Baixe o app para aproveitar ainda mais
Prévia do material em texto
Julia Paris Malaco – UCT14 SP2 – febre, inflamação e infecção Fisiopatologia da febre A febre ocorre pela ação de fatores pirogênicos sobre o centro termorregulador do hipotálamo, elevando o limiar térmico e desencadear respostas metabólicas de produção e conservação de calor (tremores, vasoconstrição periférica, aumento do metabolismo basal). Termorregulação normal Sinais enviados pelos termorreceptores localizados por toda a pele e a temperatura do sangue que passa pelo hipotálamo descrevem a condição de aquecimento corpóreo. - Uma vez que sejam captados sinais de resfriamento, o centro de produção de calor do hipotálamo é ativado, enviando estímulos elétricos através dos nervos simpáticos que causam a vasoconstrição dos capilares da pele, reduzindo o fluxo de sangue superficial e mantendo o calor do corpo nos órgãos localizados mais profundamente. Esse estímulo também contrai os músculos eretores dos pêlos para criar uma camada de ar que gera isolamento térmico. Também ocorrem estímulos nervosos para a contração da musculatura, os chamados tremores, que auxiliam a gerar calor no corpo. A exposição prolongada ao frio pode levar a uma regulação hormonal controlada pelo hipotálamo, que induz a hipófise a secretar o hormônio tireoestimulante (TSH) fazendo com que a taxa metabólica aumenta e mais calor seja produzido pelo corpo. No cenário de aquecimento, quando o sangue que passa pelo hipotálamo está mais quente que o normal, ativa-se o centro de perda de calor. Esta região inibe o centro de produção de calor, levando à vasodilatação dos capilares superficiais da pele aumentando o fluxo sanguíneo, o que por muitas vezes pode ser o suficiente para regular a temperatura. Caso o corpo continue quente, um sinal através dos nervos simpáticos estimula as glândulas sudoríparas do corpo, causando sudorese. O suor tem a função de carregar água para fora do corpo e como este líquido é um bom condutor de calor, a sua evaporação causa o resfriamento do organismo. Fatores pirogênios: Endógenos: o Liberados por tecidos lesados. o Liberados pelo sistema imune (monócitos e macrófagos) em resposta à endotoxinas. o IL-1, IL-6, TNF-alfa e IFN-gama. Exógenos: o Produtos bacterianos, como endotoxina de Gram-negativas. Mecanismos para produção de calor: Tremores: Músculos contraem-se rapidamente produzindo calor; Vasoconstrição periférica: O sangue é desviado para tecidos profundos, impedindo a perda de calor para a superfície da pele. Essa ação pode se dar por basicamente duas vias: a via humoral 1 e a via humoral 2. Via humoral 1: o Consiste na ativação dos receptores TLR-4 na barreira hematoencefálica pelos fatores exógenos (principalmente microorganismos). o Estes pirogênios exógenos estimulam os leucócitos a liberar pirogênios endógenos como a IL-1 e o TNF que aumentam as enzimas (ciclo-oxigenases) responsáveis pela conversão de ácido araquidônico em prostaglandina. o No hipotálamo, a prostaglandina (principalmente a prostaglandina E2) https://www.infoescola.com/sangue/ https://www.infoescola.com/biologia/nervos/ https://www.infoescola.com/biologia/vasoconstricao/ https://www.infoescola.com/sistema-endocrino/hipofise/ https://www.infoescola.com/anatomia-humana/hipotalamo/ https://www.infoescola.com/sistema-exocrino/glandulas-sudoriparas/ https://www.infoescola.com/sistema-exocrino/glandulas-sudoriparas/ https://www.infoescola.com/doencas/sudorese/ https://www.infoescola.com/agua/ https://www.infoescola.com/fisico-quimica/evaporacao/ https://www.biologianet.com/histologia-animal/tecido-muscular.htm https://www.biologianet.com/histologia-animal/tecido-sanguineo.htm https://www.biologianet.com/histologia-animal/principais-tecidos-humanos.htm Julia Paris Malaco – UCT14 promove a ativação de receptores do núcleo pré-optico, levando ao aumento do ponto de ajuste hipotalâmico. Via humoral 2: o Via direta: As citocinas atuam diretamente no núcleo pré-óptico, aumentando o ponto de ajuste hipotalâmico. o Via indireta: As citocinas irão ativar os receptores TLR-4 na barreira hematoencefálica, desencadeado toda a sequência descrita na via humoral 1. Fisiopatologia da Febre A temperatura normal do corpo é circadiana e varia de 36,48 ºC pela manhã a 36,98 ºC no final da tarde. O centro da termorregulação é uma rede integrada de conexões neurais envolvendo o hipotálamo, o sistema límbico, tronco cerebral inferior, formação reticular, medula espinhal e gânglios simpáticos. Uma área no hipotálamo rostral, a área pré- óptica, que inclui o núcleo pré-óptico do hipotálamo anterior, é muito na termorregulação. Esta área é extremamente irrigada (vários capilares próximos) e é muito sensível às citocinas peptídicas precursoras da febre (pirogênios). Logo, é o núcleo pré-óptico do hipotálamo anterior que estabelece a temperatura corporal média em volta de um ponto de ajuste. Esse ponto de ajuste termoneural é modulado por atividades balanceadas de neurônios sensíveis à temperatura. Esses neurônios integram mensagens aferentes em relação à temperatura do centro e da periferia (pele) do corpo e evocam várias respostas comportamentais e fisiológicas controlando a produção e a dissipação de calor. A febre descreve um aumento regulado na temperatura do corpo depois de um aumento no ponto de ajuste hipotalâmico. Sobre a influência do hipotálamo, funções fisiológicas e comportamentais favorecendo a produção e a retenção de calor são estimuladas até alcançar um ponto de ajuste elevado da temperatura. Um típico comportamento antecipado inclui a procura por um ambiente quente ou vestir mais roupas. Alterações fisiológicas incluem vasoconstrição cutânea, tremores e produção térmica através do aumento do metabolismo pela liberação de hormônios tireoidianos, glicocorticoides e catecolaminas. Após alcançar o ponto de ajuste elevado da febre, um aumento ou diminuição na temperatura central vai estimular mecanismos termorregulatórios similares àqueles evocados na temperatura corpórea normal. Mecanismo de termorregulação da febre No hipotálamo, células termostáticas ativam mecanismos para regular a temperatura corporal quando ela se encontra fora da faixa de normalidade. A febre decorre da ação de fatores patogênicos que atuam sobre as células termostáticas do centro termorregulador do hipotálamo, elevando o limiar térmico e desencadeado respostas metabólicas de produção e conservação de calor (tremores, vasoconstrição periférica, aumento do metabolismo basal). Mecanismo de resposta febril Quando a temperatura atinge um novo valor e ultrapassa o novo limiar, são desencadeados mecanismos de dissipação de calor que tendem a reduzi-la novamente para atingir novamente o equilíbrio corporal (homeostase). Mecanismos de dissipação de calor: Vasodilatação periférica – Permitindo que o calor do sangue que passa pelos capilares irradie pela pele; Sudorese – Secreção de suor, que evapora e resfria a pele. Desta forma, na resposta febril a termorregulação é preservada, ainda que em nível mais elevado, mantendo-se inclusive o ciclo circadiano fisiológico (temperatura máxima entre 16 e 20 horas, mínima entre 4 e 6 horas). https://www.biologianet.com/anatomia-fisiologia-animal/hipotalamo.htm https://www.biologianet.com/histologia-animal/tecido-sanguineo.htm https://www.biologianet.com/anatomia-fisiologia-animal/arterias-veias-capilares.htm https://www.biologianet.com/anatomia-fisiologia-animal/suor.htm Julia Paris Malaco – UCT14 Sinais e sintomas de febre: Calafrios efrio intenso: ocorre pelo aumento do termostato hipotalâmico, fazendo com que o restante do corpo reaja como uma situação de frio para subir sua temperatura e corresponder à temperatura central. o Ocorrem sinais de frio, como piloereção, vasoconstrição. Crise ou rubor: consiste na adaptação do corpo quando o termostato é reajustado, levando à perda de calor para o ambiente como forma de corresponder à temperatura central. o Ocorrem sinais de calor, como vasodilatação e sudorese. Posição fetal, taquicardia, taquipneia, oligúria, náusea e vômito, convulsões (mais comum em crianças), astenia, inapetência e cefaleia. Classificação: Temperatura normal: Varia de 36,5 - 37,5. Quanto à intensidade: o Leve (até 37,5°C) o Moderada (37,6 a 38,5°C) o Alta (acima de 38,6°C). Quanto a duração: o Recente (menos de 7 dias) o Prolongada (mais de 7 dias). Quanto a evolução: o Febre Contínua: permanece sempre acima do normal com variações de até 1 grau, sem grandes oscilações. o Febre Irregular ou Séptica: picos muito altos intercalados a baixas temperaturas ou apirexia, sem nenhum caráter cíclico nessas variações. o Febre Remitente: há hipertermia diária com variações de mais de 1 grau, sem períodos de apirexia. o Febre Intermitente: a hipertermia é ciclicamente interrompida por um período de temperatura normal. Pode ser cotidiana, terçã (um dia com febre e outro sem) ou quartã (um dia com febre e dois sem). o Febre Recorrente ou Ondulante: semanas ou dias com temperatura corporal normal até que períodos de temperatura elevada ocorram. Mecanismo de ação dos antitérmicos/ antipiréticos Antitérmicos mais usados – Paracetamol, dipirona, ibuprofeno, cetoprofeno e ácido acetilsalicílico (aspirina). Os medicamentos responsáveis pela redução da febre atuam principalmente por 2 mecanismos de ataque: Ação no hipotálamo – Agem diretamente no hipotálamo para baixar a febre (paracetamol (Tilenol) e