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Teoria Geral do Processo – Aula 1 AULA 2: FONTES DO DIREITO PROCESSUAL BRASILEIRO. COMPARAÇÃO VERTICAL E HORIZONTAL NO DIREITO PROCESSUAL. HISTÓRIA E EVOLUÇÃO DO PROCESSO: JUÍZES, PEGISLADORES E PROFESSORES Ideia-chave: Processo é cultura e cultura é poder, ideologia e sociedade. NORMA JURÍDICA PROCESSUAL A norma jurídica processual é aquela de cuja incidência resulta um fato jurídico processual; seu consequente normativo se direciona a estruturar um procedimento, atual ou futuro, ou algum de seus atos ou, ainda, a criar, alterar ou extinguir situações jurídicas processuais (Fredie Didier jr.) De acordo com o artigo 22, inciso I da Constituição Federal de 1988, compete privativamente à União legislar sobre o Direito Processual. Isso revolucionou o Direito Processual brasileiro, uma vez que, no passado, cada Estado poderia criar suas próprias normas processuais. FONTES DO DIREITO PROCESSUAL CONCEITO Por conta da aplicação dinâmica do Direito Processual aos casos concretos, existem diversas lacunas deixadas por ausência de previsão expressa de situações práticas no Código de Processo Civil. Por isso existem várias fontes de direito processual; para que seja possível suprir essas lacunas e aplicar o Direito Processual de forma adequada. São elas: Constituição Federal: Estabelecerá as principais disposições a respeito de princípios e regras gerais que deverão ser seguidos nas relações processuais. Fornece regramentos para reger o direito probatório, a previsão dos princípios processuais, tutelas alternativas de direitos As fontes do Direito são os meios de produção ou expressão da norma. Dessa forma, as fontes do Direito Processual Civil informam as bases pelas quais as normas de Processo Civil são formuladas e auxiliam não apenas nas interpretações das normas formais, mas também nas hipóteses de lacunas da lei. Teoria Geral do Processo – Aula 1 fundamentais, assistência jurídica, entre outros. Tratados internacionais: São incorporados ao direito interno após sua aprovação por decreto legislativo no Congresso Nacional e promulgação por decreto do Poder Executivo, tendo força de Lei Ordinária. Vários deles dispõem sobre Direito Processual, por exemplo, em matérias de garantias fundamentais e suas respectivas tutelas, procedimento em relação a sentenças estrangeiras e cartas rogatórias. Lei Complementar: A Constituição Federal prevê os casos que deverão ser regulamentados por Lei Complementar, sendo três os referentes à matéria processual: o Estatuto da Magistratura, organização e competência da Justiça Eleitoral e as normas sobre o direito processual do Código Tributário Nacional. Lei Ordinária: É a grande fonte formal do Direito Processual. O próprio Código de Processo Civil se encaixa nessa espécie legislativa. Leis de organização judiciária, resoluções e regimentos internos dos tribunais: Nessa espécie de fonte de direito processual, o objeto principal é a competência. A competência, conforme será estudado, refere-se ao conjunto de regras que organiza a distribuição dos processos entre os diversos órgãos jurisdicionais. Convenções Processuais: As partes podem convencionar previamente acerca do método de resolução de um conflito que possa vir a surgir no decorrer de determinada relação estabelecida entre elas. As convenções processuais caracterizam instrumento de gestão do processo e disposição de direito processual ou procedimental, antes ou após o surgimento do litígio. Equidade Precedentes: O precedente é uma decisão judicial tomada que poderá servir como diretriz para o julgamento de casos concretos posteriores. RELAÇÃO ENTRE DIREITO MATERIAL E DIREITO PROCESSUAL Teoria Geral do Processo – Aula 1 DIREITO MATERIAL: São os bens jurídicos que são tutelados por uma pessoa. DIREITO PROCESSUAL: Um conjunto de normas e princípios que regulamentam a melhor forma para a aplicação do direito material. Todo processo traz a afirmação de ao menos uma situação jurídica carecedora de tutela jurisdicional. Essa situação jurídica afirmada pode ser chamada de direito material processualizado ou simplesmente de direito material. Nesse sentido, o processo deve ser compreendido, estudado e estruturado tendo em vista a situação jurídica material para a qual serve de instrumento de tutela. É uma abordagem instrumentalista do processo, cuja principal virtude é estabelecer a ponte entre o direito processual e o direito material, em uma relação circular. A NORMA PROCESSUAL NO TEMPO Esse artigo ressalta que a aplicação imediata da norma processual nos processos em curso, mas deve respeitar os atos processuais praticados e as situações jurídicas consolidadas sob a vigência da norma revogada. Cada ato jurídico do processo é um ato protegido pelo ordenamento jurídico. Lei nova não pode atingir o ato jurídico perfeito. Isso se encaixa no princípio tempus regit actum. A NORMA PROCESSUAL NO ESPAÇO O princípio da territorialidade define que a lei processual brasileira apenas se aplica nos processos realizados no espaço O processo serve ao direito material, mas para que lhe sirva é necessário que seja servido por ele. Essa premissa é a principal formulada pela Teoria Circula dos Planos. Ao processo cabe a realização dos projetos do direito material, em uma relação de complementaridade que se assemelha àquelas que se estabelece entre o engenheiro e o arquiteto. Art. 14, CPC: A norma processual não retroagirá e será aplicável imediatamente aos processos em curso, respeitados os atos processuais praticados e as