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p. 1 Rafael Calvano GINECOLOGIA – ISTS E DSTS A DST, doença sexualmente transmissível, se dá quando o paciente já tem a doença propriamente dita instalada. Já as ISTs, infecções sexualmente transmissíveis, é quando há a infecção pelo vírus, há o microorganismo presente no corpo, mas a doença ainda não se instalou. A flora vaginal normal contém lactobacilos aeróbios gram positivos que geram um ácido protetor da mucosa vaginal, além de outros aeróbios gram negativos. É importante dizer que a Candida spp também faz parte naturalmente da flora vaginal. Quando encontramos microorganismos como clamídia, Neisseria gonorrhoeae, Treponema pallidum, Trichomonas vaginalis, além de HPV, Herpes e HIV, isso nos indica que existem microorganismos naquela flora vaginal que são patógenos. Alguns principais fatores de risco para ISTs são: ✓ Idade abaixo dos 30 anos; ✓ Novos ou múltiplos parceiros sexuais; ✓ Parceiros com ISTs; ✓ História prévia/presença de outra IST; ✓ Uso irregular de preservativos; SÍFILIS Infecção por uma espiroqueta chamada Treponema pallidum, sendo que a infecção se dá por relação sexual, transmissão sanguínea e transmissão vertical (transplacentária; mãe-feto; é bem pior o prognóstico para o bebê). Cerca de 10 a 90 dias após o contato sexual, a sífilis começa a demonstrar manifestações primárias, com uma apresentação de cancro duro. O cancro duro é um sinal patognomônico de sífilis. É importante entendermos que nem todos os tiveram contato com o treponema vão desenvolver a doença, depende de vários fatores principalmente imunológico, somente cerca de 1/3 torna-se infectado. Por isso citei a diferença de DST e IST no começo do resumo. Depois da sífilis primária, o paciente evolui para a sífilis secundária, apresentando sintomas bem gerais, com linfoadenomegalias e lesões de pele. Normalmente se essa doença se estende até no máximo 1 ano de evolução, ela é denominada latente precoce. Até essa fase todas essas classificações são caracterizadas atualmente como sífilis recente. O grande problema é quando há um quadro que se estende por mais de um ano de evolução, sendo assim chamada de sífilis latente tardia. É importante ainda citar que pode haver remissão de 1 a 30 anos depois do quadro sintomático, caracterizando então a sífilis terciária. Resumindo, a sífilis é primária quando se instala de 10 a 90 dias após o contato sexual e apresenta a manifestação patognomônica de cancro duro, e evolui para sua fase secundária com manifestações gerais com linfoadenomegalias e lesões de pele, podendo ainda evoluir para uma fase tardia remissiva chamada terciária de 1 a 30 anos após a infecção. Caso o quadro sintomático se estenda por no máximo um ano, ela é chamada latente precoce e caso ultrapasse o período de um ano é chamada latente tardia. O cancro duro é uma lesão única, indolor, com borda bem definida e regular, base endurecida e fundo limpo, além de ser indolor. Essas lesões ocorrem nos locais de entrada da bactéria, podendo ocorrer tanto em região genital quanto região oral. A sífilis secundária compreende de lesões cutâneas, papulosas e eritematosas acastanhadas. São lesões que podem atingir abdome e região palmo-plantar. A aparição de condilomas planos pode ocorrer, e devemos ter cuidado nos diagnósticos diferenciais pois o condiloma plano não tem relação com HPV. Além destas podem ocorrer lesões orais e alopecia em clareiras. Já a sífilis terciária pode aparecer de 2 a 40 anos após o início da infecção, e tem característica de acometer o SNC (pegando meninges, gomas do cérebro e causando até paralisia do 7º nervo), causar acometimento psiquiátrico (com demência), cardiovascular (aneurismas de aorta, estenose de coronárias), compartimento ósseo, do aparelho renal e por fim a morte. Com isso conseguimos tirar a conclusão que a sífilis terciária tem um p. 2 Rafael Calvano prognóstico absurdamente ruim e que deve ter um manejo com muito cuidado. Mais uma vez recapitulando: sífilis primária e secundária = recente (até 1 ano de infecção); sífilis terciária = tardia (+ de um ano de infecção). Os exames para a realização do diagnóstico são: ✓ Testes treponêmicos: FTA-AbS, IgM e IgG, TPHA, Elisa, é o que dá resultado mais rápido, em cerca de 10 dias. Detectam anticorpos específicos contra o treponema, e por esses anticorpos serem produzidos muito rápido esse exame tem resultado antes. São anticorpos que duram por toda a vida. ✓ Testes não-treponêmicos: VDRL e RPR, demoram mais