a dipirona (Novalgina)) Inibição de prostaglandinas – Inibem a produção das prostaglandinas (Aspirina). Mecanismo de regulação da temperatura – Sudorese e vasodilatação periférica. O mecanismo de inibição das prostaglandinas: Os antitérmicos agem impedindo a ação das enzimas cicloxigenases (COX-1, COX-2), que estimulam a formação de prostaglandinas inflamatórias (PG2), que agem no hipotálamo, local no cérebro onde está localizado o centro de controle da temperatura do corpo. Os antitérmicos aparentemente reajustam o termostato. Uma vez ocorrido o retorno ao ponto de ajuste normal, os mecanismos de regulação da temperatura deixam de atuar. A temperatura normal não é afetada pelos antitérmicos. Doenças exantemáticas Um exantema pode ser definido como uma erupção aguda e generalizada da pele, a qual pode estar associada à febre ou a outros sintomas constitucionais (inespecíficos, comuns a várias doenças). Pode ser uma manifestação de uma doença infecciosa, de doença autoimune ou de reação adversa a drogas. Exantema febril é um achado frequente na prática clínica e pode ser manifestação de uma doença sem gravidade ou de uma doença com mortalidade alta, o médico precisa saber fazer o diagnóstico clínico, pois muitas vezes o resultado sorológico é tardio. Julia Paris Malaco – UCT14 Erupções maculopapulosas com distribuição central Os exantemas com distribuição central, aqueles em que as lesões predominam no tronco, são a forma de erupção mais comum. O exantema do sarampo começa na linha do couro cabeludo, 2 a 3 dias após o início da doença, e desce pelo corpo, preservando as palmas e as plantas A erupção começa com lesões eritematosas isoladas, que confluem à medida que o exantema se expande. As manchas de Koplik (lesões brancas ou azuladas de 1-2 mm com um halo eritematoso localizadas na mucosa oral) são patognomônicas do sarampo e geralmente aparecem nos primeiros 2 dias dos sintomas. Essas lesões não devem ser confundidas com as manchas de Fordyce (glândulas sebáceas ectópicas), que não têm halos eritematosos e estão presentes nas cavidades orais de pessoas sadias. As manchas de Koplik podem coexistir durante algumas horas com o exantema do sarampo. A rubéola (sarampo alemão) também se espalha da linha do couro cabeludo para baixo; contudo, ao contrário do sarampo, o exantema da rubéola tende a desaparecer das áreas acometidas inicialmente à medida que se expande e pode ser pruriginoso É possível identificar as chamadas manchas de Forchheimer (petéquias no palato), mas o sinal é inespecífico porque também ocorre na mononucleose infecciosa, febre escarlatina e infecção pelo vírus Zika. Linfadenopatia retroauricular e suboccipital, bem como artrite, são comuns em adultos com rubéola. Deve-se evitar o contato das gestantes com os indivíduos portadores da doença, uma vez que a rubéola causa anomalias congênitas graves. Diversas cepas de enterovírus, especialmente ecoviroses e coxsackieviroses, causam síndromes inespecíficas com febre e erupções que podem ser confundidas com rubéola ou sarampo. Os pacientes com mononucleose infecciosa causada por vírus Epstein-Barr ou com infecção primária por HIV podem apresentar faringite, linfadenopatia e um exantema maculopapular inespecífico. O exantema do eritema infeccioso (quinta moléstia), que é causado por parvovírus humano B19, afeta primariamente crianças de 3 a 12 anos de idade; ele se desenvolve após a resolução da febre como um eritema brilhante e que desaparece à compressão nas bochechas (“bochechas esbofeteadas”) com palidez perioral. No dia seguinte, surge exantema (com frequência pruriginoso) mais difuso no tronco e nos membros, que, em seguida, transforma-se rapidamente em erupção reticular rendilhada, que desaparece e reaparece (principalmente com as alterações da temperatura) nas 3 semanas seguintes. Os adultos com a quinta moléstia costumam ter artrite, e, em mulheres grávidas, é possível haver hidropsia fetal associada a esta doença. O exantema súbito (roséola) é causado pelo herpes-vírus humano 6, sendo mais comum em crianças < 3 anos. Assim como ocorre com o eritema infeccioso, o exantema geralmente aparece após a remissão da febre. Consiste em máculas e pápulas cor-de- rosa, de 2 a 3 mm, que apenas raramente coalescem, começando no tronco e, às vezes, nos membros (poupando a face) e desaparecendo em 2 dias. Embora as reações a medicamentos tenham muitas manifestações, incluindo urticária, as erupções induzidas por fármacos exantematosas são as mais comuns e costuma ser difícil a sua diferenciação dos exantemas virais. Em geral, as erupções provocadas por fármacos são mais eritematosas e pruriginosas que os exantemas virais, mas essa diferenciação não é confiável. A história de novos fármacos e a ausência de prostração ajudam a diferenciar entre farmacodermia e erupções de outras etiologias. Os exantemas podem persistir por até duas semanas após a interrupção do uso do fármaco ofensivo. Algumas populações são mais suscetíveis aos exantemas medicamentosos que outras. Entre os pacientes HIV-positivos, 50 a 60% manifestam exantema em resposta às sulfas; 30 a 90% dos pacientes com mononucleose causada pelo vírus Epstein-Barr apresentarão exantema se receberem ampicilina. As doenças causadas por riquétsias devem ser consideradas na investigação de indivíduos com erupções maculopapulares de distribuição central. O contexto habitual no qual o tifo epidêmico se desenvolve é uma região de guerra ou desastre natural, na qual as pessoas são expostas ao piolho do corpo. Tifo endêmico ou leptospirose (esta última causada por uma espiroqueta) podem ser vistos em ambientes urbanos onde há proliferação de roedores. Fora dos Estados Unidos,outras riquetsioses causam uma síndrome de febre maculosa, devendo ser consideradas nos indivíduos que habitem em ou que tenham viajado para áreas endêmicas. Da mesma forma, a febre tifoide, uma doença não riquetsiose causada pela Salmonella typhi, Julia Paris Malaco – UCT14 costuma ser adquirida durante viagens para fora dos Estados Unidos. A dengue, causada por um flavivírus transmitido por mosquito, ocorre em regiões tropicais e subtropicais do mundo. As doenças vasculares do colágeno podem causar febre e exantema. Os pacientes com lúpus eritematoso sistêmico geralmente desenvolvem uma erupção eritematosa bem definida, com distribuição em asa de borboleta na região malar (exantema malar), assim como muitas outras manifestações cutâneas. O paciente com doença de Still apresenta-se com um exantema evanescente cor de salmão no tronco e nas partes proximais dos membros que coincide com os picos febris. O vírus Zika é um flavivírus transmitido por mosquito que é associado a defeitos congênitos graves. A doença por Zika está se espalhando rapidamente em regiões tropicais e subtropicais do mundo. O exantema da infecção pelo vírus Zika é geralmente pruriginoso e costuma se acompanhar de injeção conjuntival. Erupções periféricas Esses exantemas são diferentes porque se distribuem predominantemente nos segmentos periféricos ou começam nas áreas periféricas (acrais), antes de se espalharem em direção centrípeta. O diagnóstico e a terapia precoces são fundamentais na febre maculosa das Montanhas Rochosas devido ao seu prognóstico grave sem tratamento. As lesões evoluem de máculas para petéquias, começam nos punhos e tornozelos, espalham-se em direção centrípeta e aparecem nas palmas e plantas apenas nos estágios subsequentes da doença. A possibilidade de exantema da sífilis secundária, que pode ser generalizado, mas se destaca em palmas e solas, deve ser considerada no diagnóstico diferencial da pitiríase rósea, especialmente em pacientes sexualmente ativos. A febre Chikungunya, transmitida por picada de mosquito em regiões tropicais e subtropicais, está associada a uma erupção maculopapulosa e poliartralgia intensa de pequenas articulações. A doença mão-pé-boca, mais comumente causada por coxsackievírus A16 ou enterovírus 71, se diferencia por vesículas dolorosas distribuídas nas mãos e pés e na boca; o coxsackievírus A6 causa uma síndrome atípica com lesões mais extensas. As lesões em alvo típicas do eritema multiforme aparecem simetricamente nos cotovelos e joelhos, nas palmas das mãos, plantas dos pés e face. Nos casos graves, essas lesões se espalham difusamente e envolvem as mucosas. Na endocardite, também é possível ocorrer lesões nas mãos e nos pés Eritemas descamativos confluentes Tais erupções consistem em eritema difuso, geralmente seguido de descamação. As erupções causadas por Streptococcus do grupo A ou pelo Staphylococcus aureus são mediadas por toxinas. Na escarlatina, geralmente após uma faringite, os pacientes evoluem com rubor facial, língua “em morango” e petéquias acentuadas nas dobras do corpo (linhas de Pastia). A doença de Kawasaki apresenta-se na população pediátrica como fissuras labiais, língua em morango, conjuntivite, adenopatia e, em alguns casos, anormalidades cardíacas. A síndrome do choque tóxico estreptocócica manifesta-se com hipotensão, falência de múltiplos órgãos e geralmente uma infecção grave por estreptococos do grupo A (p. ex., fascite necrosante). A síndrome do choque tóxico estafilocócica também ocorre com hipotensão e falência de múltiplos órgãos, mas geralmente comprova-se apenas colonização, e não infecção grave, pelo S. aureus. A síndrome da pele escaldada estafilocócica é vista primariamente em crianças e em