Buscar

Aula 9 - História Medieval Ocidental

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes
Você viu 3, do total de 30 páginas

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes
Você viu 6, do total de 30 páginas

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes
Você viu 9, do total de 30 páginas

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Prévia do material em texto

História Medieval 
Ocidental
Danielle O. Mércuri
AULA 9
As Cruzadas
DISCUTINDO O TERMO
Desde a Idade Média, as Cruzadas despertaram um lugar de
destaque na memória coletiva, uma vez que envolveram grandes
personagens da época, tais como papas, imperadores e reis. Em
diversos momentos da história, as Cruzadas inspiraram filmes,
músicas e diferentes representações artísticas. Segundo as palavras
da medievalista brasileira Néri de Almeida Barros, “a palavra
cruzada tem um lugar importante em nosso vocabulário ora
aplicando-se à violência do fanatismo religioso, ora à firme reunião
de forças benéficas em torno de uma causa nobre, geralmente
ligada a um ideário de salvação. [...] A ambivalência que a ideia de
cruzada ainda comporta em suas evocações cotidianas expressa a
própria complexidade do fenômeno” (2013, p. 449).
Como destaca o medievalista brasileiro Hilário Franco Júnior, assim
como muitos termos históricos estabelecidos extemporaneamente, a
palavra Cruzada não era conhecida entre os medievos, pelo menos
não antes do século XIII. Os termos mais comuns utilizados nos
textos desse período eram: peregrinação, guerra santa, passagem e
expedição da Cruz. A propósito disso, Franco Júnior salienta que “a
expressão Cruzada, quando surgiu, derivava do fato de seus
participantes considerarem-se soldados de Cristo, marcados pelo
sinal da Cruz, e, por isso, bordavam uma cruz na sua roupa.” (1989,
p. 7).
https://rapg.wordpress.com/cruzada/
O uso do termo Cruzada, conforme destaca Cécile Morrisson,
passou a ser corrente entre os estudiosos sobretudo a partir do
século XVIII. Assim, foi entendido como peregrinações militares
que, com a autorização papal, entre os séculos XI e XIII, concediam
benefícios temporais e espirituais àqueles que se dispusessem a
libertar Jerusalém dos infiéis. No entanto, essas expedições
militares contra os infiéis não ficaram restritas ao Santo Sepulcro,
dado que incluíram o Oriente Médio, a Península Ibérica e qualquer
parte da Europa onde muçulmanos ou pagãos tivessem avançado.
Muitos historiadores questionam se é possível equiparar as
expedições para o Oriente às lutas contra os islâmicos na Península
Ibérica, ou se as cruzadas também se aplicam à oposição aos
hereges e pagãos da Europa Oriental.
Outro ponto de discussão refere-se aos diferentes fatores que podem
ter fomentado as cruzadas. Ou seja, têm-se discutido sobre
questões relacionadas aos âmbitos: espiritual, teológico, bélico e
político.
UMA IDEIA CRISTÃ ANTIGA
Preocupado em compreender de que maneira a Igreja tornou-se
deflagradora de diversos conflitos bélicos e como passou
originalmente de uma comunidade pacifista a articuladora de
práticas de violência, o historiador Jean Flori escreveu Guerra
Santa: a formação da ideia de cruzada no Ocidente Cristão. Nesse
livro, Flori defende a tese de que deve-se compreender as cruzadas
a partir de uma ideia cristã, que surgiu no século IV.
De acordo com esse historiador, a Igreja, em meio ao processo de
institucionalização iniciado no século IV, defendeu que
determinados conflitos podiam ser compreendidos como efeitos da
vontade de Deus, ou seja, eram representativos dos desígnios
