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Educação a Distância e Estratégias de Mediação Aula 1 Unidade 1 Educação a Distância e Estratégias de Mediação Aula 1 Sumário Aula 01 Educação a Distância e Estratégias de Mediação 1. Características Da Ead 4 1.2. As Gerações e a História da EAD no País 7 1.3. Uma Refl exão Atual Sobre a Ead 22 Alexandra Nota Marked definida por Alexandra Alexandra Nota Marked definida por Alexandra Alexandra Nota Marked definida por Alexandra Alexandra Nota Marked definida por Alexandra Alexandra Nota Marked definida por Alexandra 1. Características Da Ead Ao optar pela realização deste curso na moda- lidade a distância, certamente você já buscou infor- mações acerca dos métodos, uso, processos e resul- tados de um curso a distância. Mas, o que é a EAD? • Belloni (1999) diz que a EaD aparece na so- ciedade contemporânea com uma modalidade de Educação adequada e desejável para atender às de- mandas educacionais oriundas da nova ordem eco- nômica mundial. • Lobo Neto (2001) defende que a EaD deve ser entendida no contexto mais amplo da Educação e constituir-se em um objeto de reflexão crítica, capaz de fundamentá-la. • Pretto (2003) acredita que o desafio da EaD é o mesmo desafio da Educação como um todo e sua discussão precisa estar inserida nas discussões teóri- cas da Educação, bem como das políticas públicas. • Alonso (2005) afirma que a EaD não é algo isolado da Educação em geral, pois liga-se à ideia de democratização e facilitação do acesso à escola e não à ideia de suplência ao ensino regular, tampouco à implantação de sistemas provisórios. A EaD, então, não deve ser entendida como uma 4 Alexandra Nota Marked definida por Alexandra Alexandra Nota Marked definida por Alexandra modalidade isolada. Suas técnicas e métodos estão em processo de evolução e aprimoramento, seguin- do as inovações tecnológicas do século XXI. Rompe as barreiras da distância, tempo e espaço, mas não deve perder o foco principal quanto à educação. Utilizaremos, neste módulo, como definição norteadora e oficial da educação a distância aquela presente no Decreto 5.622, de 19.12.2005 (que re- voga o Decreto 2.494/98), que regulamenta o Art. 80 da Lei 9.394/96 (LDB) e descreve a educação a distância da seguinte forma: A Educação a distância é a modalidade edu- cacional na qual a mediação didático-pedagógica nos processos de ensino e aprendizagem ocorre com a utilização de meios e tecnologias de informação e comunicação, com estudantes e professores desenvol- vendo atividades educativas em lugares ou tempos diversos. (LDB 9.394/96). Como algumas de suas principais característi- cas, podemos citar que: • É um processo de ensino-aprendizagem in- tencional, planejado; • Compreende a existência de distância física entre professores (tutores) e alunos; • São utilizadas tecnologias, como meio de co- municação principal; • Os meios de comunicação podem ser impres- 5 sos e/ou eletrônicos; • O estudo é individualizado e independente; • Permite a comunicação bidirecional. Relembrando que, com o advento da internet, houve a expansão dos meios e das possibilidades de comunicação. Assim, para distribuir as informações e para concretizar a interação entre as pessoas, a comunicação na EaD pode acontecer de forma sín- crona - permite a comunicação entre as pessoas em tempo real, ou seja, o emissor envia uma mensagem para o receptor e este a recebe quase que instanta- neamente (como o chat e a videoconferência, por exemplo) - ou assíncrona - dispensa a participação simultânea das pessoas, ou seja, o emissor envia uma mensagem ao receptor, que poderá ler e responder esta mensagem em outro momento. São exemplos deste tipo de comunicação: o e-mail, o fórum, a lista de discussão e o material didático. 6 Alexandra Nota Marked definida por Alexandra Alexandra Nota Marked definida por Alexandra 1.2. As Gerações e a História da Ead no País Quando falamos dos recursos e suportes uti- lizados pela EaD, o mais comum é pensarmos em computadores, mobiles (tablets e smartphones) e internet. Pesquisando sobre a história da EaD, per- cebemos que ela já existia antes mesmo do acesso a estas mídias e tecnologias e que cada época desen- volveu pedagogias, tecnologias, atividades de apren- dizagem e critérios de avaliação distintos, consisten- tes com a visão de mundo social da época em que se desenvolveram. No Brasil, desde a fundação do Instituto Rádio-- Técnico Monitor, em 1939, o hoje Instituto Moni- tor; o Instituto Universal Brasileiro, em 1941; e o Instituto Padre Réus, em 1974, foram iniciadas vá- rias experiências de educação a distância e progredi- ram com relativo sucesso. 