 
encontramos o mesoderma extraembrionário e o 
trofoblasto formando o córion, que fará parte da 
placenta. 
1. Formação das Vilosidades Coriônicas: 
Ao final da segunda semana, as células do 
citotrofoblasto se proliferam e formam projeções 
(vilosidades primárias) para se projetarem em direção 
ao sinciciotrofoblasto, se aproximando das lacunas 
trofoblásticas. As vilosidades primárias são o início do 
desenvolvimento das vilosidades coriônicas que farão 
parte da placenta. 
Posteriormente, o mesoderma extraembrionário que se 
encontrava adjacente ao citotrofoblasto inicia o 
preenchimento das vilosidades primárias, dando origem 
às vilosidades secundárias. A vilosidade secundária se 
torna vilosidade terciária quando é invadida por vasos 
sanguíneos ao final da terceira semana. 
Durante a formação das vilosidades coriônicas, o 
citotrofoblasto alcança a borda do sinciciotrofoblasto e 
dá origem a concha citotrofoblástica que delimita o 
espaço entre as vilosidades coriônicas e o endométrio 
uterino. Após a reação decidual, o endométrio passa a 
ser chamado decídua, permitindo que as artérias 
espiraladas depositem seu sangue no espaço interviloso. 
As artérias espiraladas serão remodeladas pelo 
citotrofoblasto, o que permitirá a deposição do sangue 
no espaço interviloso. 
As vilosidades que se encontram entre o saco coriônico 
e as conchas citotrofoblásticas são denominadas 
vilosidades de ancoragem ou vilosidades-tronco. Essas 
vilosidades se ramificam e dão origem às vilosidades 
terminais, onde ocorrem as trocas de nutrientes e gases. 
As vilosidades terminais são formadas a partir da 20a 
semana de gestação, em forma de nódulos nos ramos 
das vilosidades coriônicas. 
 
Durante a 5a semana de gestação, o embrião está 
envolvido pela cavidade amniótica dentro do saco 
coriônico e, ao redor do saco coriônico, encontram-se as 
vilosidades coriônicas na região denominada placa 
coriônica. Externamente ao saco coriônico, observamos 
a concha citotrofoblástica e, entre as vilosidades 
coriônicas, encontramos os espaços intervilosos, por 
onde circula o sangue materno. 
 
A decídua forma a porção da placenta denominada 
decídua basal, que divide o espaço interviloso por meio 
dos septos placentários ou septos deciduais em 
cotilédones com até 2 vilosidades coriônicas. Entre os 
cotilédones há uma comunicação que permite a 
conexão do espaço interviloso. 
Embriologia 
Gêmeos e Placenta 
Beatriz Fernandes 
Durante o desenvolvimento embrionário, o feto cresce 
juntamente com a cavidade amniótica, que crescerá até 
ocupar todo o espaço do saco coriônico. A fusão da 
membrana da cavidade amniótica com a membrana do 
saco coriônico no segundo mês de gestação, 
aproximadamente, formará a membrana âmnio-
coriônica e, também nesse período, as vilosidades 
coriônicas envolverão todo o saco gestacional. 
 
Quando o feto ocupar toda a cavidade uterina as 
vilosidades coriônicas sofrerão um redução em seu 
suporte sanguíneo e irão degenerar. A partir disso, o 
córion passará a ser denominado córion liso, pois não 
serão mais encontradas nele as vilosidades coriônica. Já 
a região próxima ao cordão umbilical se desenvolverá 
cada vez mais e dará origem ao córion frondoso. 
 
2. Junção Materno Fetal: 
A placenta é também conhecida como junção materno 
fetal, formada pelo córion frondoso em sua porção fetal 
e pela decídua basal em sua porção materna. A decídua 
é dividida em decídua capsular, decídua parietal e 
decídua basal, porém apenas a decídua basal forma a 
placenta. Já a decídua capsular envolve o concepto e a 
decídua parietal é a região endometrial não ocupada 
pelo embrião. Com o crescimento do embrião, a decídua 
capsular irá degenerar e a decídua parietal se fundirá 
com a membrana âmnio-coriônica. 
O lado fetal associa-se à membrana amniótica que 
envolve todo o embrião e o cordão umbilical, 
alcançando a placa coriônica. 
O lado materno é subdividido entre 30 e 35 lobos que 
contém o cotilédones, onde se encontram as vilosidades 
coriônicas. Após o parto, a placenta também deve sair 
por inteiro, pois caso algum dos lobos permaneça no 
organismo materno, ele poderá causar hemorragia ou, 
até mesmo, a morte dessa mãe. 
3. Estrutura da Placenta Madura: 
 
 10 m2 de área de troca materno fetal; 
 3 cm de espessura; 
 20 cm de diâmetro; 
 Aproximadamente 500g (1/6 do peso fetal). 
 
