Baixe o app para aproveitar ainda mais
Prévia do material em texto
Definição: A leptospirose é uma antropozoonose causada por espiroquetas patogênicas do gênero Leptospira, que pode afetar o homem e animais domésticos e selvagens. A doença pode variar desde um processo inaparente até formas graves. Doença de Weil na forma grave da doença. As leptospiras são bactérias Gram-negativas, helicoidais. Epidemiologia: No período de 2007 a 2016, foram registrados 39.263 casos confirmados de leptospirose, com média anual de 3.926 casos, incidência de 1,02/100 mil habitantes e taxa de letalidade de 8,9%. Dos casos confirmados, o número de hospitalizações foi de 982, tendo os percentuais anuais variado entre 5,7% (2012) e 8,5% (2011). A maior parte das infecções ocorreu em área urbana (79,2%). Os sinais e sintomas mais prevalentes foram febre (90%), mialgia (83%) e cefaleia (76%), seguidos por dor na panturrilha (59%), prostração (59%), vômito (52%) e icterícia (47%). As características do local de exposição mais relatadas no SINAN foram: sinais de roedores no ambiente (72,1%); e contato com água e/ou lama de enchente (52,3%). A capacidade da bactéria de sobrevivência no meio ambiente (até 180 dias) e a ampla variedade de animais susceptíveis. Ocorre em todas faixas etárias e em ambos os sexos, mas na forma mais grave há uma predominância de pessoas do sexo masculino e nos adultos jovens. Em 90% dos casos de leptospirose a evolução é benigna. Ocorre mais na população de baixo nível socioeconômicos e na periferia das grandes cidades. Nos países desenvolvidos a doença acomete mais crianças e mulheres por causa do contato com animais de estimação. Diagnóstico clínico: O período de incubação é variável, usualmente de três a 13 dias com extremos de um a 24 dias. A doença pode ser assintomática ou sintomática leve, moderada ou grave, como a que ocorre na forma icterohemorrágica com comprometimento de múltiplos órgãos. O paciente melhora em quatro a sete dias na maioria dos casos, mas quando no 3º dia aparece a icterícia, é uma indicação que a doença está evoluindo para uma forma mais grave. Leptospirose Fisiopatologia: O comprometimento renal é uma complicação frequente nos pacientes com a forma grave da leptospirose, caracterizado principalmente por uma associação de dano intersticial e tubular. Vários fatores estão envolvidos na insuficiência renal aguda (IRA) na leptospirose, incluindo ação nefrotóxica direta da leptospira, hiperbilirrubinemia, rabdomiólise e hipovolemia. Os principais achados histológicos são nefrite intersticial aguda e necrose tubular aguda A rabdomiólise é a injúria do tecido muscular esquelético que permite o escape do conteúdo intracelular para o meio extracelular. Pode ser diagnosticada pela elevação de enzimas musculares no soro (a mais específica CPK). Em decorrência da lesão muscular ocorre aumento no plasma de eletrólitos (K e fósforo) e a mioglobina se torna presente no plasma e urina. A creatinofosfoquinase, conhecida pela sigla CPK, é uma enzima que atua principalmente nos tecidos musculares, no cérebro e no coração, sendo solicitada a sua dosagem para investigar possíveis danos a esses órgãos. Clinicamente a Leptospirose apresenta-se sob duas formas: Forma anictérica: A doença tem início abrupto com febre alta e remitente, acompanhada de calafrios, cefaléia intensa e mialgia principalmente nos músculos da panturrilha, podendo ocasionalmente acometer outros grupos musculares. A rigidez de nuca pode refletir acometimento meníngeo. Anorexia, náuseas, vômitos, diarréia, prostração, dores articulares e hiperemia ou hemorragia conjuntival são frequentemente observados nestes pacientes. Tosse seca ou produtiva, com ou sem escarros hemoptoicos, podendo ocorrer hemoptise franca, dor torácica, dispnéia com cianose, atrito pleural e presença de estertores crepitantes e subcrepitantes. Exantemas maculopapulares, eritematosos, urticariformes, petequiais ou hemorrágicos. Forma ictérica ou síndrome de weil: Nesta forma da doença devemos associar o quadro clínico anteriormente descrito a severa disfunção hepática demonstrada pela presença de icterícia combinada ou não com insuficiência renal aguda, presença de fenômenos hemorrágicos, alterações cardíacas, hemodinâmicas, pulmonares e da consciência. Esta forma clínica é associada à alta letalidade. Diagnóstico laboratorial: Na fase