adultos imunocomprometidos. O eritema generalizado costuma aparecer durante o período prodrômico de febre e mal-estar; nessa doença, é característica a ocorrência de hiperestesia cutânea intensa. No estágio esfoliativo, é possível haver formação de bolhas cutâneas quando se aplica pressão lateral suave (sinal de Nikolsky). Nas formas leves, uma erupção escarlatiniforme simula a escarlatina, mas o paciente não apresenta língua “em morango” nem palidez perioral. Em contraste com a síndrome da pele escaldada estafilocócica, na qual o plano de clivagem é superficial na derme, a necrólise epidérmica tóxica, uma variante máxima da síndrome de Stevens-Johnson, envolve a descamação de toda a epiderme, resultando em doença grave. A síndrome da eritrodermia esfoliativa é uma reação grave caracterizada por sintomas de toxemia sistêmica, frequentemente causada por eczema, psoríase, reação medicamentosa ou micose fungoide. Julia Paris Malaco – UCT14 A reação medicamentosa com eosinofilia e sintomas sistêmicos (DRESS), que costuma ser causada por agentes antiepilépticos e antibióticos (Cap. 56), inicialmente aparece de maneira semelhante a uma reação medicamentosa exantemática, mas pode progredir para eritrodermia esfoliativa; ela se acompanha de falência de múltiplos órgãos e tem taxa de mortalidade associada de cerca de 10% Erupções vesiculobolhosas ou pustulosas A varicela é altamente contagiosa, geralmente ocorrendo no inverno ou na primavera, e se caracteriza por lesões pruriginosas que, em determinada região do corpo, estão em diferentes estágios de desenvolvimento a qualquer momento. Nos pacientes imunossuprimidos, as vesículas da varicela podem não ter a base eritematosa típica ou podem apresentar aspecto hemorrágico. As lesões de foliculite da “banheira” por Pseudomonas também são pruriginosas e podem ser parecidas com aquelas da varicela. Porém, essa foliculite geralmente ocorre em surtos após banhos em piscinas públicas, e as lesões ocorrem nas regiões cobertas pelas roupas de banho. As lesões da varíola também podem ser semelhantes às da varicela, mas encontram-se todas no mesmo estágio de evolução em uma dada região do corpo. As lesões da varíola são mais proeminentes na face e nos membros, enquanto as da varicela são mais evidentes no tronco. A infecção pelo herpes-vírus simples é caracterizada pela ocorrência de vesículas agrupadas sobre uma base eritematosa. A infecção primária é acompanhada por febre e sintomas tóxicos, enquanto as recorrências são mais leves. A riquetsiose variceliforme é encontrada com maior frequência em áreas urbanas e caracteriza-se por vesículas seguidas por pústulas. Diferencia-se da varicela por uma escara no local da mordedura do ácaro de camundongo e pela presença de uma base na forma de pápula/placa para cada vesícula. A possibilidade de pustulose exantemática generalizada aguda deve ser considerada em indivíduos com quadro agudo febril que estejam fazendo uso recente de medicamentos, especialmente anticonvulsivantes ou antimicrobianos. A infecção disseminada por Vibrio vulnificus ou o ectima gangrenoso causado por Pseudomonas aeruginosa devem ser considerados em pessoas imunossuprimidas com sepse e bolhas hemorrágicas. Erupções urticariformes Os pacientes com urticária clássica (“vergões”) geralmente apresentam reação de hipersensibilidade sem febre associada. Quando há febre, as erupções urticariformes na maioria dos casos são causadas por vasculite urticariforme. Diferentemente das lesões isoladas da urticária clássica, que persistem por até 24 horas, essa doença pode estender-se por 3 a 5 dias. Entre as etiologias estão doença do soro (frequentemente causada por fármacos, como penicilinas, sulfas, salicilatos ou barbitúricos), doenças do tecido conectivo (p. ex., lúpus eritematoso sistêmico ou síndrome de Sjögren) e infecções (p. ex., vírus da hepatite B, enterovírus ou parasitas). Os cânceres, principalmenteos linfomas, podem evoluir com febre e urticária crônica Erupções nodulares Nos pacientes imunossuprimidos, as lesões nodulares costumam ser causadas por infecções disseminadas. Os indivíduos com candidíase disseminada (geralmente causada pela Candida tropicalis) podem apresentar a tríade formada por febre, mialgias e nódulos eruptivos. As lesões por criptococose disseminada podem se parecer com o molusco contagioso. A necrose dos nódulos deve levantar suspeita de aspergilose ou de mucormicose. O paciente com eritema nodoso se apresenta com nódulos extremamente dolorosos nos membros inferiores. A síndrome de Sweet deve ser considerada nos pacientes com vários nódulos e placas, às vezes tão edematosos que assumem o aspecto de vesículas ou bolhas. A síndrome de Sweet pode ocorrer em indivíduos com infecção, doença inflamatória intestinal ou câncer, além de também poder ser induzida por medicamentos. Erupções purpúricas A meningococemia aguda classicamente ocorre em crianças na forma de erupção petequial, mas as lesões iniciais podem ser máculas que desaparecem à digitopressão ou urticária. A febre maculosa das Montanhas Rochosas deve fazer parte do diagnóstico diferencial da meningococemia aguda. A infecção por ecovírus 9 pode ser confundida com a meningococemia aguda; os pacientes devem ser tratados para sepse bacteriana porque talvez não seja possível diferenciar imediatamente essas duas doenças. Grandes áreas de equimose da púrpura fulminante estão associadas à Julia Paris Malaco – UCT14 coagulação intravascular disseminada grave subjacente, que pode ser causada por processos infecciosos ou não infecciosos. As lesões da meningococemia crônica podem ter várias morfologias, inclusive de petéquias. Esses pacientes podem desenvolver nódulos purpúreos nas pernas, que se assemelham ao eritema nodoso, mas não são muito dolorosos. As lesões de gonococemia disseminada são pústulas hemorrágicas isoladas, esparsas e contáveis, geralmente localizadas na proximidade de articulações. As lesões da meningococemia crônica e da gonococemia podem ser indistinguíveis quanto ao seu aspecto e distribuição. As febres hemorrágicas virais são uma possibilidade a ser considerada em pacientes com história de viagem apropriada e exantema petequial. A púrpura trombocitopênica trombótica e a síndrome hemolítico-urêmica estão intimamente relacionadas e são causas não infecciosas de febre e petéquias. A vasculite dos pequenos vasos cutâneos (vasculite leucocitoclástica) geralmente se apresenta como púrpura palpável e tem diversas etiologias. Erupções com úlceras e/ou escaras O desenvolvimento de uma úlcera ou escara em pacientes com erupções mais generalizadas pode ser um indício diagnóstico importante. Por exemplo, uma escara pode sugerir o diagnóstico de febre tsutsugamushi ou de riquetsiose variceliforme no contexto apropriado. Em outras doenças (p. ex., antraz), uma úlcera ou escara talvez seja a única manifestação cutânea. Diagnóstico de doenças exantemáticas Caracterização dos sintomas: Perguntar sobre a duração e a gravidade da febre, e a relação temporal entre a febre e o desenvolvimento do rash (erupções). A partir dessa informação, já é possível iniciar um diagnóstico diferencial. A história também deve incluir a região onde o exantema começou, a direção da disseminação, a velocidade com que se espalhou e a presença ou ausência de prurido. História de vacinação: O paciente vacinado para rubéola, sarampo e caxumba (MMR) torna os diagnósticos de rubéola e sarampo menos prováveis, porém não os excluem. O rash pode ser devido à vacinação recente com MMR. História de contato: Se há exposição recente a pacientes doentes e contato com ISTs, se houve contato próximo com mulheres grávidas, pois a rubéola e o parvovírus B19 (causador do eritema infeccioso) podem causar lesão ao feto. História de viagens: Verificar as doenças endêmicas nos locais onde o paciente esteve. Estado imunológico: Muitas doenças que resultam em febre e rash apresentam-se de maneira diferente em pacientes imunocomprometidos. Epidemiologia para HIV: Como comportamento sexual de risco ou uso de drogas injetáveis. Epidemiologia local: Verificar quais são as doenças infecciosas frequentes na comunidade local e estar informado sobre a ocorrência de epidemias. Uso de medicações: Sempre questionar o paciente a respeito dos fármacos usados nos últimos 30 dias devido à necessidade do diagnóstico diferencial dos exantemas de outras etiologias com as farmacodermias. Exame físico Deve-se avaliar a distribuição, a configuração e o arranjo das lesões. Avaliar sinais vitais e estado geral. Devem ser pesquisados sinais de toxemia, adenopatia, lesões orais e conjuntivais, hepatoesplenomegalia, alterações na ausculta pulmonar e cardíaca, evidência de escoriações, alterações das partes moles, dos sistemas osteoarticular e neurológico. Exames complementares Exames Laboratoriais: Os exames laboratoriais devem ser solicitados de acordo com a suspeita clínica. Alguns exames gerais, como hemograma, bioquímica e hemoculturas, muitas vezes ajudam no diagnóstico diferencial, na avaliação da gravidade do caso e na sua condução. O hemograma pode mostrar leucopenia com linfocitose nos exantemas virais. Na Dengue hemorrágica, observa-se plaquetopenia importante e hemoconcentração. As enzimas hepáticas podem estar elevadas na dengue, na mononucleose infecciosa e na síndrome do choque tóxico. http://www.medicinanet.com.br/pesquisas/rubeola.htm http://www.medicinanet.com.br/pesquisas/sarampo.htm