situações jurídicas consolidadas sob a vigência da norma revogada. Teoria Geral do Processo – Aula 1 territorial do Brasil, conforme o artigo abaixo: O princípio também estabelece que a Jurisdição e o Poder Soberano do Estado não podem ser regulados por lei estrangeira, o que exclui a possibilidade de aplicação das normas processuais estrangeiras diretamente pelo juiz nacional. Observe esse outro dispositivo do CPC/2015: PROCESSO E CULTURA O Processo como Fenômeno Cultural Se no processo se faz sentir à vontade o pensamento do grupo, expressos em hábitos e normas de comportamento, então não se pode recusar a esta atividade variada e multiforme o caráter de fato cultura. No processo se reflete toda uma cultura, considerada como o conjunto de vivências de ordem espiritual e material, que singularizam determinada época de uma sociedade. Costumes religiosos, princípios éticos, hábitos sociais e políticos, grau de evolução científica, expressão do indivíduo na comunidade, tudo isto, enfim, que define a cultura e a civilização de um povo, há de retratar-se no processo, em formas, ritos e juízos correspondentes. O CPC/2015 é considerado uma virada cultural. Há a intenção de modificar um sistema caótico que privilegia a litigância frívola e a litigância processual pelo processo para um sistema que busque ser mais organizado, mais ordenado e que estimule a autocomposição e o sistema de precedentes normativos formalmente vinculantes. ART 1O, CPC: O processo civil será ordenado, disciplinado e interpretado conforme os valores e as normas fundamentais estabelecidos na Constituição da República Federativa do Brasil, observando-se as disposições deste Código. ART 1.211, CPC: Este Código regerá o processo civil em todo o território brasileiro. Ao entrar em vigor, suas disposições aplicar-se-ão desde logo aos processos pendentes. Teoria Geral do Processo – Aula 1 CONSTITUCIONALIZAÇÃO DO PROCESSO CIVIL O direito constitucional regula a formação das normas e é dele que todas as normas adquirem a sua juridicidade. Também regula as posiçõesdas pessoas individuais e as posições coletivas decorrentes das relações dos grupos sociais e dos Poderes Públicos com indivíduos e sociedade. Com o processo de constitucionalização, a Constituição passou a ser entendida como um direito superior, vinculativo inclusive para o legislador. O CÓDIGO DE PROCESSO CIVIL DO ESPÍRITO SANTO Durante um pequeno período de tempo permitiu-se aos Estados legislar sobre matéria processual, fato que propiciou a edificação de algumas legislações processuais codificadas de cunho estadual. O CPC do Espírito Santo é marcado por situação peculiar, pois a pesquisa sobre o assunto revela a existência de pelo menos três corpos legislativos distintos. O CÓDIGO DE PROCESSO CIVIL DE 1939 Após a Constituição de 1934 reservou-se apenas ao legislador federal a competência para legislar sobre direito processual, postura ratificada pela Constituição seguinte. Por isso, por meio de decreto, foi instituído o primeiro CPC no Brasil, uniformizando a legislação processual. O CÓDIGO DE PROCESSO CIVIL DE 1973 Durante a primeira metade do Regime Militar foi promulgado um novo Código de Processo Civil, substituindo a codificação anterior. Em sua redação original, o Código está arraigado dos princípios do liberalismo, preso a uma concepção pouco social, não mostrando preocupação de calibre com o acesso à justiça e, com raras exceções, opta por uma trilha em que o formalismo é colocado como farol de iluminação. Assim, ainda que com méritos técnicos e de qualidade superior ao texto anterior, o Código de 73 não foi capaz de oferecer à sociedade em plenitude os instrumentos de Teoria Geral do Processo – Aula 1 acesso à justiça. Em verdade, a ausência de preocupação social percebida na codificação impediu que o avanço da doutrina e da jurisprudência ocorresse naquele momento de forma mais rápida em relação às práticas ligadas ao que se denomina “as novas tendências no processo civil”. O CÓDIGO DE PROCESSO CIVIL DE 2015 A principal crítica que traduz o CPC/1973 é a falta de celeridade e por baixa eficiência, seja por questões burocráticas, seja por excesso de recursos. Por isso, na tentativa de desafogar o judiciário, ocorreram alterações processuais durante a formação do Novo CPC. Algumas inovações foram inseridas: 1. Audiências de conciliação e mediação passam a ter um destaque maior, no sentido de tentar resolver conflitos mais rápidos, por meio da criação de um corpo de conciliadores e mediadores sem a necessidade do juiz. 2. Processos passam a correr por ordem cronológica, na medida em que forem chegando à vara ou tribunal; 3. Reduz a possibilidade de recursos; 4. Juízes e tribunais deverão seguir decisões já pacificadas pelo plenário do STF em matéria constitucional e da Corte Especial e seções do STJ, todavia, caso ainda não houver decisão dos Tribunais Superiores, a primeira instância necessariamente deverá acompanhar as decisões já pacificadas pelos Tribunais de segunda instância. Teoria Geral do Processo – Aula 1 REFERÊNCIAS Processo e Ideologia – Ovídio Araújo Baptista da Silva Breve história do direito processual civil brasileiro: das Ordenações até a derrocada do CPC de 1973 – Rodrigo Mazzei O Estado da Questão: o Histórico Constitucional do Processo Civil Basileiro e a Conformação do Processo Civil Atual – Mauro Cappelleti Apontamento sobre a ciência processual civil – Miguel Teixeira de Sousa Curso de Direito Processual Civil – Fredie Didier Jr.
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