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Trabalho- Descartes e Senhor das Moscas

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FUNDAÇÃO EDSON QUEIROZ
UNIVERSIDADE DE FORTALEZA – UNIFOR
CENTRO DE CIÊNCIAS DA SAÚDE - CCS
Curso: Psicologia 
Disciplina: Filosofia e Psicologia I
Professora: Juliana Pita de Albuquerque Pereira
ENSAIO CRÍTICO: DESCARTES E O FILME O SENHOR DAS MOSCAS
João Henrique Lima Farias – matrícula 2114528
Maryane Ellen Medeiros Silva – matrícula 2114535-1
Melina Trevia Miranda – matrícula 2119115-9
Nicole Cristine Holanda Cunha – matrícula 2115112
Fortaleza
Maio - 2021
1 RESUMO DO FILME: O SENHOR DAS MOSCAS
Durante uma tempestade na Segunda Guerra Mundial, um avião tripulado apenas com crianças em idade escolar e seu piloto sofre um acidente e cai no mar. Os jovens conseguem refúgio em uma ilha inabitada e carregam o debilitado corpo do piloto até a terra, onde começam a cuidar do mesmo na tentativa de que ele melhore para lhes dar orientações.
Logo nota-se a necessidade de organização para conseguir-se comida, água, abrigo e algo essencial para seu resgate: uma fogueira. Após uma votação improvisada, decide-se que Ralph, um dos garotos mais velhos, será o líder, e encontram uma concha que usam como trombone para convocar as assembleias, onde todos que quisessem poderiam segurá-la  e falar.
 Ralph, com dificuldade de iniciar a fogueira, percebe que as lentes dos óculos de Piggy, um dos garotos, são capazes de focalizar os raios solares e iniciar o fogo. Decide-se que a fogueira será feita no ponto mais alto da ilha, para facilitar a  sua visualização por aviões ou navios, e criam-se turnos de vigia para garantir que ela esteja sempre acesa. Nesse meio tempo, os garotos constroem abrigos com tetos de palha, acham um lago com água doce e determinam um local específico para se realizar as necessidades fisiológicas, como forma de criar uma organização, e Simon toma para si a responsabilidade de vigiar o piloto enfermo. 
Durante uma rota na ilha, Jack, o mais velho dos garotos, acha porcos e decide que irá caçá-los para terem carne para comer, e separa um grupo de caçadores para o auxiliar nessa missão. Após muitas tentativas, eles finalmente conseguem abater um leitão e planejam um banquete, entretanto, durante a sua caçada, um helicóptero militar sobrevoa a ilha e não para, deixando os jovens intrigados. Ralph corre até o local da fogueira somente para encontrá-la apagada e sem nenhum vigia, pois Jack, quem devia estar fazendo o turno, havia saído para caçar. 
Após o infortúnio ocorrido, uma discussão surge entre Ralph e Jack. O líder critica o caçador por ter saído de seu posto e deixado a fogueira apagar, fazendo com que o helicóptero não os tenha visto e perdendo uma grande oportunidade de regressar para casa. Jack, entretanto, diz que cumpriu com sua palavra de trazer carne para todos, e que o fogo não era necessário, pois ninguém iria salvá-los daquela ilha. Tal briga foi o estopim para a separação de dois grupos na ilha: o de Ralph, que tentavam manter a ordem, disciplina, trabalhar e deixar a fogueira acesa; e o de Jack, composto por aqueles que estavam cansados das regras e queriam se divertir e caçar carne para comer, marcados pela selvageria e medo como forma de dominação. 
Em uma noite de tempestade, o piloto, que ficava no acampamento de Ralph sob a vigia de Simon, foge e se esconde, causando um alvoroço nas crianças, que acreditavam que o mesmo tinha se jogado no mar e morrido. Durante a mesma noite, os abrigos foram destruídos e diversas árvores derrubadas, deixando muito trabalho a ser feito na clareira. 
Em uma expedição pela ilha, um dos caçadores de Jack encontra uma caverna e decide explorar sozinho. Logo quando entra, depara com morcegos e um breu, mas segue avançando. Após poucos passos, ele encontra o piloto delirando de febre, mas graças ao escuro, não consegue o reconhecer e logo supõe tratar-se de um monstro, fugindo para contar ao seu líder a nova descoberta. Jack, cético sobre o assunto, decide explorar por si mesmo a caverna, e leva um acompanhante. Todavia, logo na abertura da gruta, os garotos ouvem os gemidos de dor do adulto e corroboram com a história de que se trata de um monstro. 