7 Alexandra Nota Marked definida por Alexandra Alexandra Nota Marked definida por Alexandra • 1900 – o Jornal do Brasil registra, na primeira edi- ção da seção de classificados, anúncio que oferece pro- fissionalização por correspondência para datilógrafo; • 1904 – A organização norte-americana ICS (International Correspondence Schools), inaugura uma filial no Brasil com cursos voltados à qualifica- ção para o comércio e para os serviços. Ofereciam cursos pagos, por correspondência; • 1923 – um grupo liderado por Henrique Mori- ze e Edgard Roquette-Pinto criou a Rádio Sociedade do Rio de Janeiro que oferecia curso de Português, Francês, Silvicultura, Literatura Francesa, Esperan- to, Radiotelegrafia e Telefonia. Tinha início assim a Educação a Distância pelo rádio brasileiro; • 1934 – Edgard Roquette-Pinto instalou a Rá- dio-Escola Municipal no Rio, projeto para a então Secretaria Municipal de Educação do Distrito Fede- ral. Os estudantes tinham acesso prévio a folhetos e esquemas de aulas, e também era utilizada corres- pondência para contato com estudantes; • 1937 – É lançada a Rádio MEC. Roquette Pin- to doou sua rádio ao então Ministério da Educação e Saúde em 1936. No ano seguinte, inaugurou-se a rádio MEC que incluía aulas de Esperanto, História, Inglês, Italiano, Português, Francês, História Natu- ral, Física e Química; • 1939 – É fundada a primeira escola de EaD no Brasil, com o surgimento, em São Paulo, do Ins- 8 tituto Monitor, o primeiro instituto brasileiro a ofe- recer sistematicamente cursos profissionalizantes a distância por correspondência, na época ainda com o nome Instituto Rádio - Técnico Monitor. Tam- bém, neste ano, o então presidente da República, Getúlio Vargas, assinava o decreto n.º 5.077, cujo artigo sétimo determinava que o rádio levasse às re- giões afastadas, cursos práticos, ao alcance popular sobre assuntos diversos, de pecuária a odontologia; • 1941 – Surge o Instituto Universal Brasileiro, segundo instituto brasileiro a oferecer também cur- sos profissionalizantes sistematicamente. Fundado por um ex-sócio do Instituto Monitor, começou atu- ando na formação de profissionais para o setor in- dustrial e de serviços. Na sequência passou a ofertar supletivos dos ensinos fundamental e médio. Ainda no ano de 1941 surge a primeira Universidade do Ar, que durou até 1944; • 1943 – A Igreja Adventista do Sétimo dia pas- sa a oferecer cursos bíblicos, no programa radiofô- nico A Voz da Profecia, sob direção do pastor Ro- berto Rabello; • 1947 – Surge a nova Universidade do Ar, pa- trocinada pelo Serviço Nacional de Aprendizagem Comercial (SENAC), Serviço Social do Comércio (SESC) e emissoras associadas. O objetivo desta era oferecer cursos comerciais radiofônicos. Os alunos estudavam nas apostilas e corrigiam exer- 9 cícios com o auxílio dos monitores. A experiência durou até 1961; • 1955 – Publicado o primeiro livro nacional sobre ensino por correspondência: “A educação e o treinamento por correspondência”, de Antonio Fonseca Pimentel, foi o primeiro a tratar sobre a Educação a distância no Brasil; • 1960 – A Diocese de Natal, Rio Grande do Norte, cria algumas escolas radiofônicas, dando ori- gem ao Movimento de Educação de Base (MEB), marco na Educação a distância não formal no Bra- sil. O MEB, envolvendo a Conferência Nacionaldos Bispos do Brasil e o Governo Federal, utilizou-se inicialmente de um sistema rádio educativo para a democratização do acesso à educação, promovendo o letramento de jovens e adultos; • 1962 – É fundada, em São Paulo, a Oci- dental School, de origem americana, focada no campo da eletrônica; • 1967 – O Instituto Brasileiro de Administra- ção Municipal inicia suas atividades na área de educa- ção pública, utilizando-se de metodologia de ensino por correspondência. Ainda neste ano, a Fundação Padre