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Metodologia e Conteúdos Básicos de Geografia (3)

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2011
Prof.ª Rosimar Bizello Müller
Metodologia e 
Conteúdos BásiCos de 
geografia
Copyright © UNIASSELVI 2011
Elaboração:
Prof.ª Rosimar Bizello Müller
Revisão, Diagramação e Produção:
Centro Universitário Leonardo da Vinci – UNIASSELVI
Ficha catalográfica elaborada na fonte pela Biblioteca Dante Alighieri 
UNIASSELVI – Indaial.
372.89
M958 m Müller, Rosimar Bizello
 Metodologia e conteúdos básicos da geografia / Rosimar Bizello 
Müller. Indaial : UNIASSELVI, 2011.
 225 p. : il.
 Inclui bibliografia.
 ISBN 978-85-7830-418-8
 1. Geografia - ensino I. Centro Universitário Leonardo Da Vinci. 
Ensino a Distância. II. Título. 
 
Impresso por:
III
apresentação
Prezado(a) acadêmico(a), seja bem-vindo(a) ao estudo desta disciplina!
Conhecer e compreender a ciência geográfica é fundamental para que 
ela abarque seu verdadeiro propósito no âmbito escolar e social. Mas qual é esse 
propósito? Por que ensinar Geografia? Indubitavelmente, a Geografia é uma 
das poucas ciências que permite a compreensão do mundo em que vivemos. 
Enquanto ciência social, a Geografia se preocupa em compreender e entender 
o espaço geográfico em sua dimensão social de produção e transformação. 
No âmbito escolar, os principais motivos que permeiam o ensino da 
Geografia é justamente a compreensão do mundo onde estamos inseridos. 
É fazer a leitura de mundo. É conhecer e interpretar o espaço produzido 
(e em produção) pelo ser humano e sua relação com a natureza, bem como 
fornecer ao educando condições para sua formação à cidadania. É descobrir 
o seu mundo, tornando-o um cidadão participativo, conhecedor da (trans)
formação e organização socioespacial, local, nacional e global, das interfaces 
das relações socioeconômicas, geopolíticas e ambientais, bem como ser 
consciente e crítico dos problemas globais.
 
Segundo os PCN (1997), a aquisição de conhecimentos básicos de 
Geografia é algo importante para a vida em sociedade, em particular para o 
desempenho das funções de cidadania, ou seja, cada cidadão, ao conhecer as 
características sociais, culturais e naturais do lugar onde vive, ou de outros 
lugares, pode comparar, explicar, compreender e espacializar as múltiplas 
relações que diferentes sociedades em épocas variadas estabeleceram e 
estabelecem com a natureza na produção e transformação de seu espaço 
geográfico.
Neste Caderno de Estudos, nosso intuito é que você compreenda 
a importância do ensino da Geografia no contexto escolar, em particular, 
nas Séries Iniciais do Ensino Fundamental. Assim, para uma melhor 
compreensão, elencamos a trajetória evolutiva desta importante ciência, a 
institucionalização do ensino da Geografia, seu(s) objeto(s) de estudo(s), os 
caminhos e descaminhos do verdadeiro propósito desta ciência, o ensino 
frente às novas tecnologias e as práticas educativas no ensino da Geografia.
Esperamos que você aproveite esse estudo para conhecer a fantástica 
ciência e também compreender o verdadeiro propósito de ensinar a Geografia.
Bons estudos e sucesso na sua vida acadêmica!
Prof.ª Rosimar Bizello Müller
IV
Você já me conhece das outras disciplinas? Não? É calouro? Enfim, tanto 
para você que está chegando agora à UNIASSELVI quanto para você que já é 
veterano, há novidades em nosso material.
Na Educação a Distância, o livro impresso, entregue a todos os acadêmicos desde 2005, é 
o material base da disciplina. A partir de 2017, nossos livros estão de visual novo, com um 
formato mais prático, que cabe na bolsa e facilita a leitura. 
O conteúdo continua na íntegra, mas a estrutura interna foi aperfeiçoada com nova 
diagramação no texto, aproveitando ao máximo o espaço da página, o que também contribui 
para diminuir a extração de árvores para produção de folhas de papel, por exemplo.
Assim, a UNIASSELVI, preocupando-se com o impacto de nossas ações sobre o ambiente, 
apresenta também este livro no formato digital. Assim, você, acadêmico, tem a possibilidade 
de estudá-lo com versatilidade nas telas do celular, tablet ou computador. 
 
Eu mesmo, UNI, ganhei um novo layout, você me verá frequentemente e surgirei para 
apresentar dicas de vídeos e outras fontes de conhecimento que complementam o assunto 
em questão. 
Todos esses ajustes foram pensados a partir de relatos que recebemos nas pesquisas 
institucionais sobre os materiais impressos, para que você, nossa maior prioridade, possa 
continuar seus estudos com um material de qualidade.
Aproveito o momento para convidá-lo para um bate-papo sobre o Exame Nacional de 
Desempenho de Estudantes – ENADE. 
 
