Buscar

Anotações Introdução a História Le Goff História e Memória(3)

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes
Você viu 3, do total de 5 páginas

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Prévia do material em texto

Como verificar um juízo histórico e obras históricas: 
 
Como disse Wolfgang Mommsen, as obras históricas, os juízos 
históricos são "intersubjetivamente compreensíveis" e 
"intersubjetivamente verificáveis". Esta intersubjetividade é 
constituída pelo juízo dos outros e, em primeiro lugar, dos 
historiadores. Mommsen indica três modos de verificação: a) 
Foram as fontes pertinentes utilizadas e o último estágio de 
investigação foi tomado em consideração? b) Até que ponto 
estes juízos históricos se aproximaram de uma integração 
ótima de todos os dados históricos possíveis? c) Os modelos 
explícitos ou subjacentes de explicação são rigorosos, 
coerentes e não-contraditórios?" [1978, p.33].” 
 
Comprovação da história como ciência: 
 
“Poder-se-ia encontrar outros critérios, mas a possibilidade 
deum largo acordo entre os especialistas sobre o valor de uma 
grande parte de toda a obra histórica é a primeira prova da 
"cientificidade" da história e a pedra de toque da objetividade 
histórica”. 
 
Sobre fatos históricos: 
 
“No entanto, se quisermos aplicar à história a máxima do 
grande jornalista liberal, Scott: "os fatos são sagrados, a 
opinião é livre" [citado em Carr, 1961, p. 4], devemos fazer 
duas observações. A primeira é que em história o campo de 
opinião é menos vasto doque o profano julga, se nos 
mantivermos no campo da história científica (falarei 
posteriormente da história dos amadores). A segunda é que, 
em contrapartida, os fatos são por vezes menos sagrados do 
que se pensa, pois, se fatos bem-estabelecidos não podem ser 
negados (por exemplo, a morte de Joana d'Arc na fogueira em 
Rouen em 1431, de que só duvidam os mistificadores e os 
ignorantes inqualificáveis), o fato não é em história a base 
essencial de objetividade ao mesmo tempo porque os fatos 
históricos são fabricados e não dados e porque, em história, a 
objetividade não é a pura submissão aos fatos.” 
 
Objetividade histórica não é a pura submissão aos fatos: 
 
Daremos em seguida dois testemunhos de que a objetividade 
histórica não é a pura submissão aos fatos: "Toda a tentativa 
de compreender a realidade (histórica) sem hipóteses 
subjetivas só conseguiria chegar a um caos de "juízos 
existenciais" sobre inúmeros acontecimentos isolados" [Max 
Weber, 1904, 3ª ed., 1958, p. 177]. Carr fala com humor do 
"fetichismo dos fatos" dos historiadores positivistas do século 
XIX: "Ranke acreditava piamente que a divina Providência 
cuidaria do sentido da História, se ele próprio cuidasse dos 
fatos... A concepção liberal da história do século XIX tinha uma 
estrita afinidade com a doutrina econômica dolaissez faire... 
Estava-se na idade da inocência e os historiadores 
passeavam-se no Jardim do Éden... nus e sem vergonha, 
perante o deus da história. Depois, conhecemos o Pecado e 
fizemos a experiência da queda e os historiadores que hoje 
pretendem dispensar uma filosofia da história (tomada aqui no 
sentido de uma reflexão crítica sobre a prática histórica) tentam 
simplesmente e em vão, como os membros duma colônia de 
nudistas, recriar o Jardim do Éden, no seu jardim de arrabalde" 
[1961, pp. 13-14].” 
 
Objetividade histórica e sua formação: 
 
“A objetividade histórica – objetivo ambicioso – constrói-se 
pouco a pouco através de revisões incessantes do trabalho 
histórico, laboriosas verificações sucessivas e acumulação de 
verdades parciais.” 
 
1.3 O singular e o universal: generalizações e singularidades 
da história 
 
“A contradição mais flagrante da história é sem dúvida o fato 
do seu objeto ser singular, um acontecimento, uma série de 
acontecimentos, de personagens que só existem uma vez, 
enquanto que o seu objetivo, como o de todas as ciências, é 
atingir ou universal, o geral, o regular.” 
 
