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Referência Bibliográfica: Microbiologia Veterinária e Doenças Infecciosas. P. J. QUINN, et al., 2005. Feito por: Ana Thays dos Santos da Silva -Antibióticos são metabólitos microbianos com baixo peso molecular e que podem matar ou inibir o crescimento de bactérias suscetíveis. -O termo “antibiótico” também é utilizado de maneira incorreta para descrever agentes antimicrobianos sintéticos que podem ou não ser derivados de metabólitos microbianos. -A atividade antibiótica foi relatada pela primeira vez em 1929, quando Alexander Fleming observou o efeito lítico de uma colônia do fungo Penicillium notatum ao redor de colônias de estafilococos em uma placa de cultura. O princípio ativo do fungo foi chamado de penicilina. -O uso terapêutico de antibióticos depende de sua toxicidade seletiva; essas drogas matam patógenos bacterianos ou inibem seu crescimento sem apresentar toxicidade direta para animais que recebem o tratamento. - Diferenças bioquímicas entre células de mamíferos e células bacterianas quanto às estruturas ou às vias metabólicas freqüentemente explicam a toxicidade seletiva. -Agentes antibacterianos individuais não são efetivos contra todas as bactérias patogênicas. Alguns são ativos contra uma estreita faixa de espécies bacterianas, enquanto antibióticos de amplo espectro, como tetraciclinas e cloranfenicol, são ativos contra muitas espécies. • MODO E LOCAL DE AÇÃO -Para interferirem no crescimento celular bacteriano, os agentes antibacterianos devem interagir com estruturas vitais ou bloquear uma rota metabólica. -Em níveis terapêuticos, os agentes antibacterianos são geralmente bactericidas ou bacteriostáticos. -Agentes bacteriostáticos inibem o crescimento da bactéria, permitindo que o sistema imunológico do hospedeiro elimine a infecção. -Agentes bactericidas ligam-se irreversivelmente a estruturas-alvo, causando lesão irreversível e morte da célula bacteriana. Em altas concentrações, alguns agentes bacteriostáticos podem ser bactericidas. -Os agentes antibacterianos podem: *Inibir a síntese da parede celular de proteínas ou de ácidos nucléicos *Interromper a função da membrana celular. ✓ Inibição da síntese da parede celular -Em virtude de o peptidoglicano ser um componente exclusivo da parede celular bacteriana, os agentes antibacterianos que previnem a ligação cruzada das cadeias do peptidoglicano inibem a síntese da parede celular e são seletivamente tóxicos para as bactérias. -As penicilinas e as cefalosporinas compreendem a maior e mais importante classe de drogas antibacterianas que inibem a síntese da parede celular. -Sua atividade bactericida está relacionada ao seu efeito em células com crescimento ativo. -Penicilinas semi-sintéticas e cefalosporinas podem ser produzidas por incorporação na molécula básica de várias cadeias laterais sintetizadas quimicamente. Agentes Antimicrobianos Referência Bibliográfica: Microbiologia Veterinária e Doenças Infecciosas. P. J. QUINN, et al., 2005. Feito por: Ana Thays dos Santos da Silva -As diferenças nas cadeias laterais de um antibiótico específico influenciam seu espectro de atividade, estabilidade e resistência às β-lactamases. -O modo de ação dos antibióticos β-lactâmicos envolve ligação a receptores celulares que são conhecidos como proteínas de ligação à penicilina [PBPs (penicillin binding proteins)]. -Além disso, para interferir na transpeptidação, muitas dessas drogas promovem atividade de autolisinas, causando lise celular. -As bactérias que produzem β-lactamases são resistentes aos antibióticos β-lactâmicos. -As β-lactamases clivam o anel β-lactâmico, tornando o antibiótico ineficaz. -Essas enzimas podem ser mediadas por plasmídeos, como nos estafilococos, ou podem ser codificadas pelos cromossomos, como em várias bactérias Gram-negativas. -A tolerância aos antibióticos β-lactâmicos exibida por algumas bactérias pode estar relacionada a uma incapacidade desses antibióticos em induzir a