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1 
SUMÁRIO 
1 AVALIAÇÃO DE IMPACTO AMBIENTAL (A.I.A) ........................................ 4 
1.1 Conceito ............................................................................................... 4 
1.2 Tipos De Empreendimentos ................................................................. 4 
1.3 Etapas e Metas .................................................................................... 5 
2 MONITORAMENTO AMBIENTAL .............................................................. 5 
2.1 Conceito ............................................................................................... 5 
2.2 Aspectos A Considerar ......................................................................... 6 
2.2.1 Auditoria Ambiental ........................................................................ 6 
2.3 Etapas Da Auditoria.............................................................................. 8 
3 ANÁLISE DE RISCOS AMBIENTAIS.......................................................... 8 
3.1 Tipos De Empreendimento ................................................................... 8 
3.2 Aspectos a Considerar ......................................................................... 9 
4 INSTRUMENTOS DE GERENCIAMENTO AMBIENTAL............................ 9 
4.1 Investigação Do Passivo Ambiental (Due Diligence) ............................ 9 
5 SEGURO AMBIENTAL ............................................................................. 11 
6 SISTEMA DE GERENCIAMENTO AMBIENTAL - SGA ............................ 11 
7 CERTIFICAÇÃO AMBIENTAL .................................................................. 13 
8 SISTEMA DE GESTÃO AMBIENTAL DE REGIÕES GEOGRÁFICAS 
DELIMITADAS .......................................................................................................... 14 
8.1 Bacias Hidrográficas........................................................................... 14 
8.2 Unidades De Conservação Ambiental ................................................ 15 
8.3 Áreas Costeiras .................................................................................. 15 
8.4 Áreas Metropolitanas.......................................................................... 17 
9 CONSIDERAÇÕES A RESPEITO DE AVALIAÇÃO AMBIENTAL ............ 18 
10 AVALIAÇÃO DE IMPACTO AMBIENTAL (AIA) ..................................... 20 
11 ASPECTOS DOS EIA/RIMA .................................................................. 22 
 
2 
12 AVALIAÇÃO DE IMPACTOS AMBIENTAIS .......................................... 25 
12.1 Histórico Legislativo do AIA. ............................................................ 25 
12.1.1 Resolução CONAMA 001 de 23 de janeiro de 1986. ................. 25 
13 ARRENDAMENTO E PARCERIA RURAL1 ........................................... 28 
13.1 Direito Agrário No Brasil .................................................................. 28 
13.2 A Autonomia Do Direito Agrário ...................................................... 29 
13.3 Estatuto Da Terra ............................................................................ 31 
13.4 Função Social Da Propriedade Rural .............................................. 32 
13.5 Contratos Típicos Do Direito Agrário ............................................... 34 
13.6 Do Arrendamento ............................................................................ 38 
13.7 Da Parceria Rural ............................................................................ 41 
13.8 Diferenças Essenciais entre os Contratos de Arrendamento e a 
Parceria ........................................................................................................ 42 
13.9 Do Contrato de Comodato .............................................................. 44 
13.10 Lei Nº 11.443 de 5 de Janeiro 2007 ................................................ 45 
14 LOCAÇÕES URBANAS ........................................................................ 48 
14.1 Sublocação (art. 14-16) ................................................................... 50 
14.2 Aluguel (art. 17-21) ......................................................................... 50 
14.3 Deveres do locador (art. 22) ............................................................ 51 
14.4 Deveres do locatário (art. 23) .......................................................... 51 
14.5 Benfeitorias (art. 35-36)................................................................... 52 
14.6 Garantias (art. 37-42) ...................................................................... 53 
14.7 Preferência (art. 27-34) ................................................................... 54 
14.8 Penalidades civis e criminais (art. 43-44) ........................................ 55 
14.9 Locação residencial (art. 46-47) ...................................................... 55 
14.10 Locação por temporada (art. 48-50) ............................................... 56 
14.11 Locação não residencial (art. 51-57) ............................................... 56 
 
3 
14.12 Locação comercial .......................................................................... 57 
14.13 Ação de despejo (art. 59-66) ........................................................... 57 
14.14 Prazo para desocupação na Ação de Despejo ............................... 59 
14.15 Ação de consignação de aluguel e acessórios da locação (art. 67) 60 
14.16 Ação revisional de aluguel (art. 68/70) ............................................ 60 
15 LEI Nº 12.112, DE 9 DE DEZEMBRO DE 2009. ................................... 62 
16 OPERAÇÕES BUILT TO SUIT .............................................................. 68 
BIBLIOGRAFIA ............................................................................................... 73 
 
 
 
 
4 
1 AVALIAÇÃO DE IMPACTO AMBIENTAL (A.I.A) 
 
Fonte: 1.bp.blogspot.com 
1.1 Conceito 
A Avaliação de Impacto Ambiental pode ser definida como uma série de 
procedimentos legais, institucionais e técnico-científicos, com o objetivo caracterizar 
e identificar impactos potenciais na instalação futura de um empreendimento, ou seja, 
prever a magnitude e a importância desses impactos (Bitar & Ortega, 1998). 
1.2 Tipos De Empreendimentos 
O Instrumento de Avaliação de Impacto Ambiental deve ser elaborado para 
qualquer empreendimento que possa acarretar danos ou impactos ambientais futuros, 
sendo executado antes da instalação do empreendimento. Com este enfoque, tem 
sido utilizado principalmente nos seguintes empreendimentos: minerações, 
hidrelétricas, rodovias, aterros sanitários, oleodutos, indústrias, estações de 
tratamento de esgoto e loteamentos (Bitar & Ortega, 1998). 
 
5 
1.3 Etapas e Metas 
A A.I.A. é um instrumento bastante difundido no Brasil desde 1986, devido as 
exigências legais de realização do Estudo de Impacto Ambiental (EIA) e do Relatório 
de Impacto Ambiental (RIMA). 
Como vimos anteriormente, são 4 as etapas de um Estudo de Impacto 
Ambiental (E.I.A.), sendo que o instrumento AIA corresponde à segunda etapa de 
elaboração (veja a figura a seguir, modificada de Bitar & Ortega, 1998). 
Na Avaliação de Impacto Ambiental a caracterização e dimensionamento dos 
processos físicos são de fundamental importância para subsidiar as decisões em torno 
das medidas mitigadoras a serem empregadas pelo empreendimento. 
Como podemos observar na figura anterior, as etapas que compõem o E.I.A. 
englobam outros instrumentos de gerenciamento ambiental. Como exemplo podemos 
citar o monitoramento ambiental, assunto que trataremos a seguir. 
2 MONITORAMENTO AMBIENTAL 
2.1 Conceito 
Monitoramento Ambiental consiste na realização de medições e/ou 
observações específicas, dirigidas a alguns poucos indicadores e parâmetros, com a 
finalidade de verificar se determinados impactos ambientais estão ocorrendo, 
podendo ser dimensionada sua magnitudee avaliada a eficiência de eventuais 
medidas preventivas adotadas (Bitar & Ortega, 1998). 
Segundo Machado (1995), a elaboração de um registro dos resultados do 
monitoramento é de fundamental importância para o acompanhamento da situação, 
tanto para a empresa e para o Poder Público, como também para a realização de 
auditoria, tema que veremos no próximo tópico. 
Objetivos 
 Verificar se determinados impactos ambientais estão ocorrendo; 
 Dimensionar sua magnitude; 
 Avaliar se as medidas mitigadoras de impactos são eficazes; 
 Propor, quando necessário, a adoção de medidas mitigadoras 
complementares. 
 
6 
2.2 Aspectos A Considerar 
Segundo Machado (1995), o monitoramento ambiental pode ser realizado pela 
empresa ou pelo Poder Público, de maneira isolada ou integrada, auxiliando na 
elaboração de outro instrumento ambiental, como por exemplo a auditoria. Nesses 
casos, o monitoramento é essencial para a auditoria pois, sem o registro de medições 
e/ou observações de períodos anteriores, a auditoria fica restrita apenas a uma 
avaliação da situação presente. 
Ainda segundo o autor citado, uma empresa que não efetua um monitoramento 
constante e/ou não registra adequadamente os resultados do monitoramento, não 
está apta a realizar uma auditoria ambiental completa e adequada. 
Veremos a seguir o tema Auditoria Ambiental. 
 
2.2.1 Auditoria Ambiental 
Exame sistemático, periódico, documentado e objetivo envolvendo análises, 
ensaios e confirmações de ações práticas realizadas em uma empresa em relação às 
exigências ambientais legais, normativas e de política interna (Fornasari Filho et al, 
1994). 
A auditoria ambiental pode ser realizada pelo Poder Público ou pela empresa, 
sendo que a auditoria privada tem sido impulsionada pela "tomada de consciência das 
vantagens na concorrência, que pode conferir a certas empresas a adoção de 
medidas testemunhando sua 'consciência ecológica' no plano da estratégia de 
concorrência, dos novos produtos, das novas tecnologias e dos novos sistemas de 
gestão" (Boivin, 1992 apud Machado, 1995). 
Os resultados e as técnicas da auditoria ambiental podem ser utilizados de 
forma interna e/ou externa ao empreendimento, ou seja, no primeiro caso a auditoria 
fornece subsídios ao aprimoramento do desempenho ambiental do empreendimento. 
Já a auditoria externa objetiva a averiguação deste desempenho pelo órgão 
ambiental; a avaliação de clientes, consumidores e da sociedade; e a obtenção de 
certificação. No caso de auditoria externa, a mesma precisa ser obrigatoriamente 
efetuada por auditor que não pertença ao quadro de funcionários do empreendimento 
(Fornasari Filho et al, 1994). 
A forma mais antiga de auditoria é a auditoria contábil, que remonta à 
Antiguidade. Mais recentemente, principalmente a partir de 1950, a auditoria de 
 
7 
qualidade tornou-se bastante difundida, sendo regulamentada internacionalmente e 
incluídas nas normas técnicas da série ISO 9.000 e detalhada na ISO 10.000 
(Fornasari Filho et al, 1994). 
Na década de 70, as indústrias norte-americanas e europeias, principalmente 
as químicas, estavam interessadas em conhecer seus desempenhos ambientais. 
Neste contexto, começou a ser formulada e difundida a denominada auditoria 
ambiental. Em 1986, a U. S. Environmental Protection Agency (EPA) divulgou sua 
política de auditoria ambiental (modificado de Fornasari Filho et al, 1994). 
 