Bons estudos!
NOTA
FIGURA 1 – A IMPORTÂNCIA DA GEOGRAFIA NA EDUCAÇÃO
FONTE: Disponível em: <http://tusgeo.blogspot.com/2009/03/
olapessoal.html>. Acesso em: 27 abr. 2011.
"O conhecimento torna a alma jovem e diminui a amargura da velhice. 
Colhe, pois, a sabedoria. Armazena suavidade para o amanhã". 
(Leonardo da Vinci).
V
VI
VII
UNIDADE 1: A GEOGRAFIA COMO CIÊNCIA ........................................................................ 1
TÓPICO 1: GÊNESE E EVOLUÇÃO DA CIÊNCIA GEOGRÁFICA ...................................... 3
1 INTRODUÇÃO ................................................................................................................................ 3
2 O CONHECIMENTO GEOGRÁFICO NA ANTIGUIDADE ................................................. 3
 2.1 O CONHECIMENTO GEOGRÁFICO ENTRE OS POVOS PRIMITIVOS ......................... 3
 2.2 O CONHECIMENTO GEOGRÁFICO ENTRE OS POVOS ORIENTAIS ........................... 5
 2.3 A CONTRIBUIÇÃO DOS GREGOS E DOS ROMANOS PARA O 
 CONHECIMENTO GEOGRÁFICO ......................................................................................... 7
3 A GEOGRAFIA NA IDADE MÉDIA ........................................................................................... 10
 3.1 A (RE)ORGANIZAÇÃO DO ESPAÇO GEOGRÁFICO NA IDADE MÉDIA .................... 10
 3.2 A CONTRIBUIÇÃO DAS GRANDES VIAGENS MEDIEVAIS NO 
 DESENVOLVIMENTO DA GEOGRAFIA .............................................................................. 12
 3.3 O CONHECIMENTO DO TERRITÓRIO E A EVOLUÇÃO DA GEOGRAFIA ................. 13
4 A GEOGRAFIA NOS SÉCULOS XV, XVI E XVII ..................................................................... 13
 4.1 O CONHECIMENTO GEOGRÁFICO NOS CHAMADOS 
 TEMPOS MODERNOS .... .......................................................................................................... 15
 4.2 OS PRECURSORES DO CONHECIMENTO GEOGRÁFICO NOS 
 CHAMADOS TEMPOS MODERNOS ..................................................................................... 16
5 A CONTRIBUIÇÃO DO CAPITALISMO NO DESENVOLVIMENTO DA CIÊNCIA 
GEOGRÁFICA ............................................................................................................................... 17
6 O SURGIMENTO DA GEOGRAFIA MODERNA E SEUS PRECURSORES ..................... 19
 6.1 A CONTRIBUIÇÃO DE ALEXANDRE VON HUMBOLDT ................................................ 20
 6.2 A CONTRIBUIÇÃO DE KARL RITTER .................................................................................. 21
 6.3 A CONTRIBUIÇÃO DE FRIEDRICH RATZEL ...................................................................... 23
 6.4 A CONTRIBUIÇÃO DE ÉLISÉE RECLUS E DE PIETR KROPOTKIN ............................... 24
RESUMO DO TÓPICO 1 ................................................................................................................... 26
AUTOATIVIDADE ............................................................................................................................ 28
TÓPICO 2: AS CORRENTES DO PENSAMENTO GEOGRÁFICO E O ENSINO DA 
GEOGRAFIA................................................................................................................. 29
1 INTRODUÇÃO ................................................................................................................................ 29
2 A GEOGRAFIA CLÁSSICA OU TRADICIONAL .................................................................... 29
 2.1 A ESCOLA GEOGRÁFICA ALEMÃ ........................................................................................ 30
 2.2 A ESCOLA GEOGRÁFICA FRANCESA ................................................................................. 31
 2.3 A ESCOLA GEOGRÁFICA BRITÂNICA ................................................................................ 33
 2.4 A ESCOLA GEOGRÁFICA NORTE-AMERICANA ............................................................. 33
 2.5 A ESCOLA GEOGRÁFICA SOVIÉTICA ................................................................................. 34
3 A CIÊNCIA GEOGRÁFICA E A BUSCA DE NOVOS PARADIGMAS ............................... 35
 3.1 A NOVA GEOGRAFIA – TEORÉTICA – QUANTITATIVA ................................................. 35
 3.2 A GEOGRAFIA RADICAL OU CRÍTICA ............................................................................... 36
RESUMO DO TÓPICO 2 ................................................................................................................... 39
AUTOATIVIDADE ............................................................................................................................ 41
suMário
VIII
TÓPICO 3: A GEOGRAFIA NO BRASIL ..................................................................................... 43
1 INTRODUÇÃO ................................................................................................................................ 43
2 A INSTITUCIONALIZAÇÃO DA GEOGRAFIA NO BRASIL .............................................. 43
 2.1 A CONTRIBUIÇÃO DA UNIVERSIDADE DE SÃO PAULO - USP ................................... 44
 2.2 A CONTRIBUIÇÃO DA ASSOCIAÇÃO DOS GEÓGRAFOS 
 BRASILEIROS – AGB ................................................................................................................. 45
 2.3 A CONTRIBUIÇÃO DO INSTITUTO BRASILEIRO DE GEOGRAFIA E 
 ESTATÍSTICA – IBGE .................................................................................................................. 47
3 A CONTRIBUIÇÃO DE ALGUNS DOS ILUSTRES GEÓGRAFOS BRASILEIROS ........ 51
 3.1 AROLDO AZEVEDO, AZIZ AB’ SABER E JURANDYR ROSS ........................................... 51
 3.2 A CONTRIBUIÇÃO DE MILTON SANTOS ........................................................................... 55
LEITURA COMPLEMENTAR .......................................................................................................... 57
RESUMO DO TÓPICO 3 ................................................................................................................... 59
AUTOATIVIDADE ............................................................................................................................ 60
TÓPICO 4: MAS AFINAL, QUAL É O OBJETO DE ESTUDO DA GEOGRAFIA? ............. 63
1 INTRODUÇÃO ................................................................................................................................ 63
2 É POSSÍVEL CONCEITUAR A GEOGRAFIA? ......................................................................... 63
 2.1 MAS AFINAL, QUAL É O OBJETO DE ESTUDO DA GEOGRAFIA? ............................... 65
3 O CARÁTER SOCIAL DA CIÊNCIA GEOGRÁFICA ............................................................. 69
4 O ENSINO DA GEOGRAFIA E SUA IMPORTÂNCIA .......................................................... 70
LEITURA COMPLEMENTAR .......................................................................................................... 73
RESUMO DO TÓPICO 4 ................................................................................................................... 77
AUTOATIVIDADE ............................................................................................................................ 79
UNIDADE 2: APRENDER E ENSINAR GEOGRAFIA ............................................................... 81
TÓPICO 1: APRENDENDO A LER O MUNDO ......................................................................... 83
1 INTRODUÇÃO ................................................................................................................................ 83
2 O PLANETA TERRA ....................................................................................................................... 84
3 A ALFABETIZAÇÃO CARTOGRÁFICA .................................................................................... 90
 3.1 A ALFABETIZAÇÃO ESPACIAL ............................................................................................. 91
 3.2 OS PONTOS DE ORIENTAÇÃO .............................................................................................. 96
 3.2.1 Orientando-se por meio do Sol, da Lua e do Cruzeiro do Sul .................................... 96
 3.2.2 Orientando-se por meio da bússola ................................................................................ 97
 3.3 A ROSA-DOS-VENTOS ........................................................................................................ 98
 3.4 AS COORDENADAS GEOGRÁFICAS ................................................................................... 100
4 A LEITURA DOS MAPAS NA SALA DE AULA ....................................................................... 103
 4.1 SÍMBOLOS ................................................................................................................................... 104
 4.2 ESCALA ....................................................................................................................................... 105
 4.2.1 Escala numérica .................................................................................................................. 106
 4.2.2 Escala gráfica ...................................................................................................................... 106
 4.2.3 Calculando as escalas ........................................................................................................ 106
 4.2.4 O Ensino da escala ............................................................................................................. 107
 4.3 PROJEÇÕES CARTOGRÁFICAS ............................................................................................. 108
 4.3.1 Os tipos de projeções cartográficas ................................................................................. 108
 4.4 A LEITURA DOS MAPAS: CONSIDERAÇÕES FINAIS ...................................................... 110
5 A LEITURA DA PAISAGEM ......................................................................................................... 112
6 O ESTUDO DO LUGAR ................................................................................................................ 113
7 A QUESTÃO DO TERRITÓRIO .................................................................................................. 114
8 O ESPAÇO GEOGRÁFICO ........................................................................................................... 115
IX
RESUMO DO TÓPICO 1 ................................................................................................................... 117
AUTOATIVIDADE ............................................................................................................................ 119
TÓPICO 2: OS CAMINHOS E DESCAMINHOS DO ENSINO DA GEOGRAFIA:A 
 BUSCA POR UMA NOVA GEOGRAFIA ............................................................... 123
1 INTRODUÇÃO ................................................................................................................................ 123
2 O CONTEXTO HISTÓRICO DO ENSINO DA GEOGRAFIA NAS SÉRIES INICIAIS 
 DO ENSINO FUNDAMENTAL .................................................................................................... 124
3 QUAL É O LUGAR DA GEOGRAFIA NAS SÉRIES INICIAIS DO ENSINO 
FUNDAMENTAL? .......................................................................................................................... 126
4 O ENSINO DE GEOGRAFIA EM TEMPOS DE GLOBALIZAÇÃO .................................... 129
5 POR UMA GEOGRAFIA INCLUSIVA ....................................................................................... 133
 5.1 RECURSOS E ADAPTAÇÕES NO ENSINO DA GEOGRAFIA INCLUSIVA ................... 134
LEITURA COMPLEMENTAR .......................................................................................................... 135
RESUMO DO TÓPICO 2 ................................................................................................................... 140
AUTOATIVIDADE ............................................................................................................................ 141
TÓPICO 3: O ENSINO DA GEOGRAFIA SEGUNDO OS PARÂMETROS 
 CURRICULARES NACIONAIS – PCN ................................................................... 143
1 INTRODUÇÃO ................................................................................................................................ 143
2 A PROPOSTA TEÓRICO-METODOLÓGICA DOS PARÂMETROS 
 CURRICULARES ............................................................................................................................. 143
 2.1 OBJETIVOS GERAIS DO ENSINO DE GEOGRAFIA PARA O ENSINO 
 FUNDAMENTAL ....................................................................................................................... 144
 2.2 SELEÇÃO E ORGANIZAÇÃO DOS CONTEÚDOS DE 
 GEOGRAFIA- PCN ............................................................................................................... 145
3 O ENSINO DA GEOGRAFIA NO PRIMEIRO E SEGUNDO CICLO - PCN ...................... 147
 3.1 ENSINO E APRENDIZAGEM DE GEOGRAFIA NO PRIMEIRO CICLO ........................ 148
 3.1.1 Os critérios para avaliação no primeiro ciclo – PCN .................................................... 149
 3.2 ENSINO E APRENDIZAGEM DE GEOGRAFIA NO SEGUNDO CICLO ........................ 149
 3.2.1 Os critérios para avaliação no Segundo Ciclo – PCN ................................................... 150
4 ALGUMAS CONSIDERAÇÕES FINAIS SOBRE O ENSINO DE GEOGRAFIA 
 SEGUNDO OS PCN ........................................................................................................................ 151
RESUMO DO TÓPICO 3 ................................................................................................................... 153
AUTOATIVIDADE ............................................................................................................................ 154
UNIDADE 3: PRÁTICAS EDUCATIVAS PARA O ENSINO DE GEOGRAFIA: 
INTERAGINDO COM A GEOGRAFIA .............................................................. 155
TÓPICO 1: A UTILIZAÇÃO DE PRÁTICAS EDUCOMUNICATIVAS NO ENSINO DE 
 GEOGRAFIA ................................................................................................................. 157
1 INTRODUÇÃO ................................................................................................................................ 157
2 ALGUMAS CONSIDERAÇÕES SOBRE A EDUCOMUNICAÇÃO ..................................... 158
3 O USO DA MÍDIA NA ESCOLA ................................................................................................. 159
 3.1 OS TIPOS DE MÍDIA .................................................................................................................. 161
 3.1.1 Televisão .............................................................................................................................. 161
 3.1.2 Jornal .................................................................................................................................... 163
 3.1.3 Rádio .................................................................................................................................... 167
 3.1.4 Internet ................................................................................................................................. 171
 3.1.4.1 O Uso da internet no ensino da Geografia ........................................................ 174
RESUMO DO TÓPICO 1 ................................................................................................................... 177
AUTOATIVIDADE ............................................................................................................................ 179
X
TÓPICO 2: GEOGRAFIA DIVERTIDA ........................................................................................ 181
1 INTRODUÇÃO ................................................................................................................................ 181
2 A LUDICIDADE NO ENSINO DA GEOGRAFIA .................................................................... 181
 2.1 OBJETIVOS DAS ATIVIDADES LÚDICAS ............................................................................ 182
 2.2 OS TIPOS DE JOGOS E SEUS USOS ........................................................................................ 183
 2.3 EXEMPLOS DE PRÁTICAS LÚDICAS NO ENSINAR E APRENDER A 
 GEOGRAFIA ................................................................................................................................ 184
 2.3.1 O jogo da corrida de automóveis ..................................................................................... 185
 2.3.2 Bingo das coordenadas geográficas ................................................................................ 185
 2.3.3 Batalha naval geográfica ................................................................................................... 187
3 EXEMPLOS DE SITES ELETRÔNICOS QUE PODEM SER UTILIZADOS NO 
 ENSINO DE GEOGRAFIA ............................................................................................................ 188
 3.1 PORTAL SÓ GEOGRAFIA ........................................................................................................ 188
 3.2 QUEBRA-CABEÇA MAPAS ..................................................................................................... 190
 3.3 JOGO DA MEMÓRIA – SISTEMA SOLAR ............................................................................. 191
 3.4 OUTROS JOGOS EDUCATIVOS GEOGRÁFICOS ................................................................ 192
 3.5 ANIMAÇÕES E VÍDEOS INTERATIVOS GEOGRÁFICOS ................................................. 193
4 EXEMPLOS DE PRÁTICAS E/OU TÉCNICAS PARA ENSINAR DETERMINADOS 
CONTEÚDOS .................................................................................................................................. 195
 4.1 TRAJETÓRIA APARENTE DO SOL ........................................................................................ 195
 4.2 SIMULAÇÃO DE TERREMOTO .............................................................................................. 196
 4.3 SIMULAÇÃO DE UM TORNADO ..........................................................................................197
RESUMO DO TÓPICO 2 ................................................................................................................... 198
AUTOATIVIDADE ............................................................................................................................ 199
TÓPICO 3: O USO DE MAQUETES: CONSTRUINDO O CONHECIMENTO 
 GEOGRÁFICO .............................................................................................................. 201
1 INTRODUÇÃO ................................................................................................................................ 201
2 A IMPORTÂNCIA DO USO DA MAQUETE EM SALA DE AULA ..................................... 201
3 REPRESENTAÇÃO DO ESPAÇO GEOGRÁFICO ................................................................... 203
4 REPRESENTAÇÃO DO RELEVO ................................................................................................ 206
5 A REPRESENTAÇÃO E SIMULAÇÃO DE UM VULCÃO ..................................................... 209
6 REPRESENTAÇÃO DO SISTEMA SOLAR ............................................................................... 210
LEITURA COMPLEMENTAR .......................................................................................................... 213
RESUMO DO TÓPICO 3 ................................................................................................................... 216
AUTOATIVIDADE ............................................................................................................................ 217
REFERÊNCIAS .................................................................................................................................... 219
1
UNIDADE 1
A GEOGRAFIA COMO CIÊNCIA
OBJETIVOS DE APRENDIZAGEM
PLANO DE ESTUDOS
 A partir desta unidade, você será capaz de:
• conhecer a gênese e como o conhecimento geográfico era percebido na 
antiguidade;
• verificar o contexto histórico de evolução da Ciência Geográfica;
• relacionar o desenvolvimento do capitalismo com o surgimento da Geo-
grafia Contemporânea;
• compreender a importância das correntes do pensamento geográfico no 
desenvolvimento e ampliação do ensino da Geografia;
• entender o processo de institucionalização da Geografia no Brasil;
• identificar a importância do ensino da Geografia na sala de aula
 Esta unidade está organizada em quatro tópicos. Em cada um deles, 
você encontrará atividades para uma maior compreensão das informações 
apresentadas.
TÓPICO 1 – GÊNESE E EVOLUÇÃO DA CIÊNCIA GEOGRÁFICA
TÓPICO 2– AS CORRENTES DO PENSAMENTO GEOGRÁFICO E O 
ENSINO DA GEOGRAFIA
TÓPICO 3 – A GEOGRAFIA NO BRASIL
TÓPICO 4 – MAS AFINAL, QUAL É O OBJETO DE ESTUDO DA 
 GEOGRAFIA?
2
3
TÓPICO 1
UNIDADE 1
GÊNESE E EVOLUÇÃO DA CIÊNCIA GEOGRÁFICA
1 INTRODUÇÃO
Analisando o caráter atual de abrangência de estudo da ciência geográfica, 
podemos dizer que a Geografia sempre esteve presente no contexto histórico de 
formação e evolução do planeta Terra. Contudo, se a compararmos com o tempo 
geológico de formação do planeta (4,5 e/ou 4,6 bilhões de anos), a Geografia 
enquanto nomenclatura é muito recente, tem sua origem no século III a.C. pelo 
filósofo grego Eratóstenes, cujo significado abarca Geo = Terra e grafia = escrita, 
descrição. Desde então, o objeto de estudo da Geografia passou por diferentes 
concepções culturais e correntes epistemológicas. 
Assim, neste tópico, caro(a) acadêmico(a), queremos que você compreenda 
o processo de evolução do conhecimento geográfico, bem como a relação deste 
conhecimento com a formação socioespacial e o desenvolvimento econômico na 
Antiguidade, na Idade Média e Moderna.
2 O CONHECIMENTO GEOGRÁFICO NA ANTIGUIDADE
Podemos dizer que a Geografia é uma das ciências mais antigas que 
existem. Isso porque, a confecção dos mapas, conforme registros históricos, 
ocorreu antes da própria escrita. Valiosos mapas foram deixados por diferentes 
povos, dentre eles: babilônios, egípcios, maias, astecas, esquimós, chineses, 
dentre outros. Todos eles representavam aspectos culturais de suas sociedades e 
sem dúvida são peças-chaves para que possamos compreender alguns dos seus 
aspectos socioculturais, bem como suas relações com a natureza. Desse modo, 
o conhecimento geográfico já se fazia presente com as primeiras civilizações. 
Vejamos:
2.1 O CONHECIMENTO GEOGRÁFICO ENTRE OS POVOS 
PRIMITIVOS
Os povos primitivos, apesar de não serem detentores da escrita, já 
possuíam “ideias” geográficas em suas concepções de vida e cultura. Seus 
conhecimentos eram transmitidos de geração em geração através da versão oral 
UNIDADE 1 | A GEOGRAFIA COMO CIÊNCIA
4
e dos desenhos rupestres (em rochas e cavernas). Vivam da caça, pesca, coleta 
e, às vezes, de uma agricultura primitiva. Inicialmente retiravam da natureza o 
que necessitavam para sobreviver sem ocasionar expressivas transformações. 
Ademais eram povos nômades, permitindo que a natureza se regenerasse caso 
houvesse uma exploração intensiva. 
DICAS
Para saber mais sobre os povos primitivos, indicamos a leitura do livro intitulado “Povos 
Primitivos: a vida dos primeiros grupos sociais humanos, desde a Idade da Pedra até seu 
desenvolvimento nas Américas”. Esse livro é bem didático e ilustrativo. Vale a pena conferir.
É importante destacar também o conhecimento que estes povos continham 
em relação à natureza. Segundo Andrade (1987, p. 21): 
[...] conheciam vegetais que colocados na água provocavam a asfixia 
de peixes que poderiam ser facilmente apanhados e utilizados como 
alimento, sem lhes causarem danos. Conheciam também as áreas 
fluviais e costeiras mais piscosas onde não só pescavam peixes e 
crustáceos como também apanhavam moluscos que consideravam 
saborosos. Conheciam o mecanismo das estações, fazendo migrações, 
às vezes de longos percursos, a fim de acompanharem os animais 
silvestres que utilizavam como alimentos ou para colherem os frutos 
de determinadas áreas, na ocasião da “safra”.
Gradativamente, os povos passaram a fixar território deixando de ser 
nômades para se tornarem sedentários. É evidente que neste processo, a natureza 
primeira ou natureza natural como diria Milton Santos, passou a ser transformada 
em natureza segunda ou humanizada. Na América Andina, por exemplo, 
TÓPICO 1 | GÊNESE E EVOLUÇÃO DA CIÊNCIA GEOGRÁFICA
5
os quéchuas, ao construírem o Império Inca, estabeleceram suas cidades em 
importantes pontos estratégicos, tanto do ponto de vista militar como alimentar. 
“Construíram estradas empedradas com centenas de quilômetros, partindo da 
capital em direção aos quatro pontos cardeais, como a que ligava Cuzco a Quito. 
Eles tinham uma noção da translação da Terra em torno do Sol e da importância 
da orientação”. (ANDRADE, 1987, p. 21). 
 
