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1 A RESPOSTA INFLAMATÓRIA Nossos corpos têm sistema especial para combater as diferentes infecções e agentes tóxicos. Esse sistema é formado pelos leucócitos (glóbulos brancos) e células teciduais derivadas dos leucócitos. Essas células atuam em conjunto, por dois modos, para impedir a doença: (1) pela verdadeira destruição das bactérias ou dos vírus, por fagocitose; (2) pela formação de anticorpos e linfócitos sensibilizados, capazes de destruir ou inativar o invasor. Neste resumo, tratamos do (1). 1.O que é a inflamação? É uma resposta de defesa não específica do organismo à lesão tecidual. Entre as condições que podem provocar inflamação estão patógenos, abrasões, irritações químicas, distorções ou distúrbios celulares, e temperaturas extremas. Os quatro sinais e sintomas característicos da inflamação são vermelhidão, dor, calor e edema. A inflamação também pode causar uma perda funcional no local da lesão. A inflamação é uma tentativa de eliminar microrganismos, toxinas ou material estranho do local da lesão, evitar sua propagação para outros tecidos, e preparar o local para o reparo tecidual em uma tentativa de restaurar a homeostasia do tecido. 2. Glóbulos brancos • Formados, em parte, na medula óssea (granulócitos, monócitos e alguns linfócitos) e, em outra, no tecido linfático (linfócitos e plasmócitos); • São transportados para áreas de infecção e inflamação graves, promovendo a rápida e potente defesa contra agentes infecciosos; • Seis tipos de glóbulos brancos estão presentes no sangue: neutrófilos, eosinófilos e basófilos polimorfonucleares (aspecto granular – são chamado de granulócitos), monócitos, linfócitos e, ocasionalmente, plasmócitos (aspecto não-granular – são chamados de agranulócitos; • Os granulócitos e os monócitos protegem o corpo contra micro-organismos invasores, principalmente por meio da fagocitose ou por liberação de substâncias antimicrobianas ou inflamatórias que apresentam múltiplos efeitos que ajudam a destruir o organismo agressor; 2 ➢ São sobretudo os neutrófilos e os macrófagos teciduais que atacam e destroem as bactérias, os vírus e outros agentes invasores; ➢ Diapedese intensa; ➢ Quando o tecido fica inflamado, é formada pelo menos uma dúzia de diferentes produtos que causam quimiotaxia na direção da área inflamada. Essas substâncias incluem (1) algumas das toxinas bacterianas e virais; (2) produtos degenerativos dos tecidos inflamados propriamente ditos; (3) vários produtos das reações do “complexo do complemento” ativado nos tecidos inflamados; (4) vários produtos das reações causadas pela coagulação sanguínea na área inflamada, bem como outras substâncias; ➢ Fagocitose: sua ocorrência depende de três fatores seletivos: 1. A maioria das estruturas naturais nos tecidos tem superfícies lisas que resistem à fagocitose. Entretanto, se a superfície é áspera, a probabilidade de fagocitose aumenta. 2. A maioria das substâncias naturais do corpo tem revestimentos proteicos protetores que repelem os fagócitos. De forma inversa, a maioria dos tecidos mortos e das partículas estranhas ao corpo não apresenta esse revestimento protetor, o que os faz sujeitos à fagocitose; 3. O sistema imune do corpo desenvolve anticorpos contra os agentes infecciosos, como as bactérias. Os anticorpos aderem às membranas bacterianas tornando-as especialmente suscetíveis à fagocitose. Para isso, a molécula do anticorpo também se combina com o produto C3 da cascata de complemento, que é a parte adicional do sistema imune. As moléculas C3, por sua vez, se prendem a receptores da membrana do fagócito, iniciando o processo de fagocitose. Esse processo pelo patógeno selecionado para fagocitose e destruição é referido como opsonização. 