 
Fonte: vanzolini.org.br 
Outros acontecimentos que regulamentam a auditoria ambiental são 
apresentados a seguir: 
1992 A British Standard Institution - BSI divulgou a BS7750, na qual a auditoria 
ambiental se constitui numa das etapas do Sistema de Gerenciamento Ambiental; 
1993 O Conselho da Comunidade Européia (CEE) regulamentou o modelo de 
gerenciamento e auditoria ambiental (ou eco-auditoria) para todos os 
empreendimentos; 
1994 A International Organization for Standardization, baseada na norma da 
BSI, divulga as minutas das normas da série 14.000, que tratam do Sistema de 
Gerenciamento e Auditoria Ambientais. 
 
8 
No Brasil, algumas legislações estaduais e municipais tornam obrigatória a 
auditoria ambiental (Fornasari Filho et al, 1994): 
1991 Município de Santos (SP) e o Estado do Rio de Janeiro; 
1992 Estado de Minas Gerias; 
1993 Estado do Espírito Santo. 
2.3 Etapas Da Auditoria 
 Pré-auditoria: executadas todas as atividades de preparação; 
 Auditagem Local: identificadas e avaliadas todas as operações que 
compõem o processo produtivo do empreendimento, podendo envolver 
desde simples observações de campo até a realização de ensaios 
laboratoriais; 
 Relatório final: contendo os resultados da auditoria efetuada; 
 Pós-auditoria: recomendações são implementadas pela empresa por 
meio de um plano de ação. 
O próximo tema que veremos trata da Análise de Riscos Ambientais. 
3 ANÁLISE DE RISCOS AMBIENTAIS 
A Análise de Riscos Ambientais "corresponde a uma estimativa prévia da 
probabilidade de ocorrência de um acidente e a avaliação das suas consequências 
sociais, econômicas e ambientais" (Bitar & Ortega, 1998). 
Deste modo, esse instrumento trata da identificação de situações de risco em 
um empreendimento em funcionamento, bem como da caracterização das 
consequências potencias ao meio ambiente, à comunidade, ao empreendimento e 
seus funcionários, caso o acidente ocorra. 
3.1 Tipos De Empreendimento 
O instrumento de Análise de Riscos Ambientais tem sido empregado 
principalmente em instalações industriais, barragens, hidrelétricas e disposição de 
 
9 
resíduos urbanos e industriais, incluindo barramentos em projetos de retenção de 
rejeitos de mineração (Bitar & Ortega, 1998). 
A aplicação desse instrumento tem sido realizada principalmente em 
instalações químicas e petroquímicas de distritos industriais de grande porte. Como 
exemplo podemos citar a cidade de Cubatão (SP) que, devido a sua proximidade com 
as encostas íngremes da Serra do Mar, apresenta risco de ocorrência de 
escorregamentos (Bitar & Ortega, 1998). Com o processo de concessão de rodovias, 
esse instrumento também vem sendo largamente utilizado, embora de modo mais 
dirigido às condições de segurança de tráfego. 
3.2 Aspectos a Considerar 
A Análise de Riscos Ambientais deve necessariamente levar em 
consideração os possíveis efeitos ambientais de um eventual acidente (Bitar & 
Ortega, 1998). 
A partir da identificação dos riscos ambientais e com a implantação de medidas 
preventivas associadas, o instrumento em questão acaba reduzindo a possibilidade 
de ocorrência de acidentes ambientais. 
Deste modo, a Análise de Riscos Ambientais deve fazer parte permanente de 
programas de gerenciamento ambiental, principalmente nos casos de empresas que 
operam substâncias com alto poder contaminante e de empresas que se encontrem 
em áreas onde os processos do meio físico possam acarretar acidentes. 
Na próxima página veremos o instrumento denominado Investigação do 
Passivo Ambiental. 
4 INSTRUMENTOS DE GERENCIAMENTO AMBIENTAL 
4.1 Investigação Do Passivo Ambiental (Due Diligence) 
"Conjunto de atividades voltado à identificação e avaliação de todos os 
problemas ambientais existentes em um empreendimento e que foram gerados no 
passado". Envolve um conjunto de procedimentos que visa levantar o histórico das 
práticas adotadas pela empresa nos locais onde ela operou (Bitar & Ortega, 1998). 
 
10 
Portanto, o instrumento denominado Passivo Ambiental, internacionalmente 
conhecido como due diligence, corresponde a um levantamento dos problemas 
ambientais existentes em uma área ou região e/ou que estejam associados a 
diferentes instalações de uma empresa. 
Este instrumento é utilizado para definir em termos econômicos o custo 
ambiental de uma área ou empresa, devido a degradação efetuada em tempo 
passados. 
O objetivo principal é informar previamente a futuros proprietários deum 
empreendimento os problemas que poderão enfrentar em razão de alguma 
degradação ambiental causada pelos proprietários atuais, ou seja, definir o custo 
ambiental que os compradores terão que arcar com a aquisição de uma empresa, 
empreendimento ou terreno. 
Exemplo: 
Processo de privatização de empresas públicas como a Companhia Siderúrgica 
Nacional (CSN) em 1991 (Bitar & Ortega, 1998): 
Passivo Ambiental: Associado à acidez das drenagens, devidas às pilhas de 
rejeitos ricos em sulfetos, provenientes das minas de carvão de Santa Catarina. 
No caso de empresas de grande porte a investigação do passivo ambiental está 
associada a uma análise complexa, que tem de levar em consideração todos os 
empreendimentos da empresa, que muitas vezes se localizam em estados e 
municípios diferentes, ou seja, estão submetidos a legislações e procedimentos legais 
distintos. 
Processo de Avaliação de Impacto Ambiental do projeto relativo ao Distrito 
Minerário de Araçariguama (SP) (Bitar & Ortega, 1998): 
Passivo Ambiental: Relativo à dimensão das áreas desmatadas pelos 
mineradores de areia, instalados na região a muitos anos. 
No caso da investigação do passivo ambiental em um município ou região, 
ocasionado por uma atividade degradante de diversas empresas, que em geral são 
de médio e pequeno porte, e atuam na área há certo tempo, o estudo deve levar em 
consideração o conjunto de empreendimentos e o problema ambiental regional 
acarretado, como também cada empreendimento em particular atua ou atuou na 
degradação do meio ambiente. Neste contexto, a constituição de uma associação ou 
cooperativa das empresas degradantes diminui os custos e facilita a aplicação das 
medidas de recuperação. 
 
11 
A seguir trataremos do instrumento Seguro Ambiental. 
5 SEGURO AMBIENTAL 
Instrumento que visa garantir a reparação de danos (pessoais ou materiais) 
causados involuntariamente a terceiros, em decorrência de poluição ambiental (Bitar 
& Ortega, 1998). 
Ressarcimento das despesas e indenizações, resultantes de responsabilidade 
civil atribuída pelo judiciário (Bitar & Ortega, 1998). 
Para a formalização do seguro ambiental, as seguradoras exigem que as 
empresas interessadas comprovem a existência de um eficiente sistema de controle 
ambiental, capaz de minimizar os efeitos de acidentes (Bitar & Ortega, 1998). 
O Seguro Ambiental ainda não é muito difundido no Brasil. Entretanto esta área 
apresenta grande potencial de crescimento, principalmente devido às exigências 
legais e às pressões cada vez maiores da comunidade, dos órgãos fiscalizadores e 
da mídia. 
Considerando as exigências legais, umas das penas restritivas instituídas no 
Art. 12, da Lei nº 9.605/98 (Lei de Crimes Ambientais) é a prestação pecuniária que 
"consiste no pagamento em dinheiro à vítima ou à entidade pública ou privada com 
fim social, de importância, fixada pelo juiz, não inferior a um salário mínimo nem 
superior a trezentos e sessenta salários mínimos. O valor pago será deduzido do 
montante de eventual reparação civil a que for condenado o infrator". 
Mesmo possuindo um sistema de controle ambiental bem estabelecido, a 
empresa está sujeita a problemas que não estavam previstos, pois a resposta do meio 
ambiente nem sempre é aquela esperada. Neste contexto o seguro ambiental tornase 
importante para a cobertura (total ou parcial) de prejuízos decorrentes de eventuais 
problemas ambientais causados a terceiros. 
A seguir veremos o assunto Sistema de Gerenciamento Ambiental. 
6 SISTEMA DE GERENCIAMENTO AMBIENTAL - SGA 
Sistema estruturado que integra todas as atividades gerenciais no sentido de 
se alcançar o desempenho ambiental desejado, com base no atendimento das 
http://www.rc.unesp.br/igce/aplicada/ead/estudos_ambientais/ea25a.html
 
12 
exigências ambientais, ou seja, envolve a montagem de uma estrutura organizacional, 
o estabelecimento de responsabilidades, a definição de procedimentos e a alocação 
de recursos com o objetivo principal de direcionar todas as ações para a contínua 
melhoria do desempenho ambiental da empresa (Bitar & Ortega, 1998). 
Também é usado o termo Sistema de Gestão Ambiental referindo ao mesmo 
conceito de Sistema de Gerenciamento Ambiental - SGA. 
Segundo Bitar & Ortega (1998), outro instrumento de gestão ambiental bastante 
difundido atualmente é o Sistema de Gestão Ambiental de Regiões Geográficas 
Delimitadas, ou seja, gestão ambiental de bacias hidrográficas, unidades de 
conservação ambiental, áreas costeiras, metrópoles, entre outras. Esse assunto será 
tratado mais adiante. 
O SGA engloba a estrutura organizacional, responsabilidades, procedimentos, 
processos e recursos necessários para o gerenciamento ambiental. 
Envolvimento das partes interessadas (funcionários, acionistas, seguradoras, 
clientes, consumidores, ambientalistas e público em geral); 
Preparação e manutenção de manual de gerenciamento ambiental; A auditoria 
do sistema é imprescindível. 
O Sistema de Gerenciamento ou Gestão Ambiental segue o modelo da 
normatização técnica inglesa (BS7750), a qual serviu de referência para a elaboração 
das normas apresentadas pela Internacional Organization for Standardization, que no 
Brasil foi editada pela ABNT e denominada de ISO Série 14000. 
A referida norma apresenta os procedimentos para a implantação de um 
Sistema de Gerenciamento Ambiental e para a obtenção da Certificação Ambiental, 
ou seja, o Sistema de Gerenciamento é o meio para uma empresa conseguir o 
reconhecimento de sua qualidade ambiental (Bitar & Ortega, 1998). 
De acordo com a BS 7750 e a ISO 14000 é fundamental a implementação e 
manutenção de Sistema de Gerenciamento Ambiental seguindo os objetivos e metas 
que o empreendimento quer alcançar (Fornasari Filho et al, 1994). 
Portanto, o gerenciamento ambiental consiste em estabelecer normas e 
parâmetros que devem ser seguidos pela empresa, que garantam um desempenho 
ambiental adequado, em conformidade com a legislação ambiental vigente, das 
diversas etapas da atividade desenvolvida pelo empreendimento, envolvendo toda as 
partes interessadas no processo, desde os funcionários até a comunidade. 
 