No que tange ainda aos conhecimentos geográficos de alguns povos 
primitivos, gostaríamos de destacar que os polinésios (eram predominantemente 
pescadores) desenvolveram a arte da navegação e por conhecerem a direção dos 
ventos e das correntes marinhas puderam estabelecer a comunicação entre as 
inúmeras ilhas distantes do oceano com a navegação em seus barcos. Alias, cabe 
ressaltar que estes barcos eram considerados muito seguros para a época, bem 
como para o nível tecnológico que dominavam.
Outro aspecto importante dos povos primitivos era a concepção religiosa 
dominada por um Deus superior que na maioria das vezes estava atrelado aos 
astros (Sol, lua e estrelas). 
 
De modo geral não se pode afirmar que estes povos desenvolvessem 
o conhecimento geográfico em caráter científico. Contudo, suas experiências 
diárias, ou saberes práticos e as noções e relações com a natureza permitiram 
mesmo que empiricamente a ampliação e desenvolvimento do conhecimento 
geográficoconforme veremos na próxima seção. 
2.2 O CONHECIMENTO GEOGRÁFICO ENTRE OS POVOS 
ORIENTAIS
Associadas a outras ciências, as ideias geográficas dos povos orientais 
através de seus conhecimentos práticos de exploração da Terra, bem como de 
suas observações (viajantes) e estudos matemáticos foram responsáveis pela 
sistematização do conhecimento do mundo. 
Um exemplo típico desta sistematização foram os estudos do rio Nilo, 
Tigre e Eufrates realizados pelas civilizações agrícolas da Mesopotâmia e do 
Egito. Os estudos levavam em conta a origem, a extensão e o regime dos rios no 
que tange a periodicidade e a variação do volume de água durante o ano. Para 
estas civilizações, o período das cheias, principalmente do rio Nilo determinava 
a extensão da área que seria cultivada, da quantidade de alimentos que seria 
produzida e a oportunidade de trabalho para os que se dedicavam exclusivamente 
à agricultura. Podemos dizer que estas análises empíricas permitiram o 
desenvolvimento dos primeiros estudos da hidrografia fluvial e de geometria. 
Isso porque as cheias extinguiam as demarcações feitas entre as áreas cultivadas 
por várias famílias, forçando uma nova demarcação entre elas.
 