3 ➢ A combinação total de monócitos, macrófagos móveis e macrófagos teciduais fixos e algumas células endoteliais especializadas na medula óssea, no baço e nos linfonodos é referida como sistema reticuloendotelial. Entretanto, todas ou quase todas essas células são derivadas de células- tronco monocíticas; portanto, o sistema reticuloendotelial é quase sinônimo do sistema monocítico- macrofágico; 3.O processo da inflamação, bem como suas características A inflamação se caracteriza por: (1) vasodilatação dos vasos sanguíneos locais, com o consequente aumento do fluxo sanguíneo local; (2) aumento da permeabilidade dos capilares, permitindo a saída de grande quantidade de líquido para os espaços intersticiais; (3) coagulação do líquido nos espaços intersticiais, devido à quantidade aumentada de fibrinogênio e outras proteínas que saíram dos capilares; (4) migração de grande quantidade de granulócitos e monócitos para os tecidos; (5) dilatação das células teciduais. Alguns dos muitos produtos teciduais causadores dessas reações incluem a histamina, a bradicinina, a serotonina, as prostaglandinas, diversos produtos da reação do sistema de complemento, produtos da reação do sistema da coagulação sanguínea e várias substâncias designadas como linfocinas, liberadas pelas células T sensibilizadas. 4.Respostas dos macrófagos e neutrófilos durante a inflamação • Os macrófagos já estão presentes nos tecidos, sejam eles histiócitos nos tecidos subcutâneos, macrófagos alveolares nos pulmões, micróglia no cérebro, ou outros, iniciando imediatamente suas ações fagocíticas; • Rápido aumento de tamanho; SAIBA MAIS... Os neutrófilos e macrófagos contêm agentes bactericidas que destroem a maioria das bactérias, mesmo quando as enzimas lisossômicas não conseguem digeri-las. Essa característica é especialmente importante, porque algumas bactérias têm revestimentos protetores ou outros fatores que impedem sua destruição pelas enzimas digestivas. Grande parte desse efeito mortal resulta de diversos agentes oxidantes potentes formados por enzimas nas membranas do fagossomo ou por organela especial chamada peroxissomo. Esses agentes oxidantes incluem grande quantidade de superóxido (O2 −), peróxido de hidrogênio (H2O2) e íons hidroxila (OH−), que são letais para a maioria das bactérias, mesmo em pequena quantidade. 4 • Muitos dos macrófagos previamente sésseis se soltam de suas ligações e passam a ser móveis, formando a primeira linha de defesa contra as infecções durante a primeira hora; • Passada uma hora, ocorre uma invasão de neutrófilos, causada por citocinas inflamatórias (p. ex., fator de necrose tumoral e interleucina 1) e outros produtos bioquímicos produzidos pelos tecidos inflamados que iniciam as reações a seguir: 1. Aumento da expressão de moléculas de aderência, tais como seletinas e molécula de aderência intracelular 1 (ICAM-1), na superfície de células endoteliais em capilares e vênulas. Essas moléculas de aderência, reagindo com moléculas integrinas complementares nos neutrófilos, levam o neutrófilo a grudar nas paredes dos capilares e vênulas da área inflamada; 2. Frouxidão das estruturas intercelulares, favorecendo a diapedese; 3. Quimiotaxia; • Ocorre neutrofilia, decorrente dessas substâncias químicas lançadas na corrente sanguínea (4 a 5 vezes — do normal de 4.000 a 5.000 para 15.000 a 25.000 neutrófilos por microlitro); • A Segunda Invasão de Macrófagos no Tecido Inflamado É uma Terceira Linha de Defesa. Um processo requer pelo menos 8 horas para que os monócitos amadureçam para macrófagos; • O Aumento da Produção de Granulócitos e de Monócitos pela Medula Óssea é uma Quarta Linha de Defesa, levando entre 3 e 4 dias para que os granulócitos e monócitos recém- formados atinjam o estágio de deixar a medula óssea; FORMAÇÃO DO PUS: Quando os neutrófilos e macrófagos engolfam grande número de bactérias e de tecido necrótico, em essência, todos os neutrófilos e muitos, se não a 5 maioria, dos macrófagos eventualmentemorrem. Após vários dias, com frequência, uma cavidade é escavada nos tecidos inflamados. Essa cavidade contém porções variáveis de tecido necrótico, neutrófilos mortos, macrófagos mortos e líquido tecidual. Essa mistura é comumente denominada pus. ...E como se dá a regulação? Se o pus não for capaz de drenar para fora de uma região inflamada, resulta em um abscesso – acúmulo substancial de pus em um espaço conͅfinado. Exemplos comuns são as espinhas e os furúnculos. Quando tecidos superͅciais inflamados esfacelam a superfície de um órgão ou tecido, isso resulta em uma ferida aberta chamada de úlcera. As pessoas com má circulação – por exemplo, diabéticos com aterosclerose avançada – são suscetíveis de ter úlceras nos tecidos de suas pernas. Estas úlceras, que são chamadas de úlceras de estase, se desenvolvem por causa do déͅficit no suprimento de oxigênio e nutrientes aos tecidos, que então se tornam muito suscetíveis a uma lesão ou infecção muito leve.
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