Landell de Moura criou seu núcleo de Edu- cação a distância, com metodologia de ensino por correspondência e via rádio; • 1968 – É lançada a primeira TV universitá- ria do Brasil. A UFPE (Universidade Federal de 10 Alexandra Nota Marked definida por Alexandra Alexandra Nota Marked definida por Alexandra Pernambuco) fundou o primeiro canal de televi- são universitária, a TVU, que começou com mais de 20 programas; • 1969 – Entra em funcionamento a TV Educati- va do Maranhão. Considerado inovador, o projeto era voltado à formação dos adolescentes do ensino fun- damental. A programação era transmitida em telessa- las, e a formação contava com atividades presenciais; • 1970 – Surge o Projeto Minerva, um convênio entre o Ministério da Educação, a Fundação Padre Landell de Moura e Fundação Padre Anchieta, cuja meta era a utilização do rádio para a educação e a inclusão social de adultos. O projeto foi mantido até o início da década de 1980; • 1971 – Lei autoriza o funcionamento de cur- sos supletivos a distância. Com a sanção da Lei que regia o país (LDB n.º 5.692) supletivos puderam ser ministrados em classes ou mediante a utilização de rádio, televisão, correspondência e outros meios de comunicação; • 1971 – Criação da ABT - Associação Brasileira de Tecnologia e Educação. Criada inicialmente com o nome de Associação Brasileira de Tele-Educação, já produzia Seminários Brasileiros de Tele-Educação a partir de 1969. Criou programas de capacitação de professores por ensino através de correspondência; • 1972 – O Governo Federal enviou à Inglater- ra um grupo de educadores, tendo à frente o con- 11 selheiro Newton Sucupira: o relatório final marcou uma posição reacionária às mudanças no sistema educacional brasileiro, colocando um grande obs- táculo à implantação da Universidade Aberta e a Distância no Brasil; • 1974 – Realização do projeto Telescola, em parceria com a Secretaria de Educação do Município de São Paulo, para apoio às disciplinas de Ciências e Matemática do curso ginasial, em 50 escolas; • 1974 – Surge o Instituto Padre Reus e na TV Ceará começam os cursos das antigas 5ª a 8ª séries (atuais 6º ao 9º anos do Ensino Fundamental), com material televisivo, impresso e monitores; • 1976 – Com o Ministério da Educação, o CE- TEB lança o projeto Logos II, para habilitar profes- sores leigos sem afastá-los da docência. Projeto com atuação em 19 estados brasileiros. Ensino com uso de módulos impressos e tutoria local ou por interação com uma central de atendimento por carta ou telefone; • 1978 – Lançamento em janeiro/78 do con- vênio entre a Fundação Roberto Marinho e a Fun- dação Padre Anchieta, originando o Telecurso 2º Grau. Programas televisivos com uso de atores do elenco comercial da Rede Globo, produção de fas- cículos semanais vendidos em bancas de revista, e programação de chamadas de audiência durante a programação regular da Rede Globo e da TV Cultu- ra. Visava dar suporte à preparação dos alunos para 12 Alexandra Nota Marked definida por Alexandra Alexandra Nota Marked definida por Alexandra os exames oficiais de supletivo, ao estilo do antigo Madureza Colegial; • 1979 – A Universidade de Brasília, pioneira no uso da Educação a Distância, no ensino supe- rior no Brasil, cria cursos veiculados por jornais e revistas, que em 1989 é transformada no Centro de Educação Aberta, Continuada, a Distância (CEAD) e lançado o Brasil EAD; • 1979 – Ministério da Educação – TVE Cria- ção da FCBTVE - Fundação Centro Brasileiro de Televisão Educativa (futura FUNTEVÊ), produz o projeto Conquista, uma telenovela para o ensi- no supletivo de 5ª a 8ª séries, e programas para a alfabetização com o uso da televisão, dentro do projeto MOBRAL - Movimento Brasileiro de Alfabetização. O projeto tinha como objetivo o ensino supletivo de 5ª a 8ª séries do 1º grau. Se- guindo o formato telenovela do projeto João da Silva, a série tinha 200 capítulos distribuídos da seguinte forma: 4 de apresentação, 148 instrucio- nais, 37 retrospectivos, 10 complementares e um de encerramento. Sete livros de apoio completa- vam o material. Lançamento nos estados do Rio de Janeiro e Ceará; • 1981 – Fundação Roberto Marinho lança o Telecurso 1º Grau, em parceria com o Ministério da Educação e