para positivar, cerca de 90 dias. Detectam anticorpos anticardiolipina não específicos para o treponema. Eles demoram mais para positivar e podem positivar em outras patologias também, mas são úteis para seguimento. O diagnóstico da sífilis é basicamente feito com a correlação dos dados clínicos, resultados dos testes laboratoriais, histórico de infecções passadas e investigação de exposições recentes. Devemos ter atenção ao início do tratamento imediato com apenas um teste nas seguintes situações: ➢ Presença de sinais e sintomas de sífilis primária ou secundária; ➢ Gestantes; ➢ Pessoas com chances de perda do seguimento; ➢ Pessoas sem diagnóstico prévio de sífilis; Basicamente é o seguinte: Se houver somente um teste de VDRL, mas houver lesão de cancro duro, TRATA!! Se a paciente estiver grávida e houver um teste positivo, TRATA!! Se você suspeitar que a paciente não vai mais voltar, TRATA!! O tratamento para a sífilis é basicamente com uso da penicilina benzatina, sendo ela a única droga com eficácia garantida durante a gestação. É feita aplicação na região glútea ou vasto lateral da coxa. É importante detectarmos na anamnese se a paciente fez algum procedimento cirúrgico estético com a inserção de silicone em algum local recomendado de aplicação da medicação, pois isso pode prejudicar o tratamento. Nesses casos é indicado optar pelas medicações alternativas. Quando não se consegue determinar a fase, o estadiamento, mas com VDRL alterado, faz-se 3 doses de penicilina 1,2 milhões. Reação de Jarish – Herxheimer: exacerbação das lesões cutâneas após a primeira dose da penicilina. Isso acontece por causa da morte dos treponemas, causando eritema, dor, prurido, mal-estar geral, febre cefaleia e artralgia. É importante ser citado que não é uma reação alérgica, e sim apenas um resultado do aumento de anticorpos não sendo necessário interromper o tratamento. Pode ser controlada com analgésicos mediante necessidade. Caso realmente haja reação alérgica à penicilina, pode-se realizar o tratamento da sífilis com: ✓ Doxiciclina (não utilizar em gestantes; categoria X); ✓ Ceftriaxona (só trata a mãe, e não protege o bebê); ✓ Eritromicina (também só trata a mãe); ✓ Caso haja muita necessidade de tratar tanto a mãe quanto o feto, pode-se realizar a dessensibilização da penicilina, mas a paciente tem que estar monitorada e em CTI. Existem algumas orientações a serem seguidas quanto ao tratamento: ➢ Reforçar a importância do tratamento e seguimento dele; ➢ Tratar na UBS; p. 3 Rafael Calvano ➢ Intervalo máximo entre as doses de 14 dias, sendo necessário reiniciar o esquema se ultrapassar esse período; ➢ Guardara documentação do tratamento e anotar no cartão (Dose / Droga / Data); ➢ As parceiras sexuais da paciente devem ser tratadas presumivelmente com apenas uma dose de penicilina benzatina 2,4 milhões. É fundamental a busca ativa para diagnóstico e tratamento dessas parceiras. ➢ No caso de testes reagentes, seguir as recomendações para o tratamento da sífilis em adultos. O monitoramento do tratamento deve ser seguido principalmente com o controle do VDRL quantitativo de 3/3 meses por um período total de um ano. É muito importante citar que nas gestantes esse controle deve ser mensal durante toda a gravidez e de um ano após o parto. Deve-se avaliar também a queda da titulação do VDRL, sendo que o ideal é de duas diluições para cada três meses, ou seja, se no primeiro teste de monitoramento o resultado vier de 1:128, o ideal é que caia em três meses para 1:32, sendo esse o resultado da diluição de 1:128 para 1:64, e assim depois para 1:32. Além disso tudo, é importante avaliar o tratamento do parceiro da paciente, além de notificar todos os casos, já que é uma doença de notificação compulsória. Caso haja a não redução da titulação em duas diluições no intervalo de 6 meses para uma sífilis primária após o tratamento adequado, ou até mesmo aumento dessa titulação em duas diluições em qualquer momento do seguimento, devemos ter atenção para a condição de retratamento. Além disso, é importante checar se há persistência ou recorrência dos sinais e sintomas em qualquer estágio do tratamento. Caso essas situações ocorram, é indicado repetir a penicilina benzatina em uma dose de 7,2 milhões Ui, além de investigar a exposição sexual de risco, e também investigar sintomas neurológicos e oftalmológicos, além de realizar punção lombar. HERPES Infecção por um vírus da família Herpesviridae, sendo que o HSV-1 predomina nas lesões orais e o HSV-2 