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Bruna Argolo ZIKA • Vírus Zika (ZIKV) é um membro da complexo sorológico Spondweni, gênero Flavivirus, e família Flaviviridae. • Outros Flavivirus: 1. Febre Amarela 2. Dengue 3. Oeste do Nilo 4. Encefalite de St. Louis 5. Encefalite japonesa O VÍRUS: • Virus RNA, positivo, 11 kilobases em comprimento, poliproteína é quebrada em 3 proteínas estruturais. • Estudos de sequenciamento do gene NS5 indicam 3 linhagens do ZIKV: 1. Linhagem Leste Africana (1 cepa examinada) 2. Linhagem Oeste Africana (3 cepas examinadas) 3. Linhagem Asiática (1 cepa examinada) – linhagem que chegou ao Brasil. A EMERGÊNCIA DO ZIKA VIRUS NAS AMÉRICAS: • Em março de 2015 com base no soro de 24 pacientes atendidos na emergência do Hospital Santa Helena em Camaçari, Bahia, com quadro viral sistêmico Dengue-símile, processamos as amostras no Laboratório de Virologia do Instituto de Ciências da Saúde – Universidade Federal da Bahia – utilizando a técnica de RT-PCR para detectar vírus da Dengue, Chikungunya, Oeste do Nilo, Mayaro e Zika. • Após a investigação, descobriu-se que a nova epidemia se tratava de fato do Zika vírus. • As doenças transmitidas por vírus se espalham muito rapidamente, e em Camaçari houve uma explosão rápida do número de casos. ❖ RESULTADOS: • Todos pacientes foram negativos para Dengue, Mayaro, Oeste do Nilo. • 7 (29,2%) pacientes foram positivos para Zika e 3 (12,5%) para Chikungunya (305-bp). ❖ EXPANSÃO DA EPIDEMIA: • Rápida expansão na região Metropolitana de Salvador, em diversos outros municípios da Bahia, no Rio Grande do Norte, no Ceará, em Pernambuco. • Mais de 30.000 casos suspeitos na Bahia em poucos meses – rápida explosão. • Velocidade alta de transmissão. • Era muito difícil isolar o vírus Zika no sangue, por ser muito difícil amplificá-lo do sangue, na verdade, ele é bem amplificado até o terceiro dia da doença, mas depois disso cai muito a chance de positividade. • Até o ano de 2007, existia a identificação de apenas 5 pacientes com Zika NO MUNDO. Mas eles não foram identificados por RT-PCR, e sim por sorologia. • O vírus Zika já havia sido identificado em macacos, na floresta de Zika, em Uganda. • O rash cutâneo ‘cheio de bolinhas’ pruriginoso, febre, artralgia leve (não como na Chikungunya) e conjuntivite era considerado o quadro com cara de Zika. • Mas na realidade a maior parte dos pacientes não faz esse quadro completo; faz uma febre inespecífica, com um pouco de astenia, com lesões cutâneas que muitas vezes parecem urticaria. • Qual é a sacada necessária? Uma pessoa que nunca teve urticaria, que não costuma apresentar esse quadro, e aparece com uma urticaria e febre (urticaria não dá febre – alergia não dá febre), isso é indicativo de Zika. Deve-se então investigar para Zika, e a chance de acerto é alta. Bruna Argolo MANIFESTAÇÕES CLÍNICAS: • Além de dores no corpo, dores articulares transitórias, febre que pode ser ausente ou baixa, e dor de cabeça, o paciente pode apresentar essas outras alterações no exame físico: • Nem todo paciente com Zika vai apresentar esse rash cutâneo, mas quando apresenta, ele é bem característico da doença. O rash palmar também é bem característico. Só vemos o rash palmar em Sífilis e em Zika, mas na Zika é mais suave. • A conjuntivite da Zika é leve e não é purulenta, é uma conjuntivite seca. • A artralgia e a artrite podem aparecer, mas não predomina, e nem se compara ao quadro da Chikungunya. Quando está presente, costuma aparecer na mão. O que predomina na verdade não é essa questão das articulações, mas sim uma dor no corpo, um cansaço, uma moleza. AVALIANDO UM ESTUDO: • 78 pacientes identificados com Zika vírus através do RT-PCR. Essa é a maior casuística de pacientes identificados com RT-PCR positivo que existe. • Esse trabalho mostra que mialgia aparece em 74,4% dos pacientes; 61,5% reportavam sensação de febre; 59% referiram cefaleia e 50% apresentou rash cutâneo. Bruna Argolo • Isso se baseia nos pacientes que chegaram a ir até a emergência, porque muitos nem chegam a procurar atendimento. • Então dos que chegavam ao pronto socorro, apenas 50% tinham rash, mostrando que o que predomina realmente é a mialgia. DIAGNÓSTICO DE ZIKA: • O diagnóstico de Zika majoritariamente acaba sendo pelo RT-PCR, que deve ser buscado nos primeiros 3 dias no sangue. Até o 5° dia ainda pode buscar esse RT-PCR no sangue, mas a partir dai deve ser buscado na urina. • Diagnóstico por PCR: - RT-PCR até preferencialmente 5° dia no sangue; - Na urina até o 15° dia. • Agora falando sobre a sorologia, a sorologia da Zika é muito próxima da Dengue, então tem que fazer a sorologia casada. Faz IgG e IgM para Zika e IgG e IgM para Dengue. - Pacientes que nunca tiveram Dengue fazem IgM a partir do 5° dia e resposta com IgG a partir do 12° dia; - Pacientes que já tiveram Dengue podem fazer aumento para IgG e não fazerem IgM para Zika – isso acontece porque o corpo interpreta como se o paciente estivesse tendo dengue novamente; - Sempre solicitar em conjunto sorologia para Dengue e Zika. COMPLICAÇÕES EM ZIKA: • Quadros neurológicos: - Sindrome de Guillain-Barré (no hospital Couto Maia tinha a média de 1 a 2 casos por ano, e passou a ter 50 casos em 3 meses na época do surto de Zika vírus e Chikungunya), Paralisias Faciais (bilaterais), encefalites, meningoencefalites, parestesias, mielites. • Quadros imunumediados: - Púrpura trombocitopênica imune, alterações oftalmológicas, alterações cardíacas. • Zika e Microcefalia: - Está claro que o vírus Zika cruza a barreira placentária e produz malformação grave no feto, e isso não ocorre apenas nos primeiros 3 meses como se pensava; existem relatos de gestantes que foram infectadas no final do terceiro trimestre e o bebê apresentou microcefalia; - Possivelmente relacionado ao neurotropismo que o vírus apresenta pelas chamadas células tronco neurológicas; essas são como células neurológicas menos diferenciadas, é uma célula do sistema nervoso central, só que menos diferenciada, e essa célula é muito susceptível ao Zika vírus, pois ele penetra bem e destrói rapidamente; - Vivenciamos uma nova epidemia: a epidemia de Microcefalia e possivelmente outras malformações congênitas relacionadas à infecção pelo virus Zika; - Mulheres grávidas devem usar repelente todos os dias! O Zika vírus continua circulando, tendo, em média, 6.000 casos de Zika, sempre acompanhados de alguns casos de Microcefalia.
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