a Universidade de Brasília, voltado para o supletivo de 5ª a 8ª séries; 13 • 1981 – É fundado o Centro Internacional de Estudos Regulares (CIER) do Colégio Anglo Ame- ricano que oferecia Ensino Fundamental e Médio a distância. O objetivo do CIER era permitir que crianças cujas famílias mudaram-se temporariamen- te para o exterior continuassem a estudar pelo siste- ma educacional brasileiro; • 1983 – o SENAC desenvolveu uma série de programas radiofônicos sobre orientação profis- sional na área de comércio e serviços, denominada “Abrindo Caminhos”; • 1984 – Projeto Ipê, realização da TV Cultura em parceria com a Secretaria da Educação do Esta- do de São Paulo. Cursos de atualização e aperfeiço- amento de professores de 1º e de 2º Graus. Projeto que deu origem ao canal TV Escola. No início, o Ipê utilizava recursos multimeios. Além do programa de TV, havia o de rádio, apostilas, textos complementa- res, telepostos para discussões mediadas por moni- tores e relatórios de avaliação; • 1988 - Rede Manchete de Televisão e a Fun- dação Educar apresentam a série Verso e Reverso – Educando o Educador. Ao todo, foram 24 progra- mas de televisão com 30 minutos cada, veiculados aos domingos. Doze publicações de apoio e um ma- nual de orientação, num mix de teleducação e ensino por correspondência. Design pedagógico da Funda- ção Nacional para a Educação de Jovens e Adultos 14 (Fundação EDUCAR), para capacitação de profes- sores de Educação Básica de Jovens e Adultos. O educador Paulo Freire participou como consultor especial da implantação do programa na Arquidio- cese de Nova Iguaçu (Baixada Fluminense); • 1991 – Jornal da Educação: Edição do Pro- fessor. Ministério da Educação lança o Projeto Pilo- to de Utilização do Satélite na Educação. Programa estruturado para veicular programas de televisão com recepção organizada em telepostos equipados com aparelhos de televisão e videocassete para re- cepção, com fax e telefone para interação dos cur- sistas com o núcleo de geração, e distribuição de material impresso aos cursistas. A receptividade do programa, com 600 alunos da 3ª série de cursos de magistério, em seis estados brasileiros, forneceu os subsídios para o lançamento da série Um Salto Para o Futuro, no mesmo ano. • 1992 – é criada a Universidade Aberta de Brasília, (Lei 403/92), podendo atingir três campos distintos: Ampliação do conhecimento cultural: or- ganização de cursos específicos de acesso a todos; Educação continuada: reciclagem profissional às diversas categorias de trabalhadores e àqueles que já passaram pela universidade; Ensino superior: en- globando tanto a graduação como a pós-graduação. Acontecimento bastante importante na Educação a Distância do nosso país; 15 Alexandra Nota Marked definida por Alexandra Alexandra Nota Marked definida por Alexandra • 1995 – é criado o Centro Nacional de Edu- cação a Distância e nesse mesmo ano também a Secretaria Municipal de Educação cria a MultiRio (RJ), que ministra cursos do 6º ao 9º ano, através de programas televisivos e material impresso. Ainda em 1995, foi criado o Programa TV Escola da Secretaria de Educação a Distância do MEC; • 1996 – é criada a Secretaria de Educação a Distância(SEED), pelo Ministério da Educação, dentro de uma política que privilegia a democrati- zação e a qualidade da educação brasileira. É nes- te ano também que a Educação a Distância surge oficialmente no Brasil, sendo as bases legais para essa modalidade de educação, estabelecidas pela Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional n.° 9.394, de 20 de dezembro de 1996, embora so- mente regulamentada em 20 de dezembro de 2005 pelo Decreto n.