13 
Na próxima página veremos as condições para se obter a Certificação 
Ambiental. 
7 CERTIFICAÇÃO AMBIENTAL 
A Certificação Ambiental é concedida a empresas que, nos processos de 
geração de seus produtos, respeitam os dispositivos legais referentes às questões 
ambientais e apresentam determinados procedimentos exigidos pelo órgão 
certificador. 
A Certificação Ambiental pode ser concedida tanto para empresas que geram 
produtos (indústrias em geral), como para prestadoras de serviços (consultorias, 
comércio, etc). 
A análise do processo produtivo deve envolver desde a obtenção de matéria 
prima, o descarte de resíduos, a qualidade ambiental do produto gerado, reciclagem, 
biodegrabilidade, etc. 
A Certificação Ambiental surgiu pela necessidade de diferenciar os produtos 
que apresentavam um desempenho ambiental adequado, considerando sua utilização 
pelo consumidor e todos os demais aspectos citados anteriormente. Com o tempo, o 
processo de produção, desde a matéria-prima até a disposição de resíduos, começou 
a ser o principal fator para a obtenção da certificação Ambiental (Bitar & Ortega, 1998). 
Portanto, atualmente o objetivo principal a ser alcançado por empresas que 
pretendem conseguir a Certificação Ambiental é com a qualidade ambiental de todo 
seu processo de produção, considerando todas as etapas de produção, transporte e 
comercialização. Um Sistema de Gerenciamento Ambiental efetivo constitui-se em um 
dos principais critérios de certificação (Fornasari Filho et al, 1994). 
A Auditoria é o instrumento de comprovação de conformidade com as 
exigências ambientais (Fornasari Filho et al, 1994). A seguir veremos um outro 
Instrumento de Gestão Ambiental, que trata de Regiões Geográficas Delimitadas.14 
8 SISTEMA DE GESTÃO AMBIENTAL DE REGIÕES GEOGRÁFICAS 
DELIMITADAS 
Os Instrumentos de Gestão Ambiental de Regiões Geográficas Delimitadas é 
um segundo grupo de Instrumentos de Gestão Ambiental, que trata na maioria dos 
casos de áreas de grande extensão territorial e que apresentam importância tanto no 
que diz respeito à conservação do meio ambiente, como também a manutenção da 
qualidade de vida do ser humano. 
Atualmente no Brasil, as regiões geográficas onde o Sistema de Gestão 
Ambiental está sendo aplicado com maior ênfase são: Bacias Hidrográficas, Unidades 
de Conservação Ambiental, Áreas Costeiras e Áreas Metropolitanas. 
O Sistema de Gestão Ambiental de Regiões Geográficas Delimitadas 
apresenta uma complexidade muito grande por trabalhar com um enorme número de 
variáveis, ou seja, aborda questões nas áreas sociais, econômicas, ambientais e 
políticas, envolvendo a comunidade, empresas e poder público, das mais diferentes 
formas. Portanto, vamos tratar aqui somente dos aspectos básicos do Sistema de 
Gestão Ambiental das regiões geográficas citadas. 
8.1 Bacias Hidrográficas 
A crescente preocupação com a qualidade dos recursos hídricos, devida à 
intensa deterioração causada pelo lançamento constante de efluentes poluidores e o 
perigo de escassez de água, tem promovido uma mobilização do poder público, de 
empresas e da comunidade, no intuito de criarem entidades para o gerenciamento 
ambiental de uma ou mais bacias hidrográficas. 
Neste contexto, tem sido formada agências, comitês, comissões, consórcios e 
outros tipos de organizações para promoverem a melhoria da qualidade dos recursos 
hídricos de uma região ou bacia. 
O Gerenciamento Ambiental de Bacias Hidrográficas envolve em geral as 
seguintes atividades (Bitar & Ortega, 1998): 
Identificação dos diferentes usos de recursos hídricos; 
Identificação das atividades que contribuem para a degradação da qualidade 
das águas; 
 
15 
Identificação e avaliação de degradações instaladas; 
Formulação e implementação de programas especiais de controle e de 
recuperação dos cursos e corpos d´água degradados; 
Avaliação e atualização periódica dos programas executados. 
Um bom exemplo são os consórcios intermunicipais do Estado de São Paulo, 
sendo um dos mais bem-sucedidos o Consórcio Intermunicipal das Bacias dos Rios 
Piracicaba e Capivari, criado em 1989. As atividades realizadas por esses consórcios 
abrangem a recomposição das matas ciliares que compõem as referidas bacias e a 
elaboração e execução e projetos de tratamento de esgoto e de resíduos urbanos e 
industriais, barragens de regularização de vazão, entre outros, bem como o 
planejamento integrado para abastecimento público de água (Bitar & Ortega, 1998). 
8.2 Unidades De Conservação Ambiental 
As Unidades de Conservação Ambiental são definidas, segundo Bitar & Ortega 
(1998), "como áreas definidas pelo Poder Público (federal, estadual ou municipal) com 
o objetivo de proteção, preservação, conservação ou controle ambiental de territórios 
que abrigam porções remanescentes de ecossistemas primitivos e cujos recursos 
naturais despertam algum tipo de interesse de uso ou aproveitamento econômico". 
Existem vários tipos de Unidades de Conservação Ambiental, por exemplo: 
Estação Ecológica, Área de Proteção Ambiental (APA), Parque Ecológico, Parque 
Nacional ou Estadual, Floresta Nacional ou Estadual, Área Natural Tombada, 
Monumento Natural, Reserva Ecológica, Reserva Indígena, entre outras. 
Cada um dos tipos de unidade de conservação apresenta critérios específicos 
para a implantação de atividades econômicas, ou seja, cada uma deve ter um Sistema 
de Gestão Ambiental próprio (Bitar & Ortega, 1998). 
Os instrumentos mais utilizados em unidades de conservação são o Plano de 
Manejo e o Zoneamento Ambiental, sendo que esses instrumentos apresentam um 
conteúdo e uma abordagem para cada tipo de unidade. 
8.3 Áreas Costeiras 
A Constituição Federal, no Artigo 225, parágrafo 4º, estabelece que a Zona 
Costeira é um "patrimônio nacional e sua utilização far-se-á, na forma da lei, dentro 
 
16 
de condições que assegurem a preservação do meio ambiente, inclusive quanto ao 
uso dos recursos naturais" (Machado, 1995). 
A Lei 7.661/88, Artigo 2, parágrafo único, considera Zona Costeira "o espaço 
geográfico de interação do ar, mar e da terra, incluindo seus recursos renováveis ou 
não, abrangendo uma faixa marítima e outra terrestre, que serão definidas pelo Plano” 
(Machado, 1995) - obs: o autor citado refere-se ao Plano Nacional de 
Gerenciamento Costeiro. 
O Plano Nacional de Gerenciamento Costeiro (aprovado pela Resolução 01 de 
21/11/90, da Comissão Interministerial para Recursos do Mar), tem por objetivo 
principal "orientar a utilização racional dos recursos na zona costeira, de forma a 
contribuir para elevar a qualidade de vida de sua população e a proteção do seu 
patrimônio natural, histórico, étnico e cultural" (Machado, 1995). 
Os artigos 3 e 5 da Lei 7.661/88, definem que o referido plano deve conter o 
zoneamento de usos e atividades na zona costeira, devendo contemplar os seguintes 
aspectos: urbanização, ocupação e uso do solo, subsolo e das águas; parcelamento 
e remembramento do solo; sistema viário e de transportes; sistema de produção, 
transmissão e distribuição de energia; habitação e saneamento básico; turismo, 
recreação e lazer, patrimônio natural, histórico, étnico, cultural e paisagístico 
(Machado, 1995). 
O principal instrumento de Gerenciamento Ambiental Costeiro é o Zoneamento 
Ambiental, sendo as áreas costeiras divididas em grandes compartimentos, conforme 
suas potencialidades naturais e perspectivas de uso, tanto das porções continentais 
como das marítimas (Bitar & Ortega, 1998). 
Como exemplo podemos citar o Plano de Gerenciamento Costeiro do Estado 
de São Paulo, que contempla um "zoneamento ecológico-econômico, um sistema de 
informações, planos de ação e gestão, controle e monitoramento". O Litoral Norte 
Paulista apresenta um zoneamento ecológico-econômico, também denominado de 
macrozoneamento, na escala 1:50.000, no qual são definidas 5 diferentes zonas de 
acordo com suas características e objetivos, que são mostrados na tabela a seguir 
(Bitar & Ortega, 1998). 
ZONA CARACTERÍSTICAS E OBJETIVOS 
1 "Manutenção da integridade e da biodiversidade da Mata Atlântica e 
dos ecossistemas marinhos" 
 
