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Semiologia em Cardiologia

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PROPEDÊUTICA 
CARDIOLÓGICA
4º período - 2020
C A T A R I N A A L I P I O
M E D I C I N A U N I M E S
Catarina Alipio XXII-B Cardiovascular
Propedê!ic" cardiovascular: 
Conceitos: 
- Semiologia: parte da área médica que estuda 
sinais e sintomas das doenças, tornando-se 
importante para o diagnóstico. 
- Prática médica: 
a. Exame clínico: anamnese + exame físico. 
b. Medicina Baseada em Evidências: análise 
estatística para tomada de decisões. 
c. Exames complementares: padrão ouro e são 
indicadores para diagnóstico. 
Anamnese: 
- Primeiro contato com o paciente em que visa 
descobrir a causa da doença. Em 80% das vezes, 
uma anamnese bem feita já pode pensar em um 
diagnóstico. 
- Consiste na história clínica, paciente relata o 
que sente. 
- A anamnese e o exame físico são partes distintas 
do exame clínico, que se complementam para o 
diagnóstico e nos orientam para a coerente 
solicitação de exames complementares e para o 
tratamento —> fazem o trajeto do raciocínio 
clínico. 
- Partes da anamnese: 
✓ Identificação do paciente; 
✓ Queixa e duração; 
✓ História pregressa da moléstia atual; 
✓ Antecedentes pessoais; 
✓ Antecedentes familiares; 
✓ Hábitos de vida/ socioeconômicos; 
✓ Interrogatórios sobre os diversos aparelhos. 
Exame físico: 
- Quanto mais qualidade e quantidade do exame 
físico, melhor e mais fácil será o diagnóstico. 
1. Geral:
• Inspeção geral: 
- Estado geral (BEG, REG, MEG). 
- Nível de consciência: orientação, 
responsividade e qualidade, e categorias 
(lúcido, letárgico, obnubilado, torporoso, 
comatoso). 
- Postura e sinais de desconforto: se o 
paciente faz estratégias para dar alívio a dor, 
e atitudes voluntárias e involuntárias. 
- Fáceis típicas. 
- Higiene, vestuário, cuidados com a 
aparência, odores corporais, hálito, 
hidratação. 
• Medidas antropométricas: 
- Altura. 
- Peso (IMC). 
- Circunferência abdominal (CA). 
• Sinais vitais: 
- Pressão arterial (PA). 
- Frequência cardíaca (FC). 
• Normal: 50 a 100 bpm. 
• Ritmo: ritmico ou arrítmico. 
• Amplitude: cheio ou filiforme. 
- Frequência respiratória (FR): contar por um 
minuto. 
• Normal: 12 a 20 irpm. 
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Catarina Alipio XXII-B Cardiovascular
- Temperatura. 
• Normal: boca (36 - 37,2), axila (35,5 - 
37,2), reto (37,5). 
• Pele, mucosas e fâneros: 
- Observar a presença de palidez, hidratação, 
cianose (central, periférica ou mista), 
vermelhidão ou icterícia. 
2.Específico: aparelhos e sistemas. 
• Inspeção, palpação, percussão, ausculta. 
Exame físico cardiovascular: 
Vascular: 
I. Pulso: avaliar a simetria dos pulsos. 
• Pode estar normal, diminuído, ausente ou sem condições 
para avaliação. 
II. Teste de Allen (gasometria arterial): observa-se a 
circulação das mãos. 
• Técnica: paciente com a palma da mão aberta, palpar o 
pulso radial e ulnar, obstruindo essas duas artérias e 
impedindo a chegada de fluxo sanguíneo para a mão. Aos 
poucos, solta uma artéria de cada vez e observa-se o 
retorno da coloração. 
• Teste de Allen positivo: 
- Cor normal da mão retomada em menos de 10 segundos. 
- Circulação ulnar adequada. 
- Punção na artéria radial pode também ser efetuada. 
• Importância: analisar qual artéria contribuí mais para a irrigação sanguínea da mão e qual possui mais 
chances de causar uma isquemia. 
III. Ausculta carotíea: sopros presentes ou ausentes. 
A. Artéria carótida serve para palpação e ausculta. 
IV. Turgência jugular: 
• Teste: 
- Paciente em decúbito dorsal com tronco inclinado a 45º. 
- Traça-se uma linha reta da fúrcula ao pescoço. 
- Verifica-se se há visibilidade da veia jugular sobre esse nível. 
- Caso haja, significa comprometimento do retorno venoso (ex: insuficiência cardíaca esquerda). 
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Cardíaco: 
1. INSPEÇÃO:
• Formatos de tórax: 
‣ Normal. 
‣ Tórax em tonel. 
‣ Tórax instável traumático. 
‣ Tórax em funil (peito escavado). 