UNIDADE 1 | A GEOGRAFIA COMO CIÊNCIA
6
Caso você não saiba, a Mesopotâmia (onde é o Iraque hoje) estava 
localizada entre os rios Tigre e Eufrates, localizada na chamada Crescente Fértil 
(ver mapa a seguir). Para você ter uma ideia, todas as civilizações (sumérios, 
acádios, amoritas, assírios, caldeus, dentre outras) que se desenvolveram nestas 
áreas eram denominadas de Hidráulicas, isso porque dependiam dos rios e 
lutavam pela posse das terras férteis e aráveis. Observe o mapa a seguir
FONTE: Disponível em: <http://www.not1.com.br/wp-content/uploads/2011/03/
Mesopotamia-crescente-fertil.gif>. Acesso em: 10 abr. 2011.
FIGURA 2 – LOCALIZAÇÃO DA MESOPOTÂMIA
As civilizações orientais permitiram também o desenvolvimento 
econômico com a troca de produtos que engendrou a intensificação das relações 
comercias entre os povos que viviam em áreas mais distantes. Assim, a navegação 
se intensificou entre o mar Mediterrâneo e no mar Vermelho, ocasionando o 
aparecimento de núcleos coloniais e a dominação econômica e política dos 
povos em ascensão. Segundo Andrade (1987, p. 22), “os fenícios percorreram o 
Mediterrâneo e o mar Negro e, alcançando o sul da Espanha, atravessaram o 
estreito de Gibraltar e exploraram a costa europeia do Atlântico até a Grã-Bretanha 
e a África, possivelmente até o Camerum”. Traziam em suas embarcações 
mercadorias inexistentes na bacia do Mediterrâneo que eram trocadas por outros 
produtos.
TÓPICO 1 | GÊNESE E EVOLUÇÃO DA CIÊNCIA GEOGRÁFICA
7
Para você ter uma ideia, no século VII a.C., a serviço do Faraó Nécao II, os 
fenícios fizeram a circunavegação da África. É importante destacar também 
[...] que um faraó planejou construir um canal que cortasse o istmo de 
Suez, ligando os mares Mediterrâneo e Vermelho, com a finalidade de 
estender as navegações mediterrâneas até o oceano Índico, detendo-
se em seu propósito ao constatar que o nível do mar Vermelho era 
mais elevado do que do mar Mediterrâneo e que a abertura do canal 
provocaria a invasão do mar Mediterrâneo pelas águas do mar Vermelho 
e a consequente inundação das planícies costeiras, onde se localizavam 
importantes cidades e campos cultivados. (ANDRADE, 1987, p. 23).
Os conhecimentos geográficos acumulados pelas civilizações orientais 
foram fundamentais para a elaboração dos conhecimentos básicos da ciência 
moderna. Inclusive foram utilizados pelos gregos, que se tornaram uma 
civilização dominante. 
2.3 A CONTRIBUIÇÃO DOS GREGOS E DOS ROMANOS 
PARA O CONHECIMENTO GEOGRÁFICO
A exemplo dos fenícios, os gregos também eram grandes navegadores, 
fundaram colônias na Sicília, Sul da Itália, Espanha (costa do Mediterrâneo), 
dentre outras e desenvolveram o comércio, bem como adquiriram um vasto 
conhecimento sobre estas áreas. Muitos dos seus conhecimentos principalmente 
astronômicos eram oriundos das civilizações da Mesopotâmia, como por exemplo, 
a maneira de diferenciar as estrelas dos planetas e também como identificá-los 
(Mercúrio, Vênus, Marte, Júpiter e Saturno). Outro conhecimento adquirido foi 
sobre o movimento de revolução da Lua em torno da Terra. Através das fases da 
Lua, os gregos passaram a dividir o ano e agrupar os dias da semana. Os gregos 
também adquiriram das civilizações orientais os conhecimentos de geometria 
que posteriormente foram realizadas por Dicearco e Eratóstenes, com a qual 
estabeleciam as dimensões da Terra no que concernem as latitudes. 
À medida que o conhecimento geográfico se expandia, estudos descritivos 
das áreas litorâneas e centrais de domínio grego eram enriquecidos com mapas 
de itinerários denominados périplos. Estes apresentavam imperfeições, pois 
nesta época não se utilizavam escalas, ademais não era possível fazer a medição 
das longitudes. Apesar de não conhecerem, mas saberem da existência de terras 
situadas ao norte, na Europa Setentrional e na Ásia, os gregos as viam como 
reservas futuras de exploração. 
 
Neste contexto de desenvolvimento do conhecimento geográfico, é 
importante destacar que os filósofos e matemáticos discutiam ideias sobre a 
forma e dimensões da Terra, bem como a distribuição das águas, terras e dos seres 
humanos. Aristóteles, por exemplo, admitiu a esfericidade da Terra, bem como 
pesquisou sobre a erosão, formação de deltas, a relação entre animais e plantas, as 
variações climáticas, as relações entre os seres humanos, dentre outros.
UNIDADE 1 | A GEOGRAFIA COMO CIÊNCIA
8
IMPORTANT
E
Aristóteles chegou a apresentar que durante os eclipses, a Terra projetava na 
Lua uma sombra redonda, como prova da mesma (observe a imagem a seguir). Assim, os 
trabalhos posteriores de Geodésia elaborados por Eratóstenes para indicar as dimensões da 
Terra, partiam do pressuposto que ela tinha forma esférica. Para isso, Eratóstenes baseava-se 
na medida de inclinação dos raios solares em um poço, em dois pontos diferentes, situados 
na mesma longitude (Sienna e Alexandria), com o auxílio de um instrumento muito simples, 
o gnômon. Através deste, estabeleceu que a esfera da Terra teria 250.000 estádios, ou 42.000 
km. (ANDRADE, 1987). O curioso é que esta medida é muito próxima da aceita atualmente 
(40.000 km).
FONTE: Disponível em: <http://astro.if.ufrgs.br/antiga/antiga.htm>. 
Acesso em: 10 abr. 2011.
FIGURA 3 – SOMBRA DA TERRA NA LUA DURANTE UM ECLIPSE LUNAR
No que tange à distribuição das terras e das águas, é interessante 
você saber que para os gregos a Europa, Ásia e África formavam um imenso 
continente setentrional (norte) contornado por águas. Segundo Andrade (1987, 
p. 26), “quanto à existência de outro continente, antípoda do que habitavam e 
situado no hemisfério sul, havia grande discussão entre eles, advogando uns a 
existência do mesmo como necessária ao equilíbrio do globo, enquanto outros 
não aceitavam”. 
Ainda sobre o papel dos gregos no desenvolvimento da ciência geográfica, 
não podemos deixar de destacar a teoria geocêntrica de Ptolomeu (sec. II d.C.), 
ao afirmar que a Terra era o centro do Universo. Esta teoria, aceita até o século 
XIV, faz parte da famosa obra de Ptolomeu intitulada Sintaxis. Ptolomeu também 
TÓPICO 1 | GÊNESE E EVOLUÇÃO DA CIÊNCIA GEOGRÁFICA
9
fez descrições do mundo conhecido em outra obra, sendo considerada durante 
o final do Império Romano e durante a Idade Média, como verdade absoluta. 
Conforme Andrade (1987), com a queda do Império Romano e a conquista árabe, 
sua obra foi traduzido para a língua dos novos dominadores e continuou a ter 
grandes divulgações, tendo sido objeto de estudos e reflexões dos sábios da Igreja, 
durante a Idade Média. Por isso tem uma grande importância histórica. 
Ao contrário dos sábios gregosque tinham uma maior preocupação com a 
geografia matemática, os romanos deram maior importância à geografia descritiva. 
Estes procuraram desenvolver ao máximo a organização do seu império, assim 
como o comércio sobre as dezenas de suas províncias. Exemplo disso foram as 
descrições realizadas pelos grandes geógrafos romanos, Pompônio Mela e Plínio, 
cujas preocupações estavam pautadas com o império romano no que tange à 
localização das áreas ricas em produtos comerciais, o acesso a elas, os problemas 
ligados ao abastecimento, a distribuição étnica, os problemas fronteiriços, dentre 
outras. 
Segundo Andrade (1987, p. 28), “outro fato que se exacerbaria no período 
romano foi a expansão do Cristianismo, tornando religião oficial de Roma no 
século IV e que deu grande ênfase ao poder dos monges”. A dedicação dos monges 
no estudo da Bíblia Sagrada fez com que principalmente após a queda do Império 
Romano (século V) se tornassem detentores da cultura europeia, frente aos povos 
considerados bárbaros e pouco cultos. Assim, o domínio dos princípios bíblicos 
refutou muito das consideradas verdades científicas admitidas pelos gregos, a 
exemplo da esfericidade da Terra. 
Na verdade, muitas das obras escritas no passado, conforme coloca 
Andrade (1987), eram fantasiosas, sobretudo aquelas que descreviam monstros, 
animais de dimensões extraordinárias, bem como informações distorcidas sobre 
as diversas formas de terrenos, o que dificultavam o melhor conhecimento da 
realidade existente e assim, o progresso do conhecimento científico.
 