divinos. Logo, algumas querelas, guerras e conflitos, conforme essa
ideia propagada pela Igreja, eram passíveis de serem encarados
como sagrados ou santos.
Para explicitar melhor o desenvolvimento da ideia de guerra santa e
justa, Flori, em Guerra Santa, Jihad e Cruzada, recorre aos textos
de Agostinho de Hipona (354-430), filósofo que, apoiando-se no
Antigo Testamento e em outras autoridades, havia destacado que
até Deus, em certos momentos, autorizava as guerras. Embora uma
definição canônica de guerra justa só tenha sido elabora nos séculos
XII e XIII, Flori aponta Santo Agostinho como responsável por
criar os fundamentos dessa nova ética cristã.
Assim, remetendo-se ainda a Santo Agostinho, Flori elenca os
elementos que deveriam ser levados em conta para que uma guerra
fosse considerada justa:
a) Deve ser guiada por fins puros e de acordo com a justiça: impedir
o inimigo de fazer dano, matar, saquear, mas também reestabelecer
o estado de justiça que foi quebrado pelo inimigo.
b) Deve ser feita com amor, sem ódio, sem interesses pessoais.
c) Deve ser pública, ou seja, declarada pela autoridade legítima (
2004, p. 29).
Nas palavras de Jean Flori:
“Apesar das reticências, o imenso prestígio de Santo Agostinho
colaborou para o desaparecimento das suspeitas duradouras dos
cristãos em relação à Guerra e sua função militar. As invasões
bárbaras, e depois as dos árabes, tanto no Oriente como no
Ocidente, reforçaram ainda mais essa tendência, contribuindo
para a elaboração futura do conceito de guerra santa cristã. Uma
noção que fundia suas raízes no Antigo Testamento, mas que
havia sido rechaçada com firmeza por Jesus e pelo cristianismo
primitivo. Um conceito que alcançou seu pleno desenvolvimento
no século XI, na época da cruzada” (2004, p. 30).
Entendido como uma guerra santa, o movimento das cruzadas deve
ser analisado, de acordo com Flori, por intermédio dos elementos
que integram a trama que o tornou possível. Para esse historiador,
alguns fatores, entre o século IV e o ano de 1096, momento em que
o papa Urbano II conclama a primeira cruzada por meio do Concílio
de Clermont, compõem essa trama. Dentre eles, Flori destaca
enfaticamente três:
1. A elevação do Império, na Antiguidade Tardia, à autoridade
militar protetora da comunidade cristã;
2. Já na Idade Média, o amparo que a igreja de Roma buscou no
poder secular para obter proteção armada contra seus
opositores;
3. As reformas que a Igreja empreendeu entre os séculos XI e XII,
na tentativa de afirmar o papa como vigário de Deus e o poder
papal como autoridade superior, bem como seu empenho em
delimitar o que estava sob a sua esfera de atuação e o que cabia
ao poder secular.
MOTIVAÇÕES MATERIAIS
Outros historiadores, como o medievalista Hilário Franco Júnior,
viram, todavia, as cruzadas como uma espécie de saída para os
problemas colocados pela desestruturação do sistema feudal.
Segundo essa perspectiva, mudanças internas do feudalismo
geraram condições específicas para o surgimento das cruzadas. Dito
de outro modo, as cruzadas teriam funcionado como válvula de
escape para as tensões sociais, políticas e econômicas do
feudalismo.
O medievalista Hilário Franco Júnior cita uma passagem
interessante do discurso do Papa Urbano II, em 1095, no Concílio
de Clermont, que expressa as motivações materiais ligadas às
cruzadas. Nela podemos perceber também que um dos privilégios
concedidos àqueles que se dispunham a lutar pela Igreja era o
recebimento da indulgência, ou seja, o perdão pelos pecados. Sobre
