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Anamnese Ginecologica e Obstetrica

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IDENTIFICAÇÃO: nome completo, idade, profissão, 
naturalidade, estado civil (para saber se há vida sexual 
ativa), raça. 
 Idade: Permite situar a paciente em uma das 
diversas fases da vida da mulher, quais sejam 
infância, puberdade, maturidade, climatério e 
senilidade. Sabe-se que certas patologias são 
mais frequentes em determinadas faixas etárias, 
facilitando assim o raciocínio diagnóstico. 
 Raça: Como exemplo, temos que mulheres 
negras tendem a apresentar leiomioma uterino 
mais frequentemente que mulheres brancas. 
 Naturalidade e procedência: sua importância 
reside no fato que certas doenças são mais 
comuns em determinadas regiões, como o 
câncer da mama, que é mais frequente em 
mulheres procedentes dos Estados Unidos. 
 Profissão: em algumas situações assumem 
importância capital, como no caso de mulheres 
grávidas que lidam com materiais tóxicos 
(gráficos). 
 Religião: que pode fornecer informações sobre 
costumes, práticas e hábitos de vida da mulher. 
QUEIXA PRINCIPAL: é o motivo que levou o paciente a ir 
no médico. Ex: Corrimento há 10 dias. 
HISTÓRIA DA MOLÉSTIA ATUAL (HMA): descrever 
melhor a queixa principal. Por exemplo, corrimento tem 
mau odor? Piora após relação sexual? Há prurido? Qual a 
cor do corrimento? Piora após o fim da menstruação? 
 Faz-se um histórico da evolução das 
manifestações clínicas, desde seu início até o 
momento da consulta. Todas as particularidades 
devem ser minudenciadas, tais como períodos 
de melhora espontânea, medicação utilizada, 
exames laboratoriais e possíveis tratamentos 
clínicos e/ou cirúrgicos realizados. 
INTERROGATÓRIO SISTEMÁTICO: dar mais atenção ao 
aparelho urinário e ao aparelho gastrointestinal, pois são 
mais relacionados ao aparelho genital. 
 Aparelho digestivo merece atenção especial, 
visto que muitas vezes algumas alterações 
digestivas podem ser confundidas com queixa 
ginecológica, tais como a diverticulite ou a 
apendicite, pela semelhança das manifestações 
clínicas. 
 Queixas do aparelho urinário são, 
frequentemente, motivo de consulta ao 
ginecologista. Entre as mais frequentes 
encontram-se as cistites e as litíases renais. 
 As mamas, a nosso ver, merece consideração 
especial. A dor, se relatada, deve ser bem 
caracterizada quanto à intensidade, ritmo, 
característica e local. Da mesma forma, a queixa 
de nódulo implica em determinar o número, 
local, tempo de aparecimento, consistência, 
mobilidade, crescimento rápido ou não, presença 
de nódulos axilares e regularidade de sua 
superfície. Interrogar sobre a possibilidade de 
saída de secreção pelo mamilo e, se presente, 
caracterizar coloração, quantidade, saída 
espontânea, se é uni ou bilateral, se por um ou 
mais ductos. 
ANTECEDENTES FAMILIARES: algumas 
ginecopatias tendem a se repetir entre membros 
de uma mesma família como, por exemplo, os 
leiomiomas. Histórico de câncer (câncer de ovário, de 
mama e de útero). Carcinoma de endométrio é 
relacionado com histórico familiar. Carcinoma de colo de 
útero não é relacionado com histórico familiar. 
ANTECEDENTES PESSOAIS: já fez alguma cirurgia 
ginecológica? Bebe? Fuma? 
O passado de doenças contagiosas da infância deve ser 
esclarecido, pois doenças como rubéola, toxoplasmose, 
sarampo, caxumba e outras assumem importância 
capital, durante o período reprodutivo da mulher. A 
história de infecção urinária de repetição nos fornece 
subsídio para a hipótese de má formação do aparelho 
renal. O passado de doença sexualmente transmitida 
deve ser investigado e esclarecido, pois pode ser causa 
de infertilidade. 
ANTECEDENTES MENTRUAIS: menarca; DUM (data da 
última menstruação); caracterização do ciclo menstrual 
(DURAÇÃO DO FLUXO E VOLUME/DURAÇÃO DO 
CICLO); dismenorreia. 
 O interrogatório deve começar pela idade da 