predomina nas lesões genitais. Esses dois são os principais subtipos a serem estudados nessa aula e são presentes na saliva, urina, fluido seminal, secreções vulvares, vaginais e cervicais. A contaminação se dá pelo contato, com período de incubação de 3 a 7 dias, e com duração de 14 dias. É importante entendermos que o vírus pode ficar latente, recidivando quando há alguma condição que diminua a imunidade do paciente. Paciente tem contato íntimo com alguém contaminado e passa a apresentar lesões infectantes ou até mesmo superfície da mucosa assintomática. Com isso ocorre a replicação do HSV local acometendo células da epiderme e derme. Cerca de 7 dias após o contágio entra-se na fase de apresentação de sintomas clínicos e transmissivos, e com um total de 20 dias corridos entra no período de latência. A fase de latência é assintomática e o paciente não transmite. Pode haver migração viral para os gânglios nervosos sensitivos, sendo que o HSV-2 acomete raízes dorsossacrais e o HSV-1 o nervo trigêmeo. O quadro clínico revela para nós que a primo- infecção normalmente é mais severa, e o paciente tem apresentação de lesões eritemato-papulosas que evoluem para vesículas sobre base eritematosa e essas lesões são dolorosas em região genital. Além disso paciente pode apresentar febre, mal- estar, mialgia, disúria e linfoadenomegalia. O diagnóstico é feito basicamente pelo exame físico, visualizando as lesões vesiculares e eritematosas, PCR do fluido ou secreção (que pode negativar em 24 a 48h), PCR de sangue (painel de DST), citologia por meio de Tzanck (células multinucleadas), além de principalmente sorologia para Herpes IgM e IgG. p. 4 Rafael Calvano Tratamento é feito basicamente usado aciclovir, fanciclovir ou valaciclovir, sendo que é muito importante diagnosticar e tratar até no máximo o terceiro trimestre em caso de gestantes. É importante dizer que após a infecção primária, cerca de 90% das pacientes desenvolvem novos episódios em 12 meses por reativação viral. Essa que pode ocorrer por exposição ultravioleta, traumatismo locais, menstruação, estresse, antibioticoterapia prolongada e/ou imunodeficiência. As recorrências normalmente acontecem no mesmo local que a lesão havia aparecido, geralmente em zonas inervadas pelos mesmos nervos sensitivos sacrais, visto que há acometimento dos mesmos. Essas lesões regridem espontaneamente em cerca de 7-10 dias. Recomenda-se cesárea sempre que houver lesões herpéticas ativas! HPV Também conhecido como Papilomavírus Humano, o HPV tem diversos subtipos com diferentes prognósticos. Alguns principais de baixo potencial oncogênico são: 6, 11, 40, 43, 44, 54. Já os principais de alto potencial oncogênico são: 16, 18, 31, 33, 35. É interessante citar que o tempo médio entre a infecção pelo HPV e o aparecimento dos sinais e sintomas pode variar de meses até anos. Cerca de 75-80% das pessoas sexualmente ativas são portadoras do HPV! O HPV se infiltra na célula e causa maturação e montagem de novos vírus, com replicação do ADN do vírus. Essa fase já demonstra uma lesão de baixo grau se feito o estadiamento dessa paciente, que pode evoluir para uma lesão de alto grau e até mesmo um carcinoma invasor. O HPV pode se apresentar em três tipos de fases diferentes, sendo elas a fase latente, subclínica e clínica. A fase latente não apresenta sinais ou sintomas e pode durar por anos. Já a fase subclínica apresenta lesões somente visíveis em exames complementares, como por exemplo colpocitologia, colposcopia, biópsia, captura híbrida, e revela lesões específicas: ➢ LSIL – NIC I ➢ HSIL – NIC II, NIC III e Ca in situ ➢ NIV ➢ NIVA ➢ PIN ➢ NIA Por fim, a fase clínica apresenta lesões visíveis com os condilomas, que são lesões indolores e muito vascularizadas. O diagnóstico de HPV é feito principalmente por: ✓ Exame físico; ✓ Colpocitologia; ✓ Colposcopia / Anuscopia; ✓ Biópsia; ✓ Citologia de canal anal; ✓ Captura Híbrida; A visualização de coilócitos, binucleação e vacúolo em volta do núcleo nos dá certeza de infecção por HPV. O tratamento das lesões causadas pelo HPV depende de cada tipo de lesão. Em relação aos condilomas o tratamento recomendado é: ✓ Imiquimode 50mg/g de creme para aplicar sobre as lesões 3x por semana; ✓ Podofilina 10 – 25% também para aplicar sobre as lesões 1x por semana; ✓ Ácido tricloroacético (ATA) 80-90% para aplicar sobre a lesão 1x por semana; ✓ Eletrocauterização; ✓ Exerese cirúrgica; ✓ Crioterapia; ✓ Laser de CO2; p. 5 Rafael Calvano Já para o tratamento das lesões precursoras