Segundo Moreira (1987), a Geografia, dos romanos até a Idade Média, 
esteve cunhada como um inventário sistemático de terras e povos, ou seja, possuía 
um caráter descritivo, com o objetivo de auxiliar a administração do Estado.
IMPORTANT
E
Caro(a) acadêmico(a)! Não podemos deixar de falar de Estrabão (nascido por 
volta de 64 a 63 a.C), considerado por muitos autores, o maior geógrafo de Roma. Suas viagens 
realizadas pela Europa, Ásia e África renderam-lhe a escrita de um tratado de dezesseis livros 
contendo descrições físicas de locais e povos da época. Obra considerada monumental. 
Observe a imagem de Estrabão.
UNIDADE 1 | A GEOGRAFIA COMO CIÊNCIA
10
FIGURA 4 – IMAGEM DE ESTRABÃO
FONTE: Disponível em: <http://3.bp.blogspot.com/_xujLY8HuffY/
SwxcANyk7bI/AAAAAAAAAUQ/NMl3NOXUWu8/s1600/EStrab%C3%A3o.
JPG>. Acesso em: 10 abr. 2011.
3 A GEOGRAFIA NA IDADE MÉDIA 
Na Idade Média, o conhecimento geográfico passou por algumas 
reformulações porque muitos ensinamentos de sábios gregos, (Ptolomeu, Estrabão, 
Heródoto etc.), que haviam sido refutados durante o império romano, foram 
retomados. O espaço geográfico passou por um processo de reorganização associada 
à atuação do povo árabe, dos povos nórdicos e também com as grandes navegações. 
3.1 A (RE)ORGANIZAÇÃO DO ESPAÇO GEOGRÁFICO NA 
IDADE MÉDIA
Novas fronteiras surgiram e muitas das que existiam foram destruídas 
com a queda do Império Romano do Ocidente e sua divisão entre reinos bárbaros, 
bem como com a expansão do islamismo, a imposição dos turcos no Oriente e a 
decadência do Império Bizâncio. Na verdade, houve uma reorganização territorial 
durante a Idade Média. 
Para você ter uma ideia da influência da expansão do islamismo, por 
exemplo, no que tange à reorganização territorial, os árabes (fundamentados 
em sua nova crença religiosa), após a pregação de Maomé e a conversão dos 
povos da península arábica ao islamismo, passaram a fazer guerras no intuito 
de conquistar as terras do Império Bizantino na Ásia Menor e no norte da África. 
TÓPICO 1 | GÊNESE E EVOLUÇÃO DA CIÊNCIA GEOGRÁFICA
11
Aproximadamente um século depois, os árabes já tinham dominado as velhas 
civilizações da Síria e da Palestina, cristãs e ortodoxas. Conquistaram também 
o norte da África, até a costa atlântica, bem como toda a Península Ibérica e a 
Mesopotâmia. O islamismo foi expandido pela Índia e Irã. 
Os senhores árabes detentores de vasto Império procuravam organizar as 
vias de transportes não apenas por razões comercias, mas também para facilitar 
a peregrinação que todo muçulmano deveria fazer a Meca ao menos uma vez 
na vida. Anualmente, a cidade de Meca recebe milhões de muçulmanos para 
celebrar um ritual religioso histórico de desapego, arrependimento e reflexão.
IMPORTANT
E
É importante você saber que muitas obras famosas pertencentes à biblioteca 
de Alexandria, por exemplo, caíram em poder dos árabes e foram traduzidas para a sua 
língua. Assim, os árabes passaram a conhecer as principais ideias de Aristóteles e Ptolomeu, 
dentre outras.
Podemos dizer que para a Geografia, os árabes contribuíram com suas 
viagens descrevendo as condições naturais, os recursos que seriam explorados, as 
características e costumes dos povos que iam sendo dominados. É evidente que as 
obras deixadas pelos escritores árabes não tinham nenhuma preocupação específica 
com a Geografia, porém foram muito importantes para o avanço desta ciência. 
Neste contexto de reorganização do espaço geográfico e as contribuições 
para Geografia, não podemos deixar de abordar sobre os turcos. Estes, a partir 
do século XIV, passaram a conquistar as províncias orientais pertencentes ao 
Império Árabe e no século XV conquistaram a Constantinopla destruindo o 
Império Bizantino. Os turcos foram responsáveis pela interrupção do comércio 
entre o Oriente o Ocidente ocasionando sérios problemas aos países europeus 
que pregavam o catolicismo. Assim, estes países passaram a organizar expedições 
com destino à Palestina com o intuito de reconquistar os cristãos e lutar contra os 
turcos para garantir suas rotas comerciais do Oriente. 
Povo, nobres, senhores feudais e até reis, como São Luís, da França, e 
Ricardo Coração de Leão, da Inglaterra, participaram de expedições 
que por terra e por mar partiram para atacar os infiéis na Terra Santa 
e no norte da África. Estas expedições, que se realizaram nos séculos 
X a XI, contribuíram tanto para a expansão das relações comerciais, 
como também para o intercambio cultural. Desse intercambio, os 
cristãos tiveram maior acesso às obras dos gregos, dominados pelos 
turcos, como também à cultura árabe, que nos legou os algarismos, 
ainda hoje denominados arábicos, e nos transmitiria o conhecimento 
de invenções chinesas a que tinham tido acesso, como a pólvora, o 
papel e a bússola. (ANDRADE, 1987, p. 31). 
UNIDADE 1 | A GEOGRAFIA COMO CIÊNCIA
12
Como você pode perceber, apesar do conflito existente, foi possível a 
consolidação e/ou recuperação entre povos que durante séculos estiveram sob 
domínio do Império Romano. 
 
Gostaríamos de destacar ainda a atuação dos povos nórdicos 
(noruegueses, dinamarqueses, suecos, finlandeses e islandeses), que se 
dedicavam principalmente à pesca e à navegação. Embora não tenham deixado 
grandes registros de suas contribuições, é muito provável que para realizarem 
suas viagens transoceânicas deveriam ter certo conhecimento sobre o regime dos 
ventos, da direção e intensidade das correntes marítimas, da oscilação das ondas 
do mar, das geleiras e das condições do clima.
3.2 A CONTRIBUIÇÃO DAS GRANDES VIAGENS 
MEDIEVAIS NO DESENVOLVIMENTO DA GEOGRAFIA
Inúmeros viajantes partiram do Ocidente, sobretudo da Itália, à procura 
de terras no Extremo Oriente. Na verdade, eles sabiam da existência do grande 
Império mongol e se aventuraram sob a cobiça do comércio e também como 
enviados do papa no intuito de converter os soberanos do Oriente. Dentre 
os inúmeros viajantes merecem ser destacados o monge Piano de Carpini, 
que conseguiu manter contato com o soberano mongol em Samarcanda 
(posteriormente transferido para Pequim), bem como o comerciante veneziano 
Marco Polo (este nome não é estranho para você) que acompanhado de seu pai 
viajou até a China colocando-se à disposição do soberano mongol.Neste Império, Marco Polo desempenhou um cargo importante, era 
responsável pela administração de várias províncias e também executava 
missões de alta confiança. Retornando à Itália após vinte anos, escreveu um livro 
descrevendo suas viagens realizadas no Oriente. Apesar de suas contribuições 
descritivas, sua obra merece ser utilizada com certo cuidado, pois não havia uma 
preocupação com a veracidade das informações e por vezes suas histórias eram 
fantasiosas. De qualquer maneira não podemos desconsiderá-la.
Continuando com as grandes viagens, os italianos não se limitaram a fazer 
suas explorações no Mediterrâneo, na Ásia Central e Oriental, ampliaram suas 
navegações pelo Atlântico. A quem diga que antes dos portugueses e espanhóis, 
alguns viajantes italianos, no século XIV, já conheciam as Ilhas Canárias, Porto 
Santo, Madeira e Açores.
Podemos dizer que o período da Idade Média foi marcado pelas grandes 
e numerosas viagens realizadas principalmente pelos italianos, isso se confirma, 
pois nos séculos XV e XVI vários deles realizaram viagens a serviço dos reis 
da Espanha e Portugal. O que demonstra que tinham conhecimento sobre 
determinadas áreas exploradas anteriormente por eles. 
TÓPICO 1 | GÊNESE E EVOLUÇÃO DA CIÊNCIA GEOGRÁFICA
13
3.3 O CONHECIMENTO DO TERRITÓRIO E A EVOLUÇÃO 
DA GEOGRAFIA
Na Idade Média, o pensamento geográfico foi influenciado pelos 
problemas culturais atrelados ao poder que caracterizava a Igreja Medieval. 
Os monges e os sacerdotes da Igreja procuravam desenvolver a fé, sobretudo 
quando ameaçada pela expansão muçulmana, bem como procuravam adaptar as 
ideias e concepções aos ensinamentos bíblicos. Assim, muitas das informações 
tidas como verdades foram questionadas pela igreja a exemplo da esfericidade da 
Terra e a distribuição das terras e das águas na superfície da Terra.
 
 A cartografia antiga sofreu reformulações principalmente com as 
navegações que permitiram a elaboração de mapas detalhando as rotas marítimas. 
As navegações oceânicas instigaram a preocupação com o fenômeno das marés e 
questionava-se também a existência do relevo submarino.
As grandes viagens terrestres (desde o Mediterrâneo até o Extremo Oriente) 
possibilitaram descrições importantes a respeito dos rios, lagos, montanhas, povos 
(cultura, comércio), dentre outros. Os rios, por exemplo, já era objeto de estudo 
para os estudiosos, pois além de serem para os povos fonte de abastecimento 
de água para consumo e irrigação, também serviam como hidrovias já que os 
transportes terrestres eram muito precários. É provável que alguns desses rios 
você já tenha ouvido falar como o Nilo, Eufrates, Danúbio, Tigre, Reno, Volga, 
Ganges, Indus, Azul e Amarelo. Na verdade, esses rios exerceram e exercem 
ainda hoje uma grande importância socioeconômica. 
4 A GEOGRAFIA NOS SÉCULOS XV, XVI E XVII
No final da Idade Média, as atividades comerciais passaram a ter um 
desenvolvimento ascendente, assim como houve uma maior intensificação do 
intercâmbio entre os povos do Ocidente e Oriente, ocasionando a ampliação cultural 
e a difusão de instrumentos importantes nas transformações socioeconômicas 
que seriam realizadas posteriormente (nos séculos XV, XVI e XVII).
Os séculos XV e XVI foram marcados pela intensificação das grandes 
navegações e com o descobrimento de caminhos marítimos, a exemplo do 
caminho marítimo às Índias, do descobrimento e “conquista” da América e o 
início da exploração no oceano Pacífico. 
Observe no mapa a seguir o percurso das viagens ultramarinas. Perceba 
que o Brasil era uma das rotas.
UNIDADE 1 | A GEOGRAFIA COMO CIÊNCIA
14
FIGURA 5 – AS GRANDES VIAGENS ULTRAMARINAS
FONTE: Disponível em: <http://www.curso-objetivo.br/vestibular/roteiro_estudos/imagens/
re_500anos_1.jpg>. Acesso em: 20 nov. 2010.
É evidente que os exploradores tinham apoio dos soberanos de seus 
países (Portugal, Espanha, França, Holanda e Inglaterra) que visavam fortalecer 
o poderio nacional com riquezas oriundas de terras desconhecidas (além-mar) 
através de “saques” e do desenvolvimento do comércio.
Para você ter uma ideia, foi na metade do século XVI que Fernão de 
Magalhães encontrou a passagem do oceano Atlântico para o Pacífico, o qual 
atribuiu seu nome no estreito (veja no mapa). Contudo, podemos dizer que o 
grande explorador do Pacífico foi o almirante James Cook. Ele navegou pelo 
oceano Pacífico em várias direções, acompanhado de cientistas que exploraram 
as águas e terras de clima tropical e glacial.
Sem dúvida, as inúmeras expedições auxiliaram o desenvolvimento da 
ciência geográfica com as informações catalogadas dos oceanos, dos tipos de 
climas das diferentes áreas, da geologia dos lugares, da economia e cultura dos 
diferentes povos. 
TÓPICO 1 | GÊNESE E EVOLUÇÃO DA CIÊNCIA GEOGRÁFICA
15
4.1 O CONHECIMENTO GEOGRÁFICO NOS CHAMADOS 
TEMPOS MODERNOS
Nos chamados Tempos Modernos (séculos, XV, XVI, XVII), as grandes 
revoluções para o conhecimento geográfico foram as expansões territoriais, a 
dominação da configuração da Terra, bem como a rejeição de inúmeras ideias 
sobre a superfície da mesma.
É evidente que a expansão territorial repercutiu primeiramente na 
cartografia que gradativamente foi modificada e aprimorada. Ademais, nos novos 
mapas produzidos um novo continente foi abarcado, a América. Também foram 
aprimorados os conhecimentos a respeito do magnetismo da Terra, estabelecendo-
se a diferença entre o polo geográfico e magnético. Ficou com dúvidas em relação 
a esta diferença? Pense um pouco e depois verifique no UNI. Continuando a 
nossa linha de raciocínio, a medida das longitudes também passou a ser feita 
com mais precisão a, 
as correntes marítimas, de grande influência sobre a navegação entre 
os continentes, foram mais bem estudadas, assim como a intensidade 
e a direção dos ventos, sobretudo dos alísios. Os navegadores, nos 
mares tropicais, necessitavam usar os alísios para impulsionar as 
suas embarcações e fugir da calmaria equatorial, onde poderiam 
permanecer meses, praticamente sem se movimentar, à falta da força 
propulsora do vento. (ANDRADE, 1987, p. 43). 
 