° 5.622; • 1997 – É lançado o primeiro mestrado a dis- tância por sistema de videoconferência multiponto do mundo. Mestrado a distância, UFSC – PETRO- BRÁS, Mestrado em Logística. A UFSC lança o am- biente LED de aprendizagem por Internet. Alunos interagem com os professores no Campus da UFSC em tempo real e simultaneamente por videoconfe- rência nas cidades de Natal, Salvador, Rio de Janeiro, Macaé e Belém. Atividades off-line por Internet, e seminários presenciais para avaliação; 16 • 2000 – é formada a UniRede, Rede de Edu- cação Superior a Distância, consórcio que reú- ne atualmente 70 instituições públicas do Brasil comprometidas na democratização do acesso à educação de qualidade, por meio da Educação a Distância, oferecendo cursos de graduação, pós- -graduação e extensão. Nesse ano, também nasce o Centro de Educação a Distância do Estado do Rio de Janeiro (CEDERJ), com a assinatura de um documento que inaugurava a parceria entre o Governo do Estado do Rio de Janeiro, por inter- médio da Secretaria de Ciência e Tecnologia, as universidades públicas e as prefeituras do Estado do Rio de Janeiro; • 2002 – O CEDERJ é incorporado a Funda- ção Centro de Ciências de Educação Superior a Dis- tância do Rio de Janeiro (Fundação CECIERJ); • 2004 – Vários programas para a formação ini- cial e continuada de professores da rede pública, por meio da EAD, foram implantados pelo MEC. Entre eles o Proletramento e o Mídias na Educação. Estas ações conflagraram na criação do Sistema Universi- dade Aberta do Brasil; • 2005 – É criada a Universidade Aberta do Brasil, uma parceria entre o MEC, Estados e muni- cípios; integrando cursos, pesquisas e programas de educação superior a distância. Prioridade em ofere- cer cursos para a formação de professores; 17 • 2006 – Entra em vigor o Decreto n.° 5.773, de 09 de maio de 2006, que dispõe sobre o exercício das funções de regulação, supervisão e avaliação de instituições de educação superior e cursos superiores de graduação e sequenciais no sistema federal de en- sino, incluindo os da modalidade a distância; • 2007 – Entra em vigor o Decreto n.º 6.303, de 12 de dezembro de 2007, que altera dispositivos do Decreto n.° 5.622 que estabelece as Diretrizes e Bases da Educação Nacional; • 2008 – Em São Paulo, uma Lei permite o ensi- no médio a distância, onde até 20% da carga horária poderá ser não presencial. Também neste ano, o Go- verno de São Paulo lança a Univesp (Universidade Virtual do Estado de São Paulo) com principal foco na expansão do ensino superior no Estado; • 2011 – A Secretaria de Educação a Dis- tância é extinta. (Devido à extinção recente desta secretaria, seus programas e ações estarão vincu- lados à Secretaria de Educação Continuada, Alfa- betização, Diversidade e Inclusão a novas admi- nistrações - SECADI). (PORTAL MINISTÉRIO DA EDUCAÇÃO, 2013). 18 O Instituto Brasileiro de Ensino Técnico também oferecia cursos técnicos de taquigrafia e de inglês. Anúncio da década de1940. Fonte: http://educacao.uol.com.br/album/2012/04/16/cursos-por- correspondencia---cursos-a-distancia-se-popularizam-a-partir-da- decada-de-1940.htm#fotoNav=3 “Infográfico” do curso para consertar ferros de passar roupa (ou ferros de engomar, como se dizia), de 1957. Fonte: http://educacao.uol.com.br/album/2012/04/16/cursos-por- correspondencia---cursos-a-distancia-se-popularizam-a-partir-da- decada-de-1940.htm#fotoNav=16 Curso de corte e costura era uma das opções oferecidas em 1958. As lições eram baseadas em desenhos e moldes (afinal, naquela época não havia vídeo pela Internet nem CD-ROM). Devia ser difícil, não? Fonte: http://educacao.uol.com.br/album/2012/04/16/cursos-por- correspondencia---cursos-a-distancia-se-popularizam-a-partir-da- decada-de-1940.htm#fotoNav=20 19 Observando o percurso histórico, é possível identificar, de acordo com Belloni (2002), a ocorrên- cia de três gerações de modelos de EaD que consti- tuem a essência dessa modalidade de educação. A primeira geração caracterizou-se pelo en- sino por correspondência no século XIX pelo desenvolvimento da imprensa e dos caminhos fer- roviários. Nesta fase pioneira, a interação entre pro- fessor e aluno era lenta, esparsa e limitada aos perío- dos em que os estudantes se submetiam aos exames previstos, fato que implicava uma maior autonomia do aluno quanto ao lugar de seus estudos. A segunda geração, caracterizada por in- tegrar ao uso do impresso, os meios de comuni- cação audiovisuais, como televisão, videocassete, ou o ensino por multimeios, desenvolveu-se ainda nos anos 60, a partir das orientações industrialistas típicas da época, voltadas principalmente para o público de massa e para a economia de escala, perdurando até os anos 80. O modelo da terceira geração de EaD, o mes- mo que contemplamos hoje, tem o seu limiar na dé- cada de 90, com o