Baixe o app para aproveitar ainda mais
Prévia do material em texto
Oclusão – 04 de fevereiro de 2021 Posições Mandibulares Estáticas e Dinâmicas ➢ Oclusão: É a relação estática (de abrir e fechar) e dinâmica (movimentos laterais e protusivos) entre as superfícies oclusais dos dentes, que devem estar em harmonia com as demais estruturas do sistema estomatognático¹. Sistema estomatognático¹: É o sistema composto por ossos, músculos, articulação, dentes, lábio, língua, bochechas, glândulas, artérias, veias e nervos, que realizam funções de sucção, mastigação, deglutição, fonoarticulação e respiração. ➢ Objetivo do estudo da oclusão: Diagnóstico e tratamento de patologias oriundas do mau relacionamento entre as superfícies oclusais dos dentes antagonistas, planejamento para a confecção de aparelhos interoclusais, os quais devem se incorporar ao sistema estomatognático sem interferir com os movimentos do paciente. ➢ Linhas e planos anatômicos: 1. Plano de Frankfurt – Plano que passa pelo meio do trago no conduto auditivo externo e pelo ponto onde se imagina que está a margem inferior da órbita. Podemos localizar a borda inferior da órbita por palpação. 2. Linha infra-orbitomeatal – Também conhecida como linha horizontal alemã, linha antropológica, linha de Frankfurt e linha de Reid. É uma linha que vai da borda inferior da órbita até o teto do poro acústico externo do mesmo lado. 3. Plano ou linha de Camper – É uma linha imaginária que vai da borda inferior da asa do nariz a algum ponto definido do trágus, na orelha, geralmente a ponta dele. Idealmente, o plano de Camper é considerado paralelo ao plano oclusal da arcada superior; este tem um ângulo de aproximadamente 10º em relação ao plano horizontal de Frankfurt, quando observado o plano sagital médio. 4. Linha bipupilar – A linha bipupilar serve de referência para a orientação do plano oclusal e do plano incisal, quando queremos verificar se ambos estão em equilíbrio e paralelos. ➢ Importância na montagem do ASA (Articulador Semi- ajustável): Na montagem do ASA o plano de Frankfurt deverá estar paralelo ao arco facial e o plano de Camper paralelo ao plano da arcada superior. Na imagem podemos observar o plano de Camper paralelo ao plano oclusal e formando um ângulo de aproximadamente 10º com o plano de Frankfurt e a posição natural da cabeça. ➢ Posições mandibulares estáticas: 1. Relação Cêntrica (RC) – é uma posição da mandíbula com a maxila (maxilomandibular), quando o conjunto côndilo-disco está em uma posição mais anterior e superior, não forçada, em relação à parede posterior da eminência radicular. É a posição fisiológica do côndilo, na qual ele se encontra centrado na fossa, em seu posicionamento mais superior e corretamente relacionado com o menisco contra a vertente posterior da eminência radicular. Existem vários conceitos a respeito da Relação Cêntrica, mas ainda existe muita controvérsia. Podemos dizer que ela se constitui como uma posição crânio-mandibular, ente a cavidade glenóide (fossa mandibular) e o côndilo da mandíbula. A relação cêntrica é uma posição fisiológica, é reproduzível, praticamente imutável e não depende de contatos dentários. É uma posição de extrema importância para a avaliação de diagnóstico e tratamento de problemas oclusais. 2. Máxima Intercuspidação Habitual (MIH) – é a posição intermaxilar onde ocorre o maior número de contatos entre os dentes superiores e inferiores, independentemente da posição condilar. É a posição onde começa e termina o mecanismo da mastigação. Ao contrário da Relação Cêntrica, esta é uma posição variável podendo sofrer modificações por meio da incorporação de uma simples restauração. É a posição onde os dentes permanecem por maior tempo durante a deglutição. É a posição normalmente encontrada na maior parte da população, na maioria dos casos não coincidindo com a posição condilar de RC. Apesar disso, a MIH não é considerada uma posição patológica, a maioria dos pacientes e da população possuem contatos prematuros e algum nível de discrepância, mas só é considerado patológico se houver algum sinal ou sintoma. 3. Relação de Oclusão Cêntrica (ROC) – é a posição intermaxilar onde ocorre o maior número de contatos dentários com os côndilos posicionados em RC, ou seja, existe uma coincidência entre a Máxima Intercuspidação Habitual e a Relação Cêntrica. Não há consenso entre todos os autores, mas acredita-se que a ROC apresente variação de apenas 2 a 10% na população, não é algo comum na clínica. ➢ Técnicas de Manipulação para Determinação da RC: Existem basicamente duas técnicas: técnica frontal e técnica bilateral. 1. A técnica frontal – é menos utilizada pois demanda de mais destreza e prática do manipulador. Nessa técnica ocorre a manipulação do mento com uma mão só para poder realizar o movimento mandibular em sentido posterior e ascendente. 2. A técnica bilateral – é a mais recomendada na disciplina. Consiste em posicionar os dois dedos polegares no mento do paciente, seguramos/apoiamos os outros quatro dedos no ramo mandibular e realizamos um movimento posterior ascendente leve para chegar na relação cêntrica. Lembrando que para chegar na relação cêntrica não precisa ocorrer o contato dentário. Podemos identificar também o contato prematuro do dente. ➢ Desprogramadores oclusais: Inicialmente, nós colocamos no paciente alguns despositivos chamados “desprogramadores oclusais”, que podem ser jig de lúcia, tiras de long, placa de proteção anterior ou roletes de algodão, ou seja, é qualquer dispositivo que evite o toque dos dentes. O objetivo primário desses desprogramadores, então, é que não haja toque dentário. Quanto mais delgado (fino) for esse desprogramador, melhor, pois o côndilo do paciente estará em rotação. O objetivo é que não ocorra indução para que o côndilo vá para a mesma posição mandibular, acabamos tendo uma facilidade maior de manipular o côndilo e visualizar onde é o contato prematuro dos dentes. Após a manipulação, o paciente irá relatar se os dentes se tocaram em algum dos lados e, mediante ao relato do paciente, colocaremos a pinça muller com o carbono posicionada para localizarmos onde ocorreu o primeiro toque. Colocaremos o jig e nos certificaremos de que não há toque entre dentes. Os dentes inferiores devem ficar marcados no jig. Quando a resina acrílica do jig já tiver rígida/polimerizada, devemos pegar uma folha de carbono e realizar uma marcação onde ocorre o toque entre os dentes. Podemos remover grande parte do jig com a broca, deixando apenas a área onde a incisal dos dentes se tocam. Essa região que deixamos no jig é a região onde, sem o toque dentário, encontramos a relação cêntrica do paciente. Como há a reprodutibilidade dessa relação, toda vez que manipularmos o paciente utilizando esse jig, encontraremos a relação cêntrica desse paciente. Podemos, então, fazer o registro da relação cêntrica do paciente.
Compartilhar