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AULA 6 Ortodontia I - 7º período - 2020/2 Manuella Soussa Braga Análise da Dentição Mista Para entender a análise da dentição mista, algumas características presentes na dentição decídua devem ser observadas. A presença de espaços pela classificação de Baume é uma delas. A importância dessa característica para a dentição mista é que provavelmente a conduta clínica durante a troca de dentição será diferenciada de acordo com o tipo de arco apresentado. SAUKI, B. Q., 2012 Sabe-se que o arco tipo I de Baume acomete 70% das crianças e o arco tipo II apenas 30%. Esses números são favoráveis, pois o arco tipo I permite que, na dentição permanente, tenha espaço para todos os dentes no arco dentário. Com isso, o desenvolvimento da oclusão de pacientes com o arco tipo I é mais tranquilo e, muitas vezes, há apenas uma necessidade de supervisionar aquele desenvolvimento. Já no arco tipo II, a nossa visão sobre o paciente muda, já que talvez seja necessário intervir para manutenção daquele espaço. *exemplo de interpretação: se os dentes decíduos estão apinhados, há 100% de chance de os dentes permanentes virem a apinhar Caso o paciente não apresente nenhum outro desvio no desenvolvimento, pode-se ficar relativamente mais tranquilo quando dentes decíduos apresentam espaços maiores que 6 mm, já que é provável que esse desenvolvimento da oclusão ocorra de forma satisfatória, sem necessidade de intervenção. No período da dentição decídua completa, que compreende em média de 3 a 6 anos, o comprimento do arco, a distância intercaninos e a distância intermolares se mantêm constantes. Só no início das primeiras trocas dentárias que essas distâncias começarão a ser modificadas. Porém, há um crescimento vertical do processo alveolar devido à irrupção dos dentes sucessores e crescimento sagital dos maxilares, produzindo as áreas retromolares para a irrupção dos molares permanentes. Período da Dentição Mista Primeiro Período Transitório (6 aos 8 anos) Irrupção dos 1º Molares Permanentes Substituição dos Incisivos Período Intertransitório* *ocorrem várias transformações intraósseas, apesar de não ocorrer troca dentária Segundo Período Transitório Substituição dos Caninos Substituição dos Molares Decíduos (pelos PM) Irrupção dos 2º Molares Permanentes dentes decíduos dentes apinhados na dentição permanente apinhados 100% sem espaço 70% com espaço de até 3 mm 50% com espaço de 3 a 6 mm 20% com espaço > 6 mm 0% AULA 6 Ortodontia I - 7º período - 2020/2 Manuella Soussa Braga O momento ideal para realizar a análise da dentição mista é no final do primeiro período transitório e início do período intertransitório, quando o paciente tem todos os incisivos e primeiros molares superiores e inferiores permanentes em oclusão. Ainda, para realizar essa análise, é necessário o modelo de estudo (gesso) da arcada. Modelos de Estudos São importantes não só para a análise da dentição mista, como para avaliar a relação dos molares (classificação de Angle), overjet, overbite, mordidas cruzadas, inclinações axiais, curva de Spee. Ainda, numa vista oclusal, é possível avaliar a forma dos arcos e assimetria, alinhamento e rotações dentárias, tamanho e a forma dos dentes e forma do palato. Na análise da dentição mista, determina-se a relação entre a quantidade de espaço no arco alveolar e a quantidade de espaço exigida para que todos os dentes se alinhem perfeitamente. Essa análise é necessária, pois é um procedimento extremamente importante para o diagnóstico, além de orientar o planejamento ortodôntico (condutas terapêuticas). As condutas, na época da dentição mista, são supervisão de espaço (a arcada tem espaço suficiente para irrupção de todos dentes permanentes), manutenção de espaço (espaços “contados”) e recuperação de espaço (aparatologias ortodônticas ou pequenas intervenções). Os objetivos da análise da dentição mista são: (1) avaliar a quantidade de espaço disponível no arco para os sucessores permanentes, (2) estimar, por meio de tabelas ou radiografias, o diâmetro dos dentes não irrompidos (caninos e pré-molares) e (3) verificar se o volume dentário estará de acordo com o tamanho da base óssea. Materiais Necessários - modelo de gesso - compasso de ponta seca/fio de latão/paquímetro - lápis e borracha - régua milimetrada - ficha/cartão/papel Discrepância de Modelo A discrepância de modelo é o espaço presente (no modelo) menos o espaço requerido, ou seja, o espaço que precisa pros dentes permanentes erupcionam. Por fim, mede a discrepância entre tamanho dentário (diâmetro mésio- distal dos dentes que ainda não erupcionaram) e base óssea. O resultado (positivo, nulo e negativo) influencia fortemente no planejamento e conduta terapêutica do paciente. Na discrepância positiva, provavelmente o espaço da base óssea vai suportar o tamanho dos dentes que ainda não erupcionaram. Na discrepância nula, os dentes provavelmente vão caber naquele espaço, mas talvez seja necessário realizar uma supervisão mais controlada daquele paciente. Já na discrepância negativa, é provável que seja necessário intervir. Espaço Presente (avaliado-disponível) O espaço presente é o valor do tamanho do osso basal em milímetros. É medido entre a mesial do 1MP de um lado até a mesial do 1MP do lado oposto (sobre a crista alveolar). Pode ser medido com fio de latão, compasso de ponta seca e paquímetro (analógico ou digital). . a análise da dentição mista pode ser feita por... métodos estatísticos métodos radiográficos ANÁLISE DE MOYERS TANAKA & JOHNSTONNANCE HUCKABA RUELLAS POSITIVA o EP é maior que o ER EP > ER NULA o EP é igual ao ER EP = ER NEGATIVA o EP é menor que o ER EP < ER AULA 6 Ortodontia I - 7º período - 2020/2 Manuella Soussa Braga Medido com Fio de Latão O fio de latão passa pelas coroas dos dentes contornando a forma da arcada da mesial do 1MP de um lado até a mesial do 1MP do lado oposto. Após isso, retifica o fio sobre uma régua e mede o valor final em milímetros. Medido com o Compasso de Ponta Seca A medida é feita por segmentos. O arco é seccionado em quatro segmentos (mais comum) ou seis segmentos. Os segmentos são: A - mesial do 1MP até a mesial do canino decíduo B - mesial do canino decíduo até a mesial do ICP C - mesial do ICP até mesial do outro canino decíduo D - mesial do canino decíduo até a mesial do outro 1MP Então, mede o segmento com o compasso, transfere a medição para um cartão/papel e faz a mensuração com a régua milimetrada. Medido com o Paquímetro O paquímetro pode ser analógico ou digital. O digital facilita muito. Tanto o paquímetro, como o compasso de ponta seca, auxiliam muito mais se tiverem a ponta fina (quanto mais fina, melhor a precisão). Espaço Requerido Estima as larguras mésio-distal das coroas dos dentes permanentes não irrompidos (caninos e pré-molares) através de métodos estatísticos (Moyers ou Tanaka & Johnston) ou radiográficos (Nance, Huckaba ou Ruella). Análise de Moyers (método estatístico) É de fácil aplicação com boa acuracidade (qualidade daquilo que apresenta exatidão e precisão em suas medições). Tem baixo custo (não utiliza radiografias) e não exige muito tempo de trabalho. Ainda, pode ser feita com igual segurança, tanto para o principiante quanto para o especialista. Além disso, esse método utiliza uma tabela de predição do diâmetro mésio-distal de caninos e pré-molares não erupcionados e a base do cálculo é a soma das larguras mésio-distal dos incisivos inferiores , tanto para a mandíbula como para a maxila. A tabela apresenta, para cada valor obtido na soma dos quatro incisivos inferiores, um valor correspondente para os caninos e pré-molares. A medição por segmentos facilita e diminui erros! AULA 6 Ortodontia I - 7º período - 2020/2 Manuella Soussa Braga Espaço Requerido Inferior 1. Determinar a somatória dos diâmetros MD dos Inc. Inf. usa o paquímetro ou compasso de ponta seca mede o diâmetro de cada incisivo no modelo soma esses diâmetros e anota 2. A partir do valor da soma, utilizar a tabela em 75% . O valor encontrado na tabela corresponde à somatória dos diâmetros mésio-distal do canino e pré-molares de uma hemi-arcada. 