Baixe o app para aproveitar ainda mais
Prévia do material em texto
p. 1 Rafael Calvano Clínica Médica I – Introdução à Oncologia Lesões líticas ou blásticas são lesões fortemente sugestivas de neoplasia óssea. As neoplasias mais comuns entre o sexo masculino são: próstata; cólon e reto; traqueia, brônquios e pulmão; estômago; cavidade oral. Já entre as mulheres as mais comuns são: mama; cólon e reto; colo útero; traqueia, brônquios e pulmão; tireoide. Neoplasia é uma proliferação anormal do tecido, que foge parcial ou totalmente ao controle do organismo e tende à autonomia. As neoplasias benignas apresentam crescimento de forma organizada, lento, expansivo e apresentam limites bem definidos. Apesar de não invadirem os tecidos vizinhos, podem comprimir os órgãos adjacentes. Já as neoplasias malignas se caracterizam por um grupo de enfermidades que têm um crescimento excessivo e descontrolado de células que manifestam um maior grau de autonomia e são capazes de invadir e destruir decidos e órgãos, podendo ser resistentes ao tratamento de causar morte. Os tumores malignos originados dos epitélios de revestimento externo ou interno são chamados carcinomas. Se for um epitélio de origem glandular, são os adenocarcinomas, e se for de tecidos conjuntivos são os sarcomas. A carcinogênese é dividida em três estágios: iniciação, promoção e progressão. No estágio de iniciação, basicamente essas células normais sofrem ação de agentes cancerígenos que fazem com que haja a modificação de alguns de seus genes. A partir daí, essas células já estão geneticamente alteradas, mas ainda não é possível a detecção tumoral clinicamente. Já no segundo estágio, o de promoção, essas células sofrem o efeito dos agentes cancerígenos oncopromotores. É nesse momento que essas células são transformadas em células malignas de forma lenta e contínua. É interessante dizer que a suspensão desses oncopromotores pode interromper o processo nesse estágio e não desenvolver o câncer. No último estágio, o de progressão, as células já malignas começam a ter uma multiplicação descontrolada e irreversível e então irá começar a revelar os primeiros sintomas clínicos da doença. É importante citar também que atualmente já se tem conhecimento que certos tipos de vírus têm sim relação com a oncogênese molecular. Esses podem ser os vírus de RNA, sendo dentro deles dois retrovírus – vírus T linfotrópico humano (HTLV-1) e o vírus da imunodeficiência humana (HIV) – e um flavovírus, o vírus da hepatite C (HCV); ou também podem ser vírus de DNA: • Hepadnavírus – vírus da hepatite B (HBV) • Herpes vírus – vírus Epstein-Barr (EBV) associado a malignidades linfoides, como linfoma de Burkitt e o de Hodkin Classico, câncer gástrico e nasofaríngeo. p. 2 Rafael Calvano • Herpes Vírus associado ao sarcoma de Kaposi (KSHV), também conhecido como vírus-8 do herpes humano (HHV-8). • Papilomavírus – É o famoso HPV, que pode estar associado ao câncer de colo uterino e um subconjunto de carcinomas de células escamosas de cabeça e pescoço (orofaringe). Os sorotipos de alto risco mais frequentes são HPV-16 e HPV-18. • Poliomavírus – relacionado ao carcinoma de Merkel (MCP,V) e fala a favor dos carcinomas de pele neuroendócrinos. Por fim, existem ainda os genes individuais que são alvos de mutações oncogênicas, podendo ser classificados da seguinte forma: Genes supressores de tumor: são genes específicos das células, que têm basicamente como função regular a proliferação e diferenciação celular, apoptose e manutenção da integridade genômica. Eles são subdivididos em sentinelas – que são os que lidam diretamente regulando o crescimento celular e inibindo a proliferação de células e promovendo a apoptose – e os zeladores – que são responsáveis pelo reparo do DNA e pela manutenção do genoma. Oncogenes: são formas mutadas dos pronto-oncogenes. Estes por sua vez, são reguladores importantes de muitos aspectos da fisiologia das células, incluindo o crescimento e a diferenciação celular. Algumas das síndromes de câncer hereditário se devem a mutação na linha germinativa dos oncogenes. Exemplos disso são receptores do fator de crescimento trans membranoso (c-erb2/EGFR, HER2/neu). Exames para confirmação diagnóstica: citologia oncótica (esfoliação celular, pode-se fazer uma punção do nódulo, faz uma lâmina e manda para o citopatologista), exame histopatológico (quando se faz uma biópsia e remove um pedaço do tumor para analisar) e imuno-histoquímico (avaliação a nível molecular). Mecanismos de disseminação tumoral: extensão direta ou contiguidade – tecidos adjacentes que pode haver essa disseminação, infiltração, invasão tumoral – disseminação linfática – as células cancerígenas entram pela via linfática e o primeiro local que param é nos linfonodos loco-regionais – e disseminação hematogênica – que é quando essas células vão pela via hematogênica e podem ir para qualquer órgão. p. 3 Rafael Calvano Síndromes Paraneoplásticas são um conjunto de sinais e sintomas que acabam ocorrendo em conjunto com a presença