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AULA 5 Processo civil

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O sistema de despesas processuais é estabelecido de duas formas: 
o Código de Processo Civil estabelece as regras sobre o adiantamento das custas e a responsabilidade final pelo custeio do processo; e 
o regimento de custas fixa o valor dos serviços a serem prestados pela jurisdição.
Existem, ao lado dos honorários contratuais, os honorários de sucumbência. Estes não são convencionados entre o causídico e a parte, mas sim decorrem do pagamento feito pelo sucumbente ao advogado da outra parte. A finalidade é retornar ao status quo ante: se a parte deu causa ao processo e forçou a contratação de advogado por quem sofreu a lesão, este custo deve ser ressarcido.
Importante ressaltar que, ao contrário da responsabilidade pelo dano, a responsabilidade pela despesa é objetiva, sendo responsável pelo pagamento a parte sucumbente.
O art. 85 dispõe que aquele que perdeu a demanda será condenado a pagar àquele que venceu as despesas antecipadas de todo o processo349, bem como dos incidentes e também os honorários advocatícios (mesmo quando advogar em causa própria).
Ao contrário dos honorários para o particular em que os valores são estanques, mediando entre 10 e 20%, contra a Fazenda Pública há um escalonamento inverso: quanto mais alto o valor da condenação ou do proveito econômico, menor será a fixação de honorários.
Conforme dispõe o § 4º do referido artigo, em qualquer das hipóteses do § 3º:
I – os percentuais previstos nos incisos I a V devem ser aplicados desde logo, quando for líquida a sentença;
II – não sendo líquida a sentença, a definição do percentual, nos termos previstos nos incisos I a V, somente ocorrerá quando liquidado o julgado;
III – não havendo condenação principal ou não sendo possível mensurar o proveito econômico obtido, a condenação em honorários dar-se-á sobre o valor atualizado da causa;
IV – será considerado o salário mínimo vigente quando prolatada sentença líquida ou o que estiver em vigor na data da decisão de liquidação.
iv) causas de valor inestimável ou irrisório – Causas de valor inestimável são aquelas que não se conseguem aferir de forma imediata o valor econômico pretendido. É o que ocorre com algumas causas que versem sobre direito ambiental ou ações de estado. Nesse caso a apreciação do magistrado será equitativa, mas sempre observando os requisitos estabelecidos no item sobre base de cálculo. Essa regra não se aplica mais à Fazenda Pública, conforme dissemos. As causas de valor irrisório também têm apreciação equitativa, pois, do contrário, poderia gerar, fundada na base de cálculo, valor de honorários insignificante, desqualificando a atividade do advogado do feito.
b) formulação. O pedido de gratuidade pode ser formulado na petição inicial, na contestação, no recurso e na petição para ingresso de terceiro no processo. Caso seja feita após a intervenção da parte no processo, poderá ser deduzida por petição simples, nos mesmos autos e sem suspensão do feito.
Existe uma presunção relativa de hipossuficiência que admite prova em contrário (art. 99, § 2º). Isso porque o referido artigo estabelece que o juiz somente poderá indeferir o pedido se já nos autos houver elementos que demonstrem que a parte não preenche os requisitos necessários para a gratuidade. Assim, “o juiz somente poderá indeferir o pedido se houver nos autos elementos que evidenciem a falta dos pressupostos legais para a concessão de gratuidade, devendo, antes de indeferir o pedido, determinar à parte a comprovação do preenchimento dos referidos pressupostos”. Nesse sentido, o STJ também vem se posicionando: “o magistrado somente poderá rejeitá-lo com base em elementos contidos nos autos contrários à pretensão”
(REsp 1787491). Essa presunção se aplica à pessoa natural, não à pessoa jurídica.
CONVENÇÃO DAS PARTES
Assim como o CPC regulamenta o negócio jurídico processual atípico (art. 190), regulamenta, igualmente, em artigos esparsos, o negócio jurídico típico. A convenção entre as partes é um deles.
É possível que as partes convencionem a suspensão do processo, desde que não exceda o prazo de seis meses (CPC/2015, art. 313, § 4º). Não é necessário fundamentar o motivo da suspensão, já que a recusa, como dito, foge do espectro de atuação do juiz.
Nos casos do inciso V do art. 313 do CPC, a suspensão será de no máximo um ano (art. 313, § 4º).
a) Questão prejudicial ou questão preliminar externa. É possível a reunião do feito de duas causas que não possuem, entre si, relação de conexão (art. 55, § 3º, CPC).
É possível a não reunião de causas conexas especialmente por fatores de competência.
Dessa forma, são os casos em que pode ocorrer conexão ou continência entre duas causas que, por algum motivo (pressuposto negativo), não podem ser reunidas. Assim, para evitar decisões conflitantes, sobrestar-se-á um dos feitos para evitar decisões conflitantes.
b) Dependência de fato ou prova de outro juízo
Igualmente haverá suspensão do processo se a sentença de mérito “tiver que ser proferida somente após a verificação de determinado fato ou a produção de certa prova, requisitada a outro juízo” (CPC/2015, art. 313, V,
b). Assim, se a produção da prova ou a ocorrência de determinado fato forem fatores determinantes para o deslinde de dado processo, haverá o sobrestamento.
É o que ocorre, por exemplo, com a questão prevista no art. 377 do CPC, que assim dispõe: “A carta precatória, a carta rogatória e o auxílio direto suspenderão o julgamento da causa no caso previsto no art. 313, inciso V, alínea b, quando, tendo sido requeridos antes da decisão de saneamento, a prova neles solicitada for imprescindível”. O prazo de suspensão nessa hipótese igualmente é de no máximo um ano (art. 313, § 4º, CPC).