atividade de autolisina. Nessas circunstâncias, embora a parede celular seja danificada e o crescimento, inibido, a bactéria sobrevive. -Diferenças na estrutura e na composição da parede celular de bactérias Gram-positivas e Gram-negativas determinam sua suscetibilidade aos antibióticos β-lactâmicos. Como alguns agentes antimicrobianos não penetram através da membrana externa de células Gram-negativas, seu espectro antimicrobiano fica restrito a bactérias Gram-positivas. ✓ Inibição da função da membrana celular -Se a integridade funcional da membrana celular é rompida, macromoléculas e íons escapam da célula, ocasionando lesão celular e morte. -Comparativamente, poucos agentes antimicrobianos agem na membrana celular; aqueles que o fazem são usualmente bactericidas. -Já que os agentes antibacterianos com essa atividade são mais tóxicos para as células animais do que as outras classes de antibióticos, seu uso é, em geral, limitado a aplicações tópicas. ✓ Inibição da síntese protéica -Várias classes de agentes antimicrobianos inibem a síntese protéica. -A toxicidade seletiva de alguns antibióticos relaciona-se a diferenças na estrutura entre ribossomos procariotas (70S) e eucariotas (80S). -Tais antibióticos ligam-se a receptores nas subunidades 30S ou 50S dos ribossomos bacterianos. -Aminoglicosídeos ligam-se à subunidade ribossomal 30S e afetam certo número de diferentes passos na síntese protéica. Isso resulta na formação de proteínas não-funcionais. A resistência a aminoglicosídeos pode ser intrínseca devido à falta de receptores específicos na subunidade. Resistência extrínseca é conferida por plasmídeos, que podem codificar um número de enzimas capazes de degradar drogas antimicrobianas. -As tetraciclinas também entram na célula por um processo de transporte ativo e ligam-se a receptores na subunidade 30S. Elas bloqueiam a união das moléculas de RNAt aos sítios receptores, prevenindo a adição de aminoácidos à cadeia polipeptídica. Referência Bibliográfica: Microbiologia Veterinária e Doenças Infecciosas. P. J. QUINN, et al., 2005. Feito por: Ana Thays dos Santos da Silva -O cloranfenicol, antibiótico que se liga à subunidade 50S, também previne a união dos aminoácidos à cadeia polipeptídica em crescimento. -A atividade antibacteriana dessas classes de drogas é diminuída se concentrações efetivas não forem mantidas pelo período requerido. -Os antibióticos macrolídeos também inibem a síntese protéica bloqueando a atividade da subunidade 50S. ✓ Inibição da síntese de ácidos nucléicos -Muitos agentes antibacterianos, incluindo quinolonas, novobiocina, rifampicina, nitroimidazoles e sulfonamidas, inibem a síntese de ácidos nucléicos. -As quinolonas e a novobiocina agem na DNA-girase -A rifampicina, ao interferir na atividade da RNA-polimerase DNA-dependente, previne a síntese de RNA. Esse antibiótico é ativo contra bactérias Gram-positivas, inclusive contra micobactérias; em virtude do rápido desenvolvimento de microrganismos resistentes, costuma ser usado em combinação com outros agentes antibacterianos. -O metronidazole, droga mais usada da classe dos nitroimidazoles, causa a quebra das fitas do DNA, sendo particularmente eficaz contra bactérias anaeróbias obrigatórias. -As sulfonamidas interferem na formação de ácido fólico, um precursor essencial à síntese de ácidos nucléicos. Sua ação está relacionada a sua semelhança estrutural com o ácido para-aminobenzóico (PABA). Quando presentes em concentrações suficientes, as sulfonamidas são utilizadas pela enzima diidropteroato sintetase em vez do PABA, formando análogos não-funcionais do ácido fólico. -O trimetoprim, derivado sintético da pirimidina, inibe a atividade da diidrofolato redutase, um passo posterior na síntese de ácido fólico pelas bactérias. Quando usadas em combinação, a ação de cada droga é potencializada, resultando em aumento da atividade contra as bactérias. -Sulfonamidaspotencializadas são seletivamente tóxicas para bactérias, pois os animais podem