de um tumor, justamente pois esse turmor maligno produz substâncias biologicamente ativas que fazem reação cruzada. O controle dessas síndromes depende exclusivamente do controle do tumor. Vale lembrar que as síndromes paraneoplásticas não são tumorais, e sim causadas por substâncias produzidas por algum tumor maligno. Definição da professora: se caracterizam basicamente por um conjunto de sinais e sintomas que antecedem ou ocorrem concomitantes a presença de um câncer no organismo e que não são relacionadas diretamente com invasão, obstrução ou efeitos metastáticos do tumor. Geralmente são raras, o tumor maligno produz substâncias biologicamente ativas e é fator agravante do prognóstico e seu controle depende do controle do tumor. Hoje em dia já se tem noção que com o tratamento pra essa neoplasia em si, ela cursa com alguns anticorpos que fazem reação cruzada e dão os sintomas. O principal tipo de tumor que cursa com síndrome paraneoplásicas é o câncer pulmonar. Geralmente o linfonodo afetado por células tumorais malignas, ele fica aumentado de tamanho, endurecido, não fica fibroelástico, e não é móvel, fica exatamente fixo. Linfonodomegalia. O ideal nesses casos é fazer exames de imagem, pois para estadiamento os marcadores tumorais não servem. O TNM é um sistema de grau de estadiamento em relação na extensão anatômica da doença. T vem de tumor, e pode variar de T0 até T4, já N vem de linfonodos das cadeias de drenagem linfática do órgão que o tumor se localiza podendo variar de N0 até N3, e por fim M que vem da presença ou não de metástases podendo ir de M0 até M1. Em relação ao estadiamento, é importantíssimo saber sobre o órgão e o tecido de origem do tumor para podermos tratar da forma correta, pois pode ser uma neoplasia que metastizou. O grau de diferenciação também é muito importante, indo de GX – quando o patologista não consegue avaliar o grau de diferenciação – G1 – quando é um tumor bem diferenciado, melhor prognóstico, crescimento lento – G2 – é aquele em cima do muro, alguns com pior prognóstico e outros não – e por fim o G3 – pouco diferenciado, mais agressivo, pior prognóstico. Outro parâmetro é a extensão do tumor primário, pra saber o tamanho ou volume da neoplasia, se há ou não invasão de tecidos adjacentes, comprometimento de nervos, vasos ou até sistema linfático.Além desses, no estadiamento é importante levar em conta os locais de metástase detectados, as dosagens de marcadores tumorais – para que haja um follow up, um acompanhamento da situação – e o estado funcional do paciente. A variabilidade genética de cada paciente pode explicar a resposta individual de cada um em relação ao tratamento. O tumor tem uma capacidade intrínseca de auto renovação ilimitada, proliferação autônoma, resistência a fatores antiproliferativos e até mesmo evasão à morte celular. Um belo exemplo é que um tumor de 5cm, quando recebe uma sessão de quimioterapia, tem seu tamanho reduzido para 3,5cm e então muda seus receptores para que não haja essa situação novamente. Daí a resposta para quando poucas sessões de quimioterapia funcionam para algumas pessoas e para outras diversas sessões nem surtem efeito na neoplasia. Além disso, o tumor tem também uma capacidade extrínseca de modificação do microambiente tecidual, evasão da resposta imune contra os tumores, modulação da resposta inflamatória e de reparo tecidual e cooptação de células desse microambiente nos processos de invasão e metástase. Todo paciente com diagnóstico de neoplasia deve ser encaminhado para o setor oncológico, MESMO que seja um paciente visivelmente terminal sem possibilidade de tratamento. Cabe ao oncologista responsável decidir se o tratamento vai ser efetivo ou não para essa pessoa, e saber se deve-se iniciar com um tratamento paliativo. p. 4 Rafael Calvano Escalas de capacidade funcional. A escala de ECOG é única e exclusiva para neoplasias, mas já a de Karnofsky pode ser utilizada para outras patologias também. Os tipos de tratamento contra o câncer competem as seguintes categorias: cirurgia (depende de cada paciente, se a cirurgia vai realmente funcionar ou não, se necessita realmente de cirurgia naquele momento ou pode passar por outros tratamentos antes), quimioterapia, imunoterapia, radioterapia, hormonioterapia (doenças selecionadas que respondem ao hormônio, não são todos os tipos de câncer, pode-se citar os mais comuns que respondem a esse tratamento como CA de mama e CA de próstata, esse tratamento é o menos invasivo), e por fim os cuidados paliativos. Esses tratamentos podem ser feitos de forma conjunta, não é necessário fazer um e depois o outro. A cirurgia pode ser subdividida em curativa, diagnóstica, citorredutora e higiênica. A cirurgia citorredutora é quando há a remoção da maior quantidade possível daquele tumor para o paciente poder ir para a quimioterapia após isso. Já a cirurgia higiênica é indicada quando o pct tem um tumor volumoso, necrótico, com odores, ect. Já a quimioterapia é um tratamento sistêmico do câncer com uso de