menarca (primeiro episódio menstrual da vida 
da mulher). 
 A data da última menstruação tem importância 
e deve ser anotada com destaque, 
principalmente se a paciente se encontrar no 
menacme. 
 Se a paciente for idosa, indagar a data da 
menopausa (última menstruação, encerrando o 
período de menacme). Normalmente, a 
menopausa ocorre entre os 48 e 52 anos de vida. 
 O intervalo entre as menstruações deve ser, em 
média, de 28 dias, porém variações de 26 a 32 
dias podem ser normais. 
Precisa saber da DUM dos últimos 6 meses para 
avaliar a duração do ciclo. Duração do ciclo é 1º 
dia da DUM de um mês até o dia anterior da 
DUM do mês seguinte. 
 A duração do fluxo menstrual é de 4 a 5 dias. 
Pequenas variações (3 a 8 dias) podem ocorrer e, 
também, são consideradas normais. A 
quantidade de sangue perdido deve oscilar entre 
25 e 100 ml. Vale ressaltar que mulheres que 
sangram por mais tempo (8 dias) podem perder 
maior volume (até 200 ml). 
 A cor deve ser vermelho escuro, fluido, não 
formando coágulos. 
 Formas de quantificar o volume da menstruação 
é através do nº de absorventes por dia/ em 
cruzes. 
+++ apresenta coágulos na menstruação 
++++ há algum grau de anemia 
Ciclo Eumenorreico – ciclo normal (duração do fluxo em 
torno de 8 dias, perdendo 50 – 80 mL, duração do ciclo é 
de 25-30 dias) 
Algomenorréia é a menstruação acompanhada de dor, é 
sintoma menstrual comum e causa frequente de 
consulta ao ginecologista. Por este motivo, deve ser bem 
caracterizada quanto ao tipo, se em cólica, em peso ou 
contínua, quanto à intensidade, se é leve, moderada ou 
forte e quanto ao período de aparecimento, se pré-
menstrual, menstrual ou pós-menstrual. 
Dismenorreia é a cólica menstrual. Pode ser: 
 Primária: ocorre durante um período de 2-3 anos 
após a menarca. A dor vai regredindo com o 
tempo. Vai reduzir com o início da vida sexual ou 
com o parto normal, pois vai favorecer uma 
frouxidão da musculatura. 
 Secundária: muitos anos após a menarca, em 
torno de 30 anos de idade. A dor é progressiva, 
comum na endometriose. 
ANTECEDENTES SEXUAIS: coitarca (quando iniciou sua 
vida sexual?); ISTs; UP? (único parceiro); dispareunia (dor 
durante a relação sexual); métodos contraceptivos 
atuais; libido; orgasmo; sinusorragia (sangramento 
durante relação sexual). 
 Dispareunia superficial: ocorre no início da 
penetração. Comum no climatério devido a 
diminuição do estrogênio (paredes sem a 
lubrificação necessária). 
 Dispareunia profunda: ocorre na menacme. 
Comum na endometriose. 
Interrogamos sobre a presença de corrimento vaginal, 
caracterizando o tempo de duração, a quantidade, a 
coloração, o odor, possíveis variações com o ciclo 
menstrual, tipo de tratamento utilizado e o resultado do 
mesmo. Questiona-se, ainda, a realização de 
cauterização, quando e quantas vezes elas ocorreram. 
Alterações vulvares, como prurido, tumores ou outras 
como fístulas e prolapsos devem ser investigados. 
ANTECEDENTES OBSTÉTRICOS: gestações, partos 
(normais ou cesáreas), abortamentos precoces (até 12 
semanas) e tardios (após 12 semanas); curetagem; peso 
ao nascer; idade do parto; evolução do puerpério; 
amamentação (fator de proteção para câncer de 
mama). 
 Curetagem: limpar as paredes do útero pós-
aborto para evitar endometrite. Pode ser 
diagnóstica e cirúrgica pós-aborto. 
Quando essa curetagem é feita de forma 
abrasiva (muito forte), essas paredes vão 
colabar e podem provocar a Síndrome de 
Asherman, causando infertilidade temporária. 
 Diabetes gestacional pode gerar bebês 
macrossômicos 
OBS: amamentação é fator de proteção para câncer 
de mama, pois durante a amamentação não há 
produção do estrogênio ao nível ovariano. Já que o 
estrogênio é vilão do câncer de mama. 
Quem não amamenta não tem esse repouso 
fisiológico do estrogênio. O ovário nunca ficou sem 
produzir estrogênio, a não ser na amamentação. 
 