17 
2 "Manutenção funcional dos ecossistemas e proteção aos recursos 
hídricos para abastecimento e para a produtividade primária, a 
recuperação natural e preservação do patrimônio paisagístico" 
3 "Manutenção das principais funções do ecossistema e a recuperação 
induzida para controle da erosão" 
4 "Recuperação das principais funções do ecossistema, a conservação 
e/ou recuperação do patrimônio paisagístico" 
5 "Saneamento ambiental e recuperação da qualidade de vida urbana 
com reintrodução de componentes ambientais compatíveis" 
Portanto, como vimos, o Sistema de Gestão Ambiental de Áreas Costeiras 
apresenta como seu principal instrumento o Zoneamento Ambiental. O zoneamento 
limitará áreas de acordo com os recursos naturais existentes e o uso mais adequado 
a que se destina, definindo medidas e atividades que devem ser desenvolvidas, para 
a melhor forma de interação entre o recurso natural e o uso humano. 
8.4 Áreas Metropolitanas 
Com a acelerada expansão urbana e o processo de conurbação e a 
consequente formação de áreas metropolitanas, os problemas ambientais 
começaram a se tornar críticos para manutenção de uma qualidade ambiental mínima. 
Problemas como poluição do ar, disponibilidade de água, locais para disposição 
de resíduos, dentre outros, associados aos problemas decorrentes a indução de 
processo do meio físico, como escorregamentos, enchentes, contaminação de 
mananciais, tem incrementado cada vez mais uma deterioração da qualidade 
ambiental nas metrópoles(Bitar & Ortega, 1998). 
No âmbito do sistema de gerenciamento existem diversos tipos de 
instrumentos, tais como os planos de defesa civil e os zoneamentos que compõem os 
planos diretores municipais e metropolitanos, que apresentam como objetivo principal 
o equacionamento dos problemas ambientais (Bitar & Ortega, 1998). 
Nesse contexto, o Gerenciamento Ambiental de Áreas Metropolitanas deveria 
ser uma das prioridades do Poder Público e da Comunidade, porém a falta de 
continuidade das políticas públicas e as ações pontuais tornam os sistemas de 
gerenciamento inoperantes, perdendo sua principal característica que é a 
continuidade das ações. 
 
18 
9 CONSIDERAÇÕES A RESPEITO DE AVALIAÇÃO AMBIENTAL 
A avaliação dos impactos ambientais causados por empreendimentos, 
processos e produtos vem sendo estudada de maneira que na economia se possa 
internalizar os custos ocorridos com os impactos e uso dos recursos naturais. 
Ë grande o interesse mundial pela conservação, manutenção e recuperação 
dos recursos naturais, visando uma melhoria da qualidade de vida e do bem-estar 
social. 
A problemática da avaliação dos impactos ambientais passa por dois fatores 
de suma importância: a análise do problema e sua mensuração (valoração e custos 
incorridos). Assim, os critérios de avaliação ambiental passam pela determinação de 
critérios qualitativos e quantitativos. 
A questão da internalização econômica do uso dos recursos naturais, vem 
levantando o interesse de estudiosos e pesquisadores desde o início do século. 
Embora esta preocupação tenha ocorrido inicialmente em virtude do grande 
crescimento populacional e desenvolvimento industrial, visando suprir a vontade do 
homem em satisfazer suas necessidades, hoje seu caráter encontra-se atrelado à 
sustentabilidade. Ao mesmo tempo, há uma preocupação também com os 
suprimentos e direitos das gerações futuras, quanto ao meio ambiente. 
Assim, a área de gestão ambiental muito necessita, ou melhor, possui um 
campo vasto para pesquisa e trabalhos direcionados ao estudo dos custos atrelados 
ao processo e/ou produtos que fazem uso dos recursos naturais. Então o problema 
na área da avaliação dos impactos ambientais consiste em como internalizar e avaliar 
os custos do produto através do processo produtivo ou do projeto do produto, tendo 
em vista a utilização dos bens retirados do ambiente e dos gastos com tratamentos 
de efluentes, lançados ao meio ambiente. 
Embora a avaliação das perdas e prejuízos ambientais para a área social venha 
sendo analisada na sua amplitude por diferentes áreas de estudo (ecologia, economia, 
etc.), tem-se observado que ainda são poucos os estudos científicos para a 
diversificação da questão. 
Desta maneira, o foco principal dos estudos de avaliação dos impactos 
ambientais passa a ser sua quantificação e a determinação do valor agregado, 
iniciando no projeto do produto, passando por sua fabricação (processo produtivo) até 
seu descarte final. 
 
19 
Assim, conhecer e identificar quais são as variáveis que interferem no valor 
agregado do produto ou processo produtivo e como trabalhá-las, considerando-se a 
gestão ambiental, constitui-se o núcleo do trabalho de pesquisa para o tratamento dos 
custos e sua internalização. 
Desta forma, o estudo e aplicação de metodologias, técnicas, e métodos para 
identificar e avaliar os custos dentro da gestão ambiental passa a ser motivo de 
competitividade e fator de estratégia global da empresa que deseja vencer as 
barreiras de mercado e permanecer lucrativa. 
Considerando que a sobrevivência é hoje uma meta a que estão submetidas 
todas empresas, e que para tal, devam ser competitivas dentro dos seus setores de 
atuação, os custos decorrentes da variável ambiental passam a ser consideradas 
como uma das estratégias competitivas dentro da nova visão do mercado 
transnacional. 
Portanto, as questões relacionadas às perdas, ao uso indiscriminado dos 
recursos naturais e lançamentos de efluentes ao meio ambiente têm conduzido vários 
estudiosos a questionarem os custos das atividades e processos produtivos na busca 
de soluções para este problema. Este fato exige que seja conhecida a parcela dos 
custos ambientais que farão parte do cálculo dos custos do produto e quanto a 
sociedade encontra-se disposta a pagar pelo acréscimo no preço final do produto. 
A internalização dos custos com o uso dos recursos naturais e do tratamento 
de efluentes (sólidos, líquidos e gasosos) derivados do processo produtivo e do uso 
de produtos pode vir a se constituir em uma estratégia de conservação ambiental e 
melhoria da qualidade de vida. Apesar disso, há a necessidade de estudos teóricos e 
práticos desta questão, de forma mais aprofundada e nos mais variados setores 
produtivos (metal-mecânico, papel e celulose, etc.). 
A importância dada aos processos e produtos com qualidade, também conduz 
as empresas a trabalharem o valor agregado e os custos ambientais como estratégias 
competitivas. 
Observa-se na literatura especializada, um aprimoramento nos modelos e 
metodologias de avaliação, decorrentes das exigências de mercado. Este 
aprimoramento tem sido estimulado principalmente pela globalização da economia e 
pela competitividade internacionalizada. 
 
20 
Porém, ainda são escassas as informações estatísticas sistematizadas sobre 
os custos dos impactos ambientais no processo produtivo, pois elas provêm, em geral, 
de períodos recentes e encontradas somente em determinados setores industriais. 
Assim, atualmente as organizações têm no Gerenciamento Ambiental uma 
maneira para avaliar o seu desempenho quanto as perdas e o consumo de recursos 
naturais. Desta forma, os impactos ambientais tendem a ser minimizados, permitindo 
um gerenciamento dos custos, para que se tenha um custo ambiental mais baixo. 
10 AVALIAÇÃO DE IMPACTO AMBIENTAL (AIA) 
A Avaliação de Impacto Ambiental tem sido utilizada há algum tempo como 
mecanismo para licenciamento para projetos com processos e/ou produtos que 
venham a agredir o meio ambiente, tornando-se assim um instrumento da política 
nacional de meio ambiente, tanto para países industrializados quanto para os países 
em desenvolvimento. 
A Avaliação de Impacto Ambiental permite aos dirigentes da organização e 
comunidades uma visão ampla de todas as agressões que o empreendimento possa 
causar ao meio ambiente, ao ambiente de trabalho e à sua vizinhança, fazendo com 
que as decisões por alternativas estejam concentradas em conjunto, de maneira que 
as ações sejam orientadas pela meta da empresa e de seu Gerenciamento Ambiental. 
A Avaliação de Impacto Ambiental é estabelecida a partir dos Estudos de Impacto 
Ambiental (EIA). Estes estudos são constituídos de um conjunto de atividades 
técnicas e científicas que incluem o diagnóstico ambiental com a característica de 
identificar, prevenir, medir e interpretar, quando possível, os impactos ambientais. 
Consequentemente é gerado o RIMA (Relatório de Impactos Ambientais) - documento 
que esclarece e sintetiza as conclusões dos EIA. Deste modo, o RIMA torna-se um 
instrumento importante para a política ambiental em geral, visando avaliar desde a 
proposta do empreendimento até o exame sistemático dos impactos ambientais de 
uma determinada ação. 
A AIA não é um instrumento de decisão, mas sim de subsídio ao processo de 
tomada de decisão. Seu propósito é de obter informações através do exame 
sistemático das atividades do projeto. Isto permite que se possa maximizar os 
 
21 
benefícios, considerando os fatores saúde, bem-estar humano e meio ambiente como 
elementos dinâmicos no estudo para avaliação. 
A Avaliação de Impacto Ambiental pode ser considerada como uma 
componente integrada no desenvolvimento de projeto e como parte do processo de 
decisão, proporcionando uma retroalimentação contínua entre as conclusões e a 
concepção da proposta. 
Os problemas,conflitos e as agressões ao meio ambiente devem ser 
verificados sobre os seguintes pontos: danos à população, a empreendimentos 
vizinhos e ao meio físico e biológico, de maneira que se garanta o tratamento dos 
efluentes em seu estágio preliminar de planejamento do projeto. 
O objetivo da AIA enquanto instrumento de política ambiental como sendo o de 
tornar viável o desenvolvimento em harmonia com o uso dos recursos naturais e 
econômicos. Portanto, poderia ser encarada como ciência e arte que reflete as 
preocupações com os aspectos técnicos que fornecem subsídios à tomada de 
decisão, considerando as vantagens e desvantagens de uma proposta em sua 
dimensão econômica, social e ecológica. 
Os métodos utilizados em uma AIA envolvem, além da inter e 
multidisciplinariedade exigida pelo tema, as questões de subjetividade, os parâmetros 
que permitam quantificação e os itens qualitativos e quantitativos. Desta forma, 
tornase possível observar a magnitude de importância destes parâmetros e a 
probabilidade de os impactos ocorrerem, a fim de se obter dados que aproximem o 
estudo de uma conclusão mais realística. 
A AIA surgiu no Brasil por exigência de órgãos financiadores internacionais, 
sendo posteriormente incorporada como instrumento da política nacional do meio 
ambiente no início da década de 80. A legislação brasileira para AIA tem sua base na 
legislação dos Estados Unidos da América, que foi o primeiro país a exigir uma AIA 
para projetos, programas e atividades do governo, isto já no final dos anos 60, como 
instrumento de planejamento para prevenir impactos ao meio ambiente. A aplicação 
prática da legislação da AIA no Brasil encontra-se voltada para o licenciamento de 
projetos, da mesma forma que a abordagem francesa, a qual surgiu nos meados da 
década de 70. 
Portanto, a legislação brasileira vincula a utilização da AIA aos sistemas de 
licenciamento de órgãos estaduais de controle ambiental para atividades poluidoras 
 