Julia Paris Malaco – UCT14 A sorologia sela o diagnóstico dos exantemas virais, porém, muitas vezes não está disponível de imediato. No caso da dengue, por exemplo, ela deve ser colhida apenas a partir do 5º dia do início da febre. Por isso, é muito importante fazer um bom diagnóstico clínico. Exames de Imagem: Devem ser solicitados apenas se a situação clínica demandar, como uma radiografia de tórax num paciente com suspeita de pneumonia como complicação de sarampo. No caso da Doença de Kawasaki, devem ser solicitados exames de imagem para a avaliação de acometimento das artérias coronárias, como ecocardiografia, angiografia por ressonância magnética ou angiografia convencional. Resumindo diagnóstico de doenças exantemáticas: Na história clínica, deve-se questionar sobre o início e progressão do rash, tentar caracterizar os sintomas, lembrando os mais característicos de cada enfermidade, como dor retro-orbitária na Dengue. Verificar histórico vacinal, pesquisar história de contato, viagens, estado imunológico, epidemiologia para HIV e uso de medicações. A faixa etária do paciente também é muito importante, pois muitas doenças são mais prevalentes na população infantil que na adulta. O exame físico deve ser minucioso, tentando caracterizar o rash, sua configuração e distribuição, pesquisando adenomegalia, organomegalia, lesões orais e conjuntivais e recordar os sinais mais característicos de cada doença. Exames laboratoriais, como hemograma e bioquímica, podem ajudar no diagnóstico diferencial e na condução do caso. Nos exantemas virais, a sorologia confirma o diagnóstico. Diagnostico diferencial Há uma classificação dos exantemas que os colocam em 2 grupos: Exantemas morbiliformes: Consistem em máculas e pápulas eritematosas, com áreas de pele sã entre as lesões, assemelham-se às erupções observadas no sarampo. Exantemas escarlatiniformes: Constituem-se de eritema confluente (que se juntam) semelhante à escarlatina. Avaliar no exame físico as características do exantema: Tipo, progressão,distribuição, descamação, prurido. Ver se tem presença de enantema (erupção cutânea em mucosas) Julia Paris Malaco – UCT14 Sarampo Agente etiológico; Measles morbillivirus – Vírus do sarampo (Paramixovírus RNA) – Vírus Sincicial Respiratório. Transmissão: Gotículas respiratórias/aerossóis. Com pico de transmissão 2 dias antes e 2 dias depois do exantema. Quadro clínico: O sarampo inicia-se com sintomas prodrômicos (sintomas que antecedem a manifestação da doença) como febre alta, mialgia, cefaleia, coriza, tosse, conjuntivite associado a fotofobia. Na fase prodrômica surgem também manchas esbranquiçadas na mucosa oral, as manchas de Koplik (enantema – erupção cutânea nas mucosas) que são patognomônicas da doença. Fase exantemática – O exantema do sarampo tem início entre 3 a 5 dias, em torno do 4º dia febril, com maculopápulas que surgem na face e progride lentamente em direção craniocaudal, com tendência a confluência. Exantema: Maculopapular morbiliforme, com pápulas que tendem a se confluir e formar placas, que sofrem descamação. Diagnóstico: Clínico. A sorologia confirma o diagnóstico. Não existe sarampo subclínico. Complicações: OMA (mais comum, pneumonia (mais grave), encefalite (1 a 3/1000). Tratamento: Sintomático/ Vitamina A (para integridade e reparo da mucosa). Prevenção: Vacina Tríplice viral (12 meses - tríplice viral e 15 meses - tetraviral). Rubéola Agente etiológico: Vírus da Rubéola (RNA vírus). Vírus Togavírus - Gênero Rubivirus, Família Togaviridae. Transmissão: Gotículas respiratórias/aerossóis. Quadro clínico: Sinais e sintomas prodrômicos (de 2 a 3 dias) da rubéola são mais comuns em adolescentes e adultos. Em crianças, os pródromos são raros, e muitas vezes a infecção é subclínica (em até 50% dos casos). Os sinais e sintomas que antecedem o rash incluem febre baixa, cefaleia, conjuntivite, dor de garganta, conjuntivite discreta, enantema discreto, linfadenopatia dolorosa cervical posterior, retroauricular e occipital. Podem ser observadas petéquias no palato mole, chamadas de manchas de Forschheimer. Artralgias e artrite às vezes estão presentes, principalmente em mulheres. Fase exantemática – O exantema tem duração curta, de 2 a 3 dias, inicia-se na face, com progressão craniocaudal e é constituído por máculas róseas que podem confluir. Exantema: Maculopapular rubeoliforme, com descamação mínima ou ausente. Diagnóstico: Clínico (2/3 dos sintomas são subclínicos). A sorologia confirma o diagnóstico. Complicações: Pode ocorrer púrpura trombocitopenia (1/3000), encefalite (1/6000), Síndrome da rubéola congênita (catarata, surdez, cardiopatia congênita, persistência do canal arterial, estenose da artéria pulmonar. Tratamento: Sintomático. Prevenção: Vacina Tríplice viral. Escarlatina A Escarlatina normalmente se segue a uma faringoamigdalite aguda ou a uma infecção cutânea causada pelo estreptococo beta- hemolítico do grupo A. A maioria dos casos acomete crianças de 1 a 10 anos de idade, ocorrendo raramente em adultos. Quadro clínico: A doença inicia-se com febre, dor de garganta, calafrios, mialgias, náuseas e cefaleia. O rash surge de 2 a 3 dias depois, iniciando-se pelo tronco superior e face, e caracteriza-se por eritema difuso com minúsculas pápulas, deixando a pele com textura de lixa. Observam-se ainda petéquias nas dobras axilares, antecubitais e inguinais (linhas de Pastia), palidez perioral, língua em framboesa, petéquias no palato e faringoamigdalite exsudativa com linfadenopatia submandibular dolorosa. A involução do exantema é seguida por descamação difusa, mais proeminente em mãos e pés. O hemograma evidencia leucocitose com desvio à esquerda e há aumento da antiestreptolisina - O (ASLO). Complicações: Dentro de 1-5 semanas - Glomerulonefrite aguda e febre reumática aguda (doença valvar). Principal complicação da febre reumática - A febre reumática provoca inflamação, especialmente no coração, nos vasos sanguíneos e nas articulações. Julia Paris Malaco – UCT14 Mononucleose Infecciosa É causada pelo vírus Epstein-Barr e caracteriza-se pela tríade de febre, faringite e linfadenopatia generalizada. Outras manifestações frequentes são mal-estar, cefaleia, anorexia e mialgias. Edema periorbitário, petéquias no palato e hepatomegalia também podem ser observados. Esplenomegalia está presente em 50% dos casos. Ocorre rash maculopapular difuso (às vezes pode ser urticariforme ou petequial) em 10% dos casos, porém, quando administradas ampicilina ou amoxicilina, o rash acomete 90% dos pacientes. O hemograma evidencia linfocitose atípica e a sorologia detecta anticorpos heterófilos. Febre Maculosa Brasileira Etiologia e forma de transmissão: Doença infecciosa febril aguda, de gravidade variável, cujas apresentações clínicas podem variar de formas leves, atípicas até formas graves, apresentando elevada letalidade. É causada por uma bactéria do gênero Rickettsia. Transmissão: Picada do carrapato infectado com Rickettsia. Quadro clínico: De início abrupto, febre elevada, cefaleia, mialgia intensa e/ou prostração. Entre o 2º e o 5º dia da doença surge o exantema maculopapular, de evolução centrípeta e predomínio nos membros inferiores, podendo acometer regiões palmar e plantar, que pode evoluir para petéquias, equimoses e hemorragias. Diagnóstico laboratorial: Realizado através da identificação de anticorpos por imunofluorescência indireta (RIFI) em amostras colhidas a partir do 7º dia do início dos sintomas. Prevenção e tratamento: Tratamento de suporte e administração de antibióticos. Orientar a população sobre a exposição em áreas com a presença de carrapatos. Roséola ou Exantema Súbito É uma doença causada pelo herpesvírus humano tipo 6. É mais comum em crianças, sendo raramente vista após os 4 anos de idade. Quadro clínico: Caracteriza-se por início rápido de febre alta em paciente com bom estado geral, seguido de surgimento de exantema quando ocorre a defervescência. Diagnóstico: Clínico. A sorologia pode auxiliar no diagnóstico. Tratamento: Suporte. Doença de Kawasaki A Doença de Kawasaki é uma vasculite sistêmica de etiologia desconhecida, que acomete sobretudo crianças com menos de 5 anos, e ocasionalmente adultos. Quadro clínico: Apresenta-se como um quadro de febre alta e rash escarlatiniforme, porém, às vezes, é polimorfo. Também fazem parte do quadro clínico hiperemia de faringe, fissuras labiais, língua em framboesa, conjuntivite, edema de mãos e pés com posterior descamação, adenopatia cervical e, em 25% dos casos, vasculite de artérias coronárias, às vezes com formação de aneurisma. Diagnóstico: O diagnóstico deve ser feito com base em critérios clínicos.Não há teste confirmatório específico para esta doença. Síndrome do Choque Tóxico É uma doença febril multissistêmica causada por cepas de Staphylococcus aureus produtores de toxina, os quais podem estar relacionados à infecção ou apenas colonização de locais como nasofaringe, ossos, reto e feridas. Transmissão: Gotículas respiratórias/aerossóis, e também pela pele. Quadro clínico: Esta síndrome caracteriza-se por febre alta, rash, hipotensão e envolvimento de 3 ou mais órgãos. Ocorre eritema macular difuso, eritema importante das mucosas (principalmente conjuntival) e edemas de mãos e pés. Pode haver ulceração das mucosas oral, esofágica, vaginal e vesical. Na fase de convalescença, observa-se descamação das palmas e plantas. As