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Peça - Prática Penal - MEMORIAIS

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EXCELENTÍSSIMO(A) SENHOR(A) DOUTOR(A) JUIZ(A) DE DIREITO DA … VARA DO JÚRI DA COMARCA DE … DO ESTADO DE …
Processo n° ...
Alfredinho …, já devidamente qualificado nos autos do processo em epígrafe, por intermédio de seu advogado que esta ao final subscreve, vem respeitosamente a presença de Vossa Excelência, com fulcro no artigo 403, § 3° do Código de Processo Penal, para APRESENTAR
MEMORIAIS
Pelas razões de fato e de direito a seguir expostos:
DOS FATOS
Em uma noite fria e com neblina, Alfredinho estava a andar tranquilamente pela Rua Zuleica Afrouxadinha, quando na altura do n° 2.000 percebeu que se aproximavam, em sentido contrário, dois rapazes que estavam com as vestes todas amassadas e andavam de forma desordenada. Apreensivo com a aproximação, Alfredinho diminuiu o passo, virou-se e correu com o intuito de sair dali.
Entretanto, ao virar-se, sem que tenha percebido, deixou cair a rua carteira, que de imediato foi percebido pelos dois rapazes que ali caminhavam. Momento em que um dos garotos pegou a carteira do chão e correu, junto ao seu colega, na direção de Alfredinho, para devolvê-la.
Porém, ao olhar para trás, Alfredinho percebe que os rapazes correndo em sua direção, estando um deles com a mão na cintura, imaginando Alfredinho que ambos estavam armados, e pela velocidade que se aproximavam, utilizando-se do resolver que portava, com o devido registro e autorização para tanto, disparou um tiro contra cada uma das vítimas, matando-as. Toda ação foi presenciada pela testemunha José, que se encontrava na garagem de casa, bem em frente ao local dos fatos.
Alfredinho foi indiciado e o Promotor de Justiça ofereceu denúncia, sendo recebida pelo juiz, em virtude do cometimento de dois homicídios qualificados por motivo torpe, disposto no artigo 121, parágrafo 2°, inciso I do Código Penal.
Após a citação do réu foi apresentada resposta à acusação, sendo mantido o recebimento da denúncia e designado audiência, momento em que foi ouvida a testemunha José que afirmou que Alfredinho estava andando em direção as duas vítimas, essas que vinham em sentido contrário, quando o acusado virou-se e correu, contudo, após se virar, José observou algo no chão, momento em que uma das vítimas recolheu o objeto caído, colocou na cintura e foi em direção ao réu. A testemunha afirmou que as vítimas encontravam-se visivelmente bêbadas e que uma delas, ao aproximar-se de Alfredinho, disse em voz baixa, talvez por estar rouco, sem voz: ”espera senhor toma aqui isso te pertence”. Expôs ainda a testemunha que um dos rapazes estava com a mão na cintura enquanto corria, e que quando as vítimas estavam próximas ao acusado, esse atirou uma vez em cada um.
Por sua vez, o réu ao ser interrogado afirmou que era uma noite escura e com neblina, informando que as vítimas estavam malvestidas e com aspectos não muito sociáveis, achando melhor ir de encontro a elas, mesmo estando armado. No entanto, alegou ainda que, ao virar-se para mudar o caminho, viu os rapazes aproximando-se, um com a mão na cintura e ambos gesticulando. Assim, com a proximidade das vítimas Alfredinho estava assustado por imaginar que corria o risco de ser assaltado ou mesmo morto, foi então que sacou a sua arma e efetuou um disparo em cada vítima, disparo estes que, infelizmente, foram fatais.
No procedimento foi juntada a folha de antecedentes de Alfredinho, restando comprovada a sua primariedade.
DO DIREITO
DO MÉRITO
Conforme narrado, o acusado foi denunciado pelo crime de homicídio qualificado por motivo torpe, disposto no artigo 121, parágrafo 2°, inciso I do Código Penal.
O acusado alega que na noite do fatos a rua estava com neblina, o que o impossibilitou de ter uma visão nítida dos acontecimentos, sendo aduzido que conforme as vítimas se aproximavam, mais perigo corria, imaginando que estava a ser assaltado ou correr risco de perder sua vida, pois um dos rapazes que vinha em sua direção corria com a mão na cintura, possibilitando uma alusão a estar armado, que causou a ação do réu, que disparou contra as vítimas.
Ou seja, o acusado agiu por erro, em legítima defesa putativa, com a intenção de proteger o seu patrimônio e sua vida, não havendo a vontade de com os disparos tirar a vida dos agentes.
O conceito de legítima defesa putativa, para André Peixoto de Souza, trata-se de um estado psíquico do autor, que resta imediatamente convencido por um conjunto de fatores, informações, observações ou sentimentos que o agressor originário está na iminência de cometer a agressão verdadeira. Ou seja, se e quando o autor se defende dessa agressão, atual ou iminente, mesmo que após os fatos se confirma que não seria agressão, estava o autor, invariavelmente, em estado de legítima defesa aparentemente verdadeiro, putativo.
Restando assim, o réu, enquadrado no artigo 20, parágrafo 1° do Código Penal, por ter agido mediante erro plenamente justificado pelas circunstâncias dos fatos, sendo a neblina que dificultava a visão, a forma em que se encontravam as vítimas e a atitude de correr atrás do acusado com a mão na cintura, aludindo a estar portando uma arma, estando o réu isento da pena. Vejamos:
Art. 20 - O erro sobre elemento constitutivo do tipo legal de crime exclui o dolo, mas permite a punição por crime culposo, se previsto em lei. 
        § 1º - É isento de pena quem, por erro plenamente justificado pelas circunstâncias, supõe situação de fato que, se existisse, tornaria a ação legítima. Não há isenção de pena quando o erro deriva de culpa e o fato é punível como crime culposo.
Desse modo, entende-se que mediante ação de legítima defesa putativa, permite-se a absolvição sumária do acusado, tendo sido demonstrado ser causa de isenção de pena, conforme assim disposto no artigo 415, inciso IV, Código de Processo Penal:
Art. 415. O juiz, fundamentadamente, absolverá desde logo o acusado, quando:
[…]
IV – demonstrada causa de isenção de pena ou de exclusão do crime
DO PEDIDO
Diante do exposto, REQUER a Vossa Excelência seja declarada a improcedência da denúncia, em razão da absolvição sumária do acusado, pelo crime de homicídio qualificado com base no artigo 415, inciso IV do Código de Processo Penal.
Termos em que,
Pede e espera deferimento
(local …, data …)
__________________
Advogada – OAB/UF …

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