aguda, durante o período febril, as leptospiras podem ser visualizadas no sangue através de cultura em meio apropriado. Na fase imune as leptospiras podem ser encontradas na urina. Método sorológico – Padrão ouro Micro e macro aglutinação. Diagnóstico diferencial: Na forma anictérica, a leptospirose pode ser confundida com doenças como a gripe, dengue e outras doenças virais, geralmente benignas e autolimitadas, que cursam com cefaléia, febre e dores musculares. O comprometimento meníngeo pode se expressar de forma clínica e laboratorial bastante parecida com as meningites linfomonocitárias benignas. Na forma ictérica ou síndrome de Weil, o diagnóstico diferencial deve ser feito principalmente com a sepse por bactérias Gram- negativas ou Gram positivas, hepatite alcoólica, infecção bacteriana aguda em hepatopatias crônicos, forma ictérica da febre tifóide, malária por P. falciparum, febre amarela, hepatites virais graves, colangites e colecistites. Tratamento: Antibioticoterapia por 7 a 10 dias. Sintomáticos. Hidratação. Nas formas mais graves os pacientes devem ser internados na Unidade de Terapia Intensiva para receberem suporte hemodinâmico, respiratório e renal e outras medidas cabíveis quando necessário. Avaliação de exames laboratoriais: Uréia e creatinina; hemograma e outros. Proteínas ingeridas na dieta → produção de creatina fosfato pelo fígado → consumo da creatina fosfato pelos músculos para geração de energia → produção de creatinina → eliminação da creatinina pelos rins. Lista de Diagnósticos de Enfermagem (Diagnoses): Hipertermia relacionada a desidratação evidenciado por pele quente ao toque. Risco para infecção evidenciado por alteração na integridade da pele. Risco de volume de líquidos desequilibrado. Comunicação verbal prejudicada relacionado a informações insuficientes evidenciado por dificuldade em manter a comunicação. Déficit de autocuidado banho relacionado a dor evidenciado por capacidade prejudicada de lavar o corpo. Déficit para o autocuidado na alimentação relacionado a desconforto evidenciado por capacidade prejudicada de alimentar�se de uma refeição inteira. Dor aguda relacionado a agente biológico lesivo evidenciado por autorrelato das características da dor. Diagnósticos de Enfermagem prioritários: Dor aguda relacionado a agente biológico lesivo evidenciado por autorrelato das características da dor. Hipertermia relacionada a desidratação evidenciado por pele quente ao toque Déficit de autocuidado banho relacionado a dor evidenciado por capacidade prejudicada de lavar o corpo. Resultados de enfermagem (Classificação dos resultados de enfermagem- NOC): DE= Dor aguda relacionada a agente biológico lesivo evidenciado por autorrelato das características da dor usando instrumento padronizado de dor. Reconhecimento do início da dor (manter em 5). Descrição de fatores causadores (de 4 aumentar para 5). Uso de medidas de alívio não analgésico (de 2 aumentar para 5). Uso de analgésico conforme recomendação (de 4 aumentar para 5). Relato de mudanças nos sintomas da dor ao profissional de saúde (de 3 aumentar par 5). Intervenções de enfermagem (Classificação das intervenções de enfermagem-NIC): Providenciar medidas não farmacológicas e farmacológicas de alívio da dor se necessário. Assegurar que o paciente receba cuidados precisos de analgesia. Investigar com o pacienteos fatores que aliviam/pioram a dor. Avaliar com o paciente e a equipe de cuidados de saúde a eficácia de medidas passadas utilizadas para controlar a dor. Instituir e modificar as medidas de controle da dor com base na resposta do paciente. Promover repouso/sono adequado para facilitar o alívio da dor. Ação realizada na prática= aplicação da escala de dor e investigação do que causava e aumentava a dor. Assistência de Enfermagem: Manter vias aéreas pérvias. Oferecer suporte de oxigênio. Manter cabeceira elevada. Liberar a boca e orofaringe de secreções com lenço ou aspiração delicada. Avaliar nível de consciência. Monitorar sinais vitais. Estar atento para sinais de choque (palidez, pele fria, taquicardia, sudorese) Acesso venoso para reposição hídrica e terapia antimicrobiana Observar padrão urinário Providenciar realização de exames para avaliação da função renal Promoção de conforto e alivio da dor Manter a pele limpa e seca Utilização de sabonete neutro para não alterar o pH da pele.
Compartilhar