Todos esses estudos contribuíram para o surgimento de uma Geografia 
científica e o aparecimento de várias ciências.
DICAS
A Terra como você já sabe é um imenso ímã. Ela apresenta dois polos magnéticos: 
o Norte e o Sul. Esses polos estão próximos aos polos geográficos. Os polos geográficos são 
as extremidades do eixo da Terra. A extremidade localizada no Hemisfério Sul é o Polo Sul e a 
extremidade localizada no Hemisfério Norte é o Polo Norte. Saiba mais sobre o magnetismo 
da Terra acessando o site: <http://www.educacaopublica.rj.gov.br/biblioteca /fisica/0011.html>.
UNIDADE 1 | A GEOGRAFIA COMO CIÊNCIA
16
4.2 OS PRECURSORES DO CONHECIMENTO 
GEOGRÁFICO NOS CHAMADOS TEMPOS MODERNOS
Para muitos, a obra de Nicolau Copérnico foi considerada um grande 
impulso para a Revolução Científica. Copérnico, em sua obra, defende 
matematicamente um modelo de cosmo, em que o Sol seria o centro do Universo 
(Teoria Heliocêntrica) e a Terra, era um astro que girava em torno do Sol. A teoria 
Heliocêntrica sem dúvida rompeu com a Teoria Geocêntrica (a Terra era o centro 
do universo) de Cláudio Ptolomeu. Conforme Viviane e Müller (2009, p. 40) “tal 
mudança representou uma das rupturas mais marcantes daquele período, o 
que culminou com o início da modernidade, pois a nova teoria estabelecida era 
contrária a uma teoria que reinava há quase vinte séculos”. Observe na figura a 
seguir a representação das duas teorias
FIGURA 6 – TEORIA GEOCÊNTRICA E TEORIA HELIOCÊNTRICA
FONTE: Disponível em: <http://www.escolas.trendnet.com.br/sjosesbc/renascimento/obras.
htm>. Acesso em: 20 nov. 2010.
IMPORTANT
E
No período do Renascimento Cultural e Científico (séculos XVI e XVII), a Igreja 
Católica ainda controlavaa produção cultural e científica, e defendia a teoria Geocêntrica. 
Galileu Galilei, por defender o Heliocentrismo, foi condenado à Inquisição. Para se livrar da 
morte, Galileu negou o Heliocentrismo diante do tribunal. Contudo, não deixou de fazer suas 
pesquisas.
TÓPICO 1 | GÊNESE E EVOLUÇÃO DA CIÊNCIA GEOGRÁFICA
17
Quem foi Galileu Galilei? Nasceu na Itália no ano de 1564. Grande Físico, Matemático e 
Astrônomo, Galileu fez a descoberta da lei dos corpos e enunciou o princípio da Inércia. Foi 
um dos principais representantes do Renascimento Científico dos séculos XVI e XVII. Foi o 
primeiro a contestar as afirmações de Aristóteles, que, até aquele momento, havia sido o 
único a fazer descobertas sobre a física.
Outros precursores do conhecimento científico que também merecem 
destaque, como Leibnitz que tentou explicar a deposição das rochas sedimentares; 
Montesquieu (famoso humanista francês) que estudou a influência dos climas 
na maneira de pensar e agir dos homens; Isaac Newton (famoso físico inglês) 
responsável pela formulação do princípio da lei da gravitação universal.
 
No entanto, para a ciência geográfica, o holandês Bernardo Varenius 
(morreu com 28 anos), sem dúvida foi um dos precursores mais importantes na 
primeira metade do século XVII. Embora não tenha concluído sua sublime obra 
intitulada Geografia Geral, Varenius fez uma abordagem sintética da chamada 
Geografia Matemática, que estuda a Terra como astro e procura explicar as 
relações existentes entre este planeta e os outros, enveredando em seguida pelos 
temas da Geografia Física, que procurou explicar as formas de relevo, a rede 
fluvial e as condições climáticas se interinfluenciando, para chegar ao papel da 
sociedade, do homem na elaboração do espaço. (ANDRADE, 1987). 
 
Talvez a maior contribuição de Varenius tenha sido o fato de ele ter unido 
em uma só, a Geografia Geral, Geografia Matemática, Geografia Descritiva, 
Geografia Humanista e Geografia Literária. 
5 A CONTRIBUIÇÃO DO CAPITALISMO NO DESENVOLVIMENTO 
DA CIÊNCIA GEOGRÁFICA
Antes de iniciarmos a nossa conversa sobre o papel do capitalismo no que 
tange ao desenvolvimento da ciência geográfica, gostaríamos que você refletisse. 
Será que o capitalismo realmente contribuiu para o desenvolvimento da ciência? 
De que forma? Pense um pouco. 
Sim, sem dúvida o capitalismo contribuiu não só para o desenvolvimento 
da ciência geográfica, mas também para as demais ciências principalmente 
com sua expansão nos século XVIII e XIX proporcionando um acelerado 
desenvolvimento das mesmas. Para facilitar o seu entendimento, vamos voltar 
ao século XV. A partir deste, o capitalismo comercial marcado pela expansão das 
grandes navegações ocasionou o descobrimento de novas terras, culturas, bem 
como intensificou a comercialização entre os povos que viviam em condições 
naturais e organização social diversificadas. Neste período, a Europa detinha o 
núcleo de civilização mais dinâmica e também possuía um controle maior sobre 
UNIDADE 1 | A GEOGRAFIA COMO CIÊNCIA
18
a “tecnologia”. Gradativamente, expandiu sua influência econômica e política 
por grande parte da superfície da Terra, principalmente nas áreas litorâneas, cujo 
acesso às embarcações era mais fácil. 
O capitalismo comercial proporcionou o enriquecimento da burguesia 
e esta, por sua vez, passou a exercer uma influência maior junto ao governo e 
na administração e com isso estimulou as técnicas e pesquisa com o intuito de 
ampliar, por exemplo, as explorações dos recursos naturais. Cabe destacar, que a 
burguesia, ao forçar o controle dos meios de produção promoveu sua revolução 
política ocasionando a destruição da monarquia francesa. Conforme destaca 
Andrade (1987, p. 46):
os ideais da Revolução Francesa foram levados a outros países da 
Europa, sobretudo durante o Império Nopoleônico, e, embora essas 
monarquias subsistissem, fizeram concessões e assimilaram diretrizes 
que permitiram e as vezes estimularam a sociedade burguesa, em 
formação. Na Inglaterra, por sua vez, desde a Revolução Gloriosa 
(1688), a burguesia vinha apossando-se de fatias do poder e 
enfraquecendo os poderes do rei frente aos interesses de classe. Daí a 
Revolução Industrial ter-se iniciado na Inglaterra, no século XVIII, se 
expandindo pela França na primeira metade do século XIX, e depois 
pela Europa central e ocidental, em meados do século XX. 
 