hemoculturas são positivas em 5 a 15% dos casos. O estreptococo pode causarquadro semelhante, porém está associado à doença invasiva, com dor intensa no local afetado, maior positividade na hemocultura (50% ou mais) e mortalidade mais alta. Varicela Etiologia e forma de transmissão: Doença viral aguda, altamente contagiosa, causada pelo vírus Varicela-Zoster (VVZ). A varicela é causada pelo herpesvirus humano 3 ou vírus varicela-zóster. A infecção primária resulta no quadro de varicela, que se caracteriza por um exantema papulovesicular que apresenta de 250 a 500 lesões em diversos estágios que variam da mácula à crosta. Julia Paris Malaco – UCT14 A transmissão ocorre através de aerossóis respiratórios, gotículas, saliva ou pelo contato com o líquido das lesões cutâneas. Grupo etário - Mais comum na infância, sendo suscetíveis todas as pessoas não vacinadas e/ou que não tiveram a doença. Costuma determinar imunidade duradoura, porém pode se manifestar como Herpes-Zoster, pela reativação do vírus latente em gânglios do sistema nervoso, por diferentes motivos. Quadro clínico: Após um período de incubação em média de 2 semanas, inicia-se quadro de febre, cefaleia, astenia, irritabilidade e rash crânio caudal, pruriginoso, com manchas avermelhadas, que evoluem para vesículas, pústulas e crostas, sendo típico a presença de lesões em seus diversos estágios de evolução concomitantemente. Pode acometer mucosas, levando ao aumento de gânglios. O quadro costuma ser benigno, com duração de 10 dias, mas pode evoluir com pneumonia pelo próprio vírus, afecção no sistema nervoso, infecções bacterianas cutâneas. A doença pode ser mais grave em adultos, imunodeprimidos, gestantes ou recém-natos. O Herpes Zoster costuma ocorrer anos após a exposição ao VVZ, com vesículas agrupadas sobre base eritematosa, associada à sensação de dor, queimação e aumento da sensibilidade local, ocupando um ou mais dermátomos. Diagnóstico laboratorial: O quadro típico costuma dispensar o recurso laboratorial, pode-se detectar VVZ por PCR no líquido das vesículas, ou utilizar reações sorológicas IgM ou IgG. Tratamento: Tratamento do prurido com soluções e cremes tópicos, antialérgicos orais, cuidados de higiene para reduzir risco de infecções cutâneas secundárias e antibióticos. Antivirais sistêmicos podem ser utilizados nos casos de maior risco de complicação, ou na presença de doença mais grave. O tratamento da varicela com terapia antiviral deve ser realizado nos pacientes com risco de desenvolverem varicela grave. Assim, a terapia com aciclovir geralmente não é recomendada para crianças imunocompetentes com varicela. Por outro lado, pacientes não vacinados acima de 12 anos, aqueles com doença de base cutânea ou pulmonar, aqueles em uso de corticosteroides ou de terapia com salicilato de longa duração devem ser tratados com aciclovir por via oral. O tratamento intravenoso com aciclovir está recomendado para imunocomprometidos. Pacientes infectados pelo HIV devem ser avaliados individualmente quanto à via a ser escolhida para administração de aciclovir, ou seja, a via oral pode ser considerada naqueles em bom estado geral e com valores de linfócitos T CD4+ em níveis normais ou muito próximos dos normais para a idade. O uso de salicilatos está contraindicado em pacientes com varicela. Prevenção: A partir do final de 2013, a vacina para varicela está disponível na rede pública para todas as crianças, devendo ser administrada conjuntamente com os componentes para sarampo, caxumba e rubéola na forma da vacina tetraviral aos 15 meses de idade. A profilaxia pós- exposição a um caso de varicela está indicada. Outra situação em que se indica a profilaxia pós- exposição é nos casos de pessoas com maior risco de desenvolverem varicela grave. Arboviroses Dengue A dengue é uma doença febril aguda, de etiologia viral e de evolução benigna na forma clássica, e grave quando se apresenta na forma hemorrágica. Apresenta um amplo espectro clínico, pois a maioria dos pacientes se recupera após evolução clínica leve e autolimitada, enquanto uma pequena parte evolui para gravidade. A dengue é, hoje, a mais importante arbovirose que afeta o homem e constitui-se em sério problema de saúde pública no mundo, especialmente nos países tropicais, onde as condições do meio ambiente favorecem o desenvolvimento e a proliferação do principal vetor da doença. É uma doença sazonal, ocorrendo com maior frequência em períodos quentes e de alta umidade, devido a proliferação do mosquito transmissor nessas condições. Julia Paris Malaco – UCT14 Causada por um arbovírus do gênero Flavivírus, pertencente à família Flaviviridae (Vírus de RNA envelopado). Se apresenta em 4 sorotipos diferentes – DENV1, DENV2, DENV3, DENV4. Os 4 tipos causam os mesmos sintomas. A diferença é que, cada vez que se infecta por um tipo do vírus, não pode mais ser infectado por ele. Em relação à virulência, o DEN-2 é o que mais se destaca, seguido pelo 3, 4 e por último o sorotipo 1. Suscetibilidade – A suscetibilidade ao vírus da dengue é universal. Imunidade – A imunidade é permanente para um mesmo sorotipo (homóloga). Entretanto, a imunidade cruzada (heteróloga) existe temporariamente por 2 a 3 meses. A proteção cruzada entre os sorotipos da dengue é apenas transitória, de forma que uma mesma pessoa pode apresentar a doença até 4 vezes ao longo da sua vida (ou seja, se infectar só uma vez de cada sorotipo). Transmissão: Transmitida pela picada da fêmea do mosquito Aedes aegypti. O Aedes aegypti é o vetor mais importante na transmissão da dengue e pode também, transmitir o vírus da febre amarela, da chikungunya e do Zika vírus. O Aedes albopictus é o vetor da dengue na Ásia. Período de incubação – O período médio de incubação da doença é de 5 a 6 dias (podendo variar de 3 a 15 dias). Período de transmissibilidade – Compreende 2 ciclos - Um intrínseco (no humano) e outro extrínseco (no vetor). Quando o vírus da dengue circulante no sangue de homem em viremia (1 dia antes do aparecimento da febre até o 6º dia da doença) é ingerido pela fêmea do mosquito durante o repasto, o vírus infecta o intestino médio do mosquito e depois se espalha sistemicamente ao longo de um período de 8 a 12 dias (período de incubação). Após esse período de incubação extrínseca, o vírus pode ser transmitido quando inocula o vírus junto com a sua saliva ao picar a pessoa sadia. Em seguida o mosquito permanece infectante até o final da sua vida (6 a 8 semanas). Fisiopatologia da dengue Depois de inoculado, o vírus entra nas células humanas e estimula monócitos e linfócitos a produzirem citocinas, como TNF-alfa e IL-6. Essas citocinas terão efeito pró-inflamatório e serão responsáveis pelo aparecimento da febre. Outras estimulam a produção de anticorpos, que se ligam aos antígenos virais formando imunocomplexos. Os anticorpos IgM anti-dengue começam a ser produzidos a partir do 5º ao 6º dia. Eles são capazes de neutralizar o vírus de forma que seu aparecimento marca o declínio da viremia. Os anticorpos IgM anti-dengue podem permanecer detectáveis no soro por até 2 meses. A fisiopatogenia da resposta imunológica à infecção aguda por dengue pode ser primária e secundária. A resposta primária se dá em pessoas não expostas anteriormente ao flavivírus e o título de anticorpos se eleva lentamente. A resposta secundária se dá em pessoas com infecção aguda por dengue, mas que tiveram infecção prévia por flavivírus e o título de anticorpos se eleva rapidamente em níveis bastante altos. Quadro clínico Dengue clássica: Início abrupto Temperaturas de 39 a 40°C Cefaleia intensa Dor retro-ocular Mialgias, artralgias Manifestaçõesgastrintestinais, como vômito e anorexia. Pode surgir exantema intenso no terceiro ou quarto dia de doença, no qual se salientam pequenas áreas de pele sã (para alguns autores, “ilhas brancas em um mar vermelho”). O aparecimento do exantema é geralmente acompanhado de prurido. Quanto ao exame hematológico, observa- se leucopenia com neutropenia após o segundo dia de doença. O número de plaquetas é normal ou, em alguns casos, diminuído. Há elevação discreta nos teores séricos de aminotransferases. Nas crianças, a dengue pode ser assintomática ou se manifestar como febre indiferenciada, comumente acompanhada de exantema maculopapular. Febre e outros sintomas persistem por 48 a 96 h, seguidos por defervescência rápida com sudorese profusa. Os pacientes, então, sentem-se bem por cerca de 24 h, após as quais normalmente a febre ressurge (padrão bifásico), geralmente com uma temperatura mais baixa que a da primeira vez. Ao mesmo tempo, um exantema maculopapular esbranquiçado se dissemina a partir do tronco para os membros e a face. Julia Paris Malaco – UCT14 O Ministério da Saúde classifica a dengue em 3 fases clínicas – Febril, crítica e de recuperação. Fase febril: O primeiro sintoma é a febre alta (de 39°C A 40°C) de início abrupto que geralmente dura de 2 a 7 dias, acompanhada de cefaleia, mialgia, artralgia, prostração, astenia, dor retro-orbitária, exantema ao desaparecer a febre, com ou sem prurido (50% dos casos). Anorexia, náuseas e vômitos são comuns. A característica do exantema é maculopapular atingindo face, tronco e membros, não poupando plantas de pés e palmas de mãos. Alguns sintomas podem depender da idade do paciente. A dor abdominal generalizada pode ocorrer, principalmente nas crianças. Os adultos podem apresentar pequenas