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27 UNIP – UNIVERSIDADE PAULISTA Ana Luiza Rabelo Guedes Danielli Quintale Alves da Silva Nicole Mateus de Albuquerque Rayla Thamiris de Souza Lazarini PSICOLOGIA SOCIO INTERACIONISTA Jogo das cores proibidas – Vygotsky SANTOS 2019 UNIP – UNIVERSIDADE PAULISTA Ana Luiza Rabelo Guedes – D67ADGE Daniele Quintale Alves da Silva – N2880B6 Nicole Mateus de Albuquerque – D832026 Rayla Thamiris de Souza Lazarini – D781685 PSICOLOGIA SOCIO INTERACIONISTA Jogo das cores proibidas – Vygotsky Relatório de APS apresentado a professora Maria da Graça como parte das exigências Para a avaliação da disciplina de APS, do Curso de graduação de Psicologia da Universidade Paulista – UNIP. SANTOS 2019 SUMÁRIO 1. INTRODUÇÃO..................................................................................................... 4 2. FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA....................................................................... 5 2.1 Conceito de Mediação Simbólica e o Processo Sócio Interacionista............... 6 2.2 Cotejamento do pensamento de Vygotsky como resultado do jogo................ 9 2.3 Esclarecimento do Jogo.................................................................................. 11 2.4 Descrição do Trabalho.................................................................................... 13 3. CONCLUSÃO..................................................................................................... 19 REFERÊNCIAS........................................................................................................ 20 ANEXOS.................................................................................................................... 21 ANEXO 1 Carta de Apresentação.................................................................................22 ANEXO 2 Termos de consentimento........................................................................... 23 1 INTRODUÇÃO Esse trabalho tem como objetivo principal verificar o desempenho da criança ao utilizar signos e instrumentos como auxiliadores da memória durante a aplicação do jogo das cores proibidas. Vygotsky procurava explicar os processos elementares sensoriais como mente e corpo, sendo os processos superiores: mente, consciência e espírito. O jogo das cores proibidas, de Vygotsky, destaca a concepção sócio interacionista. Para ele, estudar memória, cognição e atenção não estavam relacionados apenas com o aspecto orgânico/físico, em seus pilares ele mostra que o cérebro é um sistema que pode ser moldado pela ação de elementos externos, através da mediação simbólica e que através dessa mediação a relação homem-mundo se dá. Para entender Vygotsky é preciso entender o termo mediação. A relação do homem com o mundo não é direta, mas é mediada. Vygotsky distinguiu dois tipos de elementos mediadores: os instrumentos e os signos. As funções psicológicas têm caráter também nas relações sociais entre o indivíduo e o mundo exterior. Essa relação se dá através de signos (internos) e instrumentos (externos). No jogo das cores proibidas, a criança têm que seguir regras, onde é necessário manter a atenção e ter boa memória. Realizamos a aplicação do jogo das cores proibidas na escola Jean Piaget – Unidade Praia Grande, em 4 crianças de idades diferentes: 5, 6, 8 e 9 anos. 2. FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA A teoria de Vygotsy e a sócio histórica ou sócio interacionista. A Abordagem sócio histórica tem sua visão de homem enquanto corpo e mente, enquanto ser biológico e social, membro de uma espécie humana e participante de um processo histórico. A preocupação de Vygosty é compreender a origem e o desenvolvimento dos processos psicológicos ao decorrer da historia individual. Para vygotsy o aprendizado está relacionado com a interação com o outro, este aprendizado produz um despertar interno de desenvolvimento, esses dependem do contato do individuo com o ambiente cultural. Segundo Vygotsy, para entender o desenvolvimento dos processos psicológicos superiores –tais como atenção, memoria, cognição- não basta estudar só os aspectos biológicos e físicos do ser humano, pois para os psicólogos sócio interacionistas o individuo não é compreendido somente por mente e corpo, mas também pela a influencia da sociedade e a cultura a qual ele se insere, isto como é o dia a dia dessa criança, qual a forma que ele foi ensinado a fazer determinadas coisas. Um dos conceitos mais importantes do Vygotsy sobre como é dado o funcionamento do cérebro humano, é a mediação. Ele trabalha com a noção de que a relação “homem x mundo”, não é direta mas sim mediada. A mediação simbólica segundo Vygotsy, é fruto da interação do organismo individual com o meio físico e social no qual esta inserido através de elementos mediadores ou intermediários que permeiam seu pensamento, e consequentemente suas escolhas e comportamentos. Trata-se de uma relação onde o “o processo simples estimulo-resposta é substituído por um ato complexo, mediado.” Essa mediação é auxiliada por ferramentas complementares que são os instrumentos e signos. O conceito do Vygotsy sempre envolve a interação social, á uma grande importância do outro social no desenvolvimento dos indivíduos, isso consolida-se com um conceito especifico dentro de sua teoria: o conceito de zona de desenvolvimento proximal. 