Após algumas noites, o grupo de caçadores finalmente consegue abater outro porco, e avisam a todos da ilha que irão realizar uma festa com carne e que todos estão convidados. Durante o jantar, Ralph tenta dialogar com Jack para que voltem a ser somente uma tribo, mas não obtém sucesso. Inicia-se uma brincadeira que os garotos chamam de "pegue o porco”, a qual consiste em um dos jovens fingir que é um leitão enquanto os outros o perseguem com bastões. Enquanto todos estavam na praia, Simon decide ir até a caverna do suposto monstro para checar, levando consigo um dos bastões luminosos provenientes do avião em que vieram. Quando entra na gruta, acha o cadáver do piloto e logo percebe o equívoco cometido pelos caçadores, e corre em direção à fogueira para entregar a notícia. Entretanto, quando Jack vê Simon correndo na direção deles com o bastão luminoso, grita que se trata do monstro e ordena um ataque dos caçadores. No meio do calor da brincadeira "pegue o porco” e da crença de um ataque do monstro ao acampamento, os jovens acabam por matar Simon com suas lanças de madeira e o deixam na praia para que o mar carregue o corpo, só percebendo de quem se tratava após a execução do mesmo. 
Ralph e Piggy, que não participaram da brincadeira, ficam abalados pela perda de seu amigo, e cogitam se reunir com os caçadores, agora que só restavam eles dois no outro acampamento. Durante uma noite, Jack lidera um ataque para tomar os óculos de Piggy, a única forma de criar fogo que eles tinham, e obtém sucesso em sua tentativa. Na manhã seguinte, os dois amigos atacados decidem ir até o forte dos caçadores para dialogar e conseguir a posse dos óculos, mas não obtém sucesso. Um dos caçadores arremessa uma grande pedra na cabeça de Piggy enquanto o mesmo falava, causando a morte do mesmo. Ralph, transtornado pela cena que testemunhou, foge para a floresta.
Jack decide que Ralph é um perigo ao seu acampamento e organiza uma grande caçada. Todos os jovens se armam com lanças e iniciam vários picos de fogo para que o ex-líder não consiga escapar. Ralph foge desesperadamente, tentando se salvar dos caçadores e se manter longe do fogo que consumia toda a ilha, até que chega à praia e avista um militar fardado ao lado de um helicóptero. A fumaça criada pelos diversos incêndios os chamou a atenção e eles foram checar a fonte, achando assim todos os meninos isolados.
2 APRESENTAÇÃO DO FILÓSOFO DESCARTES
Descartes foi um homem-ponto na história. Diferentemente dos filósofos gregos, que procuravam a verdade, ele procurava algo mais. Seu destaque inicial foi com o racionalismo moderno, que buscava o conhecimento seguro da verdade, descartando a ideia do ceticismo, porém utilizando o maior trunfo dele: a dúvida (Descartes, 2011).
 Utilizar a dúvida de forma metódica faz parecer que Descartes busca o ceticismo. Na realidade o filósofo e matemático francês, acreditava que ao duvidar de tudo acabaria chegando à verdade absoluta (indubitável). Foi através desse raciocínio que se convenceu de que a única verdade possível era sua capacidade de duvidar, que seria efetivamente um reflexo de sua capacidade de pensar. Tal fundamento faz surgir sua mais célebre frase: “penso, logo existo” (Descartes, 1979). Frase esta datada do século XVI e que muitos a usam em pleno século XXI, nos momentos em que é necessário a calma e clareza para o raciocínio da dúvida (Descartes, 2018).
 Essa mesma frase faz levantar a questão interessante do dualismo cartesiano, o qual divide o corpo da consciência, ou seja, ambos têm vontade própria (a mente pensa, mas precisa do corpo para existir). Esses princípios complementares logo se compõem como duas naturezas distintas interagindo concomitantemente entre si (Descartes, 2018).