manifestações hemorrágicas, como petéquias, epistaxe, gengivorragia, sangramento gastrointestinal, hematúria e metrorragia. Linfonodomegalia cervical não dolorosa pode aparecer em 50% dos casos. A doença tem uma duração de 5 a 7 dias. Com o desaparecimento da febre, há regressão dos sinais e sintomas, podendo ainda persistir a fadiga. Fase crítica: Esta fase pode estar presente em alguns pacientes, podendo evoluir para as formas graves. Tem início com defervescência (diminuição) da febre, geralmente entre o 3º e o 7º dia da doença, acompanhada de sinais de alarme. Fase de recuperação: Nessa fase os pacientes que passaram pela fase crítica apresentam progressiva melhora clínica. De 24 a 48 horas após o término da fase crítica. O débito urinário se normaliza ou aumenta, podem ocorrer ainda bradicardia e mudanças no eletrocardiograma. Alguns pacientes podem apresentar um rash cutâneo acompanhado ou não de prurido generalizado. Infecções bacterianas poderão ser percebidas nesta fase ou ainda no final do curso clínico. Dengue Grave: Um achado laboratorial importante é a trombocitopenia com hemoconcentração concomitante. Ocorre no período de defervescência onde pode ocorrer o aumento da permeabilidade capilar com efusão do plasma, que se manifesta através de valores crescentes do hematócrito e da hemoconcentração. Isto marca o início da fase crítica da doença. Leucopenia progressiva seguida por uma rápida diminuição na contagem de plaquetas precede o extravasamento de plasma. Choque: Ocorre quando um grande volume de plasma é perdido através do extravasamento, o que geralmente ocorre entre os dias 4 ou 5 de doença, geralmente precedido por sinais de alarme. É de curta duração e pode levar ao óbito em 12 a 24 horas ou à recuperação rápida após terapia antichoque apropriada. Hemorragia: Ocorre aumento da permeabilidade vascular e plaquetopenia. Disfunção: Pode ocorrer grave comprometimento orgânico, como hepatites, encefalites ou miocardites. Alguns pacientes podem ainda apresentar manifestações neurológicas, como convulsões e irritabilidade. Febre Hemorrágica da Dengue (FHD): Início abrupto Febre alta Náuseas e vômitos Mialgias e artralgias. Por volta do quarto ou quinto dia, aparecem petéquias na face, véu palatino, axilas e extremidades. O quadro pode evoluir para o aparecimento de púrpuras e grandes equimoses na pele, epistaxes, gengivorragias, metrorragias e hemorragias digestivas moderadas. Julia Paris Malaco – UCT14 Ao exame físico, observa-se fígado palpável e doloroso, e em alguns casos, esplenomegalia. Hepatomegalia, hematêmese e dor abdominal indicam mau prognóstico, com provável evolução para choque. A SCD costuma surgir entre o quinto e o sétimo dia de doença, quando a plaquetopenia também tende a ser mais acentuada, mantendo-se este estado crítico por 12 a 24 h. Os pacientes se mostram agitados e em alguns casos referem dor abdominal. Posteriormente, tornam-se letárgicos, afebris e com sinais de insuficiência circulatória: pele fria e pegajosa, cianose perioral, pulso rápido e sudorese fria. A pressão arterial se mostra convergente, baixa ou imensurável. Instalam-se acidose metabólica e coagulação intravascular disseminada (CIVD). Diagnóstico Definição de caso Suspeito: Pessoa que viva ou tenha viajado nos últimos 14 dias para área onde esteja ocorrendo transmissão de dengue ou tenha a presença de A. Aegypti, que apresenta febre, usualmente entre 2 e 7 dias, e apresente 2 ou mais das seguintes manifestações: Náusea, vômitos, exantema, mialgias, artralgia, cefaleia, dor retro orbital, prova do laço positiva, leucopenia. Caso suspeito de dengue com sinais de alarme: É todo caso de dengue que, no período de defervescência da febre apresenta 1 ou mais dos seguintes sinais de alarme: Dor abdominal intensa e contínua, ou dor a palpação do abdômen, vômitos persistentes, acumulação de líquidos (ascites, derrame pleural, pericárdico), sangramento de mucosas, letargia ou irritabilidade, hipotensão postural, lipotimia (perda brusca da consciência), hepatomegalia maior do que 2 cm, aumento progressivo do hematócrito. Caso suspeito de dengue grave: É todo caso de dengue que apresenta 1 ou mais dos seguintes resultados: o Choque devido ao extravasamento grave de plasma evidenciado por taquicardia, extremidades frias e tempo de enchimento capilar igual ou maior a 3 segundos, pulso débil ou indetectável, pressão diferencial convergente ≤ 20 mm Hg; hipotensão arterial em fase tardia, acumulação de líquidos com insuficiência respiratória. o Sangramento grave (hematêmese, melena, metrorragia volumosa, sangramento do SNC); o Comprometimento grave de órgãos tais como – Dano hepático importante (AST o ALT>1000), SNC (alteração da consciência), coração (miocardite) ou outros órgãos. Confirmado: É todo caso suspeito de dengue confirmado laboratorialmente (sorologia IgM, NS1 teste rápido ou ELISA, isolamento viral, PCR, Imuno-histoquímica). Diagnóstico virológico Deve-se realizar o diagnóstico virológico da dengue na fase aguda das infecções, enquanto ocorre viremia, embora a RT-PCR possa ser usada até o início da fase de convalescença. O período virêmico costuma durar até o sexto dia após. Diagnóstico sorológico Os métodos sorológicos indiretos se baseiam na pesquisa de anticorpos específicos contra o vírus dengue infectante. Os testes mais utilizados são os imunoenzimáticos, principalmente o de captura de IgM (MAC-ELISA). Deve-se considerar o fato de que essa técnica permite o diagnóstico da dengue apenas na fase de convalescença, pois esses testes devem ser realizados após o sexto dia de doença, para assegurar a certeza do resultado. Exames Prova do laço: (Prova do torniquete, prova de Rumpel-Leede ou teste de fragilidadecapilar) A prova do laço é um tipo de exame rápido que verifica a fragilidade dos vasos sanguíneos e tendência a sangramento, sendo muitas vezes realizado em caso de suspeita de dengue clássica ou hemorrágica. Esse exame consiste em interromper o fluxo sanguíneo no braço e observar o aparecimento de pequenos pontos vermelhos, havendo mais risco de sangramentos quanto maior a quantidade de pontos vermelhos observados. Na fase febril inicial da doença, pode ser difícil diferenciá-la de outras doenças febris, por isso uma prova do laço positivo aumenta a probabilidade de dengue hemorrágica. Como identifica o risco de sangramento, a prova do laço não precisa ser utilizada quando já existem sinais de hemorragia, como sangramento nas gengivas e nariz ou presença de sangue urina. Resultado: É considerado positivo quando surgem mais de 20 pontinhos vermelhos dentro do quadrado marcado na pele. Julia Paris Malaco – UCT14 Presença de 5 a 19 pontinhos já pode indicar suspeita de dengue. Nesse caso, realizar outros exames confirmatórios. Apesar de fazer parte dos exames indicados pela OMS para diagnóstico da dengue, a prova do laço pode fornecer resultados falsos quando o paciente apresenta outras condições que provocam fragilidade capilar, como: o Outras infecções, doenças autoimunes, doenças genéticas; o Uso de medicamentos como aspirina, corticóides, anticoagulante; o Fase pré ou pós menopausa; o Queimadura solar. Desta forma, este exame é pouco específico e deve ser feito apenas para auxiliar no diagnóstico da dengue. Teste rápido: Detecção de imunoglobulinas IgG e IgM. (Inespecífico) Isolamento do vírus: Para identificar o vírus no sangue e determinar o sorotipo responsável pela infecção. (Importante para o diagnóstico diferencial de outras arboviroses). É realizado com amostra de sangue, coletada na fase inicial dos sintomas. É utilizado técnicas de diagnóstico molecular, como a PCR. Até o 5º dia do início dos sintomas – Detecção de antígenos virais: NS1, isolamento viral, RT- PCR e imuno-histoquímica. Testes sorológicos: Detecção da concentração de imunoglobulinas IgM e IgG no sangue. O IgM aumenta logo no início da infecção. O IgG aumenta depois, mas ainda na fase aguda da doença, e permanece em quantidades elevadas no sangue, sendo, portanto, um marcador da doença, já que é específico para cada tipo de infecção. É realizado com amostra de sangue, coletada cerca de 5 a 6 dias após o início dos sintomas (febre). São solicitados como forma de complementar o exame de isolamento do vírus para verificar as concentrações das imunoglobulinas. A partir do 6º dia do início dos sintomas – Sorologia (ELISA). Exames bioquímicos (Sangue/soro): Os principais exames bioquímicos solicitados são a dosagem de albumina e das enzimas hepáticas TGO e TGP, indicando o grau de comprometimento do fígado e sendo indicativo de estado mais avançado da doença. Albumina – Diminuição da concentração de albumina no sangue e presença de albumina na urina (albuminúria) indica que a dengue já se encontra em um estágio mais avançado. TGO/TGP (ou AST/ALT – aminotransferases) – Aumento discreto das concentrações de TGO e TGP no sangue indica dano hepático. Coagulograma: Verifica a capacidade de coagulação do sangue. Normalmente é solicitado em caso de suspeita de dengue hemorrágica, e com isso pode ser observado: o Aumento nos tempos de protrombina, tromboplastina parcial e trombina. o Diminuição de fibrinogênio, protrombina, fator VIII, fator XII, antitrombina e α antiplasmina. Hemograma: No hemograma normalmente são verificadas quantidades variáveis de leucócitos, pode-se observar: o Leucocitose (aumento de leucócitos) ou leucopenia (diminuição de leucócitos). o