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Abdome Agudo - Cirurgia I

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p. 1 Rafael Calvano 
CIRURGIA I – ABDOME AGUDO 
O conceito de abdome agudo é caracterizado por 
uma dor e sensibilidade abdominal que levam o 
paciente a procurar assistência médica, sendo que 
pode ser cirúrgico ou não. 
A dor pode ser caracterizada de duas formas: 
➢ Dor Somática: uma dor aguda, bem localizada e 
bem definida. Ocasionada por acometimento de 
receptores que se encontram na pele ou 
peritônio parietal. 
➢ Dor Visceral: dor nada localizada, difusa, mal 
definida e constante. É longe do estímulo, 
referida e distante. Esse tipo de dor é percebida 
pelo nervo espinhal daquele órgão, e não por 
receptores específicos, e então por isso que ela 
não é localizada. 
Um ótimo exemplo de explicação dos dois tipos de 
dor é a apendicite. Ela começa com uma dor difusa, 
visceral, e vai descendo e sendo melhor localizada 
com a evolução da doença, passando a ser uma dor 
somática por acometimento dos receptores da pele. 
É importante citarmos que o abdome agudo pode ser 
cirúrgico ou não, mas muitas vezes é! 
Causas cirúrgicas: 
✓ Inflamatórias/infecciosas; apendicite; 
✓ Obstrutivas; intussuscepção intestinal; 
✓ Perfurativas; úlcera duodenal; 
✓ Vasculares; infarto mesentérico; 
Causas não cirúrgicas: 
✓ Gastroenterites; 
✓ Intoxicação; 
✓ Metabólicas; 
✓ Cardíacas; 
✓ Pulmonares; 
✓ Hematológicas; 
✓ Infecções Urinárias; 
✓ Doença Inflamatória Pélvica (D.I.P.); 
✓ Outros 
✓ Obs: a diabetes pode ocasionar uma dor 
abdominal e não ser uma causa cirúrgica! 
✓ Devemos ter atenção que algumas doenças que 
acometem pacientes do sexo feminino podem 
acabar sendo confundidas com apendicite, como 
por exemplo uma salpingite. 
O diagnóstico da causa de abdome agudo é feito 
principalmente pela anamnese e história 
clínica/evolução da doença desse paciente. Devemos 
ter atenção à localização e intensidade da dor, se foi 
uma dor súbita, progressiva ou mal localizada, se 
essa dor irradia para algum lugar, e é claro 
perguntar sobre os fatores de melhora ou piora, 
como comidas, posições, atividades, etc. Isso 
demonstra bastante coisa para nós, pois por 
exemplo a úlcera gástrica melhora com a 
alimentação enquanto a úlcera duodenal piora com 
a alimentação. Com uma simples pergunta já 
descartamos um diagnóstico diferencial, sempre 
lembrar que estamos montando um quebra-cabeças 
para conseguir descobrir o que esse paciente tem, 
principalmente em um abdome agudo que pode ser 
milhares de coisas. 
Professor contou a história de um antigo médico que 
dizia que: “cada órgão grita do seu modo, sendo 
que o músculo dói em aperto, a pleura em pontada 
e órgãos ocos em cólica”. 
Também citou uma dica muito importante: não é via 
de regra e não é sempre, mas se o paciente sente 
dor antes de vomitar isso geralmente é um 
diagnóstico para clínica, e se esse paciente vomita 
antes de sentir a dor, geralmente é cirúrgico. 
Além da anamnese, uma grande ferramenta que nós 
temos é o exame físico, sendo ele iniciado pela 
ectoscopia onde nós iremos buscar a olho nu alguma 
cicatriz, abaulamento ou circulação típica de alguma 
patologia específica. Depois da ectoscopia vamos 
direto para a ausculta para saber se o movimento 
intestinal está normal ou alterado, sendo que essa 
alteração pode tanto ter uma peristalse aumentada 
quanto uma peristalse diminuída ou ausente. Logo 
após iniciamos a palpação abdominal, de modo a 
focar o local da dor e começar pelo lado contrário a 
ela. É importante realizar esse procedimento 
enquanto conversa com o paciente, para distraí-lo e 
não prestar muita atenção até chegar ao ponto 
doloroso. A percussão é uma ferramenta muito útil 
para a hepatimetria, procedimento no qual medimos 
 p. 2 Rafael Calvano 
o tamanho do fígado do paciente. O normal é que 
esse fígado tenha em média um tamanho de 5 
espaços intercostais, e seu som seja maciço. Caso 
haja timpanismo na loja hepática, isso é um sinal de 
perfuração pelo estômago ou duodeno. Por fim, o 
exame físico se encerra com o toque retal e toque 
vaginal. 
Em relação aos exames laboratoriais para a 
realização do diagnóstico, podemos solicitar: 
➢ Amilase, lipase e hemograma para rastrear uma 
pancreatite; 
➢ Hemograma para rastrear uma apendicite; 
➢ Hemograma, bilirrubinas totais e frações, 
gamaglutamiltransferase (Gama-GT) para uma 
colecistite; 
Já entre os exames de imagem, podemos solicitar 
principalmente: 
➢ TC de abdome e pelve para pancreatite; 
➢ TC de abdome e pelve para apendicite; 
➢ USG de abdome superior para colecistite; 
➢ Na TC devemos ter noção que qualquer processo 
inflamatório causa borramento da gordura 
adjunta do local inflamado. Sempre ter noção 
disso ao avaliar tamanho dos órgãos. 
➢ Já no USG é possível encontrar um achado 
chamado sombra acústica quando há presença 
de algum cálculo. Isso ocorre pois as ondas 
sonoras incidem sobre o órgão e o cálculo 
bloqueia a passagem das mesmas, ocasionando 
uma área sem demonstração abaixo dele. 
Causas intra-abdominais de abdome agudo: 
✓ Obstrutivo: podendo ser uma causa mecânica ou 
metabólica (hipopotassemia causa o íleo 
paralítico; é um tipo de pseudobstrução). É 
recomendado solicitar hemograma, bioquímica e 
eletrólitos. Nesses casos metabólicos não há 
obstáculo físico ao trânsito. Já na obstrução 
mecânica é algo físico que impede o trânsito, 
rotina de abdome agudo é solicitar a TC de 
abdome e pelve. Na radiografia quando vemos 
austrações estamos visualizando o cólon, e 
quando vemos pregas mucosas nos remetendo a 
moedas empilhadas estamos visualizando o 
intestino delgado. 
✓ Perfurativo/Peritonite: úlcera péptica perfurada, 
apendicite perfurada e diverticulite perfurada, 
devendo-se solicitar para todas essas 
hemograma, VHS, PCR, bioquímica e eletrólitos, 
além de exame de imagem por TC de abdome e 
pelve. 
✓ Vascular: principalmente isquemia mesentérica, 
se houver ar na parede intestinal isso reflete 
uma pneumatose intestinal, que traduz uma 
isquemia. Devemos solicitar TC de abdome e de 
pelve. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 p. 3 Rafael Calvano

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