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1) A lidocaína é um anestésico local amplamente utilizado em pequenas cirurgias. O fármaco inibe a sensação dolorosa por impedir a geração de potenciais de ação. Como a lidocaína impede a deflagração do impulso nervoso? Descreva as fases do potencial de ação, citando as conformações e cinéticas de abertura/fechamento dos canais de sódio e potássio dependentes de voltagem. Resposta: A lidocaína inibe os canais de sódio sensíveis à voltagem, esses são os canais rápidos, e para que a despolarização chegue no limiar precisa de um grande influxo de sódio. Como a lidocaína inibe esses canais, não há a sequência das fases e disparo de neurônios. Então não vai ter potencial de ação gerado e a pessoa não vai sentir dor. As fases do potencial de ação são: Fase em repouso, quando a célula está em repouso e temos canais de vazamento de potássio funcionando; Fase ascendente, quando a célula está no limiar, para isso precisa ficar menos negativa, então chega sódio (canais rápidos), potássio (canais lentos) ou saída de cloreto. É caracterizado por um grande influxo de sódio via receptores sensíveis à voltagem; Pico de ultrapassagem, onde dois eventos ocorrem: canais de sódio ficam inativos (depois que se abre, ele inativa-se e não pode mais se abrir, teria que se fechar de novo) e abertura dos canais de potássio (pela lentidão só se abre depois), repolariza a célula, caracterizando a fase de repolarização; e Fase de pós hiperpolarização, onde o canal de potássio foi tão lento para abrir e fechar, e saiu tanto potássio que por um momento a célula fica hiperpolarizada. 2) Explique a junção neuromuscular e o acoplamento excitação-contração. A toxina botulínica é amplamente utilizada para fins estéticos. Explique a relação dessa toxina com os processos sinápticos vistos em aula, incluindo exocitose e transmissão colinérgica: Resposta: Junção neuromuscular é quando ocorre sinapse entre o axônio de neurônio motor alfa e a fibra muscular (podendo inervar mais de uma fibra) formando a unidade motora. Para que ocorra a excitação um potencial de ação tem que acontecer no axônio do neurônio motor, liberação da ACo na junção neuromuscular, abertura dos canais dos receptores nicotínicos, formação de PEPS, potencial de ação gerado na fibra muscular e propagação no sarcolema e despolarização dos túbulos T que provoca liberação de cálcio a partir do retículo sarcoplasmático. Contração: o cálcio precisa se ligar à troponina, a tropomiosina muda de posição e os locais de ligação da miosina com a actina ficam expostos, as cabeças das miosinas precisam se conectar com a actina, elas fazem um movimento de rotação (ponte cruzada, formando a contração muscular), ATP se liga às cabeças de miosina para desconectar as actinas, e o ciclo prossegue enquanto o cálcio e ATP estiverem presentes. O mediador químico da excitação é a acetilcolina. A toxina botulínica impede a transmissão colinérgica por clivar a proteína snare impedindo o processo de exocitose e impede a liberação desse mediador químico. 3) A epilepsia pode ser caracterizada pelo desbalanceamento da atividade elétrica encefálica mediado por neurotransmissores. De que formas você poderia manipular o sistema para controlar as alterações apresentadas nesse quadro patológico: Resposta: Com uso de fármacos, como por exemplo ureídos cíclicos (fenitoína, fosfenitoína) que diminuem a liberação sináptica de glutamato e bloqueiam os potencias de ação propagados pelos neurônios por sua ação sobre os canais de cálcio sensíveis à voltagem; derivados do GABA (gabapentina e pregabalina) que diminuem a transmissão excitatória ao atuar sobre os canais de cálcio; tricíclicos (carbamazepina), diminuem a liberação de glutamato e agem nos canais de sódio inibindo o disparo de alta propagação dos potenciais de ação dos neurônios; benzodiazepínicos (diazepam e clonazepam), potencializando as respostas ao Gaba-a. 4) Em termos biofísicos, explique a diferença entre os benzodiazepínicos e os barbitúricos no fluxo de cloreto, associando aos dados ilustrados no gráfico abaixo: Resposta: Os benzodiazepínicos aumentam a frequência de abertura do canal e os barbitúricos aumentam a duração da abertura do canal. O resultado em ambos é o aumento de corrente de Cl– inibitória e intensos PIPS. Vemos isso ilustrado nos gráficos, em que o pentobarbital se liga alostericamente ao GABA e faz com que esse receptor fique aberto por um período maior (como dito nos barbitúricos), o cloreto sai e deixa o meio hiperpolarizado. O midazolam se liga alostericamente ao receptor de GABA, mas não deixa o canal aberto, ele aumenta a frequência de vezes em que o canal vai abrir (como falado sobre os benzodiazepínicos). O pentobarbital libera mais cloreto que o midazolam por deixar o canal aberto direto.
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