4. Circulação Útero Placentária: 
No início do desenvolvimento embrionário, o embrião 
está sendo nutrido por difusão simples, porém, com o 
seu crescimento, trona-se necessário uma maneira 
mais eficiente de nutrir esse feto. Inicialmente, formam-
se lacunas trofoblásticas dentro do sinciciotrofoblasto 
do embrião implantado paralelamente ao 
desenvolvimento das vilosidades coriônicas primárias. 
Posteriormente, há o desenvolvimento das vilosidades 
secundárias e terciárias, permitindo a circulação do 
sangue materno no espaço interviloso e favorecendo a 
troca desse sangue com as vilosidades coriônicas. A 
partir da 12a semana há uma troca materno fetal, por 
meio da circulação fetal, que permite a produção de 
hemoglobina pelo feto. 
O sangue materno, que sai das artérias espiraladas, 
passa pelos espaços intervilosos e irriga a superfície das 
vilosidades, nutrindo-as. A veia umbilical (rica em 
oxigênio) capta o sangue materno que banhou as 
vilosidades e permite que ele chegue ao feto. O feto irá 
liberar resíduos que alcançarão as duas artérias 
umbilicais (pobres em oxigênio) para retornarem à 
circulação materna através das veias maternas. 
 
A circulação fetal é considerada fechada, pois o sangue 
encontra-se dentro dos vasos sanguíneos das 
vilosidades. Já a circulação materna é considerada 
aberta, pois o sangue materno é despejado dentro dos 
espaços intervilosos permitindo que entre em contato 
com as vilosidades coriônicas. A placenta contém cerca 
de 150mL de sangue materno que é trocado a cada 3 ou 
4 minutos, permitindo o suporte nutricional do embrião. 
 
5. Membrana Placentária: 
A membrana placentária era denominada, 
antigamente, como barreira placentária, porém esse 
nome caiu em desuso, pois descobriu-se que não só 
nutrientes, mas também alguns patógenos eram 
capazes de transpor essa membrana. 
Essa membrana placentária é composta por: 
 Células endoteliais e lâmina basal dos capilares 
fetais; 
 Células do citotrofoblasto; 
 Células do sinciciotrofoblasto; 
 Tecido conjuntivo. 
Conforme o embrião se desenvolve, algumas regiões 
das vilosidades coriônicas afinam a sua membrana e 
outras as perdem, facilitando a passagem de nutrientes 
entre a mãe e o feto. 
Alguns agentes infecciosos são capazes de ultrapassar 
a membrana placentária como, por exemplo: 
 Toxoplasma gondii; 
 Parvo vírus; 
 Varicella-zoster; 
 Citomegalovírus; 
 HIV; 
 Vírus da Rubéola; 
 Treponema pallidum; 
 Zika. 
Além disso, teratógenos e drogas também podem afetar 
o desenvolvimento embrionário como, por exemplo: 
 Retinóides (vitamina A e seus análogos); 
 Warfarina (anticoagulante); 
 Ácido valpróico (anticonvulsionantes); 
 Drogas; 
 Álcool; 
 Agentes quimioterápicos. 
O feto retorna para a mãe os seus produtos de descarte 
como, por exemplo, dióxido de carbono e ácido úrico, 
que alcançarão o sangue materno através da placenta. 
Além disso, eles também retornam para a mãe seus 
hormônios e células sanguíneas. Já a mãe enviará para 
o embrião, também por meio da placenta, diversos 
nutrientese anticorpos que serão essenciais para o 
desenvolvimento e proteção fetal. Alguns agentes 
infecciosos e teratógenos também são capazes, 
infelizmente, de alcançar o embrião e comprometer o 
seu desenvolvimento. Anticorpos maiores, algumas 
bactérias e a heparina NÃO são capazes de ultrapassar 
essa barreira. 
 
6. Produção Hormonal: 
Além de permitir a troca de substâncias entre a mãe e o 
embrião, a placenta também é responsável por produzir 
alguns hormônios como, por exemplo, a progesterona e 
o estrogênio, que fazem a manutenção do endométrio. 
No início do desenvolvimento embrionário, o 
sinciciotrofoblasto produz o hormônio gonadotrofina 
coriônica que atuará no corpo lúteo permitindo com que 
ele continue produzindo progesterona e estrogênio. A 
partir do 3o mês há a diminuição do hCG, pois a placenta 
já é capaz de produzir a progesterona e o feto já é capaz 
de auxiliar na produção do estrogênio. Durante o 
desenvolvimento, há um aumento gradativo desses 
hormônios até que, no momento do parto, o estrogênio 
estimulará a liberação de prostaglandinas e ocitocina 
para que ocorram as contrações. Após o nascimento do 
bebê, ocorrerá uma drástica queda desses hormônios e 
a descamação do endométrio. 
Além da progesterona e do estrogênio, a placenta 
produz diversos hormônios proteicos como, por 
exemplo: 
 Lactogênio placentário (somatomamotrofina): 
Estimula a lactogênese pós-parto; 
 Tireotrofina coriônica; 
 Corticotropina coriônica; 
 Hormônio liberador de corticotropina; 
 Prolactina; 
 Relaxina; 
 Endotelina. 
 
