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Trabalho de Filosofia - as obras de Simone de Beauvoir Nenhuma obra, literária ou acadêmica, de Simone de Beauvoir foi recebida com indiferença. Sua principal contribuição é sempre propor a discussão democrática e as rupturas das estruturas psíquicas, sociais e políticas. A Convidada (1943), primeiro romance de Simone de Beauvoir, explorava os conflitos de uma mulher de trinta anos e os diversos ângulos e perspectivas que relacionamentos amorosos podem ter, juntamente com os dilemas existencialistas da liberdade, da ação e da responsabilidade individual. Depois dele, vieram muitas outras obras importantes, como O sangue dos outros (1944) e Os mandarins (1954), obra pela qual recebeu o Prêmio Goncourt e que é considerada a sua obra-prima. As teses existencialistas, segundo as quais cada pessoa é responsável por si própria, introduzem-se também em uma série de quatro obras autobiográficas. Além de Memórias de uma moça bem-comportada (1958), em que ela faz uma crítica aos valores burgueses nos quais foi criada, destacam-se A força das coisas (1963) e Tudo dito e feito (1972). Simone de Beauvoir tinha 41 anos quando publicou “O Segundo Sexo”, em 1949. Composto por dois volumes (Fatos e Mitos e A Experiência Vivida), o livro debate a situação da mulher, do ponto de vista biológico, sociológico e psicanalítico, inaugurando problemáticas relativas às instâncias de poder na sociedade contemporânea e às diferentes formas (tantas vezes conflituais) de dominação. Refletindo, então, sobre as razões históricas e os mitos que fundaram a sociedade patriarcal e a sustentam, e que trataram a mulher como um “segundo sexo”, silenciando-a e relegando-a para um lugar de subalternidade, Beauvoir aponta soluções que visam à igualdade entre os seres humanos de todos os gêneros. A autora nega completamente ideias e estudos que tratem de uma suposta natureza feminina. Ela mostra que o "ser mulher" é algo construído histórica e socialmente, tanto quanto a submissão dela em relação ao outro sexo. Sua intenção era desconstruir a tese do “instinto biológico feminino", a quem considera não um pressuposto natural imutável, mas sim uma condição culturalmente construída. Por isso, Beauvoir afirmava que “não se nasce mulher, torna-se mulher”. A autora tenta desconstruir os mitos femininos formados ao longo do tempo sobre a suposta natureza perversa da mulher, o mito do amor materno e a ideia religiosa da "mulher santa" construída pela Igreja Católica. Por ser escrito por uma mulher e para mulheres, “O Segundo Sexo” levanta diversas questões, até mesmo no meio literário. Há muito tempo a literatura classificada como feminina é sinônimo de textos sem grande aprofundamento teórico. Além disso, não era comum tratar de assuntos como sexualidade, maternidade e identidades sexuais, mesmo na França do pós-guerra. Mesmo 60 anos após sua primeira publicação, “O Segundo Sexo” ainda é uma referência sobre a história da mulher, pois nos dá uma clara noção sobre como ocorreu o processo de construção de gênero. Beauvoir rejeita a ideia que foi a "natureza inferior" da mulher que determinou a condição de segundo sexo, mas sim sua invisibilidade histórica. Propõe também que seria através da formação de uma consciência autônoma e da liberdade econômica que a mulher pode ser livre e ter plena autonomia sobre seu corpo e seu destino. O livro se tornou um clássico, além de ser uma das obras mais importantes do movimento feminista.
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