EM DECORRÊNCIA DE RECENTE MATERNIDADE OU PATERNIDADE
A Lei n. 13.363/2016 estabelece duas hipóteses de sobrestamento do feito:
quando a advogada responsável pelo processo for a única patrona e foi concedida adoção de criança ou pelo parto. Nesse caso o período de suspensão será de 30 dias contados do parto ou da concessão da adoção;
b) quando o advogado responsável pelo processo for o único patrono e tornar-se pai.
O prazo de suspensão nesse caso é de 8 dias, contados do parto ou do termo judicial que concedeu a adoção. Nesse sentido, (STJ, Resp 1.799.166).
Nos dois casos a prova será feita “mediante apresentação de certidão de nascimento ou documento similar que comprove a realização do parto, ou de termo judicial que tenha concedido a adoção, desde que haja notificação ao cliente” (art. 313, §§ 6º e 7º, CPC).
ABANDONO DA CAUSA PELAS PARTES (INCISO II)
Apesar de os incisos II e III possuírem diversas semelhanças, optou-se em tratar em módulos distintos, na medida em que as consequências são diversas, decorrentes das peculiaridades de cada um.
O processo começa por iniciativa das partes, mas se desenvolve por impulso oficial (art. 2º, CPC). Esta é, contudo, uma visão parcial do processo. E isso porque, a despeito de haver condução oficiosa do processo, as partes podem e devem participar integrando os atos (atos que formam a relação jurídica com posições ativas e passivas). O direito de ação não se resume com a propositura da demanda. O agir é necessário durante todo o processo.
Desta forma estabelece o inciso II do referido artigo que haverá extinção do processo sem resolução de mérito “quando ficar parado durante mais de 1 (um) ano por negligência das partes”.
ABANDONO DA CAUSA PELO AUTOR (INCISO III)
Muitas das regras explicitadas no inciso II se aplicam ao abandono da causa pelo autor. Preconiza o inciso III que se resolve o processo sem mérito “por não promover os atos e as diligências que lhe incumbir, o autor abandonar a causa por mais de 30 (trinta) dias”.
Aqui, ao contrário do abandono pelas partes, há de se perquirir o elemento subjetivo para se aferir que a parte deixou de praticar ato processual que lhe competia. Possui importância no processo a perfeita caracterização da inércia,máxime para se verificar a ocorrência de perempção.
A intimação se dará da mesma forma que o inciso anterior. Contudo, entende o STJ que o advogado será diretamente intimado para emenda da petição inicial (REsp 1.286.262).
c) a legitimidade e o interesse continuariam dentro das condições da ação.
A despeito de academicamente entender que a distinção das questões se dá por um binômio (admissibilidade e mérito), nenhuma complicação prática traria em manter-se categorizado como condições. Aliás, até melhor que assim se mantenha, dado o fato de já estar arraigado na nossa cultura esse instituto. A legitimidade e o interesse, independentemente da categorização que a doutrina e a jurisprudência lhes empreste, continuarão exercendo a sua função de “filtro” e, a nosso ver, estranhos ao mérito e aos pressupostos processuais. Ademais, como enquadrar as condições da ação nos pressupostos processuais à luz da teoria da asserção? Por essa teoria, as condições da ação “passam” a ser tratadas como mérito a depender do momento em que são verificadas, o que não acontece com os pressupostos. Portanto, não se pode enquadrar na mesma categoria institutos que possuem regimes diferentes.
CONVENÇÃO DE ARBITRAGEM (INCISO VII)
A convenção de arbitragem é gênero em que figuram como espécies o compromisso arbitral e a cláusula compromissória. Compromisso arbitral é o acordo realizado entre as partes para que específico conflito seja resolvido no judiciário. Constitui um contrato, com a concreta indicação do caso a ser decidido pela arbitragem em detrimento da jurisdição.
Já a cláusula compromissória é o acordo entre as partes para que os eventuais e futuros conflitos decorrentes daquela relação jurídica sejam submetidos à arbitragem. Aqui, fica condicionada a existência da
controvérsia, lá a existência é concreta.
Tanto uma quanto a outra dependem de provocação do réu, conforme art. 337, § 5º, do CPC.
h) quando se tratar de desistência da ação em primeiro grau de jurisdição antes de prolatada a sentença é possível sem anuência do réu (mesmo que já tenha oferecido contestação) se a questão nele discutida for idêntica à que foi julgada no recurso especial ou extraordinário repetitivo representativo da controvérsia (art. 1.040, §§ 1º e 3º, CPC).
AÇÃO INTRANSMISSÍVEL (INCISO IX)
Estabelecia o art. 267, IX, do CPC/73: “quando a ação for considerada intransmissível por disposição legal”. A redação do dispositivo é equívoca, não compreendendo todo o fenômeno. Equívoca porque não é a ação que é intransmissível, mas o direto material posto em juízo.
Não é a pura intransmissibilidade que gera a extinção do processo, mas sim a conjugação de dois fatos relevantes para o direito: a intransmissibilidade e a morte do autor.
DEMAIS CASOS EM LEI
O rol do art. 485 não é exaustivo. Não compreende todas as situações possíveis de extinção do processo sem resolução do mérito. No próprio CPC/2015, podem-se colher outros exemplos:
a) no art. 76, I – falta (defeito) de representação das partes ou incapacidade processual;
b) art. 115, parágrafo único – falta de citação de um dos litisconsortes necessários;
c) art. 313, § 3º – com a morte do procurador, a parte deve constituir outro sob pena de extinção.
A despeito de essas situações poderem ser enquadradas genericamente no art. 485, IV (ausência de pressupostos processuais). Constitui, em verdade, mera discussão acadêmica.

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