22 
ou mitigadoras do meio ambiente, em três versões a serem requeridas pelos 
responsáveis dos empreendimentos, a saber: 
 Licença Prévia (LP) - é utilizada na fase preliminar do projeto, contendo 
requisitos básicos para localização, instalação e operação, observando-se os 
planos municipais, estaduais e federais de uso do solo; 
 Licença Instalação (LI) - autoriza o início da implantação, de acordo com as 
especificações constantes no projeto executivo aprovado; 
 Licença de Operação (LO) - autoriza, após verificação, o início das atividades 
licenciadas e o funcionamento de seus equipamentos de controle de poluição. 
Nos EIA (Estudos de Impacto Ambiental) e RIMAs (Relatório de Impacto 
Ambiental), que dão origem à Avaliação de Impacto Ambiental para os licenciamentos 
exigidos por lei, três setores são estudados e enfocados por equipes 
multidisciplinares, objetivando obter o cenário daquele momento, a fim de que se 
possa construir um programa que controle o uso múltiplo dos recursos naturais 
envolvidos. São eles: 
 Meio Físico - estuda a climatologia, a qualidade do ar, o ruído, a geologia, a 
geomorfologia, os recursos hídricos (hidrologia, hidrologia superficial, 
oceanografia física, qualidade das águas, uso da água), e o solo; 
 Meio Biológico - estuda o ecossistema terrestre, o ecossistema aquático e o 
ecossistema de transição; 
 Meio Antrópico - estuda a dinâmica populacional, uso e ocupação do solo, nível 
de vida, estrutura produtiva e de serviço e organização social. 
Assim, a metodologia de AIA utiliza para uma proposta métodos e técnicas 
estruturadas para coletar, analisar, comparar e organizar informações e dados sobre 
impactos ambientais nestes três setores citados. Deve-se incluir os meios de 
comunicação para apresentação por escrito e visual dessas informações, conforme a 
disciplina envolvida no processo de avaliação. 
11 ASPECTOS DOS EIA/RIMA 
Representam conjuntos de atividades de caracterização, análise, avaliação e 
planificação, destinadas a estabelecer a viabilidade ambiental da implantação, 
operação e manutenção de um projeto de empreendimento em uma dada região. 
 
23 
Os estudos de impacto ambiental, denominados pelo apelido de EIA, 
identificam e caracterizam os impactos ambientais (ou efeitos ambientais), benéficos 
e adversos, ocorrentes e passíveis de ocorrência na região que receberá o 
empreendimento. 
Os impactos ambientais podem ser de natureza física, biológica e antrópica. 
Impactos físicos são efeitos ambientais causados sobre o Ar a Água e o Solo. Por 
esse motivo, são normais e necessárias análises e avaliações da região do 
empreendimento de ordem climática, meteorológica, geomorfológica, geológica, 
pedológica, espeleológica, hidrológica e oceanográfica, assim como sobre a qualidade 
da água dos corpos hídricos afetáveis, do ar e do solo. Impactos biológicos, por sua 
vez, são efeitos ambientais causados sobre a Flora e a Fauna. Assim sendo, são 
realizadas análises e avaliações da região do empreendimento segundo as ordens 
limnológica, vegetacional, florística, botânica e faunística. Apenas no segmento 
relativo à fauna, os EIA podem envolver diversos subsegmentos, tais como 
mastofauna, avifauna, ictiofauna, herpetofauna, entomofauna, malacofauna e 
aracnofauna, dentre outros. Por fim, tem-se os impactos antrópicos, também 
denominados por impactos socioeconômicos e culturais. O fator ambiental afetado é 
o Ser humano e as análises e avaliações são realizadas através de todas as suas 
manifestações demográficas, sociais, econômicas, antropológicas, arqueológicas, 
infraestruturas, culturais e legais, dentre outras. 
Observa-se assim que um EIA pode demandar grandes equipes, em 
decorrência da variada gama de especialidades nele envolvidas. 
Os EIA são estruturados em capítulos, os quais, em síntese, devem conter: 
 Caracterização do projeto do empreendimento, contendo suas 
justificativas, suas alternativas locacionais e tecnológicas, sua 
conformidade legal e sua conformidade com planos, programas e projetos 
localizados na mesma região, previstos e existentes; 
 Determinação e caracterização da área de influência do empreendimento; 
 Diagnósticos ambientais dos meios físico, biológico e antrópico; 
 Prognósticos ambientais relativos ao comportamento dos meios físico, 
biológico e antrópico, face a presença do empreendimento; 
 Avaliação dos impactos ambientais prognosticados; 
 Planificação de programas, projetos, ações, medidas e recomendações 
institucionais capazes de realizar a viabilidade ambiental do projeto do 
empreendimento. 
 
24 
Os EIA, de acordo com a legislação brasileira vigente, devem ser apresentados, 
através de audiência pública, às comunidades da região prevista para receber o 
empreendimento. Essa audiência, de caráter informativo, precede a aprovação dos 
órgãos ambientais públicos. 
No Brasil tem-se um Sistema Nacional do Meio Ambiente, denominado por 
SISNAMA. Ele é composto por órgãos e instituições de nível federal, estadual e 
municipal, aos quais cabem a realização da Política Nacional do Meio Ambiente (Lei 
Federal No 6.938, de 31/08/81, Lei Federal No 7.804, de 31/08/81 e Decreto Federal 
No 99.274, de 31/08/81). 
Projetos de empreendimentos, em geral, com base na lei, são obrigados a 
cumprir um processo de licenciamento ambiental, de forma a obterem as licenças 
específicas para cada uma de suas fases, que vão desde o projeto executivo, 
passando pelas obras, e seguindo durante a sua etapa de operação. Cabem aos 
órgãos ambientais, através da avaliação dos EIA e de outros estudos eventualmente 
solicitados, emitir e renovar essas licenças. 
Os EIA, em âmbito federal, são regidos por diversas resoluções do CONAMA: 
 Resolução CONAMA nº 001, de 23 de janeiro de 1986. Vincula o 
licenciamento de atividades modificadoras do meio ambiente à 
elaboração de EIA - Estudo de Impacto Ambiental e respectivoRima - 
Relatório de Impacto Ambiental, a serem submetidos à aprovação do 
órgão competente. 
 Resolução CONAMA nº 006, de 24 de janeiro de 1986. Regulamenta a 
publicação dos pedidos de renovações e concessões de licenças 
ambientais no jornal oficial do estado, e em um periódico de grande 
circulação regional ou local. 
 Resolução CONAMA nº 009, de 3 de dezembro de 1987. Regulamenta, 
à nível federal, a realização de audiência pública referida no 2o parágrafo 
do Art. 11 da Resolução CONAMA 001/86. 
 Decreto Federal nº 99.274, de 6 de junho de 1990. Regulamenta a 
Política Nacional do Meio Ambiente, e estabelece que a construção, 
instalação, ampliação e funcionamento de atividades efetiva ou 
potencialmente poluidoras dependerão de prévio licenciamento do órgão 
estadual competente, integrante do SISNAMA - Sistema Nacional do 
Meio Ambiente. 
 
25 
 Resolução CONAMA nº 11, de 04 de maio de 1994. Dispõe sobre a 
avaliação e/ou a revisão do Sistema de Licenciamento Ambiental. 
 Resolução CONAMA nº 237, de 19 de dezembro de 1997. Dispõe, à 
nível federal, novos procedimentos para o licenciamento ambiental. 
12 AVALIAÇÃO DE IMPACTOS AMBIENTAIS 
A implantação de qualquer atividade ou obra efetiva ou potencialmente 
degradadora deve submeter-se a uma análise e controle prévio, necessários para se 
antever os riscos e eventuais impactos ambientais a serem prevenidos, corrigidos, 
mitigados e/ou compensados quando da sua instalação, bem como as emissões de 
poluentes e de efluentes a serem monitorados na fase de operação. 
Com a AIA, analise-se a viabilidade ambiental de um projeto, programa ou 
plano. Tem por objetivo a degradação = alteração adversa das características do meio 
ambiente. 
12.1 Histórico Legislativo do AIA. 
Lei 6.938/81 
Decreto regulamentador –Decreto 88.351, 1º de junho 1983 
Decreto 99.274 de 6 de junho de 1990 
 
12.1.1 Resolução CONAMA 001 de 23 de janeiro de 1986. 
Artigo 2º - Dependerá de elaboração de estudo de impacto ambiental e 
respectivo relatório de impacto ambiental – RIMA, a serem submetidos à aprovação 
do órgão estadual competente, e do IBAMA em caráter supletivo, o licenciamento de 
atividades modificadoras do meio ambiente, tais como:” 
 Como modalidade de Avaliação de Impacto Ambiental (AIA) o EIA é 
considerado hoje um dos mais notáveis instrumentos de compatibilização do 
desenvolvimento econômico-social com a preservação da qualidade do meio 
ambiente. 
 “EIA é o todo: complexo, detalhado, muitas vezes com linguagem, dados e 
apresentação incompreensíveis para o leigo. O RIMA é a parte mais visível (ou 
 