EXAME GINECOLÓGICO E OBSTÉTRICO: 
 
MAMAS - inspeção estática e dinâmica, palpação 
dos linfonodos, palpação superficial e profunda das 
mamas, expressão mamilar 
 
ABDOME - palpação superficial e profunda de baixo 
ventre, percussão 
 
OGE (Observação da genitália externa) - monte 
venus,pilificação, labios externos e internos, sulcos 
interlabiais, meato uretral, coloração introito 
vaginal, himen, glandulas maiores e menores da 
vagina, manobra de valsalva, perineo 
 
OGI (Observação da genitália interna) - especular: 
paredes vaginais, colo utero, orificio externo, 
conteudo vaginal. 
 
TOQUE: simples- permeabilidade da vagina, 
elasticidade das paredes vaginais, fundos de saco, 
consistência do colo do útero, mobilidade, indolor 
ou não. Combinado- posição do útero, volume, 
superficie, contornos, anexo direito e esquerdo. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 O que è menstruação? Nem todo sangramento 
é menstruação! Pode ser sangramento de 
fundo de saco, de parede vaginal, de 
carcinoma. Menstruação é um sangramento 
periódico, transitório, proveniente da cavidade 
uterina e do controle neuroendócrino 
(hipotálamo-hipófise-gônada) 
 Caracterização ciclo menstrual eumenorréico: 
(frequência-21/35), duração (1/8dias), 
quantidade(1/80ml) 
28dias/4dias ; 2+/IV ou ppd (28 dias é a 
frequência, 4 dias é a duração e 2+ é a 
quantidade) 
Deprivação é uma “menstruação” de quem toma 
anticoncepcional, mas não é proveniente do eixo 
neuroendócrino. Ao parar de tomar a pílula, vai ter 
deficiência de estrogênio, por isso vai sangrar, por essa 
deprivação de estrogênio. 
Quem toma anticoncepcional não ovula, por isso não 
engravida. 
 
Controle Neuroendócrino do Ciclo Menstrual: 
Composto pelo hipotálamo-adenohipófise-
gônada (ovários). Hipotálamo libera GnRH 
(hormônio liberador de gonadotrofina) e 
Dopamina. 
 
O sistema límbico influencia na regulação do 
ciclo menstrual, já que esse sistema vai ser 
influenciado/ vai captar informações externas. 
Ex: estresse ou algum evento importante/ 
marcante pode desregular o ciclo menstrual. 
 
Adenohipófise, ao ser estimulada pelo GnRH, vai 
liberar FSH e LH. FSH e LH vão até os ovários 
estimular a liberação de estrógeno e 
progesterona. 
O estrógeno possui 3 subtipos: estradiol (mais 
potente, possui função no ciclo menstrual), 
estriol e estrona. 
Ciclo ovariano e endometrial ocorrem simultaneamente. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
CICLO OVARIANO: 
Há a parte medular (central) e periférica (onde ocorre a 
maturação folicular). 
Não temos células-tronco que renovam nossos folículos! 
Folículos vão reduzindo sua quantidade com o tempo. 
A cada mês 1 folículo vai ser escolhido para ovular – o que 
tiver maior número de receptores para FSH será 
escolhido. Ao escolher o folículo, ele vai crescendo e 
amadurecendo. 
Quem dá o comando inicial é o FSH! 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
À medida que o folículo vai amadurecendo, FSH vai 
estimular para que o folículo produza estradiol 
(estrógeno). 
Contudo, por feedback negativo, quando o estradiol já 
estiver em uma quantidade muito elevada, o estradiol vai 
mandar mensagem induzindo o FSH a parar de 
aumentar os níveis de estrógeno. Consequentemente, o 
FSH vai reduzindo seus níveis séricos, pois a estimulação 
de estrógeno não precisa mais ser realizada. 
 