desenvolvimento e disseminação das Novas Tecnologias da Informação e Comu- nicação (NTIC). Além dos meios anteriores, esse modelo acrescenta o uso de programas interativos informatizados; redes telemáticas (bancos de dados, e-mail, listas de discussão, web sites) e CD-ROM di- 20 Alexandra Nota Marked definida por Alexandra Alexandra Nota Marked definida por Alexandra dáticos que facilitam e vêm modifi car fortemente as possibilidades de interação a distância. Extraído de: http://medwiki.wikispaces.com/Quadro- Resumo+das+3+Gera%C3%A7%C3%B5es http://medwiki.wikispaces.com/Ilustracao+das+3+Gera%C3%A7 %C3%B5es Podemos observar que as “gerações” não fo- ram instantaneamente substituídas pela subsequen- te, e sim que foram se alinhando e compartilhando 21 de seus métodos e recursos em busca de um modelo que melhor possa atender às presentes necessidades. Neste módulo não vamos nos aprofundar nos estudos referentes à inserção das novas tecnologias na educação, pois este tema será discutido em um módulo específico. 1.3 Uma Reflexão Atual Sobre a Ead Agora que pudemos observar uma parte da histó- ria da evolução da EaD e contextualizá-la em seu cená- rio atual, voltemos à reflexão inicial desta unidade. Como você sabe, o objetivo deste curso de pós- -graduação é Propiciar o desenvolvimento de habilidades específi- cas para o desenvolvimento da docência e da tutoria em EAD, enfatizando atitudes para a busca de um conhecimento construído constantemente, através das reflexões pedagógicas e em relação com as tec- nologias que medeiam o processo de ensino-aprendi- zagem neste formato. Fonte: https://www.grupoeducamais.com/catalogue. php?lms=ucamposonline&csid=106 Neste contexto, o artigo a seguir apresenta informações e reflexões importantes ao profissio- 22 nal desta modalidade de ensino, traçando um pa- norama atual da EaD. O autor conceitua esta modalidade e, em seu cenário atual, apresenta as formas de educação, os modelos de instituições na prática de EaD, a inser- ção das tecnologias, o intercâmbio dos saberes e a especial colaboração dos professores. Traz os novos modelos de escola e as possibilidades de enriqueci- mento dos processos de ensino-aprendizagem e de democratização do acesso à informação. O que é educação a distância José Manuel Moran Especialista em projetos inovadores na educa- ção presencial e a distância jmmoran@usp.br Educação a distância é o processo de ensino-apren- dizagem, mediado por tecnologias, onde professores e alunos estão separados espacial e/ou temporalmente. É ensino/aprendizagem onde professores e alunos não estão normalmente juntos, fisicamente, mas podem estar conectados, interligados por tecno-logias, principalmente as telemáticas, como a Inter- net. Mas também podem ser utilizados o correio, o rádio, a televisão, o vídeo, o CD-ROM, o telefone, o fax e tecnologias semelhantes. 23 Na expressão “ensino a distância” a ênfase é dada ao papel do professor (como alguém que ensina a distância). Preferimos a palavra “educação” que é mais abrangente, embora nenhuma das expressões seja perfeitamente adequada. Hoje temos a educação presencial, semi-presen- cial (parte presencial/parte virtual ou a distância) e educação a distância (ou virtual). A presencial é a dos cursos regulares, em qualquer nível, onde profes- sores e alunos se encontram sempre num local físico, chamado sala de aula. É o ensino convencional. A semi-presencial acontece em parte na sala de aula e outra parte a distância, através de tecnologias. A educação a distância pode ter ou não momentos presenciais, mas acontece fundamentalmente com professores e alunos separados fisicamente no espaço e ou no tempo, mas podendo estar juntos através de tecnologias de comunicação. Outro conceito importante é o de educação contínua ou continuada, que se dá no processo de formação constante, de aprender sempre, de apren- der em serviço, juntando teoria e prática, refletindo sobre a própria experiência, ampliando-a com novas informações e relações. A educação a distância pode ser feita nos mes- mos níveis que o ensino regular. No ensino fun- damental, médio, superior e na pós-graduação. É mais adequado para a educação de adultos, prin- 24 cipalmente para aqueles que já têm experiência