‣ Tórax de pombo (peito em quilha). 
‣ Cifoescoliose torácica. 
2. PALPAÇÃO: aferição de pulso, ictus cordis, pressão arterial. 
a. Ictus cordis ou impulso apical: 
- Consequente do choque do ápice do coração na parede torácica. 
- Pode ou não estar visível e palpável. 
- Localização: paciente em decúbito dorsal ou decúbito lateral, palpar em uma linha vertical sobre a 
linha hemiclavicular e uma linha horizontal sobre o 5º espaço intercostal. 
- Resultados: 
• Invisível e impalpável: portadores de enfisema, obesidade, musculatura muito desenvolvida ou 
grandes mamas. 
• Deslocado: dilatação e/ou hipertrofia do ventrículo esquerdo, estenose aórtica. 
b. Pressão arterial: 
- Essa técnica se baseia na percepção de que ao desinsuflar o manguito que oclui totalmente uma 
artéria, diferentes tipos de sons (ruídos de Korotkoff) são perceptíveis com o estetoscópio, o que 
corresponde a diferentes graus de obstrução parcial da artéria. 
- Fases de Korotkoff: 
• Fase I: corresponde a PA sistólica. É o primeiro som que se escuta ao desinsuflar o manguito e 
desobstruir a artéria. São batidas fortes, distintas e de alta frequência. 
• Fase II: determina o hiato auscultatório (ausência de som entre as fases I e II). 
• Fase III: sons nítidos e intensos de batimentos. 
• Fase IV: abafamento dos sons, correspondente a pressão diastólica. 
• Fase V: desaparecimento total dos sons. 
- Pressão arterial média: 
• PAM = PAS + (PAD x 2) / 3. 
• É o valor médio da pressão durante todo um ciclo do pulso, e é uma pressão mínima necessária 
para a perfusão coronária e tecidual, ou seja, a intensidade que o sangue irá fluir pelos vasos 
sistêmicos. 
• Normal: 70 a 100 mmHg. 
- Classificação: 
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c. Manobra de Osler: 
- Consiste na palpação da artéria radial e/ou braquial, mesmo após a insuflação do manguito, 
podendo corresponder a uma pseudo hipertensão. 
3. AUSCULTA:
- Focos da ausculta: 
‣ Foco aórtico: do lado direito do peito 2 dedos 
abaixo da clavícula, no 3º espaço intercostal 
paralelamente a linha para esternal. 
‣ Foco pulmonar: do lado oposto do foco aórtico, 
mas no mesmo ponto. 
‣ Foco tricúspide: abaixo do esterno. 
‣ Foco mitral: do lado direito ao nível do 5º 
espaço intercostal, próximo a região do ictus 
cordis. 
‣ Foco aórtico acessório: sem muita importância 
clínica. 
‣ Região infraclavicular/axilar: expansão do foco 
de ausculta. 
- Objetivos da ausculta: identificar bulhas (referenciais), cliques, estalidos, sopros ou atritos. 
- Anatomia e fisiologia do sistema cardiovascular: 
• SÍSTOLE: parte do ciclo cardíaco caracterizada por contracto rítmica, especialmente dos ventrículos 
para que o sangue seja ejetado para a aorta (circulação sistêmica) e para a artéria pulmonar (circulação 
pulmonar). 
✓ Abertura das valvas ártica e pulmonar. 
✓ Fechamento das valvas mitral e tricúspide —> 1ª bulha cardíaca (“TUM”). 
- Corresponde ao complexo QRS no eletrocardiograma. 
• DIÁSTOLE: parte do ciclo cardíaco que se sega à sístole e é caracterizada por relaxamento muscular e 
enchimento dos ventrículos. 
Classificação Pressão sistólica (mmHg) Pressão diastólica (mmHg)
Ótima <120 <80
Normal <130 <85
Limititrofe 130-139 85-89
HAS estágio 1 140-159 90-99
HAS estágio 2 160-179 100-109
HAS estágio 3 ≥180 ≥110
HAS sistólica isolada ≥140 <90
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✓ Abertura das valvas mitral e tricúspide. 
✓ Fechamento das valvas aórtica e pulmonar —> 2ª bulha cardíaca (“TÁ”). 
- Corresponde ao final da onda T no eletrocardiograma. 
➡Bulhas: 
- Primeira bulha cardíaca: 
‣ Formada por vibrações de intensidade variada que se iniciam na fase de contração isovolumétrica e se 
estendem ate o início da ejeção ventricular. 
‣ Corresponde ao fechamento das valvas mitral e 
tricúspide. 
‣ Coincide com o pulso arterial. 
‣ Se ausculta melhor no foco mitral. 
‣ Intensidade: pode ser considerada normofonética 
(normal), hipofonética (diminuída) e hiperfonética 
(aumentada).‣ Timbre mais grave e mais duradouro. 