2.1 Conceito de Mediação Simbólica e o Processo Sócio interacionista Vygotsky se dedicou a estudar os processos mentais superiores, essas atividades envolvem a interação do individuo com o meio social em que vive, capacidade do ser humano refletir, pensar, memorizar e antecipar ações, para ele o individuo aprende na interação com o meio, o individuo tem essa capacidade de decisão, de planejar, é uma característica humana, e é essa capacidade que nos diferencia dos animais. Para Vygotsky “Mediação, em termos genéricos é o processo de intervenção de um elemento intermediário numa relação; a relação deixa, então, de ser direta e passa a ser mediada por esse elemento.” O individuo a partir do seu pensamento consegue lembrar da sensação ou experiência que ele já vivenciou e que facilita a tomar novas atitudes, a resolver determinadas situações utilizando a mediação, a mediação pode ser usada pelo próprio individuo, por sua experiência pessoal, ou pode ser mediada pela intervenção de outra pessoa que vai passar um novo conhecimento, ou seja o aprendizado para Vygotsky acontece de forma mediada, e de forma indireta, onde possui um estimulo (s), uma resposta (r), e um mediador no meio, essa mediação também pode ser considerado como ferramentas auxiliares da atividade humana que envolvem processo mentais superiores, como por exemplo as lembranças. “O ser humano tem a possibilidade de pensar em objetos ausentes, imaginar eventos nunca vividos, planejar ações a serem realizadas.”. Existem dois tipo de elementos mediadores: os instrumentos e os signos. Vygotsky fala do uso dos instrumentos com referencia ao postulado marxista, o postulado marxista diz que tudo é histórico, fruto de um processo, e que são as mudanças históricas na sociedade e na vida material que modificam a natureza humana em sua consciência e comportamento, baseado por essas ideias quer compreender como se desenvolve a espécie humana e a suas ações, com base no trabalho, sendo o processo no qual se desenvolvem as relações sociais, e a criação de instrumentos. O instrumento quando produzido já possui uma função e para qual fim vai ser utilizado, com o surgimento de instrumentos o ser humano enxerga um novo mundo, um mundo no qual pode ser transformado, o próprio começa a se sentir valorizado pois tem a capacidade muda-lo.O uso de signos pode ser considerado uma representação de um objeto por meio de um símbolo. Os Signos são meios auxiliadores para solucionar um problema, lembrar, etc. Representam a realidade pois se referem a elementos presentes e concretos, são por meios dos signos que ocorrem processos internos de mediação, no qual são chamados de internalização, a partir da internalização vão ser desenvolvidos sistemas simbólicos, que organizam os signos, que são importantes para a construção dos processos mentais superiores. Para Vygotsky “Ao longo do desenvolvimento o individuo deixa de necessitar de marcas externas e passa a utilizar signos internos, isto é, representações mentais que substituem os objetos do mundo real”. Ou seja, ao longo do seu desenvolvimento o individuo vai ter essa capacidade de lidar com as representações, sem a presença das próprias coisas, pois os signos são compartilhados pelo grupo social em que vive, sendo o trabalho um dos meios importantes para a construção de sistemas simbólicos, a comunicação e o uso de instrumentos permite aprimoramento da internalização social. O uso de signos e a sua internalização vão depender de qual grupo social que o individuo está inserido, e o que o objeto vai significar para aquele determinado grupo, ou família que é o primeiro grupo social que está inserido, é o grupo cultural, a cultura em si que vai determinar as formas de ver o real daquele individuo. A Teoria de Vygotsky diz que a cultura e a socialização desempenham um papel crucial no desenvolvimento da criança, para ele o desenvolvimento interno e a aquisição da linguagem acontecem simultaneamente, com ambos sendo apoiados por influências externas, tais como pais, colegas, professores. A linguagem é a grande ferramenta social de contato, é ela que possibilitando a troca com o outro, permite a cada individuo, constituído dessa