7. Disfunção Placentária: 
 
 Placenta Prévia: Projeção anormal da placenta 
para a abertura interna do canal do colo do 
útero; 
 Descolamento Placentário: Separação 
prematura da placenta. Hemorragia na decídua 
basal leva à separação, o que impede a 
oxigenação do feto. Hipertensão materna. 
Trauma; 
 Placenta Acreta: As vilosidades penetram 
profundamente na parede uterina e parte da 
placenta fica retida na cavidade uterina após o 
parto. 
 
 
 Gêmeos Monozigóticos (Idênticos): Se 
formam por meio da divisão de um único 
embrião original; 
 Gêmeos Dizigóticos (Fraternos): Surgem a 
partir de ovócitos separados produzidos 
durante o mesmo ciclo menstrual. 
 
1. Gêmeos Monozigóticos: 
 
 Monocoriônicos e diamnióticos: 
 
Apenas uma placenta e duas bolsas amnióticas. 
Normalmente, os gêmeos possuem circulações 
separadas dentro da placenta, porém os vasos 
sanguíneos podem se fundir (anastomose), 
gerando uma única circulação. No entanto, tal 
união pode causar problemas para os fetos 
como, por exemplo, a perda, por um deles, das 
vias de comunicação com a mãe. 
 
 
 
 Síndrome da Transfusão entre Gêmeos: 
 
Um dos gêmeos devido, por exemplo, à 
anastomose, terá problemas em sua circulação 
sanguínea durante o desenvolvimento 
embrionário, o que irá prejudicar o seu 
crescimento. Já o outro gêmeo irá receber o 
fluxo sanguíneo normalmente, porém poderá 
sofrer sequelas ao tentar reverter a redução da 
pressão sanguínea com o aumento do 
bombeamento sanguíneo pelo seu coração 
como, por exemplo, insuficiência cardíaca. 
Portanto, a Síndrome da Transfusão entre 
Gêmeos pode causar a morte dos dois fetos. 
 
 
 
 Gêmeos Monozigóticos Conjugados: 
 
Os gêmeos monozigóticos conjugados ou 
siameses são aqueles que, além de 
compartilharem as mesmas membranas 
extraembrionárias, compartilham tecidos, 
órgãos e, até mesmo, membros. Em alguma 
etapa do desenvolvimento posterior à formação 
dos tecidos, os gêmeos se dividiram e, como já 
estava ocorrendo a diferenciação, alguns 
órgãos foram compartilhados. Porém, já 
existem estudos que comprovam que dois 
embriões já divididos podem se fundir durante 
o desenvolvimento e formar os gêmeos 
monozigóticos conjugados. Portanto, não se 
sabe exatamente como esses gêmeos são 
formados. 
 
 Como acontece a separação entre os gêmeos 
monozigóticos? 
 
Tradicionalmente acredita-se que: 
 
→ A separação ocorre por mutações pós 
zigóticas; 
→ Anormalidades na superfície celular e na 
zona pelúcida; 
→ A incidência de gêmeos monozigóticos 
aumenta em até 5 vezes quando se utiliza 
técnicas de reprodução assistida, o que 
pode indicar que a manipulação ou 
anormalidades que levam a infertilidade 
possam causar a separação. 
No entanto, 
→ Não há provas científicas que a separação 
ocorra; 
→ Falta de observação in vitro de zigotos se 
dividindo. 
OBSERVAÇÃO: TEORIA ALTERNATIVA - Os 
gêmeos se separam no início da formação do 
embrião, no estágio de dois blastômeros e, 
posteriormente, a separação continuaria ou 
então ocorreria uma fusão entre membranas. 
 
2. Gêmeos Atípicos: 
 
 Gêmeos quiméricos: Gêmeos que contém não 
só o seu próprio material genético, mas 
também o do irmão; 
 Gêmeos monozigóticos discordantes 
fenotipicamente: Gêmeos que contém o 
mesmo material genético, porém possuem 
diferentes características físicas; 
 Gêmeos espelho: Um dos gêmeos é o espelho 
do outro, ou seja, as características de ambos 
serão as mesmas, porém em lados opostos um 
do outro; 
 Gêmeos do corpo polar: Gêmeos que possuem 
uma semelhança genética entre 50% e 100% 
(“semi-idênticos”), graças a fertilização do 
corpo polar; 
 Gêmeos parasite ou fetus in fetu: Um dos 
gêmeos se desenvolve dentro do outro, devido a 
fusão entre eles; 
 Gêmeo desaparecido: No início da gestação 
observam-se dois embriões, porém, 
posteriormente, observa-se apenas um; 
 Feto papiráceo; 
 Superfetação: Ocorre quando um óvulo é 
fecundado e, após alguns dias, outro óvulo 
também é fertilizado, dando origem a dois fetos 
com idades gestacionais diferentes; 
 Superfecundação: Ocorre quando a mulher 
ovula dois óvulos ao mesmo tempo, porém eles 
são fecundados em dias ou horas diferentes, 
dando origem a dois fetos com idades 
gestacionais diferentes.

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