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Resenha - O artista, o cientista e o mágico No artigo “O artista, o cientista e o mágico”, o autor Luis Camnitzer fala sobre a necessidade de que as obras de arte ofereçam ao público uma explicação, um significado real, de forma que elas não se tornem ilustrações meramente estéticas e superficiais. A arte, segundo ele, não deve ser exibida apenas como um produto mercadológico, a ser vendido de acordo com sua beleza. Ela precisa comunicar algo, transmitir uma mensagem, apontar ou resolver um problema, entre tantas outras funções que não a de vender. Embora o autor concorde com o argumento que muitas pessoas usam, de que explicar literalmente, de modo descritivo, uma obra visual, significaria limitá-la e invalidá-la enquanto arte, ele esclarece que a “explicação” pode ter diversos níveis, que variam conforme a necessidade de cada tipo de trabalho. Para exemplificar, Camnitzer usa os exemplos e faz relação entre os trabalhos do artista, do cientista e do mágico. O trabalho do cientista é todo baseado na explicação exata dos fatos - para ser levado a sério, ele precisa descrever cada ideia, metodologia de pesquisa, resultados, conclusões, e explicar para seu público cada uma dessas coisas, de modo a demonstrar que está correto. Já o mágico não deve nenhuma explicação, uma vez que seu trabalho consiste em criar ilusões e fazer com que coisas impossíveis pareçam reais diante do público - ou seja, convencê-lo de algo que, na verdade, não tem sentido e não deve ter explicação. Se o mágico explicasse seus truques, o espetáculo perderia a graça e ninguém mais assistiria. O artista, segundo Luis Camnitzer, estaria entre os dois extremos. Embora não deva dar uma explicação exata e descritiva como a do cientista, pois isso esgotaria sua obra, ele também não pode se isentar completamente de dar um sentido claro ao seu trabalho. Isso porque a obra não fala por si mesma, ela é apenas um meio pelo qual o artista comunica algo ao seu público - se essa mensagem não está sendo compreendida, o problema não é, necessariamente, com a pessoa que está tentando interpretá-la, e sim com o meio em si. O artigo de Camnitzer explica muito bem a relação de responsabilidade que o artista deve ter para com a sua obra e seu público - relação essa que, muitas vezes, é ignorada. Através dele, entendemos que a dificuldade de interpretação de uma obra e a necessidade de uma explicação sobre ela não é necessariamente um problema, desde que o artista atribua um significado claro a obra, mesmo que apenas em sua mente, e não se exima do papel de “prestar contas”, caso venha a ser preciso.
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