consolidada de aprendizagem individual e de pes- quisa, como acontece no ensino de pós-graduação e também no de graduação. Há modelos exclusivos de instituições de educa- ção a distância, que só oferecem programas nessa mo- dalidade, como a Open University da Inglaterra ou a Universidade Nacional a Distância da Espanha. A maior parte das instituições que oferecem cursos a distância também o fazem no ensino presencial. Esse é o modelo atual predominante no Brasil. As tecnologias interativas, sobretudo, vêm evi- denciando, na educação a distância, o que deveria ser o cerne de qualquer processo de educação: a inte- ração e a interlocução entre todos os que estão envol- vidos nesse processo. Na medida em que avançam as tecnologias de comunicação virtual (que conectam pessoas que es- tão distantes fisicamente como a Internet, telecomu- nicações, videoconferência, redes de alta velocidade) o conceito de presencialidade também se altera. Po- deremos ter professores externos compartilhando de- terminadas aulas, um professor de fora “entrando” com sua imagem e voz, na aula de outro professor... Haverá, assim, um intercâmbio maior de saberes, possibilitando que cada professor colabore, com seus conhecimentos específicos, no processo de construção do conhecimento, muitas vezes a distância. 25 O conceito de curso, de aula também muda. Hoje, ainda entendemos por aula um espaço e um tempo determinados. Mas, esse tempo e esse espaço, cada vez mais, serão flexíveis. O professor continu- ará “dando aula”, e enriquecerá esse processo com as possibilidades que as tecnologias interativas pro- porcionam: para receber e responder mensagens dos alunos, criar listas de discussão e alimentar conti- nuamente os debates e pesquisas com textos, páginas da Internet, até mesmo fora do horário específico da aula. Há uma possibilidade cada vez mais acentua- da de estarmos todos presentes em muitos tempos e espaços diferentes. Assim, tanto professores quanto alunos estarão motivados, entendendo “aula” como pesquisa e intercâmbio. Nesse processo, o papel do professor vem sendo redimensionado e cada vez mais ele se torna um supervisor, um animador, um incentivador dos alunos na instigante aventura do conhecimento. As crianças, pela especificidade de suas necessi- dades de desenvolvimento e socialização, não podem prescindir do contato físico, da interação. Mas nos cursos médios e superiores, o virtual, provavelmen- te, superará o presencial. Haverá, então, uma grande reorganização das escolas. Edifícios menores. Menos salas de aula e mais salas ambiente, salas de pesquisa, de encontro, interconectadas. A casa e o escritório se- rão, também, lugares importantes de aprendizagem. 26 Poderemos também oferecer cursos predomi- nantemente presenciais e outros predominantemen- te virtuais. Isso dependerá da área de conhecimen- to, das necessidades concretas do currículo ou para aproveitar melhor especialistas de outras institui- ções, que seria difícil contratar. Estamos numa fase de transição na educação a distância. Muitas organizações estão se limitando a transpor para o virtual adaptações do ensino presen- cial (aula multiplicada ou disponibilizada). Há um predomínio de interação virtual fria (formulários, rotinas, provas, e-mail) e alguma interação on-line (pessoas conectadas ao mesmo tempo, em lugares di- ferentes). Apesar disso, já é perceptível que começa- mos a passar dos modelos predominantemente indi- viduais para os grupais na educação a distância. Das mídias unidirecionais, como o jornal, a televisão e o rádio, caminhamos para mídias mais interativas e mesmo os meios de comunicação tradicionais bus- cam novas formas de interação. Da comunicação off-line estamos evoluindo para um mix de comuni- cação off e on-line (em tempo real). Educação a distância não é um “fast-food” em que o aluno se serve de algo pronto. É uma prática que permite um equilíbrio entre as necessidades e ha- bilidades individuais e as do grupo - de forma presen- cial e virtual. Nessa perspectiva, é possível avançar rapidamente, trocar experiências, esclarecer dúvidas 27 e inferir resultados. De agora em diante, as práticas educativas, cada vez mais, vão combinar cursos pre- senciais com virtuais, uma parte dos