isso, Urbano diz:
“A todos os que partirem e morrerem no caminho, em terra ou mar, ou que
perderem a vida combatendo os pagãos, será concedida a remissão dos
pecados. Que combatam os infiéis os que até agora se dedicavam a guerras
privadas, com grande prejuízo dos fiéis. Que sejam doravante cavaleiros de
Cristo os que não eram senão bandoleiros. Que lutem agora contra os
bárbaros os que batiam contra seus irmãos e seus pais. Que recebam as
recompensas eternas os que até então lutavam por ganhos miseráveis. Que
tenham uma dupla recompensa os que se esgotavam em detrimento do
corpo e da alma. A terra que habitam é estreita e miserável, mas no
território sagrado do Oriente há extensões de onde jorram leite e mel”
(1989, p. 27).
O discurso do Papa, segundo o medievalista, coloca em evidência
algumas motivações ligadas ao deslocamento dos cristãos
ocidentais. Para Franco Júnior, o aumento demográfico no Ocidente
medieval – que pode ser explicado pela circulação de poucas
doenças (haja vista o menor número de contatos, até então, com o
Oriente), pelas inovações agrícolas que auxiliaram na melhoria da
dieta, na diminuição da mortalidade e no aumento da produtividade
– gerou uma das condiçõespara que essas expedições
acontecessem.
Ao aumento populacional, deve-se acrescentar a expansão
comercial, que estabeleceu nas cidades italianas de Gênova e
Veneza uma via de comunicação e trânsito com o Oriente. Também
devemos salientar as hansas, aliança estabelecida entre cidades
mercantis, que facilitaram o contanto e diálogo com diversas
porções da Europa Oriental. Sobre isso Franco Júnior destaca:
“assim como os interesses comerciais italianos influíram nas
Cruzadas do Oriente Médio, o mesmo fizeram os interesses
hanseáticos em relação à ocupação da Europa Oriental” (1989, p.
20).
Conforme o medievalista, outros elementos de caráter social
também estavam relacionados às cruzadas. O crescimento do
número de comerciantes, aventureiros, despossuídos, daqueles que
fugiam de dívidas e serviços gerou um excedente populacional
disposto a enfrentar tal empreitada. Sem contar que os
secundogênitos, impedidos de usufruir das heranças de suas nobres
famílias, viam nas expedições uma possibilidade de
enriquecimento.
MOTIVAÇÕES PSICOLÓGICAS 
Seguindo a linha de raciocínio do medievalista brasileiro citado,
devemos levar em consideração três elementos que compuseram a
mentalidade dos medievos e contribuíram nas cruzadas: a
contratualidade, a belicosidade e a religiosidade.
As relações estabelecidas entre os homens medievais eram
permeadas pela contratualidade. No entanto, esse tipo de relação
também se estendia à maneira como os homens se relacionavam
com a esfera divina.
O acesso ao mundo sobrenatural se dava através da barganha, ou
seja, em troca de promessas, peregrinações, da prática do jejum ou
mesmo da luta contra os infiéis em terras distantes.
A belicosidade marcou os medievos por conta das constantes
invasões (germânicos, islâmicos, vikings, húngaros, eslavos).
Tanto a contratualidade como a belicosidade tiveram impacto sobre
a religiosidade. O Diabo era considerado um vassalo de Deus que
acabou cometendo felonia. Vistas como peregrinações armadas, já
que eram direcionadas a lugares sagrados, as cruzadas
representavam uma forma de devoção e penitência.
CRONOLOGIA DAS CRUZADAS
Seguindo a cronologia preparada pelo historiador Alain Demurger,
entre o século XII e XIII podem ser mapeados oito momentos das
Cruzadas:
1ª Cruzada (1095-1099): convocada pelo papa Urbano II em