Quando FSH reduz e o estradiol está elevado, o estradiol 
vai induzir a produção de LH. Quando chega no pico de 
LH vai ocorrer ovulação (aproximadamente 24h após o 
pico). Esse óvulo sai na fase de prófase meiótica. 
 
Estradiol vai fazer um feedback negativo= impede 
produção de FSH 
Estradiol vai fazer um feedback positivo= estimula 
produção de LH 
 
Já no endométrio, o óvulo vai se transformar em um 
corpo lúteo. O corpo lúteo vai liberar a progesterona – 
níveis elevados de LH vai induzir a produção de 
progesterona pelo corpo lúteo. 
 O abortamento precoce pode ocorrer por uma 
insuficiência do corpo lúteo, pode estar 
produzindo pouca progesterona. 
 O corpo lúteo que manterá a produção de 
progesterona, capaz de estabilizar o endométrio 
enquanto a placenta em formação não se torna 
autossuficiente. O corpo lúteo “segura” a 
gravidez até a 8ª semana. 
Caso não ocorra a fecundação, o corpo lúteo vai involuir. 
Não ocorreu gravidez  LH vai reduzir seus níveis  
Progesterona vai reduzir seus níveis. 
 
 
 
CICLO ENDOMETRIAL: 
O corpo do útero possui duas camadas, endométrio e 
miométrio. 
 ENDOMÉTRIO- Fornece um local adequado 
para a implantação e nutrição do blastocisto. 
 Endométrio possui três camadas: camada 
profunda ou basal (regenerar a camada 
superficial), camada média ou esponjosa (não há 
função), camada superficial ou compacta 
(camada que vai descamar, sofre ação 
hormonal). 
 
Histeroscopia 
Endométrio na Fase Proliferativa: 
 Presença de pontos luminosos 
(orifícios glandulares) 
 Visualização dos óstios tubários 
 
 
 
 
 
 
Endométrio na Fase Secretória: 
 Bem vascularizado 
 Não enxerga óstios tubários 
 
 
 
 
 
 
Endométrio na Fase de Climatério: 
 Rósea pálido, esbranquiçado 
 Não possui uma boa vascularização 
 Enxerga bem os óstios tubários 
 
 
 
 
 
 
SANGRAMENTO UTERINO ANORMAL 
(hemorragia uterina anormal): pode ser uma 
ausência de sangramento ou um maior 
sangramento. Não necessariamente é 
hemorragia. 
É avaliado pelo NÚMERO DE ABSORVENTES 
POR DIA ou NÚMERO DE CRUZES EM 4. 
A incidência é maior na adolescência e no 
climatério, por motivos distintos. 
Na adolescência, há uma imaturidade do eixo 
hipotálamo-hipófise-gônadas. Podendo ocorrer 
períodos amenorreicos e períodos de duração 
maior do ciclo, por exemplo, devido a essa 
imaturidade. 
No climatério, há uma atrofia ovariana, assim, 
não produzem estrogênio e nem progesterona. 
Portanto, também haver uma desregulação do 
sangramento uterino. 
 Ciclo Espaniomenorreico: ciclo maior 
que o normal. A paciente pode ficar 2 
meses sem menstruar, por exemplo. 
Ocorre na adolescência e no climatério, 
por motivos diferentes. 
Classificação: 
 Causas orgânicas. Afastar causas 
orgânicas do sangramento anormal. 
 Causas hormonais. Podem provocar 
sangramento uterino anormal – 
sangramento uterino disfuncional. É 
normal, ocorre em adolescentes e 
climatéricas. 
Diagnóstico: 
A- Exame físico 
B- Avaliação laboratorial 
C- Ultrassonografia transvaginal 
D- Histeroscopia 
Tratamento: 
CLÍNICO: 
 AINH (anti-inflamatórios não hormonais, como 
ácido mefenâmico e piroxicam) 
 Ácido tranexâmico (agente antifibrinolitico) 
CURETAGEM CLÍNICA: 
Feita em pacientes que nunca tiveram coitarca. 
Paciente está sangrando e não conseguiu ser resolvido 
com a utilização de medicamentos. Então faço a 
curetagem clínica que consiste em utilizar altas 
dosagens de anticoncepcional para interromper o 
sangramento. 
TRATAMENTO CIRURGICO: 
 Curetagem diagnóstica – só pode fazer em 
pacientes que já tiveram coitarca, que possuem 
vida sexual ativa. Vou fazer uma raspagem para 
colher material e enviar para anatomia 
patológica. Ao mesmo tempo, essa raspagem 
vai reduzir o sangramento. Deve ser realizada 
quando a paciente está sangrando muito. 
OBS: mesmo a histeroscopia sendo mais 
específica, não posso fazer na presença de 
sangramento. Então primeiro faço a curetagem 
diagnóstica para reduzir ou parar o 
sangramento. 
 Ablação endometrial – raspagem ou queima o 
endométrio para não recidivar o sangramento. 
 Histerectomia 
TRATAMENTO COMPLEMENTAR: 
 Repouso 
 Transfusão sanguínea 
 Dieta adequada 
 Avaliação emocional e psicoterapia 
OBS: Histeroscopia é uma biópsia dirigida, mas não 
pode fazer quando estiver sangrando, pois a 
visualização não fica adequada. Por isso, geralmente, 
faz a curetagem diagnóstica e depois a histeroscopia. 
Curetagem é “às cegas”, não é dirigida. 
 