26 
compreensível) do procedimento, verdadeiro instrumento de comunicação do 
EIA ao administrador e ao público”. 
 Ex: TUCURUÍ – USD$ 10 Bi, inundou + de 2.000km2 de florestas. Prejudicou 
índios e populações locais para produzir energia elétrica fornecida a preço 
subsidiado a empresas transnacionais que industrializam alumínio. Produzem 
aqui exatamente porque não querem esse tipo de atividade nos países de 
origem, pelo alto custo financeiro e ambiental. 
 Para a lei brasileira, impacto ambiental qualquer atividade que afete: 
a) A saúde, a segurança e o bem-estar da população; 
b) As atividades sociais e econômicas; 
c) A biota; 
d) As condições estéticas e sanitárias do meio ambiente; 
e) A qualidade dos recursos ambientais. 
 EIA, como sendo um procedimento administrativo de prevenção e de 
monitoramento dos danos ambientais. 
 É um estudo das prováveis modificações nas diversas características 
socioeconômicas e biofísicas do meio ambiente que podem resultar de um 
projeto proposto. 
 Pressuposto do EIA = significativa degradação 
 Resolução CONAMA 001/86 é de cunho exemplificativo. (É o que se deduz 
da expressão: “tais como”) 
o É o caso dos incineradores de lixo doméstico ou industrial, não citados 
pela Resolução, apesar de seu grande potencial poluidor, com emissão 
de dioxinas, metais pesados e organoclorados de maneira geral. 
o 2 situações, portanto: Presunção absoluta de necessidade do EIA. 
a) Rol de atividades onde a significância é presumida, vinculando o 
administrador que, preso a lei, não pode transigir. 
b) Engloba os casos rebeldes à lei, cuja apreciação específica para 
exigir ou dispensar o EIA, fica entregue ao poder discricionário do 
administrador do órgão de gestão ambiental. 
 Momento da preparação do EIA o Dado ao caráter preventivo é claro que 
deve ser elaborado antes da decisão administrativa de outorga da licença. 
 
27 
o A CF dá o nome de estudo prévio de impacto ambiental. 
o É um elemento integrante do processo de licenciamento, mas não pode 
ser visto como documento burocrático apenas. 
o Seu objetivo é influir no mérito da decisão adm. De concessão da 
licença. 
 Características do EIA 
o Multidisciplinar 
o Publicidade 
o Participação pública 
 Custeio 
o Proponente do projeto, diz a lei. 
 Mecanismos de controle 
a) Comunitário (ex: audiência pública, denúncias à imprensa, a agências 
financiadoras, pressão política, manifestações, etc). 
b) Realização de contra estudo de impacto elaborado por pessoas sem 
vinculação com o proponente do projeto. 
c) Controle Administrativo: exercido pela agência ambiental através do 
estabelecimento de diretrizes ou termos de referência específicos para 
o empreendimento. 
d) Controle Judicial: Ação civil pública, ação popular constitucional. Tanto 
para os vícios materiais (conteúdo inadequado) como os formais (não 
realização de audiência pública), permitem a impugnação judicial. 
Recomenda-se que primeiro sejam lidos os textos indicados, para 
posteriormente fazer os exercícios. 
 
28 
13 ARRENDAMENTO E PARCERIA RURAL1 
 
Fonte: static.wixstatic.com 
13.1 Direito Agrário No Brasil1 
Apesar de uma parcela considerável do Produto Interno Bruto (PIB) brasileiro 
ser fruto do Agronegócio e o Brasil, consequentemente, ser um dos maiores 
exportadores de Commodities Agrícolas, pouco se estuda o Direito Agrário em si, bem 
como mal se reconhece a sua autonomia diante das outras esferas do Direito, dentre 
elas o Direito Civil. 
O Brasil é um país agrário por excelência, beneficiado por suas terras férteis e 
sua grande extensão, e apesar de atualmente enfrentar grandes entreves na 
comercialização dos grãos devido à falta de infraestrutura das rodovias e precariedade 
dos portos, o país ainda consegue se destacar no mercado futuro e ser altamente 
competitivo em comparação com países como os EUA. 
Diante disto, sendo o Direito um conjunto de normas que regulam a vida em 
sociedade, não poderia este ficar alheio à situação socioeconômica deste país, bem 
como às demandas que esta situação trazia consigo. 
 
1 Texto extraído do artigo Dos contratos de arrendamento e parceria 
agrícola: aspectos gerais e efeitos práticos (Ticiane Vitoria Figueiredo) 
 
29 
As mudanças que envolveram a questão Agrária do país, que começou sua 
história nas Capitanias Hereditárias e no sistema das sesmarias, foram extremamente 
conflituosas, pois, segundo o Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária 
(INCRA), foi à partir deste período que nasceu o que hoje chamamos de Latifúndio. 
Não bastasse isso, no campo do Direito, os conceitos e percepções sobre o que viria 
a ser posse e propriedade sofreram grandes mudanças. 
Em 1850, na época do Brasil Império, foi editada a Lei das Terras (Lei 601 de 
18.09.1850) a fim de tentar mitigar os conflitos ocorridos entre os proprietários de 
terras e grileiros. No entanto, notou-se que, na prática, a Lei reforçou o poder dos 
latifundiários frente aos pequenos produtores, uma vez em que previa que a aquisição 
só se dava mediante o pagamento em dinheiro, o que fez com que o país, por muito 
tempo, tivesse o poder político concentrado nas mãos dos grandes latifundiários e 
coronéis, sendoque somente em meados dos anos 60, com o advento da 
Industrialização no Brasil, que a questão fundiária passou a ser amplamente 
debatida pela sociedade. 
Por fim, foi somente com a edição do Estatuto da Terra, Lei 4.504 de 30 de 
novembro de 1964, que podemos considerar que o Direito Agrário ganhou autonomia 
e ainda, em consequência desta Lei, veio à tona a questão da Reforma Agrária no 
país e com ela uma série de medidas de melhoria na distribuição da terra. 
Várias foram as questões trazidas pelo Estatuto da Terra. No entanto, a 
tipificação de Contratos Agrários chama a atenção mostrando-se, por tal motivo, um 
importante objeto de estudo e reflexão e estes serão o foco principal deste artigo. 
13.2 A Autonomia Do Direito Agrário 
O Direito Agrário possui determinados princípios próprios que o diferenciam 
dos demais ramos do Direito. Tais princípios fornecem a este ramo uma autonomia 
denominada de científica, reforçando, sobretudo, de que não se trata de um sub-ramo 
do Direito Civil ou Empresarial, como alguns doutrinadores insistem em defender, mas 
sim de uma Ciência Jurídica própria criada para entender e interferir nas relações do 
ser humano com o campo e com o meio ambiente, advindas, sobretudo, do modelo 
capitalista de produção. 
Historicamente, o marco da autonomia do Direito Agrário foi a emenda 
Constitucional n.º 10/64 que além de inovar prevendo a possibilidade de 
 
30 
desapropriação por interesse social para fins de reforma agrária, dispôs ainda que 
caberia privativamente à União legislar sobre Direito Agrário, deixando expressa a 
autonomia legislativa deste ramo que passou a disciplinar as diversas questões 
sociais e econômicas decorrentes do exercício das atividades agrárias. 
Tal emenda veio de encontro com o anseio da população por uma melhor 
distribuição da Terra, que agora, deveria cumprir uma finalidade não só econômica 
como social. 
Era a luta pelo direito da terra, a qual crescia em todos os recantos do País, 
bem como a necessidade da política econômica do País, que se voltava para melhor 
produção e a implantação do agronegócio, já que todo sistema rural de produtividade 
era obsoleto, precário e ineficiente, que reclamava a mudança, não só no interesse 
público do Estado, como também, no interesse social, com muita terra em mãos de 
poucas pessoas. (BORGES, 2014, p.32) 
A autonomia deste ramo do Direito pôde ser melhor observada com o advento 
do Estatuto da Terra, o qual trouxe normas que regulamentavam as relações Agrárias 
de forma mais ampla e eficiente, pois como era de se esperar, as normas do Direito 
Civil existentes à época não eram suficientes para regular a situação agrária do país, 
ainda que o Código Civil de 1916 tenha trazido minguados dispositivos relacionados 
ao Contrato de Arrendamento e Parceria. 
Atualmente, a autonomia legislativa do Direito Agrário está prevista no artigo 
22, I da atual Constituição Federal que por sua vez, nas palavras do professor Antônio 
Moura Borges, “absolveu si et in quantum na parte que tratou da Reforma e da 
Política Agrária as normas constantes do Estatuto da Terra”. 
Assim sendo, por todas as características que lhe são peculiares, vislumbra-se 
no Direito Agrário, o Direito Social, que rompe a dicotomia da Ciência Jurídica de 
Direito Público e Direito Privado, na visão de Antônio Moura Borges (2014, p.32). E 
não poderia ser diferente, uma vez em que o objeto da Edição da Lei foi a propriedade 
rural e o agronegócio visando a exploração racional e adequada da terra com o 
objetivo de que a mesma atinja o seu fim social, respeitando, acima de tudo, os 
recursos naturais, o meio ambiente e os Direitos Sociais. 
O Direito Agrário andou com dificuldade diante de embates jurídicos para 
conscientizar a Sociedade Brasileira do verdadeiro direito e natureza da 
propriedade rural, inclusive, no seu aspecto de real de bem jurídico de função 
social e, instrumento de garantia alimentar, ou como simplesmente disse 
 
31 
Arthur E.S. Rios na sua monografia Direito Agrário, ed. 1974, fls.19, quando 
afirmou que: Direito Agrário Para Evitar a Fome. (BORGES, 2014, p.33) 
A Constituição Federal de 1988 procurou ainda conceder ao Direito Agrário 
uma autonomia judiciária, quando, em seu artigo 126, previa expressamente que 
“Para dirimir conflitos fundiários, o Tribunal de Justiça proporá a criação de varas 
especializadas, com competência exclusiva para questões agrárias.”. No entanto, 
essas Varas especializadas ainda não existem em todo o País e nos Tribunais de 
Justiça onde as mesmas inexistem, cabe ao Juiz da Vara Cível Comum julgar os 
processos advindos de litígios agrários, o que para muitos estudiosos da área não se 
mostra como uma alternativa satisfatória. 
13.3 Estatuto Da Terra 
 