Linfocitose (aumento de linfócitos) com a presença de linfócitos atípicos. o Trombocitopenia ou plaquetopenia (plaquetas <100000 /mm³) VR= 150000 - 450000 /mm³. o Hemoconcentração – É a concentração do sangue, caracterizada pelo aumento da sua densidade, da sua viscosidade e do número de eritrócitos por unidade de volume. Ou seja, é o aumento da proporção dos eritrócitos no sangue em detrimento da quantidade de plasma, alteração que pode ocorrer quando há uma excessiva perda de líquidos do organismo. Na dengue pode se observar – Aumento de hematócrito em 20% do valor basal ou valores superiores a 38% em crianças, a 40% em mulheres e a 45% em homens. Achados na Dengue clássica Leucopenia é achado usual, embora possa ocorrer leucocitose. Pode estar presente linfocitose com atipia linfocitária. A trombocitopenia é observada ocasionalmente. Achados na Febre Hemorrágica da Dengue – FHD Pode ocorrer desde leucopenia até leucocitose leve. A linfocitose com atipia linfocitária é um achado comum. Julia Paris Malaco – UCT14 Destacam-se a hemoconcentração e a trombocitopenia. Rash petequial, prova do laço positivo, plaquetopenia, hemoconcentração e sangramentos indicam evolução para a dengue hemorrágica. Tratamento da dengue Estadiamento clínico Grupo A Sem sinais de alarme Sem comorbidades ou situações de risco Prova do laço negativa o Solicitar exames laboratoriais complementares o Analgésico e antitérmico se necessário o Orientar repouso e prescrever dieta e hidratação oral o Orientar o paciente para procurar imediatamente o serviço de urgência em caso de sangramentos ou sinais/sintomas de alarme. o Agendar o retorno para reavaliação clínica no dia de melhora da febre (possível início da fase crítica) Grupo B Sem sinais de alarme Prova do laço positiva Condições clínicas especiais e/ou comorbidades o Solicitar exames laboratoriais: hemograma completo (obrigatório) o Paciente deve permanecer em observação até o resultado dos exames o Prescrever hidratação oral até o resultado dos exames o Analgésico e antitérmico se necessário o Reavaliação clínica: − Paciente com hematócrito normal: regime ambulatorial – o Sinais de alarme: grupo C Grupo C Paciente com algum sinal de alarme o Reposição volêmica imediata o Permanecer em acompanhamento em leito de internação até estabilização o Realizar exames laboratoriais obrigatórios: hemograma completo, dosagem de albumina sérica e transaminases. o Reavaliação clínica (sinais vitais, PA, avaliar diurese) a cada hora e avaliação do hematócrito a cada duas horas. o Exames para confirmação de dengue são obrigatórios, mas não são essenciais para conduta clínica. o Analgésico e antitérmico se necessário o Notificar o caso o Retorno para reavaliação clínica e laboratorial Grupo D Presença de sinais de choque, sangramento grave ou disfunção grave de órgãos o Reposição volêmica o Realizar exames laboratoriais obrigatórios: hemograma completo, dosagem de albumina sérica e transaminases. o Exames para confirmação de dengue são obrigatórios, mas não são essenciais para conduta clínica. o Acompanhamento em leito de terapia intensiva (internação). o Reavaliação clínica a cada 15-30 minutos e de hematócrito a cada 2 horas. o Se o hematócrito estiver em queda com resolução do choque, ausência de sangramentos, mas com o surgimento de outros sinais de gravidade, observar sinais de desconforto respiratório, sinais de insuficiência cardíaca congestiva e investigar hiper-hidratação. Deve-se tratar com diminuição importante da infusão de Julia Paris Malaco – UCT14 líquido, uso de diuréticos e drogas inotrópicas, quando necessário. o Notificar o caso. o Orientar o retorno após a alta. Tratamento para dengue clássica O tratamento é sintomáticoe baseia-se principalmente em hidratação adequada e repouso. A medicação é apenas sintomática, com analgésicos e antitérmicos (paracetamol e dipirona). Não devem ser usados medicamentos à base de ácido acetilsalicílico (AAS)/ salicilatos e anti-inflamatórios (AINES), pois podem aumentar o risco de hemorragias e acidose. Tratamento para Febre Hemorrágica da Dengue – FHD: O paciente deve ser observado com atenção para identificação dos primeiros sinais de choque. O período crítico será durante a transição da fase febril para a afebril, que geralmente ocorre após o 3º dia da doença. Em casos menos graves, quando os vômitos ameaçarem causar desidratação e acidose, ou houver sinais de hemoconcentração, a reidratação pode ser feita em nível ambulatorial. Aos primeiros sinais de choque, o paciente deve ser internado imediatamente para correção rápida de volume de líquidos perdidos e da acidose. Durante uma administração rápida de fluidos é particularmente importante estar atento a sinais de insuficiência cardíaca. Zika vírus É uma doença viral aguda, que foi detectada no país em 2015, e tem se disseminado no país cursando de forma inédita segundo a literatura científica. Tendo encontrado ambiente favorável à sua disseminação em população sem imunidade à doença, vem causando enorme impacto à saúde pública. Causado por um arbovírus do gênero flavivírus, pertencente à família Flaviviridae – Zika vírus – ZIKV (Vírus de RNA) Transmissão: Transmitida principalmente pelos vetores A. Aegypti e A. albopictus. (mesmo da dengue) Outras possíveis formas de transmissão documentadas na literatura são a de mãe para filho, por transplante de órgãos e medula óssea, por transfusão sanguínea ou via sexual e exposição laboratorial. Embora o RNA ZIKV tenha sido detectado no leite materno, a transmissão através da amamentação ainda não foi demonstrada, reforçando as recomendações atuais de que as mães com infecção por ZIKV devem manter a amamentação para seus bebês. Período de incubação – O período médio de incubação da doença é de 4 dias (podendo variar de 3 a 12 dias). Quadro clínico Pode manifestar-se clinicamente como uma doença febril aguda, com duração de 3 a 7 dias, caracterizada pelo surgimento do exantema maculopapular pruriginoso (surge no 10º dia e está presente em 90% dos pacientes), febre (intermitente, sem febre, subfebril ou inferior a 38ºC), hiperemia conjuntival não purulenta e sem prurido, artralgia, mialgia, edema periarticular e cefaleia. A artralgia pode persistir por aproximadamente um mês. Segundo a literatura, mais de 80% das pessoas infectadas não desenvolvem manifestações clínicas. Os casos costumam apresentar evolução benigna e os sintomas geralmente desaparecem espontaneamente após 3 a 7 dias. Foi observada uma correlação entre a infecção pelo Zika e a ocorrência manifestações neurológicas associadas à ocorrência da doença (Síndrome de Guillain-Barré, encefalites, meningoencefalite, mielite), além de casos de microcefalia no Brasil e também a ocorrência de óbitos pelo agravo. A infecção por ZIKV tem um período de incubação de 3 a 12 dias, após o qual iniciam-se as manifestações clínicas. Acredita-se que aproximadamente 80% das infecções sejam assintomáticas. Os achados clínicos principais são Febre baixa e de curta duração erupção cutânea maculopapular e pruriginosa conjuntivite não purulenta artralgia e edema de pequenas articulações de pés e mãos cefaleia, mialgia, astenia. Sintomas menos frequentes incluem anorexia, náuseas e vômitos, dores abdominais, diarreia, vertigem sensação de queimação nas regiões palmo- plantares. Raramente podem ocorrer dor retro-orbital, surdez transitória e zumbidos, além de sangramento subcutâneo. Julia Paris Malaco – UCT14 Também raramente pode ocorrer hematospermia, que quando presente está positivamente associada à transmissão sexual do ZIKV. Sintoma principal: Erupção cutânea intensamente pruriginoso, de distribuição centrifuga, originando- se em geral na face e atingindo todo o corpo em poucos dias. Sinal característico: Presença de áreas epiteliais preservadas, sem exantema, que aparecem como zonas esbranquiçadas ao exame. Diagnóstico Laboratorial: Realizado no 5º dia da doença ou após 6 dias para anticorpo IgM, sendo disponível teste rápido para triagem IgM e IgG, ou pelo PCR. Tratamento O tratamento sintomático recomendado é baseado no uso de paracetamol ou dipirona para o controle da febre e manejo da dor. No caso de erupções pruriginosas, os anti- histamínicos podem ser utilizados. No entanto, é desaconselhável o uso ou indicação de ácido acetilsalicílico e outras drogas anti-inflamatórias, em função do risco aumentado de complicações hemorrágicas descritas nas infecções por outros flavivírus. Febre Chikungunya É uma doença infecciosa febril, causada por um vírus Chikungunya (CHIKV) do gênero Alphavirus transmitida por mosquitos do gênero Aedes, sendo o Aedes aegypti o principal vetor. A febre de Chikungunya é uma enfermidade endêmica nos países do Sudeste da Ásia, África e Oceania. Emergiu na região das Américas no final de 2013. O nome Chikungunya deriva de uma palavra do idioma makonde, falado no sudeste da Tanzânia, que significa “curvar-se ou tornar-se contorcido”, descrevendo a postura adotada pelos pacientes devido à artralgia intensa (aparência curvada). Causada por um arbovírus do gênero Alphavirus, pertencente à família Togaviridae – Vírus Chikungunya (CHIKV). Transmissão: Transmitida principalmente pelos vetores A. Aegypti e A. albopictus. (mesmo da dengue) Casos de transmissão vertical podem ocorrer quase que exclusivamente no intraparto de gestantes virêmicas e, muitas vezes, provoca infecção neonatal grave. Pode ocorrer