cursos presen- ciais será feita virtualmente, uma parte dos cursos a distância será feita de forma presencial ou virtual- -presencial, ou seja, vendo-nos e ouvindo-nos, inter- calando períodos de pesquisa individual com outros de pesquisa e comunicação conjunta. Alguns cursos poderemos fazê-los sozinhos, com a orientação virtu- al de um tutor, e em outros será importante compar- tilhar vivências, experiências, ideias. A Internet está caminhando para ser audio- visual, para transmissão em tempo real de som e imagem (tecnologias streaming, que permitem ver o professor numa tela, acompanhar o resumo do que fala e fazer perguntas ou comentários). Cada vez será mais fácil fazer integrações mais profun- das entre TV e WEB (a parte da Internet que nos permite navegar, fazer pesquisas...). Enquanto assiste a determinado programa, o telespectador começa a poder acessar simultaneamente às infor- mações que achar interessantes sobre o programa, acessando o site da programadora na Internet ou outros bancos de dados. As possibilidades educacionais que se abrem são fantásticas. Com o alargamento da banda de transmis- são, como acontece na TV a cabo, torna-se mais fácil poder ver-nos e ouvir-nos a distância. Muitos cursos 28 poderão ser realizados a distância com som e imagem, principalmente cursos de atualização, de extensão. As possibilidades de interação serão diretamente propor- cionais ao número de pessoas envolvidas. Teremos aulas a distância com possibilidade de interação on-line (ao vivo) e aulas presenciais com interação a distância. Algumas organizações e cursos oferecerão tec- nologias avançadas dentro de uma visão conserva- dora (só visando o lucro, multiplicando o número de alunos com poucos professores). Outras oferecerão cursos de qualidade, integrando tecnologias e pro- postas pedagógicas inovadoras, com foco na aprendi- zagem e com um mix de uso de tecnologias: ora com momentos presenciais; ora de ensino on-line (pessoas conectadas ao mesmo tempo, em lugares diferentes); adaptação ao ritmo pessoal; interação grupal; dife- rentes formas de avaliação, que poderá também ser mais personalizada e a partirde níveis diferenciados de visão pedagógica. O processo de mudança na educação a distân- cia não é uniforme nem fácil. Iremos mudando aos poucos, em todos os níveis e modalidades educacio- nais. Há uma grande desigualdade econômica, de acesso, de maturidade, de motivação das pessoas. Alguns estão preparados para a mudança, outros muitos não. É difícil mudar padrões adquiridos (gerenciais, atitudinais) das organizações, governos, 29 dos profissionais e da sociedade. E a maioria não tem acesso a esses recursos tecnológicos, que podem democratizar o acesso à informação. Por isso, é da maior relevância possibilitar a todos o acesso às tec- nologias, à informação significativa e à mediação de professores efetivamente preparados para a sua utilização inovadora. Bibliografia: LANDIM, Claudia Maria Ferreira. Educação a distância: algumas considerações. Rio de Janeiro, s/n, 1997. LUCENA, Marisa. Um modelo de escola aber- ta na Internet: kidlink no Brasil. Rio de Janeiro: Brasport, 1997. NISKIER, Arnaldo. Educação a distância: a tecnologia da esperança; políticas e estratégias a im- plantação de um sistema nacional de educação aber- ta e a distância. São Paulo: Loyola, 1999. Extraído de: http://www.eca.usp.br/moran/ dist.htm Ao final desta unidade, pretendemos não esgo- tar o tema, por se tratar de um assunto em plena construção. Desta forma, você é convidado a pes- quisar em outras fontes, internalizar informações e construir saberes importantes para a conceituação e o panorama da EaD. 30 Encerraremos com a reflexão de Oreste Preti: A educação a Distância (...) não deve ser simplesmen- te confundida com o instrumental, com tecnologias a que recorre. Deve ser compreendida como uma práti- ca educativa situada e mediatizada, uma modalidade de se fazer educação, de se democratizar o conhecimento. É, portanto, uma alternativa pedagógica que se coloca hoje ao educador que tem uma prática fundamentada em uma racionalidade ética, solidária e comprometida com as mudanças sociais (PRETI, 1996, P.27). 31 Página em branco
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