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Universidade Federal Fluminense Instituto de Educação de Angra dos Reis Departamento de Educação Docente: Dr. Rodrigo Torquato da Silva Discente: Marlon Gomes dos Santos Resumo: O ENSINO E A APRENDIZAGEM: Os Dois Métodos”, de Luis C. Cagliari. No início do texto o autor nos expõe a ideia do que consiste no ato de ensinar e logo depois, no que consiste o ato de aprender, dizendo, após, que, todo o processo de aprender parte da individualidade do ensinado, que depende de seu metabolismo intelectual e também nos expõe o fato de que as sociedades ocidentais deu atenção exacerbada ao ensino, propriamente dito, e deixando de lado a discussão do aprendizado. Posteriormente, é discutido sobre o papel do educador e da educação em si e fala-se que a segunda é falha, com órgãos externos moldando a ação dos profissionais de educação e principalmente dos professores em sala de aula; não obstante, há a crítica em relação aos professores que tornaram-se meros reprodutores de conteúdos e métodos e, por último, apela-se pela liberdade do professor dentro do ambiente escolar. Quando Cagliari entra nas linguagens, ele atesta que a mesma é um dos principais fatores para que se garanta um aprendizado de qualidade, embora ateste que as cartilhas e livros prontos foquem somente no processo de ensino, fazendo parecer que a linguagem deve ser corrigida e, ainda, num segundo momento, levando ao método fônico, atesta-se, também, que, o foco da fala e da linguagem seria a transmissão de uma ideia e não propriamente a escrita, ainda que o erro ortográfico de certas palavras prejudiquem essa transmissão. Cagliari fala também da concepção da linguagem de que a mesma é importante somente para a comunicação, quando esta somente é uma das partes da linguagem. Adentrando os dois métodos explicitados no capítulo, o primeiro é tratado como um método comum de mestre e aprendiz, ignorando aprendizados anteriores e colocando a todos os alunos numa estaca zero e de lá partindo de um monta e desmonta de palavras, sílabas e alfabetos fonéticos, que, normalmente é feito correto se seguir o que o professor monta, mas na prática não forma de fato um conhecimento do aluno ao ver que, se colocá-lo para reproduzir autonomamente, palavras sem sentidos serão escritas devido ao não conhecimento do léxico ou mesmo confundem-se devido a linguagem oral ser diferente da escrita. Ainda, há a relação do que já se é sabido por repetição, ignorando a aplicação no mundo comum, fazendo apenas uma réplica do que lhe foi passado. Ao estarem diante de uma palavra nova, atípica, cometem erros justamente por não terem conhecimento do como funciona, apenas do que lhe é dado. Há um momento em que o aluno erra ao se deparar com situações novas e lhes causa frustração. E a despeito do que se imagina, o processo de memorização do conhecimento é o que o torna, a partir da reflexão do aprendiz, capaz de desenvolver o conhecimento, sendo diferente do decorar um conteúdo. É muito comum também a hierarquização dos conteúdos: do mais simples ao mais difícil e elaborado. Havemos de partir do princípio que, ao não conhecermos determinado conteúdo, não há como mensurar a dificuldade do que lhe vem em amálgama. A língua portuguesa possui inúmeras particularidades fonéticas e escritas, tal qual a função da letra X (ks, ch, s, ss, z). Essa classificação do fácil ao difícil diz respeito somente ao professor. Mas não apenas a dificuldade de grafar corretamente a palavra pura e simples, mas que transmita a ideia que se teve. Há ainda a dificuldade, ignorada pelos que tratam o X como o algoz da alfabetização, de quem troca a ordem das letras de uma determinada palavra e isso reflete na escrita do aluno e além, claro, das palavras ditas de uma forma e grafada de outra, tal qual “muito” (mũito) ou outro verbo no infinitivo passado (fizeram, puseram) e até mesmo verbos irregulares (saber - “sabo”) e ainda as contrações fonéticas. Em resumo: tudo é difícil quando se conhece 0. A avaliação neste método pressupõe o foco nos erros e não nos acertos de quem aprende e ainda é focado na repetição do método e não no conhecimento e ainda vale-se do direito de fazer o aluno retornar do ponto de partida, caso não atinja a meta, ignorando todo o conhecimento adquirido ao longo do ano, mesmo com os exercícios de fixação passados, neste método, baseados na cópia e às vezes revisado. Neste método os erros são ignorados e não corrigidos, o método ignora. Segundo o autor, há a repulsa em apresentar o erro ao aluno e tentar saná-lo devido ao achismo da fixação e repetição deste erro, tornando o aprendizado como um efeito e não uma causa, causando um impasse no erro. Este método funciona como um adestramento intelectual, não se valoriza a reflexão, apenas a repetição de conteúdos justamente por conduzir o aluno, todo o tempo, em um caminho único e pré estabelecido. O método 2 é o inverso. Baseia-se na reflexão, tratando a linguagem como expressão do pensamento, como observado no construtivismo e na escola nova (embora que