interação com o outro, se desenvolver, para conquistar o seu potencial. A cultura se integra ao homem pela atividade cerebral, estimulada pela interação com grupos sociais, mediada pela linguagem. Na aprendizagem, mais do que individuo agir sobre o meio é necessário interagir. Para ele todo os individuo adquire seus conhecimentos a partir de relações interpessoais, de troca com o meio, por isso é chamado de interativo, Vygotsky afirma que aquilo que parece individual na pessoa é na verdade construção da sua relação com o outro, um outro coletivo, as características e atitudes pessoais estão ligadas com as trocas com o coletivo, e na cultura e seus valores, nos grupos sociais que se constrói e se internaliza o conhecimento, através da linguagem e símbolos escolhidos como metáforas ou outras figuras que acontece a mediação a partir da cultura, ou seja, para Vygotsky as funções mentais superiores são socialmente formadas e culturalmente transmitidas por meio da linguagem. Ainda que uma criança tenha o potencial de desenvolver se não interagir não se desenvolvera como deveria. É necessário como diz o próprio ter o intercâmbio social, a necessidade de comunicação que vai gerar o desenvolvimento da linguagem, sem a linguagem não seria possível utilizar signos, pois estes são transmitidos a partir da fala, da interação com o outro, processo necessário para ocorrer o pensamento generalizante, quando a linguagem ordena o real, e cada um vai generalizar de uma forma diferente, o que a linguagem instrumento do pensamento, pois fornece conceitos e informações do mundo que nos cerca. A cultura negocia o sentido das coisas através de representações simbólicas, da linguagem, que realiza mediação entre a coisa e compreensão da coisa, como se fosse uma tradução. A informação da coisa vai para seu cérebro junto com o significado atribuído, ocorre a internalização, a criança ao refletir sobre o nome e o significado do objeto, ao internalizar consegue abstrair o conceito do objeto, e torna-lo universal, então o significado atribuído do objeto pela criança, não cabe mais somente a um único significado, porque a própria criança descobre os muitos sentidos da palavra referente ao objeto. Pela mediação e a internalização aprende conhecimentos, papeis socais e valores. Na sua teoria interacionista Vygotsky fala de outro conceito importante para o desenvolvimento que á Zona do desenvolvimento proximal (ZDP), mais valorizado na pratica pedagógica. Diz a respeito sobre o que a criança já sabe, já é, e o que sabe fazer sozinha, e aquilo que ela tem a potencialidade para vir a ser, desde que seja assistida, aprenda com os outros, onde entra o professor, o adulto, ou um colega mais experiente que a estimulam a se apropriar dessa potencialidade. 2.2 Cotejamento do pensamento de Vygotsky como resultado do jogo Análise dos resultados Gráfico de acertos, referente às tarefas 1, 2 e 3 Na tarefa 1, a Nicole (criança de 9 anos) acertou 13 questões de 18, sem ajuda e sem cartões de apoio. No inicio do jogo, ela demonstrou falta de atenção leve, seguindo apenas as regras de cores proibidas, e deixando de lado a segunda regra das cores repetidas, errando 5 questões de cores repetidas. Na segunda e na terceira etapa, com o uso de instrumentos do meio, como os cartões (e na terceira tarefa a ajuda do aplicador), ela conseguiu fazer a mediação simbólica e relacionar as regras do jogo com a apresentação dos estímulos, acertando 17 questões na terceira fase. A segunda criança, Ana de 8 anos, teve dificuldade de memorizar a segunda regra do jogo, que é das cores repetidas. Embora tenha errado poucas perguntas, ela deu mais importância as cores proibidas, do que as repetidas, acertando 13, 13 e 15, respectivamente nas três tarefas. Gráfico de erros referente às tarefas 1, 2 e 3 Nesse segundo gráfico, mostra a quantidade de erros nas três tarefas. Henrique, na mesma proporção que acertou muito com a ajuda do aplicador e os cartões de apoio, errou menos também, deixando de acertar apenas 2 na última tarefa. Henrique, de 6 anos, mostra que estava com o foco apenas em ganhar o jogo e não em acertar as cores proibidas e/ou repetidas. Todas as etapas eles respondia que “sim” a cada pergunta se achava que havia ganhado o jogo, mas ao perguntar qual eram as cores proibidas e repetidas ele não sabia responder. 