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INFORMAÇÕES DO LIVRO: Título: O que é educação Autor: Carlos Rodrigues Brandão Editora: Brasiliense Ano: 1981 Edição: 3ª A educação está presente em todos os lugares e não existe apenas uma forma de educação, e sim várias. É possível visualizar isso até mesmo através da carta de um Índio, direcionada aos Europeus, falando sobre a percepção desse povo referente a educação. Um trecho marcante da fala dele é: “A vossa ideia de educação não é a mesma que a nossa”, evidenciando que não há uma única forma ou um único modelo educacional. Os povos antigos já tinham processos educacionais, porém sem ser necessariamente escolar. Nestes não existiam um período destinado apenas a ensinar, isso costumava acontecer a qualquer momento, não existindo técnicas educacionais especializadas. A educação existe onde não há escola. Podemos definir a educação como um “conjunto de organização física e espiritual da maneira de transmitir a sua particularidade”, ela existe nas mais variadas formas. A esse processo de educação que não se utiliza de escola e que depende do convívio social dá-se o nome de Socialização. Esse processo global tem a função de proporcionar a cada um dos membros de uma determinada sociedade o que eles precisam para serem reconhecidos como “seus” e para existirem dentro dela. A educação daria forma e polimento, obtendo-se como produto o adulto educado. Entretanto, quando o trabalho se separa do poder começam a surgir as hierarquias sociais. O saber então se divide de acordo com categorias, a educação formadora do “homem” e da “mulher” é diferente da educação que forma o pintor, o artista ou o professor. Essas formas de educação são visíveis até mesmo em sociedades mais antigas. Hoje em dia em nossa sociedade existem formas livres, familiares e/ou comunitárias de educação. No que se refere aos espaços educacionais não escolares, em geral, a educação é primeiro interpessoal (familiar) e depois através do processo “educador-educando” (sociedade). A nossa educação atual é baseada em modelos educacionais antigos. Como exemplo temos a educação grega (paidea) e também a romana. Na Grécia, o homem educado era tido como uma obra das mais perfeitas. Além disso, o contato interpessoal era considerado uma das melhores formas de ensino, nesse sentido, a educação era divida em duas etapas, a primeira privilegiava o contato com a família, e a outra era baseada no convívio com a sociedade como um todo. Nesse sentido, os mestres-escolas e os sofistas possuíam papel importante na constituição do modelo de aprendizado. Conseguimos ver também na paidea a educação como um produto, afinal nessa época a educação era comercializável. Por esse motivo, a educação não era dada de forma igualitária a todos, aos que tinham maiores condições era dada a educação chamada de “teoria”, e aos outros menos privilegiados era dada a “tecne”. Uma caracterizada como formadora do espírito e a outra da mão-de-obra, respectivamente. Na educação romana, anteriormente, o trabalho era de todos e o saber para todos. Os reis trabalhavam junto com os súditos. A educação das crianças era doméstica, elas aprendiam com os mais velhos a preservar os valores daquela sociedade. O produto desta educação era o homem educado capaz de renunciar de si para servir a sua comunidade. Entretanto, a divisão também atingiu a Roma. E a educação passou a ser ministrada de forma diferente para cada um dos níveis hierárquicos. O modelo de educação romano se tornou semelhante ao nosso modelo atual. Esta educação que Roma criou, baseada na educação grega, se espalhou por todo o mundo, sendo usada como forma de dominação. A educação desigual existe, sendo utilizada como forma de controle e disponibilizada de forma desigual a níveis hierárquicos diferentes. Sendo assim, durante os tempos, a educação foi utilizada de diversas formas, tanto para aumento e refinação do conhecimento, quanto para reprimir, constituindo como forma de poder. Em todos os aspectos, quando a educação é utilizada como forma de dominação, os dominantes tentam mostrar aos dominados que aquilo que ele está oferecendo é o melhor. A educação não só mudou através da divisão de classes, como consegue permitir que isso permaneça. Àqueles que possuem capital é dado o “melhor”. Sendo assim, a educação mostra-se como instrumento político. Em alguns casos, até mesmo aqueles envolvidos diretamente no processo educacional são excluídos de opinar. Dessa forma, a educação pode ser tida como uma prática social, e mostra-se como suporte para exercício da vida em comunidade, dependendo de todo o contexto histórico e cultural da sociedade em que está inserida. Os saberes passados através dela auxiliam na formação do homem cujo papel é trabalhar em prol da comunidade em que se encontra. É preciso buscar reinventar a educação a cada momento, afinal os tempos mudam e as pessoas também. Por isso as novas formas de pensar são importantes, e junto com ela os movimentos sociais. A educação não depende só do ato tecnológico, o ato humano também é importante. É importante pontuar que, a educação sozinha não consegue mudar o mundo, mas possui papel fundamental. Logicamente, ela não deve ser igual para todos, afinal todos são diferentes uns dos outros. O modelo educacional que melhor se adequa a um povo é aquela que prepara esse indivíduo para que ele viva em sociedade, contribuindo de forma positiva para a sua formação tanto profissionalmente, quanto moralmente. Nesse contexto, a educação mostra-se como arma transformadora, não estando restrita a espaços escolares nem a professores profissionais.
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