3. ER = somatória MD dos Inc. Inf. + 2 x (valor encontrado) O valor encontrado deve ser multiplicado por 2 para considerar os dois lados da arcada. Espaço Requerido Superior Para o arco superior é a mesma sequência de etapas. Porém, a predição dos caninos e pré-molares superiores deve ser feita a partir da somatória dos incisivos inferiores. No terceiro passo (ao jogar na fórmula do ER, coloca-se a somatória dos incisivos superiores). Análise de Tanaka e Johnston (método estatístico) É uma análise prática, precisa, de fácil memorização e rápida aplicação (economia de tempo). É similar a análise de Moyers (somatória dos incisivos inferiores para predizer o diâmetro MD de caninos e pré-molares). A diferença desse método para o de Moyers é que é como se esse método fosse mais otimista. Utiliza-se uma fórmula pelo qual consegue obter predição de 75% de probabilidade. 1. Somar a largura MD dos Inc. Inferiores. 2. Adicionar à metade da soma da largura MD dos Inc. Inferiores 10,5 mm para a mandíbula e 11 mm para a maxila. 3. ER = somatória MD dos Inc. Sup/Inf. + Valor Acima Métodos Radiográficos Medidas diretas do tamanho dos dentes no RX dificultam o diagnóstico devido às distorções/fator de magnificação da imagem. Ainda, os métodos radiográficos estão sujeitos a erros significativos na predição do tamanho devido inclinações/rotações dentárias. Análise de Nance (método radiográfico para previsões individuais) Utiliza uma radiografia periapical e aplica a fórmula a cada dente (caninos e pré-molares), individualmente. Mede com um compasso de ponta seca ou paquímetro. A ANÁLISE DE MOYERS SEMPRE DEVE COMEÇAR PELO ARCO INFERIOR ! ANÁLISE DE MOYERS ESPAÇO REQUERIDO INFERIOR 1. Somatória dos diâmetros mésio-distal dos incisivos inferiores (32, 31, 41 e 42) exemplo: a somatória deu 23 mm 2. Utilizando 23 mm, procura o valor correspondente na linha de 75% da tabela para inferiores. O valor de 22,2 mm corresponde à somatória dos diâmetros MD do canino e pré-molares de uma hemi-arcada (ou seja, 33, 34 e 35 ou 43, 44 E 45). Como são dois lados, deve multiplicar esse valor por 2. ER = 23 + 2 x (22,2) ER = 23 + 44,4 ER = 67,4 mm ESPAÇO REQUERIDO SUPERIOR 1. Somatória dos diâmetros mésio-distal dos incisivos superiores (12, 11, 21 e 22) exemplo: a somatória deu 32 mm 2. Utilizando 23mm (somatória dos incisivos inferiores), procura o valor correspondente na linha de 75% da tabela para superiores. O valor de 22,6 mm corresponde à somatória dos diâmetros MD do canino e pré-molares superiores de uma hemi-arcada (ou seja, 13, 14, 15 ou 23, 24 e 25). Como são dois lados, deve multiplicar esse valor por 2. ER = 32 + 2 x (22,6) ER = 32 + 45,2 ER = 77,2 mm ANÁLISE DE TANAKA & JOHNSTON 1. Somatóriados diâmetros mésio-distal dos incisivos inferiores (32, 31, 41 e 42) exemplo: a somatória deu 23 mm ESPAÇO REQUERIDO INFERIOR (23/2 + 10,5) x 2 22 x 2 = 44 mm ER = somatória MD inc. inferiores + valor encontrado no cálculo acima ER = 23 + 44 ER = 67 mm ESPAÇO REQUERIDO SUPERIOR (23/2 + 11) x 2 22,5 x 2 = 45 mm ER = somatória MD inc. superiores + valor encontrado no cálculo acima ER = 32 + 45 ER = 77 mm A - SUPERIORES B - INFERIORES MOYERS TANAKA & JOHNSTON ERinf = 67,4 mm ERinf = 67 mm ERsup = 77,2 mm ERsup = 77 mm
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