Fonte: imirante.com 
O Estatuto da Terra surgiu, não só como uma resposta às aclamações da 
população rural mais desfavorecida (trabalhadores em geral, arrendatários e parceiros 
outorgados), mas, sobretudo como um meio de viabilizar a expansão do capitalismo 
no campo. 
Podemos dizer que, a grosso modo, depois da implementação do mesmo e do 
avanço tecnológico ocorrido no Brasil, o país passou de grande importador de gêneros 
alimentícios a principal exportador. Assim sendo, é facilmente visível que tal Lei, 
 
32 
também denominada de Código Rural, possui um cunho não só social, mas 
principalmente econômico. 
A principal crítica de muitos estudiosos com relação à Lei é no sentido de que 
somente o seu viés econômico conseguiu gerar efeitos na sociedade, ficando o 
Interesse Social, apoiado principalmente na questão da Reforma Agrária, como um 
segundo plano de lenta e ineficaz aplicação. 
Há ainda quem defenda que o contexto atual do campo não é mais aquele 
existente à época da promulgação da Lei e que esta encontra-se defasada 
atualmente, tendo em vista que se de alguma forma foi considerado como 
hipossuficiente a pessoa do arrendatário e do parceiro outorgado, hoje em dia, diante 
da exploração da terra por grandes corporações e empresários rurais, percebe-se que 
em grande parte, a hipossuficiência encontra-se na figura do proprietário da terra. 
Diante desses fatores, pode-se observar que, da edição do Estatuto da Terra 
até os tempos atuais, o Direito Agrário vem demonstrando a sua importância enquanto 
ciência autônoma dentro do cenário de um país altamente agrário como o Brasil. 
13.4 Função Social Da Propriedade Rural 
Não há um conceito pacífico do que venha a ser propriedade, mas a mesma 
pode ser entendida como o direito de usar, gozar, dispor e reivindicar a coisa (bem 
móvel ou imóvel) e representa um dos mais amplos Direitos Reais. Dada a sua 
amplitude e consequências no mundo fático, a propriedade sofre certas limitações: 
Ao lado das restrições voluntárias ao direito de propriedade, como a 
superfície, as servidões, o usufruto ou as cláusulas de inalienabilidade, 
impenhorabilidade ou incomunicabilidade, há limitações oriundas da própria 
natureza do direito de propriedade ou imposição legal [...]; restrição relativa 
aos direitos de vizinhança etc.[...] (DINIZ, 2014, p.127) 
De todas as limitações oriundas da própria natureza do direito de propriedade, 
a que tem maior relevância é, sem sombra de dúvidas, a função social da propriedade, 
isto porque: 
A função social da propriedade é imprescindível para que se tenha um 
mínimo de condições para a convivência social. A Constituição Federal, no 
art. 5º, XXII, garante o direito de propriedade, mas requer, como vimos, que 
ele seja exercido atendendo a sua função social. Com isso, a função social 
da propriedade a vincula não só à produtividade do bem, como também aos 
 
33 
reclamos da justiça social, visto que deve ser exercida em prol da 
coletividade. (DINIZ, 2014, p.127) 
No que diz respeito ao Campo, a função social da propriedade rural foi 
positivada, de forma mais ampla, no Estatuto da Terra, que a traziacomo um 
poderdever do proprietário que se estendia a dois aspectos principais: servir o 
interesse econômico do dono e satisfazer o fim social ao qual ela se destina. 
Desta forma, a propriedade rural ficou condicionada pela função social contida 
na Lei 4.504/64, a qual só estaria sendo integralmente desempenhada quando o 
proprietário simultaneamente: 
a) favorecesse o bem-estar dos proprietários e trabalhadores e suas 
famílias; 
b) mantivesse da produtividade da terra num nível satisfatório; 
c) assegurasse a conservação dos recursos naturais; 
d) observasse as disposições legais que regulam as relações de 
trabalho entre os proprietários das terras e os que a cultivam. 
Com o advento da Constituição Federal de 1988, a função social da 
propriedade rural sofreu uma constitucionalização, tornando-se então um direito 
consubstanciado no poder-dever por causa do bem estar social (BORGES, 2014): 
Art. 186. A função social é cumprida quando a propriedade rural atende, 
simultaneamente, segundo critérios e graus de exigência estabelecidos em 
lei, aos seguintes requisitos: 
- aproveitamento racional e adequado; 
- utilização adequada dos recursos naturais disponíveis e preservação do 
meio ambiente; 
- observância das disposições que regulam as relações de trabalho; 
- exploração que favoreça o bem-estar dos proprietários e dos trabalhadores. 
Como forma de sanção, foi estabelecido que, o proprietário que violar quaisquer 
dos requisitos constantes no artigo supracitado estará passível de sofrer 
desapropriação, pois não estará cumprindo a função social de sua propriedade, 
abrindo caminho para o que então chamam de “Democratização da propriedade rural” 
que se dá através da Reforma Agrária, também prevista no mesmo ordenamento. 
Diante desses fatores, podemos dizer que a questão da Função social da 
propriedade rural é um pouco mais delicada que a urbana, ainda que neste caso 
também existam conflitos. No caso do campo, por conta da questão de Reforma 
Agrária, muito se questiona sobre quem, realmente, pode cumprir a função social da 
propriedade. Esta pode ser cumprida tanto pelo proprietário quanto pelo possuidor, 
 
34 
que neste caso podemos considerar que seja o Arrendatário, Comodatário, Parceiro-
Outorgado ou ainda quem nela exerça a posse e porventura o animus domini – a fim 
de usucapi-la. 
No entanto, vendo o quadro atual no qual o Brasil se encontra, ao admitirmos 
que a função social da propriedade possa ser cumprida por possuidores através de 
contratos rurais de concessão temporária de uso da terra (entendendo que estes 
manterão o desempenho econômico e produtivo do imóvel para interesse próprio), 
nos encontramos diante de um dilema. Isto porque, o imóvel estará fora dos critérios 
de imóveis passíveis de desapropriação para fins de reforma agrária e justa 
distribuição da terra. Mas ao mesmo tempo, encontram-se como um empecilho ao 
acesso à terra, pois o proprietário poderá continuar com o monopólio da terra com a 
finalidade única de ceder o seu uso para exploração de outrem, havendo, então, um 
conflito entre a função social e a Justiça Social, pois neste caso, talvez o cumprimento 
da função social não implique, necessariamente, em um bem para a coletividade. 
O contexto legal que se insere a propriedade não justifica um empreendimento 
rural que, mesmo possuindo modernos instrumentos tecnológicos ou altos índices de 
produtividade e lucro, negue direitos trabalhistas ou explore o trabalho escravo, 
comprometa os recursos hídricos e a biodiversidade, não crie emprego ou ocupação 
produtiva e não contribua para a soberania alimentar do povo. 
É preciso ter em mente que sempre que se fala em função social da 
propriedade, fala-se de uma convergência entre o direito pessoal e o coletivo, por isso 
tal princípio configura uma limitação ao direito em tela. Nenhum direito, em tese, 
deveria ser exercido em detrimento dos outros direitos. 
Percebe-se que o Estatuto da Terra, de certa forma, se contradiz, pois ao 
mesmo tempo em que traz dispositivos que visam assegurar o acesso à Terra, por 
outro, cria mecanismos que restringem o acesso à mesma. Desta forma, questiona-
se se o Brasil realmente tem condições e interesse em efetuar a Reforma Agrária. 
13.5 Contratos Típicos Do Direito Agrário 
Apesar do Código Civil de 1916 ter previsto algumas das regras aplicáveis aos 
Contratos Agrários, no que diz respeito aos prédios rústicos, dispostas nos artigos 
1.211 a 1.215, e também ao Contrato de Parceria Agrícola em específico, dispostas 
nos artigos 1.410 a 1.423, tal código se mostrava essencialmente urbano e não foi 
 
35 
capaz de regular de forma ampla as relações advindas no campo, o que somente 
ocorreu após a entrada em vigor do Estatuto da Terra. 
O atual Código Civil em vigor não trouxe para si os dispositivos supracitados, 
tendo em vista que toda a regulação dos mesmos já estava amplamente abrangida 
pelo Estatuto da Terra e pelo Decreto 59.566/66. Além do mais, não foi só porque já 
existia uma legislação específica que tais dispositivos não foram trazidos para o 
Código de 2002, mas também, conforme já tratamos, porque o Direito Agrário é um 
ramo autônomo e assim o sendo, não haveria por que as regras dos Contratos 
Agrários estarem positivadas sob o âmbito das regras civis. 
Vale destacar ainda que conforme o próprio Estatuto da Terra prevê em seu 
artigo 92, §9, somente nos casos em que a Lei foi omissa, aplicar-se-á o Código Civil. 
Assim sendo, fica nítida a ideia de que, aqui, o ramo subsidiário é o Direito Civil, o que 
amplia mais uma vez a Autonomia do Direito Agrário. 
Os Contratos Agrários típicos são apenas dois: O Arrendamento e a Parceria. 
No entanto, a depender do seu objeto e de sua finalidade, tais contratos sofrem um 
desdobramento. Assim sendo, temos o contrato de Arrendamento Agrícola e o 
contrato de Arrendamento Pecuário, bem como o Contrato de Parceria Agrícola e o 
Contrato de Parceria Pecuária, Agroindustrial e extrativa, podendo estes serem 
escritos, verbais ou ainda tácitos. 
Apesar de tais contatos terem sido previstos no Estatuto da Terra, foi no 
Decreto 59.566/66 que eles encontraram a sua regulamentação. 
Por fim, além dos contratos acima elencados, muitos outros são utilizados no 
meio agrário, mas somente estes são considerados Contratos Típicos. Assim sendo, 
todos os demais contratos usados no meio rural serão então regulados pelo nosso 
atual Código Civil. 
O artigo 92 do Estatuto da Terra regula de forma geral os Contratos de 
Arrendamento e Parceria. Nele podemos ver disposições que protegem o arrendatário 
e o parceiro outorgado no que diz respeito à manutenção do equilíbrio contratual de 
forma geral. Dentre estes dispositivos, verifica-se que, se por acaso, na vigência do 
Contrato de Arrendamento ou do Contrato de Parceria, o proprietário deseje aliená-lo, 
deverá notificar o arrendatário ou parceiro outorgado para que este possa exercer seu 
direito de preferência dentro do prazo estabelecido na Lei. 
 
