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autismo- a ceu aberto

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Universidade Estadual da Paraíba
Centro de Ciências Biológicas e da Saúde
Departamento de Psicologia
Curso: Psicologia 		 	 Turno: Integral (Matutino/Vespertino)
Aluna: Virna de Melo Silva Mat.: 171280490
Análise do documentário; “ A céu aberto” em uma visão psicanalítica. 
Atividade apresentada como exigência de avaliação da disciplina Teorias e Intervenções Psicanalíticas II, semestre 2019.1 pela professora Elisângela Barreto. 
 
Campina Grande - PB
Junho – 2019.
O documentário “A céu aberto”, de Marina Otero, foi feito na França. Seu interesse era no enigma do autismo, com isso, escolheu entre as instituições das redondezas, o “Le Courtil” Escola de Educação Especial, na fronteira entre a França e a Bélgica, um espaço que acolhe crianças autistas e psicóticas, para a sua produção. Ela utilizou uma câmera amarrada ao corpo, deixando livres suas mãos para interagir com os internos, filmando cerca e oitenta horas, em 2012, o que foi essa experiência, lançada entre 2013 e 2014. O documentário conta além das crianças, profissionais, com proposta da condução a dar limites já que, as crianças não têm recursos para tal, vivendo numa espécie de “presente eterno” e com clara dificuldade em aprender a cuidar de si mesmas. A veracidade traz algumas crianças em foco especifico, como, Alysson que passa a perceber seu corpo de uma maneira nova. Evanne, gira até perder o equilíbrio. Jean, delira e se expressa em desenhos, e por fim, Anima, que já não pode falar. Com isso, a proposta do documentário é destacar o dia a dia deles, focando principalmente no comportamento, falas, vivências. Nesse sentido, é imprescindível destacar pontos importantes de algumas cenas do documentário que relacionam diretamente o fato das crianças citadas serem autistas, ou seja, elas se enquadram na psicanálise, usando de suas especificas linguagens.
“A céu aberto” é o que Lacan formula sobre o inconsciente do psicótico, no Seminário, Livro 3, As Psicoses. O inconsciente exposto, sem nenhuma censura, nem metáforas, “Esquisitices” ditas, sem nenhum pudor, marca do que perturba a relação do sujeito com a realidade. Nesse sentido, os sujeitos destacados no documentário trazem o gozo desregrados, o modo singular, a língua própria de cada um, o que difere da linguagem da maioria das pessoas.
É importante destacar a princípio, o fato da cineasta ter utilizado uma câmera, o que serviu como objeto de gozo fora de seus copos, pois elas se enlaçavam. O que no início do documentário fina claro com Anima, que não consegue falar direito, mas se interessa pela câmera e diz que quando crescer vai ter uma para filmar o céu. 
Assim como cada estrutura da psicanálise, o mecanismo de defesa de cada estrutura tem sua particularidade, o do autista é falhado, de modo singular com furos. E quando acontece alguma manifestação das mesmas como, gritos, palavras “sem nexos”, correia, acontece com a intenção de estabilização. 
Com Alysson, outra criança que é destacada no documentário, a direção do tratamento foi ocupar suas mãos, que já se ocupavam da terra, com as massas de bolo. Era comum a menina ter dificuldade para prosseguir essas atividades, queixando-se de dor na barriga, ou na cabeça, nesses momentos em que a finalidade era que o sujeito pudesse ceder um pouco da carga de gozo que afeta seu corpo. Caminhou com 26 meses e fazia pouco tempo que ela corria, que no final do documentário ela corre bastante. Manifestava a psicose aos 6 anos, berrava e dizia palavrões. Ela procurava marcas que se transformavam: ri ou grita quando observava a gordura de seus braços, vê o osso de seu braço cair no chão, e tudo que acontecia sob a pele poderia obsedá-la. Ela come plantinhas e usa as canções para organizar as coisas. Ela afirma que os tiques vão lhe acompanhar “até o casamento”. “Eu não vou parar de beijar, ou de coçar”, ela afirma, fazendo sempre barulhos sexuais com a boca, como ao chupar uma tangerina e fazer crer que está tendo um orgasmo. Às vezes, gritando alto: “Sexo”, ou apenas se esfregando nas portas.