absorver ácido fólico pré- formado em seus alimentos. Referência Bibliográfica: Microbiologia Veterinária e Doenças Infecciosas. P. J. QUINN, et al., 2005. Feito por: Ana Thays dos Santos da Silva TERAPIA ANTIBACTERIANA COMBINADA -Quando drogas antibacterianas são associadas para tratamento de doença, o resultado é influenciado pelas combinações específicas em uso. -Um efeito aditivo é produzido quando a ação combinada das drogas é equivalente à soma das ações de cada droga quando administradas separadamente. Referência Bibliográfica: Microbiologia Veterinária e Doenças Infecciosas. P. J. QUINN, et al., 2005. Feito por: Ana Thays dos Santos da Silva -Um efeito sinérgico ocorre quando a ação combinada de duas drogas é significativamente maior do que a soma dos efeitos de cada droga quando usadas separadamente. -A indiferença é definida como a falta de um efeito aumentado quando duas drogas são administradas em combinação. -O antagonismo descreve a redução da eficiência da terapia antibacteriana combinada em comparação com a eficácia de cada droga separadamente. FATORES QUE INFLUENCIAM A ATIVIDADE ANTIBACTERIANA -A atividade dos agentes antibacterianos é influenciada in vivo pelo sítio e pela taxa de absorção, pelo sítio de excreção, pela distribuição tecidual e pelo metabolismo de um agente específico. -Além disso, a atividade antibacteriana pode ser afetada pela interação entre o patógeno e a droga, bem como entre o hospedeiro e o patógeno. ✓ Interação droga-patógeno -A resposta de um patógeno bacteriano à exposição a uma droga in vivo pode diferir consideravelmente da in vitro. O ambiente in vitro tende a ser constante, ao passo que os patógenos podem encontrar ambientes diferentes em vários órgãos e tecidos de um hospedeiro. -Após a administração terapêutica, a distribuição e a concentração variam muito ✓ Interação hospedeiro-patógeno -A administração de drogas antimicrobianas pode alterar a resposta imunológica do hospedeiro e a microbiota normal, particularmente na pele e no trato intestinal. -Distúrbios na microbiota intestinal, após terapia para salmonelose, pode permitir o desenvolvimento de um estado prolongado de portador. -Além disso, grande alteração da microbiota normal pode permitir o crescimento exagerado de microrganismos resistentes, levando a doenças. -Várias respostas inflamatórias podem ser modificadas pela administração de drogas. -Respostas agudas podem tornar-se crônicas se a terapia com drogas suprimir o crescimento de um patógeno, permitindo a sua sobrevivência. RESISTÊNCIA A DROGAS ANTIBACTERIANAS - O amplo e, algumas vezes, indiscriminado uso dessas drogas resulta na seleção de bactérias que são inerentemente resistentes. -Estas não somente podem tornar-se predominantes em uma população, como podem transferir material genético para bactérias suscetíveis, que então adquirem resistência. -A resistência a drogas antibacterianas pode ser codificada pelo cromossomo bacteriano ou em plasmídeos. -Genes de resistência podem ser transferidos entre bactérias por meio de transdução, conjugação, transposição ou transformação. -A resistência a um agente antibacteriano freqüentemente resulta em resistência cruzada com outros agentes da mesma classe. Essa forma de resistência é encontrada com sulfonamidas, tetraciclinas, aminoglicosídeos e macrolídeos. Referência Bibliográfica: Microbiologia Veterinária e Doenças Infecciosas. P. J. QUINN, et al., 2005. Feito por: Ana Thays dos Santos da Silva -Plasmídeos e transposons amiúde são mediadores de múltipla resistência, na qual os microrganismos se tornam resistentes a determinadas drogas de diferentes classes. Esse tipo de resistência pode ser transferido rapidamente entre diferentes gêneros e espécies de bactérias. -Isso é comum entre membros da família Enterobacteriaceae, entre espécies de Pseudomonas e entre anaeróbios do trato intestinal -A compreensão de que microrganismos não-patogênicos podem adquirir resistência a compostos antibacterianos é um fator