Clermont; acarretou a tomada de Jerusalém e a formação dos
Estados latinos do Oriente;
2ª Cruzada (1146-1149): pregada por São Bernardo após a queda do
condado de Edesa;
3ª Cruzada (1188-1192): ocorreu após o sultão Saladino ter tomado
Jerusalém e os Estados latinos terem sido destruídos;
Essa cruzada reuniu alemães, franceses e ingleses. Embora não
tenham conseguido recuperar Jerusalém, fundaram um segundo
reino de Jerusalém com capital em Acre;
4ª Cruzada (1202-1204): desviou seus interesses para
Constantinopla, levando quase à destruição do Império Bizantino;
5ª Cruzada (1217-1221): preparada pelo papa Inocêncio III e o 4º
Concílio de Latrão. Objetivava-se chegar a Jerusalém tomando o
Egito;
6ª Cruzada (1228-1229): foi dirigida pelo imperador Frederico II,
excomungado pelo papa. Gerou tratados entre o imperador e o
sultão do Egito;
7ª Cruzada (1248-1254): chefiada por São Luis, considerado o
cruzado ideal. Foi feito prisioneiro no Egito e um resgate teve que
ser pago para que ele fosse solto;
8ª Cruzada (1270): também foi patrocinada por São Luis, que
morreu antes de chegar à Tunísia.
REFLEXÕES FINAIS
Assim, podemos retomar as palavras do historiador Alain Demurger
sobre a cruzada:
“A cruzada nasceu no coração da Idade Média e no seio da
cristandade ocidental e latina; nas estruturas e na evolução da
sociedade ocidental é onde há que buscar, não tanto as razões de
seu nascimento, mas as condições de seu êxito. Jerusalém não
seria um estímulo tão poderoso se não contasse com um
contexto favorável no Ocidente a partir do século XI: auge
econômico e demográfico e a colocada em marcha de um marco
político, social e religioso, que teve por nome feudalismo,
senhorio ou reforma gregoriana” (2006, p. 16).
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
BARROS, Neri de Almeida. Resenha. Guerra Santa: Formação da ideia de Cruzada
no Ocidente. Anos 90, Porto Alegre, v. 20, n. 38, pp. 449-453, dez. 2013.
DEMURGER, Alain. Cruzadas. Una historia de la guerra medieval. Barcelona:
Paidós, 2006.
FLORI, Jean. Guerra Santa: Formação da Ideia de Cruzada no Ocidente.
Campinas: Ed. Unicamp, 2013.
FLORI, Jean. Guerra Santa, Yihad, Cruzada. Violencia y religión en el
cristianismo y el islam. Granada: Universidad de Granada, 2004.
FRANCO JÚNIOR, Hilário. As Cruzadas. São Paulo: Editora Brasiliense, 1989.
MORRISSON, Cecile. Cruzadas. L&PM pocket. Disponível em:
http://bit.ly/2uiYGxD Acesso em: 03 jan. 2019.
QUER SABER MAIS?
Nesta parte, você poderá estudar um pouco mais sobre as
referências usadas em nossa aula.
• A guerra na visão de Santo Agostinho 
http://www.ppe.uem.br/jeam/anais/2012/pdf/po/p-09.pdf
• Santo Agostinho 
• https://www.infoescola.com/biografias/santo-agostinho/
• Primeira Cruzada 
• https://www.infoescola.com/historia/primeira-cruzada/
• São Luís
https://www.infoescola.com/biografias/sao-luis-luis-ix-da-franca/
http://www.ppe.uem.br/jeam/anais/2012/pdf/po/p-09.pdf
https://www.infoescola.com/biografias/santo-agostinho/
https://www.infoescola.com/historia/primeira-cruzada/
https://www.infoescola.com/biografias/sao-luis-luis-ix-da-franca/
CONHECENDO ALGUNS TERMOS
Segundogênito
Refere-se ao segundo filho. Para preservar o poder senhorial das
famílias nobres, a herança e o sobrenome eram reservados ao filho
primogênito.
SUGESTÃO DE FILMES
• Cruzada – 2005
https://www.youtube.com/watch?v=sc7lzQQeGVI
• Arn: o cavaleiro templário – 2007 
https://www.youtube.com/watch?v=v5GVQKFfMAE
https://www.youtube.com/watch?v=sc7lzQQeGVI
https://www.youtube.com/watch?v=v5GVQKFfMAE

Outros materiais