Jean em um outro caso, enfaixa o pé, e uma pergunta lhe é feita em algum momento do filme: “O que está ferido mesmo? ”Ele responde: “meu sono está quebrado”. Como solução faz uma cabana para dormir na tentativa de encontrar o objeto para sempre perdido. Seu corpo o subjuga, ele põe as mãos nos ouvidos para não escutar a fala dos outros. Rapidamente ele não se queixa de dor nas pernas, mas as endurece como se tivesse com dor. Fica em estado de crise se alguém o incomoda.
Evanne, de 8 anos, rodava até cair. No entanto, na oficina de música, que inclusive, é um lugar para observação e análise a partir das músicas, histórias e comportamento, Evanne, apesar se não saber escrever, ele utiliza de rabiscos para se expressar, externalizando a ideia do rabisco. Além disso, os profissionais utilizam de músicas com perguntas para que as crianças possam responder, parando um pouco o gozo de Evanne de rodopiar incessantemente. Em um momento específico do documentário acontecia essa proposta descrita, no entanto, logo após a brincadeira, ele interrompe a mesma dizendo que tinha feito cocô, ou seja, talvez um esforço para perder, ou esvaziar o gozo que o invadia.
Logo, o tratamento conduzido nessa instituição vai constituindo um “novo céu” para as crianças e jovens em tratamento, não as deixando à deriva do gozo em seus corpos, que expõe o inconsciente “a céu aberto”. Assim, o autismo nessa perspectiva está relacionado no campo das psicoses, na orientação lacaniana. O sujeito psicótico é invadido pela presença do Outro e de seus objetos, e ele se protege dessa invasão de diferentes formas. Ele se protege como pode se ver no filme, sob a forma de passagem ao ato, ironia, distância, encapsulamento ou paralisia catatônica. Como no caso da menina Allysson, que o objeto escondido se revela pouco a pouco: “gosto de escavar” diria ela, ao brincar com a terra e onde aparecem as minhocas que tanto detesta. O jogo de quebra-cabeças a acalma, enquanto “botar a mão na massa” na cozinha lhe dá nojo, mas não a impede de continuar. A produção no forno não é o que interessa Allyson, mas sim fazer o recheio e massas, para esquecer seu problema de gordura. Não tem ataques de pânico, mas seu olhar fica aterrorizado (seu corpo fica gelado, com frio ou dor de cabeça), e tem medo de aranhas e minhocas, apesar de ser contra fóbica porque vai ao encontro daquilo que mais teme.
 	Dessa forma, é importante notar o quão proveitoso o filme é para uma análise psicanalítica. Possibilitando um bom estudo da teoria, além de nos envolver com o enredo de forma geral. Foi possível, então, fazer a correlação proposta da análise, visto que, o documentário escolhido discorre sobreo sobre uma visão singular de mundo, através do percurso de algumas crianças que têm uma relação com elas mesmas, com o corpo e com o outro radicalmente diferente. Tendo em vista que a constituição do sujeito é através da linguagem, sendo traumático e constituinte ao mesmo tempo. Eles usam de outro modo de linguagem para se comunicar, como a escrita ou rabiscos, música, desenho. O documentário surgiu em um momento extremamente importante para a psicanálise que trava uma batalha para que os autistas sejam vistos como sujeitos e não como seres deficitários a serem adestrados. 
Referencias 
Documentário: “A céu aberto”. Disponível em <https://www.youtube.com/watch?v=mpFVxGbX_aI&feature=youtu.be> Acesso em 04 de junho de 2019. 
AZEVEDO, Marcela. Autismo: um modo de apresentação do sujeito na estrutura de linguagem. São Paulo, 2017.

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