2.3 Esclarecimento do Jogo · Verificar a habilidade da criança na utilização de instrumentos e signos culturais como auxiliares na lembrança (memória) de instruções em situações de jogos; · Observar a existência e a frequência da fala egocêntrica usada pela criança na tentativa de dirigir e organizar suas ações; · Observar como a capacidade das crianças de memorizar instruções, oferecidas em três situações de jogo, vai se construindo no decorrer de seu desenvolvimento físico e intelectual. Critério para seleção dos sujeitos: · Quatro crianças · Idade de 04 a 09 anos · Nível socioeconômico semelhante · Compreender as regras do jogo · Conhecer as cores propostas no jogo Material e Método: Material: Oito cartões nas cores - azul, vermelho, verde, amarelo, alaranjado, marrom, branco, preto; roteiro com as perguntas. Regras do Jogo: O jogo consiste em pedir à criança que responda a um conjunto de questões relativas a cores, seguindo dois tipos de instruções: não mencionar duas cores estabelecidas no início como proibidas; não repetir cores que já tenham sido mencionadas no decorrer da tarefa. Vence o jogo quem obedecer rigorosamente as duas regras acima: responder as 18 questões sem falar as cores proibidas e sem repetir as cores já faladas. A criança deve ser orientada a responder “eu não posso falar essa cor”, para as situações em que ela seja proibida ou repetida. As três tarefas devem ser aplicadas individualmente numa única vez. Etapas do Jogo: · TAREFA 1 - Jogo sem cartões auxiliares e sem ajuda dos Pesquisadores Responder a um total de 18 questões sem repetir cores e nem falar as duas cores proibidas. · TAREFA 2 - Jogo com cartões auxiliares e sem ajuda dos Pesquisadores. As regras são as mesmas da tarefa 1; no entanto, fornecer à criança 8 cartões coloridos que pode ser utilizadoda forma que desejar. Sinalizar para a criança que os cartões podem ajudá-la a ganhar o jogo. · TAREFA 3 - Jogo com cartões auxiliares e com ajuda dos pesquisadores. Os pesquisadores sugerem o uso dos cartões com o objetivo de ganhar o jogo e mostram à criança, por exemplo, como virar o cartão da cor correspondente na medida em que cada uma é mencionada. Entre uma questão e outra, são feitas outras questões para não “cansar” a criança. 2.4 DESCRIÇÃO DO TRABALHO Sujeitos: 1. Nicolly Alves de Azevedo, 9 anos, sexo feminino, 3ª serie do Ensino Fundamental 2. Ana Paula Garret, 8 anos, sexo feminino, 2ª série do Ensino Fundamental 3. Leonora Rosa da Silva, 5 anos, sexo feminino, Ensino Primário. 4. Henrique Bispo dos Santos, 6 anos, 1ª série do ensino fundamental Local da pesquisa: Material Utilizado: O material utilizado foram 8 cartões da cor: azul, vermelho, verde, amarelo, alaranjado, marrom, branco, preto e roteiro com perguntas. Transcrição do questionário: A Erro por falar cores proibidas B Erro por falar cores repetidas C Resposta Certa D Outros Tarefas 1, 2 e 3 aplicadas na primeira criança N. de 9 anos. Tarefas 1, 2 e 3 aplicadas na primeira criança A. de 8 anos. A Erro por falar cores proibidas B Erro por falar cores repetidas C Resposta Certa D Outros Tarefas 1, 2 e 3 aplicadas na primeira criança L. de 5 anos. A Erro por falar cores proibidas B Erro por falar cores repetidas C Resposta Certa D Outros Tarefas 1, 2 e 3 aplicadas na primeira criança H. de 6 anos A Erro por falar cores proibidas B Erro por falar cores repetidas C Resposta Certa D Outros CONCLUSÃO A abordagem sócio interacionista enxerga o homem não somente como um ser biológico de corpo e mente, e sim, como um ser social. O individuo faz parte da espécie humana e é elemento de uma evolução histórica. Vygotsky demonstra que o cérebro é um complexo que pode ser adaptado pela ação de princípios externos, por meio da mediação simbólica e que por entre esse intermédio a ligação homem-mundo se dá. Essa conexão é consequência do contato do sujeito com o meio físico e social através de itens mediadores ou intermediários que passam pelo seu pensamento, e em consequência suas optações e ações que são os instrumentos (externos) e signos (internos). Enquanto o signo concebe uma ação interna dirigida para o controle do próprio sujeito, o instrumento é orientado externamente, para o controle da natureza. Tanto o comando das atitudes como o do ambiente provocam modificações no desempenho cognitivo, o signo gera a necessidade das funções superiores e os instrumentos a relação do sujeito com a natureza: o individuo muda o ambiente e essa alteração transforma a sua própria essência. É essa dinâmica dialética, entre o homem e seu produto, que se busca o esclarecimento. O jogo das cores proibidas faz uma verificação do desempenho da criança ao utilizar signos e instrumentos como auxiliadores da memória. REFERÊNCIAS OLIVEIRA, M. K. A mediação simbólica. In: OLIVEIRA, M. K. Vygotsky. Aprendizado e Desenvolvimento um processo sócio-histórico. 4ª Ed. São Paulo: Scipione, 1997. VYGOTSKY, L. S. Interação entre aprendizado e desenvolvimento. In: VYGOTSKY, L. S. A Formação Social da Mente. São Paulo: Martins Fontes, 2008. (p. 103 – 119). VYGOTSKY, L. S. Pensamento e palavra. In: A construção do pensamento e da linguagem. São Paulo: Martins Fontes, 2011. ANEXOS
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