Neste contexto, é importante destacar que a política da burguesia 
engendrou uma verdadeira revolução cultural e técnica. Para você ter uma ideia, 
em meados do século XVIII, as ciências naturais (Biologia, Botânica, Zoologia, 
dentre outras) desenvolveram-se com repercussões na Geografia. Os filósofos 
passaram a questionar ideias e crenças desenvolvidas em séculos anteriores, 
formulando novas bases para a ciência. Assim, a ciência geográfica se beneficiou 
com as reflexões de Immanuel Kant (filósofo alemão, que tinha como centro de sua 
filosofia, o ser humano, como um ser dotado de razão e liberdade), por exemplo.
A classe dominante europeia era cada vez mais deslumbrada com as novas 
áreas descobertas e buscavam explicações para tentar entender a diversidade 
dessas áreas no que concerne a paisagem, a cultura, hábitos, crenças e a própria 
relação entre o homem e a natureza. Desse modo, enquanto que os filósofos 
e cientistas políticos tentavam explicar as relações entre o meio e o homem 
(organização em sociedade, as formas de governo, de religiões, dentre outras), 
os comerciantes e os administradores articulavam os recursos disponíveis e 
possíveis de exploração, bem como constituíam a sua contabilidade para otimizar 
os lucros obtidos. Conforme Claval (1978), assim deu-se o desenvolvimento da 
estatística e a origem da Geografia Política e da Economia, inicialmente formadas 
por catálogos de estados e cidades, de um lado, e da distribuição da produção de 
outro.
Assim, inicia-se o século XIX (chamado século das luzes) com ampla 
revolução econômica e cultural que culminaria com a consolidação do domínio 
da burguesia e do modo de produção capitalista em quase todo o globo terrestre. 
Uma superestrutura ideológica e cultural passou a se consolidar consagrando 
TÓPICO 1 | GÊNESE E EVOLUÇÃO DA CIÊNCIA GEOGRÁFICA
19
a racionalidade da ação do homem sobre a natureza, “o que permitiria a sua 
exploração com grandes vantagens, a dominação técnica, a valorização do 
pensamento científico, com a preocupação do estabelecimento de leis universais, 
a partir das formulações de Newton, e a crença generalizada no progresso, que 
seria linear e contínuo”. (MENDONZA, 1982 apud ANDRADE, 1987, p. 49).
UNI
Você muito provavelmente deve se perguntar se este caderno é voltado à 
Geografia ou à História. Pois bem, para entendermos a Geografia atual precisamos entender 
o contexto histórico de produção do espaço geográfico.
6 O SURGIMENTO DA GEOGRAFIA MODERNA E SEUS 
PRECURSORES
No início do século XIX, as condições culturais, econômicas e políticas, 
engendraram as novas diretrizes intelectuais e científicas do século. Expandem-
se as ciências da observação e da experimentação em virtude da preocupação 
com o controle da natureza. Assim, muitos cientistas passaram a formular suas 
próprias teorias com o acúmulo de suas observações (conhecimento empírico). É 
evidente que a expansão colonial (de países como a Inglaterra, França, Portugal, 
dentre outros) estimulou a formação de “sociedades” geográficas com o intuito de 
realizar expedições científicas à procura de recursos naturais para explorar, como as 
expedições realizadas no interior do continente africano, asiático e sul-americano. 
 
Você certamente já ouviu falar do inglês Charles Darwin, pois bem, este 
homem é considerado um dos mais famosos cientistas do século XIX que deu a 
volta ao mundo estudando os animais e plantas. Uma de suas célebresobras é o 
livro intitulado “A origem das espécies”. Neste livro, Darwin abarca a teoria da 
evolução das espécies conforme sua capacidade de adaptação ao meio natural. 
Sua teoria contrariava as concepções da Bíblia, bem como gerou forte influência 
aos estudos de numerosos cientistas, a exemplo de Haekel (uso da expressão 
ecologia) e Spencer (desenvolvimento do evolucionismo). Estas concepções 
influenciaram os fundadores da Geografia Moderna (Humboldt e Ritter).
Outro aspecto importante que marcou o século XIX e que merece ser 
destacado foram as desigualdades sociais. Estas eram tão intensas que levaram 
alguns estudiosos a formular teorias que contrariavam os princípios do capitalismo. 
Num primeiro momento, as contestações ao capitalismo eram realizadas por 
idealistas utópicos que imaginavam uma sociedade mais justa, posteriormente, 
eram realizadas por pensadores materialistas que criticavam as estruturas sociais 
através de uma análise mais dialética. Neste contexto, não podemos deixar de 
UNIDADE 1 | A GEOGRAFIA COMO CIÊNCIA
20
falar de Karl Marx e Friedrich Engels que tentaram elucidar a dinâmica social 
de forma totalizadora. Na verdade, estes dois pensadores estavam engajados na 
ação política e não exerceram grande influência aos geógrafos da época (século 
XIX), pois a maioria deles estava comprometida com as “políticas” de poder de 
seus países. 
6.1 A CONTRIBUIÇÃO DE ALEXANDRE VON HUMBOLDT
Alexandre von Humboldt (1769-1859) é considerado um dos fundadores 
da Geografia Moderna. O nobre prussiano possuía formação naturalista e realizou 
inúmeras viagens pela Europa, na porção central e norte da Ásia e na América 
Latina. Procurou conhecer a natureza física no intuito de obter explicações sobre 
a evolução da sociedade sem se preocupar com as relações sociais.
FIGURA 7 – ALEXANDRE VON HUMBOLDT
FONTE: Disponível em: <http://en.academic.ru/pictures/
enwiki/65/AvHumboldt.jpg>. Acesso em: 10 set. 2010.
Na cartografia (que estava em expansão), Humboldt concebeu um traçado 
de linhas ligando pontos que apresentassem as mesmas temperaturas médias 
(as isotermas), a princípio para definir o que chamou de zodíaco isotérmino, 
que segundo Claval (1978), deveria ter uma largura de 35º tendo como centro o 
paralelo de 40º Norte.
É importante destacar que Humboldt, através de suas análises, comparava 
a distribuição do relevo, do clima e das associações vegetais, bem como a interação 
que ocorria entre estes elementos, no que tange causas e efeitos. Formulou o 
princípio da causalidade (a necessidade de explicar o porquê dos fatos). Pode-se 
dizer que é o princípio básico da Geografia moderna. 
TÓPICO 1 | GÊNESE E EVOLUÇÃO DA CIÊNCIA GEOGRÁFICA
21
Dentre suas obras merecem destaque os livros Quadros da Natureza e 
Cosmos. Na verdade, Humboldt reuniu, de forma sistemática, as tradições das 
narrativas de viagens e das cosmografias num só conjunto lógico. Em sua obra, 
encontram-se também alguns dos principais elementos que definem a ciência 
moderna, a explicação por meio das generalizações e um método de observação 
submetido a critérios bem definidos. (GOMES, 2007). Assim, a Geografia proposta 
por Humboldt envolve “[...] uma reflexão sobre o homem e uma reflexão sobre 
a natureza, sob um mesmo patamar de inteligibilidade. Por este programa, 
Humboldt legou à posteridade as bases de uma nova ciência, rica em tradições 
e, ao mesmo tempo, moderna e sistemática”. (GOMES, 2007, p. 162). Podemos 
dizer que para a Geografia, Humboldt exerceu um papel fundamental nos novos 
tempos, ao produzir um discurso e uma imagem coerente e científica do mundo 
moderno.
Cabe ressaltar também a obra “Ensaios políticos sobre o reino de Nova 
Espanha”, utilizado mais tarde por Thomas Malthus para formular suas teorias 
demográficas. 
6.2 A CONTRIBUIÇÃO DE KARL RITTER
Assim como Humboldt, Karl Ritter (1779-1859) também é considerado 
fundador da Geografia Moderna. Ritter, filósofo e historiador, preocupou-se 
em estudar exaustivamente a Ásia Menor. Foi professor de alguns dos maiores 
geógrafos do final do século XIX: Ratzel, Reclus e La Blache.
FIGURA 8 – KARL RITTER
FONTE: Disponível em: <http://www.iamthewitness.com/
books/img/Karl.Ritter.jpg>. Acesso em: 10 set. 2010.
UNIDADE 1 | A GEOGRAFIA COMO CIÊNCIA
22
Ao contrário de Humboldt, Ritter não foi um viajante e/ou explorador, 
mas sim um grande leitor e expositor. Buscou explicar a evolução da humanidade, 
ligando-a às relações entre o povo e o meio natural, fazendo sobretudo a descrição 
da sociedade.
Segundo Moraes (1986), na visão de Ritter a Geografia era o estudo dos 
lugares, a busca pela individualidade destes e, sendo assim, deveria estudar os 
arranjos individuais, bem como compará-los. No que tange aos arranjos, “cada 
arranjo abarcaria um conjunto de elementos, representando uma totalidade, 
onde o homem seria o principal elemento”. (MORAES, 1986, p. 49). Para Ritter, a 
Geografia teria a incumbência de explicar a individualidade dos sistemas naturais, 
pois nesta se expressaria o desígnio da divindade ao criar aquele lugar específico. 
(MORAES, 1986). Ainda conforme Moraes (1986), o objetivo para Ritter, era 
chegar a uma harmonia entre a ação humana e os desígnios divinos, manifestos 
na variável natureza dos meios. Desse modo, a ordem natural obedeceria a um 
fim previsto por Deus, a causalidade da natureza obedeceria à designação divina 
do movimento dos fenômenos. 
A proposta de Ritter é considerada antropocêntrica, pois o homem é o 
sujeito da natureza. Também é considerada regional porque aponta para o estudo 
de individualidades, valorizando a relação homem-natureza. (MORAES, 1986).
 