para fins diferentes). Há a necessidade de se conhecer as realidades e os conhecimentos individuais de cada aluno, incluindo suas habilidades com o material a ser utilizado em sala de aula e até dos seus conhecimentos prévios linguísticos a fim de analisar o ponto de partida de cada individualidade dentro da sala de aula. Ao aplicar a técnica, sob este método, o professor parte do explicar a síntese e a finalidade do que se está aprendendo, levando em consideração o intelecto de cada aluno presente no ambiente; o professor precisa refletir sobre o que o aluno precisa ao explicar devidamente o conteúdo a ser transmitido, em uma análise prévia e até situacional, rápida, para sanar dúvidas e problemas da forma adequada, o que exige um nível elevado da capacitação profissional e da competência do profissional, sem tomar preconceitos e colocar em xeque o intelecto do aluno, afinal, o mesmo não está tratando com adultos. Neste método o professor atua com a mediação do conhecimento e o aluno, a função do professor é estimular a construção do conhecimento a partir do quê e da forma que transmite o conteúdo, mas de forma que os alunos trabalhem de maneira individual, por livre e espontânea vontade e, se essa construção tiver erros, precisa transmitir seu parecer ao aluno de forma que corrija e progrida. Porém se, ainda assim, o aluno não conseguir absorver e desenvolver esse conhecimento, há de se trocar o método de transmissão desse conhecimento. Trocar exemplos, explicar de uma outra forma, mas se mesmo com isso o problema persistir, prosseguir com o processo é necessário pois por vezes o que falta ao aluno para a compreensão do que foi dado parte de uma nova informação que complemente a primeira. O aluno, com base no seu conhecimento desenvolvido conseguirá concluir seu raciocínio sobre o assunto, assim como ocorre com adultos, com conhecimentos “mais desenvolvidos” por ter contato mais longo com certos temas. O método embasado na reflexão visa a construção autônoma do saber, de forma que a explicação o cause a curiosidade de prosseguir nesse caminho. Como diz o autor na página 57, “ele aprende a aprender”. A escola precisa ter um espaço que estimule este caminho até que o aluno se sinta bem para produzir seus próprios conteúdos do seu próprio jeito, a seu bel-prazer. Neste método tudo é avaliado e não somente aquele documento com repetições com questões e respostas prontas. Interpreta-se cada ponto produzido pelo aluno, analisa-se o ponto de partida, como fez, o seu ponto de vista de modo que o professor possa lhe dar um parecer do que foi feito a fim de que o aluno possa observar e identificar o que foi feito, certo e errado, e corrigir seus erros, ao contrário do primeiro método. Neste segundo método, o aluno sente-se estimulado a buscar o novo. Neste método, embora tudo pareça caótico e desorganizado, o coletivo vai se acertando aos poucos até atingir um certo equilíbrio, ao contrário do primeirométodo, que parte de uma organização e, devido ao individual do aluno, pode tornar-se um caos ao identificar um ponto fora da curva. É necessário que se tenha paciência até que os resultados coletivos apareçam de forma clara e transparente. Aqui a fixação anda lado a lado com o processo de estímulo e a construção do saber por parte do aluno, levando em conta seus próprios processos. Neste ponto a fixação ocorre com base na reflexão do aluno sobre ao que ele foi exposto e orientado previamente. A ideia dos exercícios de fixação cai por terra pois pensa-se que, se já existe o conhecimento construído com base no pensamento, o aluno não precisa, justamente, trabalhar para fixá-lo, mesmo que precise de novos intermédios para que ocorra de fato, configurando-se, também, uma nova forma de saber. As diferentes memorizações, tanto de ser consciente dos fatos quanto de aprender, são igualmente importantes, ao contrário da repetição, tal qual um papagaio que repete palavras aleatórias. Em suma, na comparação entre os métodos analisados, o primeiro parte do princípio da leitura e sem sequência a escrita ortográfica, até que aprenda de fato a ortografia correta e, futuramente, encontre-se em situações em que a simples colocação de palavras corretas não será o necessário para transmitir a ideia que se quer passar, como passaria na língua oral. Essa situação, inclusive, é bastante observada por muitos dos acadêmicos que passaram por uma escola básica que preza por essa repetição de conteúdos. Já no método dois, escola, professor e alunos são um conjunto de estímulo ao desenvolvimento próprio do conhecimento, da linguagem oral e escrita, de forma que precise de um tempo e, claro, da paciência dos responsáveis até observar o que se foi construído desde o começo. É observado de fato a aprendizagem, no segundo método; no primeiro, por sua vez, funciona com o professor reproduzindo palavras e conteúdos aleatórios, fingindo que ensina e o aluno fingindo que aprende ao simplesmente reproduzir tais conteúdos e não sendo estimulado a pensar no que se está sendo apresentado e da forma que é apresentado.