Alterações na secreção, no metabolismo ou na 
excreção desses hormônios ou de seus reguladores 
determinam o comportamento do ciclo ovulatório e 
interferem em sua regularidade, bem como no volume 
e na duração dos fluxos menstruais. 
 O hipotálamo libera o hormônio secretor de 
gonadotrofinas (GnRH) 
 Neurotransmissores excitatórios (glutamato, 
neuropeptídeo Y e norepinefrina) e inibitórios 
(endorfinas e dopamina). Também atuam 
nessa regulação fatores ambientais, tais como 
estresse, exercíciosfísicos e desnutrição, que 
podem atuar como inibidores. 
A hipófise, então, em resposta à secreção de GnRH, 
produz duas gonadotrofinas: hormônio folículo 
estimulante – FSH (do inglês, follicle-stimulating 
hormone) e hormônio luteinizante – LH (do inglês, 
luteinizing hormone). O primeiro, FSH, como o próprio 
nome diz, tem por função estimular o recrutamento e o 
crescimento dos folículos ovarianos e a seleção para 
dominância até que o óvulo esteja maduro para ser 
fecundado; o segundo, LH, tem como finalidade 
produzir a luteinização das células somáticas foliculares 
(teca e granulosa), completar a maturação do óvulo e 
promover a ovulação 
 O ovário, em resposta 
aos comandos 
hipotálamohipofisários, 
produz os esteroides 
sexuais, sendo eles os 
estrogênios e a 
progesterona 
 
 
 
 
Formação dos Folículos Ovarianos: 
O folículo ovariano é composto por um óvulo central e 
duas outras populações de células somáticas que se 
dispõem em camadas: granulosa, interna, e a teca, 
externa. 
Uma vez diferenciadas em óvulos, a camada de células 
estromais que os circundam transformam-se em células 
da granulosa inativas, com formato fusiforme, e, assim, 
dão origem aos folículos primordiais. 
Apesar do estado de quiescência em que se encontram 
durante a infância, o processo de atresia dos folículos 
primordiais continua a ocorrer, de maneira que grande 
parte da população de células germinativas não chega à 
fase adulta reprodutiva. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Foliculogênese e Esteroidogênese: 
O ovário, em resposta à ação das gonadotrofinas, 
realiza basicamente dois processos: a esteroidogênese, 
ou produção de esteroides sexuais, e a foliculogênese, 
que é o recrutamento e o desenvolvimento dos folículos 
ovarianos. 
O processo de foliculogênese tem início com o 
recrutamento folicular, durante o qual os folículos 
quiescentes tornam-se ativos e capazes de se 
desenvolver. 
A partir desse estágio, secundário, o folículo passa a ser 
mais sensível à ação do FSH, o qual determina a 
proliferação de células da granulosa e leva o folículo ao 
estágio terciário, com três camadas. Finalmente, o 
folículo pré-antral multilamelar, com quatro ou mais 
camadas, tornase claramente dependente do FSH – essa 
dependência do FSH inicia-se a partir do estágio 
secundário. 
 Também compõem o folículo as células da teca, 
que se proliferam e passam a produzir 
androgênios pelo estímulo do LH. 
Assim, cabe à teca produzir progesterona e androgênios, 
os quais entram nas células da granulosa por difusão e, 
por ação da enzima aromatase, se convertem em 
estradiol pela ação do FSH. A granulosa avascular 
converte apenas os precursores que lhe são oferecidos 
pela teca. 
 Tal interação entre as células da teca e da 
granulosa para a produção de esteroides 
sexuais ovarianos é chamada de “mecanismo 
das duas células”. 
A cada ciclo, cerca de mil folículos são recrutados, ou 
seja, saem do estado de quiescência para tornarem-se 
ativos. 
Todos eles iniciam seu desenvolvimento, porém, ao 
longo do processo de foliculogênese, a grande maioria 
entra em processo de atresia. 
Apenas alguns, cerca de 8 a 20, chegam ao estágio 
antral. São esses os folículos com verdadeiro potencial 
de completar o seu desenvolvimento e atingir o estágio 
de maturidade – os chamados folículos antrais iniciais –, 
que refletem o pool de reserva ovariana, uma vez que 
são proporcionais ao número de folículos primordiais 
presentes no ovário. 
 