medicamentos chamados quimioterápicos, que podem ser administrados de acordo com alguns esquemas terapêuticos específicos para cada caso. Só se faz quimioterapia em tumores malignos, invasivos. Existem algumas classes de quimioterápicos como: Agentes alquilantes; Antimetabólitos; Inibidores da mitose; Imunoterapia; Toda quimioterapia é feita com relação à superfície corporal do paciente, e não em relação ao IMC. O máximo recomendado é de 450mg/superfície corporal. Se passar disso, pode-se até mesmo levar o pct a óbito. Essa quimioterapia pode ser feita de três formas: Quimioterapia Prévia, Neo adjuvante ou Citorredutora -> antes da cirurgia, feita para diminuir o tamanho da neoplasia antes da cirurgia; Quimioterapia Adjuvante ou profilática -> feita depois da cirurgia; p. 5 Rafael Calvano Quimioterapia Paliativa -> indicada para pacientes no estádio IV da doença, tem intenção de paliar os sinais e sintomas que comprometem a capacidade funcional do doente, mas não vai repercutir na sobrevida do paciente. Feita somente para ser paliativa a diminuir os efeitos da neoplasia, diminuir os sintomas, com pacientes com PS (Zubrod 0, 1 ou 2), expectativa de vida acima de 6 meses, neoplasia sensível à Qt e com lesões tumorais não irradiadas. Em se tratar da imunoterapia, é um tratamento biológico desenvolvido justamente pra estimular o sistema imune do próprio paciente para que ele possa atacar as células cancerígenas. Nesse tipo de tratamento, os linfócitos T são os alvos mais importantes a serem estimulados, buscando reativar a resposta imunológica contra o agente agressor por meio do bloqueio de fatores que inibem o sistema imunológico, estimulando a atuação dos linfócitos a reconhecer o tumor como um corpo estranho novamente. Esse tratamento é composto por diferentes medicamentos, aplicados de maneira intravenosa ou subcutânea, e ainda assim é extremamente novo e caro. Pode ser classificada segundo os seguintes tipos: Anticorpos monoclonais: células de defesa humana laboratorialmente modificadas; a parte interessante desses anticorpos é que eles atacam específicas partes do tumor, tendo efeitos colaterais quase nulos; Inibidores da check-points imunes: basicamente freiam o sistema imune para que volte a reconhecer e atacar as células cancerígenas; Vacinas: partes de células tumorais que são modificadas no laboratório para que tenham agressividade diminuída, assim o sistema imune é estimulado; p. 6 Rafael Calvano A terapia alvo molecular é uma terapia que tem como objetivo atacar as moléculas e proteínas, pois são elas que são responsáveis por manter a proliferação celular funcionando normalmente. Pode-se fazer essa terapia de acordo com esquemas terapêuticos, seja com intervalos regulares ou continuamente. Esses medicamentos são compostos de substâncias que foram desenvolvidas para identificar e atacar características específicas das células cancerígenas, bloqueando assim o crescimento e a disseminação do câncer. Seguem as classes: Anticorpos monoclonais, como trastuzumabe, pertuzumade, cetuximabe; Inibidores de angiogênese como bevacizumabe; Inibidores da tirosinaquinase como erlotinibe, gefitinibe, afatinibe, imatinibe, etc; Inibidores da via do hedgehog como vismodegibe; Infelizmente nesse tratamento também podem ocorrer efeitos colaterais que variam de acordo com a via molecular a ser bloqueada, mas são diferentes dos efeitos colaterais com quimioterápicos convencionais. Geralmente esses pacientes que aderem esse tipo de tratamento têm alterações cutâneas exacerbadas, principalmente acne. Também podem ocorrer efeitos colaterais como fadiga, hipertensão arterial, alteração na coagulação e cicatrização (as vezes um paciente desses não pode nem passar por um procedimento cirúrgico por causa das suas baixas taxas de cicatrização), vômitos e náuseas e por fim alopecia. Por fim, a radioterapia é um tipo de tratamento a base de radiação ionizante com ondas eletromagnéticas e energia suficiente para alterar a estrutura de um material, ou seja, altera a estrutura do tumor. Ela pode ser externa que é mais usada por um acelerador linear que consiste na aplicação diária de uma dose de radiação expressa em centigray (cGy) ou em gray (Gy), com tempo determinado e dose total fracionada a partir de uma fonte de irradiação localizada longe do corpo. Já a radioterapia interna pode ser subdividida em dois tipos: braquiterapia – fonte radioativa sólida inserida dentro ou próxima ao tumor – e tratamento com radioisótopos – fonte radioativa líquida, semente radioativa ou fiosradioativos que são inseridos próximo ao tumor. Vale ressaltar que se a dosagem de radiação passar do permitido, pode haver necrose no tecido afetado. A grande diferença para quimioterapia é que a quimio é um tratamento sistêmico, e a radio é um tratamento localizado. Essa radioterapia pode ser curativa, neoadjuvante, adjuvante e até paliativa. Mesmo que seja localizada, a radioterapia tem sim efeitos colaterais e eles dependem do local a ser irradiado, como por exemplo:
Compartilhar