✓ Corresponde ao “TUM”. 
- Segunda bulha cardíaca: 
‣ É composta pelos componentes aórtico e pulmonar. 
‣ É melhor auscultada no foco aórtico. 
‣ Tem timbre agudo e soa de maneira seca. 
‣ Intensidade: pode ser considerada normofonética (normal), hipofonética (diminuída) e hiperfonética 
(aumentada). 
✓ Corresponde ao “TÁ”. 
- Terceira bulha cardíaca: galope ventricular. 
‣ Corresponde a ejeção atrial (diástole). 
‣ Pode ser fisiológica ou patológica. 
‣ Causas: dilatações: miocardiopatia dilatada, insuficiência valvar), estados hipercinéticos, pericardite 
construtiva. 
‣ Corresponde a um pior prognóstico em pacientes com disfunção ventricular. 
‣ Situado entre o “TÁ” e o “TUM”. 
- Quarta bulha cardíaca: galope atrial. 
‣ Ruído telediastólico de baixa frequência, originado da contração atrial, sendo o choque do sangue na 
parede do ventrículo. 
‣ Pode ser fisiológica ou patológica. 
‣ Causas: hipertrofias (miocardiopatia hipertrófica, HAS), doença valvar (estenose mitral, estenose 
aórtica) e doença arterial coronária. 
‣ Ocorre em consequente diminuição da distensibilidade do VE. 
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Desdobramento fisiológico: 
- Pequena diferença de tempo entre o 
fechamento das valvas. 
- Pode ocorrer tanto na 1ª quanto na 2ª bulha 
cardíaca. 
- TUM pode virar um TRUM. 
- TÁ pode virar um TLA (geralmente associado a 
inspiração, pelo aumento da pressão negativa 
intratorácica, o que favorece a valva pulmonar 
fechar um pouco depois da valva aórtica). 
Catarina Alipio XXII-B Cardiovascular
➡Sopros: 
- Definição: são um conjunto de vibrações de maior duração que as bulhas, se originam dentro do 
próprio coração e/ou em um de seus grandes vasos. 
- É fisiológico ou patológico. 
✤ Mecanismo dos sopros: 
✓ Fluxo de sangue através de uma obstrução parcial (miocárdio hipertrófico). 
✓ Fluxo de sangue através de uma irregularidade valvar (estenose ou insuficiência valvar) ou intravascular 
(aneurisma, coartificação da aorta). 
✓ Aumento do fluxo de sangue através de estruturas normais (comunicação inter-atrial ou inter-
ventricular). 
✓ Fluxo de sangue dentro de uma câmara dilatada (cardiopatias de dilatação). 
- Análise do sopro: 
a. Situação no ciclo cardíaco: 
- Sístole (entre a 1ª e a 2ª bulha): maior. 
• Proto, meso, tele. 
• Holo (ocupa o período todo) 
- Diástole (entre a 2ª e a 1ª bulha): menor. 
• Proto, meso, tele. 
• Holo (ocupa o período todo) 
b. Localização. 
c. Irradiação: quanto maior o sopro maior a irradiação. 
- Exemplos: 
• Irradiação para a axila —> insuficiência mitral. 
• Irradiação para as carótidas —> problemas aórticos. 
d. Intensidade: 
- Grau 1: pouco percebido. 
- Grau 2: ausculta não deixa dúvidas. 
- Grau 3: o sopro provoca um frêmito na parede torácica. 
- Grau 4: audível sem estetoscópio. 
e. Manobras especiais: 
- Em apneia respiratória: 
• Apneia inspiratória: cavidades esquerdas tornam-se mais audíveis. 
• Apneia expiratória: cavidades direitas tornam-se mais audíveis. 
- De acordo com a posição do corpo: 
• Decúbito lateral esquerdo: mitrais tornam-se mais audíveis. 
• Sentado com tórax inclinado: componentes aórticos tornam-se mais audíveis. 
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➡Cliques: 
- São ruídos agudos, breves (rápidos), de alta frequência e de 
notável intensidade. 
- São sistólicos. 
- Decorrentes de: 
• Alterações nas valvas: estenose ou insuficiência de valvas. 
• Próteses valvares: os vários tipos de próteses podem 
produzir sons na sua abertura e no seu fechamento. A 
relativa intensidade desses sons varia de acordo com o 
material da valva e com o desenho da valva. 
➡Estalido: 
- Som agudo de curta duração. 
- Se caracteriza pela qualidade de estalo. 
- Auscultado logo após B2 (na diástole). 
➡Atritos: 
- É um ruído extra-cardíaco devido ao atrito entre os folhetos infamados do pericárdio (parietal e visceral). 
- Ocorre em quadros de pericardite serofibrinosa 
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