 À luz dessas considerações, é a partir da divisão entre mente e corpo que passamos a destacar a mente como um objeto de estudo investigativo, pois tudo começa na utilização dela.O homem pensa por meio da mente e raciocina para que possa fazer o melhor uso possível dela. Com isso, a mente passa a ser reconhecida como um abalizador da individualidade e sucessivamente da subjetividade, uma vez que a verdade para a sociedade passa a ser um fenômeno interior do homem (cada indivíduo é capaz de produzir conhecimento, e esse conhecimento leva a um suposto racionalismo, que vai estabelecer o que é verdade para aquele indivíduo em específico (Descartes, 2011).
3 RELAÇÕES DO FILME COM A TEORIA DE DESCARTES
 Quando os garotos são expostos à situação extrema do isolamento na ilha, na qual teriam que desenvolver formas de sobrevivência, bem como formas de convivência pacífica, faz-nos refletir acerca do paralelo dessa situação com o pensamento de Descartes. Para este filósofo, as experiências vividas no mundo impulsionam uma reflexão, daí podendo-se tirar aprendizados mais relevantes que nos livros e no meio acadêmico. De início, tal afirmação parece aproximá-lo do Empirismo. No entanto, faz-se importante ter em vista que o Racionalismo de Descartes, com o uso primordial da razão, não exclui a importância das experiências no pensamento Moderno.
 Afirma Descartes, no Discurso do Método, que abandonou inteiramente o estudo das letras, decidindo não procurar outra ciência além daquela que pudesse existir em si próprio, ou no grande livro do mundo (MARCONDES, 2000). Para Descartes, a sabedoria difere-se da erudição, sendo esta voltada completamente para as coisas e aquela, para o pensamento (DESCARTES, 2018). Depreende - se, assim, que de tudo vivido pelos garotos na ilha, pode-se extrair lições valiosas na visão de Descartes. 
 
 O método de sobrevivência, organizado pelos garotos, pode ser comparado ao método científico, desenvolvido por Descartes, no que tange às quatro regras desenvolvidas por tal filósofo. A regra da síntese - que afirma que se deve conduzir por ordem os pensamentos, começando pelos objetos mais simples e fáceis de serem conhecidos, partindo, em seguida, por graus, até o conhecimento mais complexo -, encontra um paralelo na organização das prioridades a serem satisfeitas pelo grupo, no sentido da mais básica, que seria procurar água (sem a qual não sobreviveriam), seguindo para as mais complexas atividades, como fazer uma fogueira para que pudessem ser localizados, montar um acampamento e estabelecer normas de convivência. O método científico tem vários passos e cada passo anterior é mais básico que o seguinte, tal qual no filme.
 Em certo momento do filme, quando há a ruptura e a separação em dois grupos, denota-se a comparação com o dualismo trazido por Descartes, dualismo este que se dá entre a mente (interioridade) e o mundo exterior (bem como o próprio corpo). O chamado solipsismo cartesiano. Para Descartes, há uma cisão entre corpo e mente, pois não se pode afirmar a existência do corpo, bem como de nenhum objeto do mundo externo, dada a incerteza acerca da existência. Descartes eleva o pensamento e a interioridade a um nível superior. No filme, quando observamos a cisão do grupo, fica clara a prevalência da mente no grupo do Ralph, priorizando o Racionalismo, e do corpo, no grupo liderado por Jack. Extrai-se da experiência que de fato um grupo não pode sobreviver sem o outro, da mesma forma que a mente não existe separada do corpo. Há uma relação de interdependência entre eles. Quando se dá a separação do grupo, vários problemas têm início. A convivência harmônica e a sociedade criada por eles começam a ruir. Caso o soldado não aparecesse ao final do filme para resgatá-los, fatalmente Ralph morreria e até mesmo os integrantes do grupo oposto, visto que faltava para eles um equilíbrio, uma racionalidade. Observa-se, assim, que mesmo em um ambiente de bestialidade, o Racionalismo faz-se relevante e sua inobservância acarreta sérios problemas. 
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS:
DESCARTES, René. et al. Meditações metafísicas. São Paulo: Edipro. 2018.
______. Discurso sobre o método. São Paulo: Abril Cultural. 2.ed. Vozes.2011.
JACÓ VILELA, Ana Maria. et al. História da Psicologia: rumos e percursos. 2.ed. Rio de Janeiro: Nau Ed.2008.
MARCONDES, Danilo. Iniciação à História da Filosofia: dos pré-socráticos a Wittgenstein. 5. ed. Rio de Janeiro: Jorge Zahar Editor, 2000