transmissão por via transfusional, todavia é rara se os protocolos forem observados. Período de incubação – O período médio de incubação da doença é de 3 a 7 dias (podendo variar de 1 a 12 dias). O período de incubação extrínseco, que ocorre no vetor, dura em média 10 dias. O período de viremia no ser humano pode perdurar por até 10 dias e, geralmente, inicia-se 2 dias antes da apresentação dos sintomas podendo perdurar por mais 8 dias. Quadro clínico Início da doença costuma ser abrupto Temperatura elevada Dor lombar Cefaleia, fadiga, mialgia e poliartralgia Diarreia, vômitos podem ocorrer em alguns casos Pode ocorrer ainda acometimento cutâneo, com rash macular ou maculopapular (membros superiores e inferiores, tronco e face - pequenos pontos avermelhados e agrupados, que podem ou não ter algum relevo) Prurido e descamação. A fase aguda dura de 3 a 7 dias, período no qual os sintomas começam a desaparecer A doença pode manifestar-se clinicamente de 3 formas – Aguda, subaguda e crônica. Na fase aguda os sintomas aparecem de forma brusca e compreendem febre alta (acima de 38ºC), artralgia intensa (predominantemente nas extremidades e nas grandes articulações), cefaleia e mialgia. Também é frequente a ocorrência de exantema maculopapular, em geral de 2 a 5 dias após o início da febre em aproximadamente 50% dos doentes. Após a fase inicial a doença pode evoluir para as 2 etapas subsequentes – Fase subaguda e crônica. Os sintomas costumam persistir por 7 a 10 dias, mas em uma pequena porcentagem dos casos, a artralgia (dor nas articulações) pode durar meses ou anos e, em certos casos, converter-se em uma dor crônica incapacitante. Os sintomas são parecidos com o quadro clínico de dengue, a principal manifestação clínica que a difere são as fortes dores nas articulações, que muitas vezes podem estar acompanhadas de edema. A Chikungunyatem caráter epidêmico com elevada taxa de morbidade associada à artralgia persistente, tendo como consequência a redução da produtividade e da qualidade de vida. A maioria dos indivíduos infectados pelo CHIKV desenvolve sintomas, alguns estudos mostram que Julia Paris Malaco – UCT14 até 70% apresentam infecção sintomática. Esses valores são altos e significativos quando comparados às demais arboviroses. Dessa forma, o número de pacientes que necessitarão de atendimento será elevado, gerando uma sobrecarga nos serviços de saúde. As formas graves e atípicas são raras, mas quando ocorrem podem, excepcionalmente, evoluir para óbito. Diagnóstico Laboratorial: Realizado pela detecção de antígenos virais até o 5º dia de doença. Ou após o 6º dia com anticorpos IgM ou pela elevação de IgG pareada. Tratamento A terapia utilizada é a analgesia e suporte às descompensações clínicas causadas pela doença. É necessário estimular a hidratação oral dos pacientes. A droga de escolha é o paracetamol. Também podem ser utilizados outros analgésicos para alívio da dor, como a dipirona. Nos casos refratários recomenda-se a utilização da codeína. Febre amarela Doença infecciosa febril aguda, imunoprevenível, de curta duração (no máximo 12 dias) e de gravidade variável. Apresenta-se como infecções subclínicas e/ou leves, até formas graves, fatais. Reveste-se da maior importância epidemiológica, por sua gravidade clínica e elevado potencial de disseminação em áreas urbanas. A doença pode se apresentar sob 2 formas distintas – Febre amarela urbana (FAU) e febre amarela silvestre (FAS), diferenciando-se uma da outra apenas pela localização geográfica, espécie vetorial e tipo de hospedeiro. Causada por um arbovírus do gênero flavivírus, pertencente à família Flaviviridae - Vírus amarílico (Vírus de RNA). Possui dois ciclos epidemiológicos de transmissão distintos – Silvestre e urbano. Transmissão Febre amarela urbana (FAU) – Transmitida pelo mosquito Aedes aegypti (principal vetor e reservatório da FAU). Febre amarela silvestre (FAS) – Transmitida pelo mosquito Haemagogus janthinomys (principal vetor e reservatório da FAS). Período de incubação – Varia de 3 a 6 dias, após a picada do mosquito infectado. Período de transmissibilidade – O sangue dos doentes é infectado 24 a 48 horas antes do aparecimento dos sintomas até 3 a 5 dias após, tempo que corresponde ao período de viremia. No mosquito Aedes aegypti, o período de incubação é de 9 a 12 dias, após o que se mantém infectado por toda a vida. Quadro clínico O quadro típico tem evolução bifásica (período de infecção e de intoxicação), com início abrupto, febre alta e pulso lento em relação à temperatura (sinal de Faget), calafrios, cefaleia intensa, mialgias, prostração, náuseas e vômitos, durando cerca de 3 dias, após os quais se observa remissão da febre e melhora dos sintomas, que pode durar algumas horas ou, no máximo, dois dias. O caso pode evoluir para cura ou para a forma grave (período de intoxicação), que se caracteriza pelo aumento da febre, diarréia e reaparecimento de vômitos com aspecto de borra de café, instalação de insuficiência hepática e renal. Surgem também icterícia, manifestações hemorrágicas (hematêmase, melena, epistaxe, sangramento vestibular e da cavidade oral, entre outras), oligúria, hematúria, albuminúria e prostração intensa, além de comprometimento do sensório, com confusão mental e torpor com evolução para coma. Fase de infecção ou virêmica: surge após período de incubação de 3 a 6 dias, que pode eventualmente se estender para até 10 dias, é a primeira fase da doença Febre alta, de início súbito Cefaleia Mal-estar geral Tonturas, prostração e mialgia, principalmente lombossacral. Após algumas horas, podem aparecer náuseas, vômitos e hiperemia conjuntival com taquipneia, porém com frequência cardíaca baixa, caracterizando sinal de Faget, ou seja, a dissociação pulso-temperatura. As alterações laboratoriais também são inespecíficas, com leucopenia, neutropenia, aumento de transaminases, proteinúria e viremia positiva (técnicas moleculares ou de isolamento viral positivas). Após 2 a 3 dias, ocorre regressão espontânea dos sintomas na maioria dos pacientes. Julia Paris Malaco – UCT14 Fase de intoxicação, toxemia ou de localização: após período de 2 a 48 h de remissão ou melhora parcial do quadro inicial, ocorre recrudescimento dos sintomas, rapidamente progressivo, Retorno da febre ainda mais elevada, Toxemia Cefaleia e prostração intensas, acompanhadas por icterícia e vômitos, em geral, incoercíveis. Não se detecta o vírus amarílico no sangue periférico. A seguir, ocorre oligúria-anúria, com insuficiência pré-renal e manifestações hemorrágicas, principalmente do trato gastrintestinal, como hematêmese e melena, que denotam o aparecimento de coagulação intravascular disseminada. Choque, rebaixamento do nível de consciência, com evolução para coma profundo, advém a seguir em até 50 a 70% dos casos que evoluem para essas formas graves da doença. Diagnostico Os principais exames para a confirmação da febre amarela são: Isolamento do vírus Reação em cadeia da polimerase por transcrição reversa (RT-PCR): a mais utilizada. MAC-ELISA: Teste padrão para a demonstração da infecção atual Reações de ELISA para classe IgG e de inibição da hemaglutinação. Histopatologia: a biopsia post mortem das vísceras ou necropsia são importantes recursos diagnósticos. Tratamento: sintomático HIV HIV é a sigla em inglês do vírus da imunodeficiência humana. Esse vírus é o causador da AIDS, que é a sigla em inglês da síndrome da imunodeficiência adquirida, uma doença que enfraquece o sistema imunológico humano. Transmissão: Independente de desenvolver ou não a AIDS, todos os pacientes soropositivos para o HIV podem transmitir o vírus a outras pessoas. A transmissão do HIV se dá através do contato de fluidos corporais, através de sexo sem proteção, seja oral anal, ou vaginal, compartilhamento de seringas e agulhas contaminadas, transfusão de sangue contaminado, via vertical (transmissão da mãe para o filho durante a gestação, parto ou amamentação) ou instrumentos perfurocortantes não esterilizados. O vírus da imunodeficiência humana é classificado em 2 tipos principais: HIV-1 e HIV-2. O HIV-1 foi descoberto primeiro e é o mais predominante no mundo. Pode ser classificado basicamente em 3 grupos: M (o principal e que predomina no mundo), O e N. O grupo M pode ser dividido em diversos subgrupos, que atualmente vão de A à H. O subgrupo que predomina no mundo é o C. O HIV-2 é menos patogênico e agressivo e é limitado à África ocidental. As diferenças entre as infecções HIV-1 e HIV-2 encontram-se no mecanismo da patogênese retroviral, que não é bem clara ainda. Carga viral: Pacientes com infecção recente pelo HIV são altamente contagiosos para outras pessoas, dadas as cargas virais transitoriamente altas típicas observadas no início da infecção pelo HIV. A carga viral do HIV no sangue se correlaciona com o risco de transmissão do HIV. Em homens com infecção aguda por HIV, a carga viral no sêmen parece seguir um padrão semelhante ao observado no sangue, com os níveis mais altos ocorrendo em aproximadamente 20 dias após a infecção ou 6 dias após o início dos sintomas para aqueles com síndrome retroviral aguda. Fisiopatologia do HIV O HIV é um retrovírus, classificado na subfamília dos Lentiviridae. Esses vírus compartilham algumas propriedades comuns – Período de incubação prolongado antes do surgimento dos sintomas da doença, infecção das células do sangue e do sistema
Compartilhar