de CA de colo uterino, seguem as seguintes recomendações: ✓ Conização a frio; ✓ Conização com aparelho de alta frequência; ✓ Excisão de zona de transformação com aparelho de alta frequência; É importante termos noção que se houver uma paciente gestante com a infecção por HPV, pode-se fazer o uso do ácido tricloroacético, e não se deve utilizar podofilina e imiquimode. A via de parto é de acordo com a indicação obstétrica. Já para crianças é imprescindível pensar em abuso sexual, ou até mesmo uma mãe portadora de condilomas que manipula a genitália do bebê. Por fim, devemos orientar os parceiros(as) a procurar um atendimento médico para ser EXAMINADO, mas não dizer que necessariamente eles estão infectados com o vírus. NEISSERIA GONORHOEAE É um diplococo gram negativo, intracelular, que tem tropismo pelo epitélio colunar e transicional geniturinário. Pode infectar a conjuntiva, faringe e até mesmo articulações,e é o principal agente das uretrites gonocócicas. É um dos primeiros patógenos da DIP, e a infeção por esse genococo facilita a transmissão do HIV. CHLAMYDIA TRACHOMALIS Bacilo gram negativo intracelular obrigatório, que tem tropismo pela uretra, conjuntiva, trompas e endocérvice. É o principal agente da DIP, sendo que tem 17 sorotipos diferentes. Os sorotipos D e K causam infecções genitourinárias, e os sorotipos L1, L2 e L3 causam o linfogranuloma venéreo. O quadro clínico compreende de uma pápula que pode ulcerar no local da inoculação, geralmente no prepúcio ou glande nos homens e na vulva ou parede vaginal nas mulheres. A linfadenopatia inguinal é a manifestação clínica mais comum surgindo semanas após a lesão primária. Trata-se de gânglios dolorosos e unilaterais que podem formar abscessos e perfurar (bubões). Paciente também pode apresentar febre e mal-estar. O tratamento é basicamente com doxiciclina 100 mg 12/12h VO por 14 dias, sendo que pacientes gestantes devem ser tratadas com azitromicina. Os parceiros das pacientes devem ser tratados com ou sem sintomatologia. CANCRO MOLE Agente etiológico é o Haemophilus ducrey, que é um cocobacilo gram negativo. O cancro mole também pode ser chamado de lesão cancroide, e tem um período de incubação de 3 – 7 dias. No quadro clínico a mulher pode ser portadora e assintomática, mas quando tem sintomas ela pode apresentar pápulas dolorosas que se desenvolvem de 3 – 7 dias após o contágio, com formação de uma pústula em 48h depois. Acaba sofrendo uma erosão e se transforma em uma úlcera, e a tendência é a formação de múltiplas úlceras. Essa úlcera tem base amolecida, bordos irregulares, e é recoberta por um exsudato fétido. São lesões dolorosas e o interessante é que também pode apresentar adenopatia inguinal (bubão inguinal), com tendência a supuração unilateral. O diagnóstico é feito principalmente pelo exame físico, bacterioscopia para gram (punção do bubão ou raspado das bordas da lesão), cultura em meio ágar chocolate e PCR (tem alto custo). Tratamento é feito da seguinte forma: ✓ Azitromicina 1g, dose única, via oral, OU; ✓ Ceftriaxona 250mg, dose única, intramuscular, OU; ✓ Ciprofloxacino 500mg, 12/12h por 3 dias, via oral, OU; ✓ Eritromicina 500 mg, 8/8h por 7 dias. ✓ O tratamento das parceiras sexuais é recomendado mesmo quando assintomáticos. p. 6 Rafael Calvano DONOVANOSE Agente etiológico é a Klebsiella granulomatis, que é um bacilo gram negativo. O período de incubação é de cerca de 30 dias até 6 meses (com média de 50 dias). O quadro clínico compreende de: ✓ Pápula indolor; ✓ Única ou múltipla; ✓ Localização subcutânea, geralmente nos lábios ou no introito vaginal; ✓ Lesão que evolui para úlcera de bordo plano ou hipertrófica, com fundo granulomatoso, vermelho-vivo; ✓ Pode evoluir para lesões vegetantes; ✓ Pode surgir lesões satélites; O diagnóstico compreende basicamente da identificação dos corpúsculos de Donovan encontrados em materiais de biópsias ou raspados das lesões. Por fim, o tratamento recomendado pelo CDC é uso de azitromicina 1g, VO, 1x por semana ou 500mg/dia por 21 dias ou até o desaparecimento das lesões. Além desse existe o tratamento alternativo com: ✓ Doxiciclina 100 mg 12/12h VO por 21 dias ou até desaparecimento das lesões; ✓ Ciprofloxacina 750 mg, VO 12/12h por 21 dias ou até a cura clínica; ✓ Estearato de eritromicina 500mg, VO, de 6/6h por 21 dias e cura das lesões; ✓ Sulfametoxazol / trimetropim (800 mg + 160 mg) VO 12/12h por 21 dias e a cura das lesões; p. 7 Rafael Calvano
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