preocupante. Por que¿ -O modelo de resistência de linhagens nos estudos está relacionado aos tipos e às quantidades dos antibióticos usados na população em geral. -Os achados sugerem que podem ocorrer altos níveis de resistência nas bactérias da microbiota endógena da população humana sadia e há, por isso, o risco de essa resistência estender-se também a microrganismos patogênicos. ✓ Mecanismos de resistência -Incluem a produção de enzimas pelas bactérias que destroem ou inativam as drogas e a redução da permeabilidade das células bacterianas. -As bactérias também podem desenvolver rotas metabólicas alternativas para substituir aquelas inibidas pelas drogas. -Os antibióticos podem ser eliminados da célula, ou o sítio-alvo da droga pode ser estruturalmente alterado. -A alteração do sítio-alvo e a destruição enzimática do agente são provavelmente os mecanismos mais comuns pelos quais a resistência pode ocorrer. ✓ Estratégias para limitar a resistência antibacteriana -O fornecimento e o uso de drogas antibacterianas devem ser rigorosamente monitorados para permitir a avaliação dos riscos e dos benefícios da terapia. -A prescrição de drogas antibacterianas deve estar baseada em recomendação dos princípios terapêuticos médicos e veterinários. -Idealmente, a terapia antimicrobiana deve ser ditada pelos resultados dos exames laboratoriais, e as drogas devem ser administradas na dose terapêutica recomendada e pelo período prescrito no tratamento. -Deve haver rigorosa retirada da droga após o tratamento feito por um determinado período em animais destinados à produção de alimentos. -Agentes antimicrobianos não devem ser usados como promotores do crescimento, e maior confiança deve ser depositada na melhora das medidas de higiene, desinfecção e vacinação para prevenção e controle de doenças infecciosas. TESTE DE SENSIBILIDADE A ANTIMICROBIANOS -Testes para determinar os antibióticos mais adequados para o tratamento eficaz de uma doença podem ser feitos em microrganismos isolados de casos clínicos. -Contudo, esses testes são realizados in vitro e talvez não demonstrem os vários fatores que podem afetar a atividade antibacteriana in vivo. Os resultados obtidos após o tratamento podem não refletir o modelo de suscetibilidade de um isolado conforme determinado no laboratório. -Vários testes de sensibilidade a antibacterianos estão disponíveis, como diluição em caldo, disco-difusão, gradiente em ágar e alguns métodos automatizados (Jorgensen et al., 1999). Referência Bibliográfica: Microbiologia Veterinária e Doenças Infecciosas. P. J. QUINN, et al., 2005. Feito por: Ana Thays dos Santos da Silva -O método de disco-difusão, de Kirby-Bauer, é uma técnica flexível e de baixo custo, usada comumente em laboratórios de diagnóstico. -Esse procedimento padronizado (National Committee for Clinical Laboratory Standards, 1997) é empregado principalmente para testar bactérias aeróbias de crescimento rápido. -Discos de papel-filtro contendo quantidades apropriadas do agente antibacteriano são colocados em ágar uniformemente semeado com a bactéria a ser testada. O diâmetro de cada zona de inibição é medido em milímetros, e os resultados são comparados a tabelas padrão para a interpretação do tamanho da zona (Quinn et al., 1994). -A sensibilidade a uma droga antibacteriana indica que, se a droga alcançar níveis terapêuticos nos tecidos afetados, a infecção causada pela bactéria pode responder ao tratamento. Determinação da concentração inibitória mínima (MIC) - A MIC de um agente antibacteriano para uma bactéria específica pode ser determinada in vitro. - A MIC é a maior diluição de uma droga capaz de inibir o crescimento de um isolado. - A concentração bactericida mínima (MBC) é a maior diluição de uma droga capaz dematar uma bactéria específica Referência Bibliográfica: Microbiologia Veterinária e Doenças Infecciosas. P. J. QUINN, et al., 2005. Feito por: Ana Thays dos Santos da Silva
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