De modo geral, podemos dizer que tanto Humboldt quanto Ritter eram 
ligados às classes dominantes de seu país. Estes dois sábios alemães respondiam 
aos desafios da sociedade europeia em que viviam, tanto em função da dominação 
capitalista como para a própria formação da unidade da Alemanha. Assim, para 
os grupos dominantes e/ou nações dominantes, o conhecimento do mundo, bem 
como das relações entre a sociedade e a natureza eram de grande importância 
para a ampliação do domínio extraeuropeu. Daí a importância dos estudos 
realizados por Humboldt e Ritter naquela época. 
IMPORTANT
E
Segundo Pereira (1989, p. 91) [...] “é em solo alemão que a Geografia alcança sua 
forma de Ciência Moderna. [...] com Humboldt e Ritter nasce a Geografia Científica ou Geografia 
Acadêmica. Isto é, uma Geografia produzida agora a partir dos centros universitários e, mais 
tarde, ensinada nas escolas. Apesar de Humboldt ser naturalista e Ritter historiador, ambos 
possuíam uma visão de totalidade típica do avanço alemão (Kant, Hegel, dentre outros).
TÓPICO 1 | GÊNESE E EVOLUÇÃO DA CIÊNCIA GEOGRÁFICA
23
6.3 A CONTRIBUIÇÃO DE FRIEDRICH RATZEL 
O alemão Friedrich Ratzel (1844-1904) representou um papel fundamental no 
processo de sistematização da Geografia Moderna, expressa principalmente através 
de suas duas obras mais importante, a Antropogeografia e a Geografia Política.
FIGURA 9 – FRIEDRICH RATZEL
FONTE: Disponível em: <http://people.wku.edu/charles.smith/
chronob/RATZEL.jpg>. Acesso em: 10 set. 2010.
Na primeira obra, Ratzel fundamenta sua teoria determinista inspirada 
na teoria de Darwin e depois Spencer. Para Ratzel, “o homem, em todos os seus 
planos de existência, tanto mental como civilizatório, é o que determina seu 
meio natural”. (MOREIRA, 1987, p. 31). Essa teoria ficou conhecida como teoria 
do Determinismo Geográfico. Na visão de Ratzel, “como na luta das espécies 
pelo domínio do espaço que contém sua nutrição, os homens organizam-se em 
Estados para os quais o espaço é fonte de vida”. (MOREIRA, 1987, p. 32). Teoria 
esta que ficou conhecida como Teoria do Espaço Vital, ou seja, entende-se como 
espaço vital o equilíbrio entre os recursos naturais disponíveise a população que 
tenta satisfazer suas necessidades locais. 
Neste contexto, observe como Moreira (1987, p. 33) descreve o raciocínio 
linear de Ratzel:
Os homens agrupam-se em Sociedade, a Sociedade é o Estado, o 
Estado é um organismo. A sociedade e o Estado são o fruto orgânico 
do determinismo do meio. O Estado é a expressão orgânica do 
“determinismo geográfico”. O Estado é um organismo em parte 
humano e em parte terrestre. É a forma concreta que adquire em cada 
UNIDADE 1 | A GEOGRAFIA COMO CIÊNCIA
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canto a relação homem-meio. O Estado é assim porque possui uma 
relação necessária com a natureza. Os Estados necessitam de espaço, 
como as espécies, por isto lutam pelo seu domínio. A subsistência, 
energia, vitalidade e o crescimento dos Estados têm por motor a 
busca e a conquista de novos espaços. Troquemos “Estados” por 
“Imperialismo” e entenderemos Ratzel. 
 
Do pensamento de Ratzel nasceu a Geografia Política, com a sua 
importante obra intitulada Geografia Política (1897). Nesta, Ratzel pensa o Estado 
como um organismo articulador entre o povo e o solo. Para ele, o solo condiciona 
as formas elementares e complexas da vida, bem como favorece e/ou emperra o 
desenvolvimento dos Estados. Conforme coloca Costa (1992, p. 33):
não se trata, porém de um determinismo estreito, meramente causal. 
O que está em jogo é a ideia de que o solo e seus condicionantes físicos 
são apenas um dado geral, uma base concreta, um potencial enfim, 
cuja eficácia para o desenvolvimento estatal de uma nação ou de um 
povo dependerá antes de tudo da sua capacidade em transformar essa 
potencialidade em algo efetivo.
Para Ratzel, a efetivação das potencialidades só seria concretizada 
com a existência de um Estado forte, centralizador e capaz de criar políticas 
territoriais, econômicas, culturais, dentre outras, visando à unidade nacional. De 
acordo com Costa (1992), outro aspecto importante do pensamento ratzeliano 
é o papel desempenhado pelo comércio internacional, que teria a função de 
transformar a terra inteira num vasto organismo econômico. Ratzel defendia a 
ideia de que o desenvolvimento dos povos, sobretudo, o alemão, deveria passar 
obrigatoriamente pelo “alargamento” do horizonte geográfico.
6.4 A CONTRIBUIÇÃO DE ÉLISÉE RECLUS E DE PIETR 
KROPOTKIN
Diferentemente dos geógrafos estudados anteriormente, que estavam 
à mercê da classe dominante, bem como ocuparam cátedras universitárias, 
os geógrafos (final do século XIX e início do século XX) Élisée Reclus (origem 
francês) e Pietr Kropotkin (origem russa) se colocaram contra a estrutura de 
poder, negando a validade do Estado, adotaram concepções de reformas sociais 
radicais e defenderam as classes menos favorecidas.
Segundo Andrade (1987, p. 57), para Reclus os geógrafos deveriam fazer 
uma análise a partir das seguintes concepções: “que a sociedade está dividida em 
classes sociais; a diferença de classes provoca a luta entre as classes dominadas; 
a melhoria das estruturas sociais a partir do aperfeiçoamento progressivo do 
homem”. O cientificismo de Reclus estava pautado na ciência como solução dos 
problemas, ou seja, a ciência desenvolvida era capaz de solucionar os problemas 
e aperfeiçoar socialmente os homens. Dentre suas obras merecem destaque: A 
TÓPICO 1 | GÊNESE E EVOLUÇÃO DA CIÊNCIA GEOGRÁFICA
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terra (dois volumes) publicada em 1869; A Nova Geografia Universal (dezenove 
volumes) publicada de 1875 a 1892 e O homem e a terra (seis volumes) publicada 
de 1905 a 1908.
Kropotkin tinha uma verdadeira paixão pela natureza. Para ele, a Geografia 
era uma ciência da natureza. Acreditava no poder da ciência e admitia que tanto 
nas ciências naturais como nas ciências sociais existiam leis gerais que regiam os 
fenômenos. Conforme coloca Andrade (1987, p. 59), Kropotkin “manteve-se fiel 
ao positivismo e admitia que a dialética, defendida por Marx e Engels, não podia 
dar contribuição positiva ao desenvolvimento das ciências. Preocupava-se muito 
com a educação e com o papel a ser desempenhado pela Geografia no processo 
educativo”. 
Na visão de Kropotkin o ensino da Geografia deveria encaminhar os 
estudantes para maior compreensão dos povos, sem fronteiras territoriais, onde 
as diferentes culturas pudessem viver em harmonia. Na verdade, ele propunha o 
desaparecimento do Estado e a preparação de uma juventude para viver em uma 
sociedade livre. 
Podemos dizer que estes dois geógrafos lutavam por uma Geografia 
Libertária, que não estivesse à mercê da conquista do poder.
UNI
Como você pôde perceber no decorrer do estudo realizado neste tópico, a 
Geografia até se tornar uma ciência percorreu um longo caminho. Neste longo caminho, 
muitas foram as concepções e/ou interpretações para tentar entender o nosso planeta, bem 
como a própria Geografia. Procure agora resolver as autoatividades e, se for necessário, retome 
a leitura deste tópico.
26
Neste tópico você estudou que:
• A Geografia é considerada uma das ciências mais antigas. Isso porque, a 
confecção dos mapas, conforme registros históricos ocorreu antes da própria 
escrita. 
• Os povos primitivos, apesar de não serem detentores da escrita, já possuíam 
“ideias” geográficas em suas concepções de vida e cultura. Suas experiências 
diárias, ou saberes práticos, e as noções e relações com a natureza permitiram 
mesmo que empiricamente a ampliação e desenvolvimento do conhecimento 
geográfico.
• As ideias geográficas dos povos orientais, através de seus conhecimentos 
práticos de exploração da Terra, bem como de suas observações e estudos 
matemáticos, foram responsáveis pela sistematização do conhecimento do 
mundo. 
• Os filósofos e matemáticos gregos contribuíram para o desenvolvimento do 
conhecimento geográfico com suas ideias sobre a forma e as dimensões da 
Terra, bem como a distribuição das águas, terras e dos seres humanos, sem 
falar da teoria geocêntrica de Ptolomeu (século II d.C.), ao afirmar que a Terra 
era o centro do Universo.
• Os romanos deram maior importância à geografia descritiva. Eles procuraram 
desenvolver ao máximo a organização do seu império, assim como o comércio 
sobre as dezenas de suas províncias. 
• Na Idade Média, o conhecimento geográfico passou por algumas reformulações 
isso porque muitos ensinamentos de sábios gregos, que haviam sido refutados 
durante o império romano, foram retomados. Este período foi marcado pelas 
grandes e numerosas viagens realizadas principalmente pelos italianos. Isso se 
confirma, pois nos séculos XV e XVI vários deles realizaram viagens a serviço 
dos reis da Espanha e Portugal. 
• Nos chamados Tempos Modernos (séculos, XV, XVI, XVII), as grandes 
revoluções para o conhecimento geográfico foram as expansões territoriais, 
a dominação da configuração da Terra, bem como a rejeição de inúmeras 
ideias sobre a sua superfície. Para muitos, a obra de Nicolau Copérnico foi 
considerada um grande impulso para a Revolução Científica com sua teoria 
heliocêntrica. 
RESUMO DO TÓPICO 1
27
• O capitalismo contribuiu não só para o desenvolvimento da ciência geográfica, 
mas também para as demais ciências, principalmente, com sua expansão nos 
século XVIII e XIX, proporcionando um acelerado desenvolvimento delas.
 
• No início do século XIX, as condições culturais, econômicas e políticas, 
engendraram as novas diretrizes intelectuais e científicas do século. Expandem-
se as ciências da observação e da experimentação em virtude da preocupação 
com o controle da natureza. Assim, muitos cientistas passaram a formular suas 
próprias teorias com o acúmulo de suas observações. 
• Alexandre Von Humboldt e Karl Ritter são considerados os fundadores da 
Geografia Moderna. Enquanto Humboldt procurou conhecer a natureza física, 
no intuito de obter explicações sobre a evolução da sociedade sem se preocupar 
com as relações sociais,

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