36 
Caso o arrendatário ou o parceiro outorgado não tenham sido notificados da 
venda, poderão estes, após o depósito do preço e obedecidos os demais requisitos 
previstos no artigo supracitado, adjudicar o imóvel através de Ação própria. 
Contudo, caso ocorra a alienação ou ainda a imposição de ônus real sobre o 
imóvel, nenhum desses fatores interromperá a vigência dos contratos de 
Arrendamento ou Parceria conforme preceitua a Lei, sendo certo que, nesta hipótese, 
o adquirente sub-rogar-se-á nos direitos e obrigações do alienante, podendo-se falar 
até em caso de cessão de posição contratual. 
Ainda sob o preceito da manutenção do equilíbrio contratual, verifica-se neste 
artigo a vedação de cláusulas consideradas abusivas, sendo estas consideradas 
nulas ou ineficazes (BORGES, 2014). 
A priori, podemos dizer que os contratos agrários são típicos, ou seja, são 
previstos e reguladosem Lei, podendo ainda ser considerados como nominados. 
Apesar de possuírem características próprias que os diferenciam entre si, os 
Contratos Agrários possuem classificação semelhante. 
No que diz respeito à natureza da obrigação estipulada, tais contratos são 
bilaterais uma vez em que há uma reciprocidade simultânea das prestações, sendo 
as partes credoras e devedoras umas das outras, ocorrendo, então, uma relação 
sinalagmática. 
São também contratos onerosos e comutativos. São onerosos, segundo a 
doutrinadora Maria Helena Diniz, pois trazem vantagens para ambas as partes, bem 
como estas sofrem um sacrifício patrimonial correspondente àquele proveito ora 
almejado e comutativos, pois cada contraente recebe de sua contraparte uma 
prestação relativamente equivalente à sua, podendo verificar, de imediato, tal 
equivalência. 
Com relação à pessoa do contratante, tais contratos são tidos como intuitu 
personae. Ocorre que a pessoa do contratante, principalmente no que diz respeito ao 
Contrato de Parceria, é um dos elementos determinantes da relação contratual: 
 A pessoa do contratante, nesses contratos, tem influência decisiva no 
consentimento do outro, que tem interesse em que as obrigações contratuais 
sejam por ele cumpridas, por sua habilidade particular, competência, 
idoneidade, etc. 
 
37 
Segundo a mesma doutrinadora, os contratos pessoais ou intuitu personae 
possuem ainda como consequência serem intransmissíveis e não poderem ser 
cedidos. Esta última consequência está disposta, inclusive, no artigo 95, VI da Lei 
4.504/64 que diz “sem expresso consentimento do proprietário é vedado 
subarrendamento”. 
Geralmente esta proibição deve constar de cláusula contratual, porque em caso 
de omissão a jurisprudência tem entendido que o arrendatário pode subarrendar, 
porque neste aspecto estaria na liberdade de dispor de seus bens e direitos. 
(BORGES, 2014) 
Quanto à forma, os Contratos Agrários, são consensuais ou ainda, não solenes. 
Isto porque eles se formam mediante a mera convergência da vontade das partes, 
sem ser necessário, para o seu aperfeiçoamento, qualquer outro ato. No entanto, é 
sempre aconselhável, para que tenha efeitos contra terceiros, que os Contratos de 
Arrendamento e Parceria sejam sempre, quando possível, averbados na matrícula do 
imóvel. 
A necessidade de registro desses contratos no Cartório de Registro de Imóveis 
é mais prática do que legal. A Lei não faz essa exigência. No entanto, sabemos que 
os agricultores, em geral, precisam financiar a safra, seja por meio privado ou público 
e para tanto, constituem direito real sobre a safra armazenada, pendente ou em vias 
de formação. 
Sabemos também que em alguns contratos há a estipulação do pagamento da 
renda em sacas do produto cultivado na área arrendada ou ainda, como é o caso da 
Parceria Agrícola, há a estipulação da quota parte de cada Parceiro. 
Assim sendo, em alguns casos, pode haver um conflito de preferência sobre o 
grão entre o credor da CPR e o Arrendador e/ou Parceiro-Outorgado. Alguns 
magistrados entendem que, a Garantia Cedular da CPR, uma vez que esta estiver 
devidamente registrada, configura direito real e possui preferência sobre o Contrato, 
como podemos ver no julgado abaixo: 
Assim, há de se entender que o penhor agrícola, devidamente registrado no 
Cartório Imobiliário, tem preferência sobre o contrato de arrendamento, com 
promessa de pagamento através da mesma safra, ainda que registrado em 
Cartório de Títulos e Documentos, mesmo porque tal preferência foi 
estipulada pelo próprio arrendatário. (Apelação Cível 
1.0035.03.0236778/001, Relator(a): Des.(a) Guilherme Luciano Baeta Nunes, 
15ª CÂMARA CÍVEL, julgamento em 29/06/2006, publicação da súmula em 
01/08/2006) 
 
38 
Seguindo o mesmo entendimento de que o registro confere preferência sobre 
a safra, podemos verificar o Acórdão do TJGO. No entanto, no caso em tela, vemos o 
contrário do que ocorreu no julgado anterior, pois aqui o Contrato de Arrendamento é 
que havia sido registrado em data anterior, adquirindo então o direito de preferência 
sobre a Cédula de Produto Rural: 
AGRAVO DE INSTRUMENTO EM AÇÃO DE EMBARGOS DE TERCEIRO. 
PREFERÊNCIA. PRIMEIRO REGISTRO. CONTRATO. BOA-FÉ. 1 - 
Considerando que a cédula do produtor rural foi registrada em data posterior 
ao registro do contrato de arrendamento rural, deve-se reconhecer a boa-fé 
do arrendador e assegurar-lhe o direito aos frutos da renda de sua 
propriedade rural. Recurso conhecido e provido. (TJGO, AGRAVO DE 
INSTRUMENTO 177636-44.2011.8.09.0000, Rel. DES. ROGERIO AREDIO 
FERREIRA, 3A CAMARA CIVEL, julgado em 20/09/2011, DJe 960 de 
14/12/2011) 
Ainda que o Contrato de Arrendamento e/ou Parceira não gere efeitos reais, o 
seu registro no Cartório de Registros de Imóveis é revestido dos efeitos inerentes ao 
ato, sendo o mais importante efeito, a Oponibilidade Erga Omnes: 
A oponibilidade é o primeiro e mais fundamental dos efeitos que resultam da 
inscrição de um título no Registro de imóveis e demais registros públicos. Por 
meio da oponibilidade, impõe-se ao terceiro a realidade do direito registrável, 
cujo conteúdo lhe é imposto, independentemente do conhecimento efetivo do 
registro. Como em geral, têm acesso ao sistema de registro de imóveis os 
direitos reais imobiliários, cujos efeitos são erga omnes, isto é, vinculam toda 
comunidade, a consequência óbvia é que niguém pode se considerar alheio 
à obrigação de observar os direitos de usar, gozar e dispor do titular do direito 
real registrado. O mesmo se aplica a outros direitos ou situações jurídicas 
que, sem terem natureza real, também podem ser oponíveis às demais 
pessoas da comunidade, uma vez tenham tido acesso ao fólio real. 
(LOUREIRO, Luiz Guilherme. 2014, p. 304) 
Por tal motivo, a fim de revestir o Contrato de presunção iuris et de iuris e evitar 
conflitos e inseguranças jurídicas, recomenda-se que tais contratos, bem como os 
seus respectivos aditivos, sejam submetidos à inscrição no Cartório de Registro de 
Imóveis da Comarca de onde se localiza o imóvel objeto da concessão de uso. 
13.6 Do Arrendamento 
O Arrendamento Rural, conforme preceitua o art. 3 do Decreto 59.566/66, 
caracteriza-se por ser um Contrato Agrário no qual o proprietário do imóvel rural, 
denominado arrendante, cede ao arrendatário o uso e gozo do imóvel - que pode ser 
 
39 
cedido no todo ou em partes, junto ou não com as suas benfeitorias, bens e demais 
facilidades - por um período de tempo determinado ou não. A finalidade primordial do 
uso da terra, pelo arrendatário, é para que este nela possa exercer atividades de 
exploração agropecuária, agroindustrial extrativa ou mista, mediante contraprestação 
de aluguel ou renda, dentro dos limites e condições Legais. 
Há de se observar que o pagamento da renda do arrendamento deve ser 
estipulado, necessariamente, em reais. Isto porque, segundo o decreto 59.566/66, 
caso seja combinado de forma diversa da prevista, o contrato estará descaracterizado. 
Podendo, a depender do caso concreto, ser considerado como Parceria. 
No que diz respeito ao objeto da exploração, podemos ter os seguintes 
contratos: 
a) Arrendamento agrícola, que se destina à exploração da lavoura 
de plantações como café, soja, milho, cana-de-açúcar etc; 
b) Arrendamento Pecuário, que se destina à criação de gado, 
suínos, aves, etc., onde criam-se, recriam-se, engordam, invernam ou 
extraem matéria prima destes; 
c) Arrendamento Agroindustrial, que se destina ao beneficiamento 
dos produtos oriundos da exploração agrícola, pecuária ou vegetais no 
próprio local de sua produção uma vez em que as instalações industriais 
necessárias para tanto são do Arrendador; 
d) Arrendamento Extrativo, onde visa-se a exploração de florestas, 
desde que, claro, o projeto seja aprovado pelo IBAMA e sempre vise 
respeitar o meio ambiente e os recursos naturais, conforme preceitua o 
Estatuto

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