Nessa fase são dependentes de FSH para o seu 
crescimento e, portanto, possuem receptores para esse 
hormônio, que são autorregulados positivamente, ou 
seja, quanto maior a ação do FSH, mais receptores 
surgem na superfície dessas células, aumentando a 
sensibilidade do folículo a esse hormônio. Sendo assim, 
quanto maior o folículo, maior a sensibilidade ao FSH. 
 
Por algum motivo ainda não conhecido, um dos 
folículos do pool se destaca e apresenta crescimento 
mais acelerado que os demais, o que faz com que ele se 
torne cada vez mais sensível e responsivo ao FSH do que 
seus pares em crescimento. Nessa fase, a produção de 
estradiol é máxima, o que promove feedback negativo 
sobre a hipófise, reduzindo parcialmente a liberação de 
FSH na circulação. 
 
Para aquele folículo maior e mais sensível, essa 
pequena queda na liberação de FSH não interferirá em 
seu desenvolvimento, entretanto, para todos os demais, 
haverá a desaceleração do crescimento, a qual 
culminará na atresia do folículo. Estabelece-se, dessa 
maneira, a dominância folicular. 
 
Ao final da fase folicular, já como folículo pré ovulatório, 
as células da granulosa passam a expressar também 
receptores para o LH, até então presentes apenas na 
teca. O aumento desses receptores na superfície das 
células granulosa, associado à redução dos receptores 
de FSH pelo mecanismo de autorregulação, leva à 
mudança no padrão de dependência do folículo do FSH 
para uma fase LH-dependente. A partir desse momento, 
a secreção de LH pela hipófise determinará a 
transformação luteínica dessas células, juntamente com 
a teca, além de dar início ao preparo do folículo para o 
processo ovulatório. 
 Esse pico de LH é fundamental para o término 
da maturação folicular e o desencadeamento da 
ovulação, que ocorrerá 36 horas após. 
 
As células da parede folicular que permanecem no 
ovário após a ovulação, composto por células da teca e 
por células da granulosa, ambas sensibilizadas para 
ação do LH, entram em processo de luteinização. A 
síntese de esteroides é direcionada para a produção de 
progesterona, a qual terá papel fundamental na 
transformação endometrial e nos estágios iniciais do 
desenvolvimento embrionário. 
 
xxx 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
O endométrio e a implantação embrionária: 
O endométrio é composto de múltiplas camadas e 
pode ser dividido em duas porções distintas: a camada 
basal, responsável pelo processo de regeneração após a 
descamação menstrual, e a camada funcional, que se 
transforma de maneira mais ativa ao longo do ciclo e é 
descamada mensalmente na ausência de implantação 
embrionária. 
 