“A explicação histórica deve tratar dos objetos 
"únicos"[Gardiner, 1952, II, 3]. As consequências deste 
reconhecimento da singularidade do fato histórico podem ser 
reduzidas a três que tiveram um enorme papel na história da 
história.” 
 
“A primeira é a primazia do acontecimento. Se pensamos que, 
de fato, o trabalho histórico consiste em estabelecer 
acontecimentos, basta aplicar aos documentos um método que 
deles os faça sair. Assim, Dibble [1963] distinguiu quatro tipos 
de inferências, que levam dos documentos aos 
acontecimentos, em função – da natureza dos documentos que 
possam existir: testemunhos individuais (testimony), fontes 
coletivas (socialbookkeeping), indicadores diretos (direct 
indicators), correlatos(correlates). Este método excelente só 
tem o defeito de definir um objetivo contestável. Em primeiro 
lugar, confunde acontecimento e fato histórico e sabemos hoje 
que o fim da história não é estabelecer esses dados 
falsamente "reais" batizados de acontecimentos ou fatos 
históricos.” 
 
“A segunda consequência da limitação da história ao singular 
consiste em privilegiar o papel dos indivíduos e, em especial, 
dos grandes homens. Edward H. Carr mostrou como, na 
tradição ocidental, esta tendência remonta aos Gregos, que 
atribuíram assuas mais antigas epopeias e as suas primeiras 
leis a indivíduos hipotéticos (Homero, Licurgo e Sólon), 
renovou-se no Renascimento com a voga de Plutarco; Carr 
reencontra o que chama jocosamente "a teoria da história do 
"mau rei João" [Sem Terra]" (the bad kingJohn theory of 
history) na obra de Isaiah Berlin Historical Inevitability(1954) 
[Carr, 1961]. Esta concepção, que desapareceu praticamente 
da história científica, infelizmente continua a ser espalhada por 
vulgarizadores e pelos media, a começar pelos editores.” 
 
“Não confundo esta explicação vulgar da história feita por 
indivíduos, como gênero biográfico que – apesar dos seus 
erros e mediocridades –é um gênero maior da história e 
produziu obras-primas historiográficas como o Frederico II 
(Kaiser Friedrich der Zweite) de Ernest Kantorowicz (1927-31). 
Carr tem razão em lembrar o que Hegel dizia dos grandes 
homens: "Os indivíduos históricos são os que cumpriram e 
quiseram, não um objeto imaginado e presumido, mas uma 
realidade justa e necessária e que a cumpriram porque tiveram 
a revelação interior do que pertence realmente ao tempo e às 
necessidades" [Hegel, 1805-31].” 
 
O “particular na história”: 
 
“De fato, como Michel de Certeau bem disse [19751, a 
especialidade da história é o particular, mas o particular, como 
mostrou Elton [1967], é diferente do individual e o particular 
especifica quer a atenção, quer a investigação histórica, não 
enquanto objeto pensado, mas, pelo contrário, porque é o 
limite do pensável.” 
 
“A terceira consequência abusiva que se extraiu do papel do 
particular em história consiste em reduzi-la a uma narração, a 
um conto. Corresponde simplesmente à necessidade que há, 
em história, de expor o como, antes de procurar o porquê, o 
que coloca o conto na base da lógica do trabalho histórico. O 
conto não é mais que uma fase preliminar, mesmo tendo 
exigido um longo trabalho prévio por parte do historiador. Mas 
este reconhecimento de uma retórica indispensável em história 
não deve conduzir-nos à negação do caráter científico da 
história.” 
 
Conclusões gerais sobre a consciência histórica propostas 
Hayden White: 
 
“As sete conclusões gerais sobre a consciência histórica no 
século XIX, propostas por Hayden White, podem resumir-se 
em três idéias: 1) Não existe diferença fundamental entre 
história e filosofia da história; 2) A escolha das estratégias de 
explicação histórica é mais de ordem moral ou estética do que 
epistemológica; 3) A reivindicação duma cientificidade da

Outros materiais