As transformações endometriais que ocorrem em 
resposta a toda a produção hormonal ovariana têm 
como objetivo final o preparo do útero para a 
implantação do embrião formado. Nesse sentido, 
podemos dividir de maneira didática o ciclo menstrual 
em duas fases bastante distintas em termos de perfil 
hormonal. A fase de crescimento folicular, caracterizado 
pelo aumento das camadas de células da granulosa, 
crescimento do óvulo e produção predominante de 
estradiol, é denominada de fase folicular e ocorre na 
primeira metade do ciclo menstrual. Enquanto o 
período pós ovulatório, caracterizado pelo 
desenvolvimento do corpo lúteo e a produção 
predominante de progesterona, é denominada fase 
secretora ou lútea e ocorre durante a segunda metade 
do ciclo menstrual. 
 
O início da fase folicular é marcado pela descamação 
menstrual de um endométrio preparado no ciclo 
precedente no qual a implantação não ocorreu, 
portanto, o papel inicial do estradiol é o de cicatrizar o 
endométrio cruento após a descamação. 
 
Os receptores de estrogênios na superfície das células 
são autorregulados pelo próprio estradiol, portanto, ao 
longo do ciclo, a sensibilidade local à ação desse 
hormônio aumenta na mesma proporção de sua 
produção. Quando o endométrio atinge certa 
maturidade e já está proliferado, ele passa também a 
expressar receptores de progesterona que terão papel 
importante na próxima etapa do preparo endometrial, a 
diferenciação desse tecido durante a fase lútea (Fritz e 
Speroff, 2011d). A progesterona, em contrapartida, inibe 
os receptores estrogênicos, o que reduz seu efeito 
proliferativo. 
Após a ovulação, a progesterona passa a ser 
predominante, e o endométrio já sensibilizado pelo 
estrogênio desacelera a atividade proliferativa e inicia a 
diferenciação das glândulas do epitélio 
pseudoestratificado, tornando-as mais tortuosas e 
promovendo o acúmulo de glicogênio e glicoproteínas 
no citoplasmadessas células. Essas substâncias terão 
papel importante na nutrição do embrião nos estágios 
iniciais da implantação. 
 
O pico da produção de progesterona pelo corpo lúteo 
ocorre sete dias após a ovulação, ou seja, no meio da 
fase lútea. Nessa etapa, a diferenciação endometrial é 
máxima e é quando se espera que o embrião, 
geralmente fecundado na trompa, estará chegando ao 
útero, ou seja, é o momento em que a chance de 
implantação é máxima. Esse período, chamado de 
“janela de oportunidade”. 
 
Ao adentrar a cavidade endometrial, dois a três dias 
após a ovulação, o trofoblasto embrionário inicia a 
produção de gonadotrofina coriônica humana – hCG. 
 
Por isso, o hCG se liga de maneira cruzada nos 
receptores de LH no ovário e mantém o estímulo sobre o 
corpo lúteo, o que manterá a produção de progesterona, 
capaz de estabilizar o endométrio enquanto a placenta 
em formação não se torna autossuficiente. 
 É um processo simbiótico em que o hCG 
placentário (trofoblasto) mantém o corpo lúteo 
e a progesterona do corpo lúteo mantém o 
endométrio íntegro até que a placenta se 
desenvolva. 
Ao redor das 12 semanas de gestação, quando a 
primeira onda de invasão trofoblástica se completa, a 
produção de hCG pela placenta é reduzida e o corpo 
lúteo degenera gradualmente, mas agora a placenta já 
é autossuficiente na produção dos hormônios que 
manterão a gestação até o final. 
 
Caso a implantação embrionária não ocorra, o corpo 
lúteo, que não receberá novos estímulos de LH, reduzirá 
a produção de progesterona, o que promove a liberação 
de enzimas líticas dos lisossomos e a liberação de 
prostaglandinas pelo endotélio dos vasos endometriais. 
 
Por ação das prostaglandinas, a musculatura lisa 
vascular sofre espasmos repetidos que levam à 
instabilidade do endométrio, isquemia do tecido em 
toda sua extensão e necrose. 
Todo esse processo culmina com a descamação de toda 
a camada funcional do endométrio, que, somando-se 
com um exsudato inflamatório, hemácias e enzimas 
proteolíticas, formará o fluxo menstrual, que marca o 
início de um novo ciclo.

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