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Autora: Profa. Daniela Emilena Santiago Colaboradoras: Profa. Amarilis Tudella Profa. Tânia Sandroni Supervisão de Intervenção Profissional Professora conteudista: Daniela Emilena Santiago A professora Daniela Emilena Santiago é doutoranda em História pela Universidade Estadual Paulista Júlio de Mesquita Filho (Unesp) – campus Assis/SP, mestra em Psicologia e em História pela mesma instituição, especialista em Violência Doméstica contra Crianças e Adolescentes pela Universidade de São Paulo (USP) e assistente social graduada pela Universidade Estadual de Londrina (UEL). Atualmente é funcionária pública do município de Quatá/SP, atuando como assistente social junto à Secretaria Municipal de Promoção Social. Em sua vinculação à UNIP, exerceu a função de docente, coordenadora auxiliar e líder junto ao curso de Serviço Social da entidade, atuando também como elaboradora de conteúdos no curso oferecido na modalidade EaD. © Todos os direitos reservados. Nenhuma parte desta obra pode ser reproduzida ou transmitida por qualquer forma e/ou quaisquer meios (eletrônico, incluindo fotocópia e gravação) ou arquivada em qualquer sistema ou banco de dados sem permissão escrita da Universidade Paulista. Dados Internacionais de Catalogação na Publicação (CIP) S235s Santiago, Daniela Emilena. Supervisão de Intervenção Profissional / Daniela Emilena Santiago. – São Paulo: Editora Sol, 2020. 136 p., il. Nota: este volume está publicado nos Cadernos de Estudos e Pesquisas da UNIP, Série Didática, ISSN 1517-9230. 1. Estágio. 2. Formação profissional. 3. Serviço social. I. Título. CDU 364.442 U508.73 – 20 Prof. Dr. João Carlos Di Genio Reitor Prof. Fábio Romeu de Carvalho Vice-Reitor de Planejamento, Administração e Finanças Profa. Melânia Dalla Torre Vice-Reitora de Unidades Universitárias Profa. Dra. Marília Ancona-Lopez Vice-Reitora de Pós-Graduação e Pesquisa Profa. Dra. Marília Ancona-Lopez Vice-Reitora de Graduação Unip Interativa – EaD Profa. Elisabete Brihy Prof. Marcello Vannini Prof. Dr. Luiz Felipe Scabar Prof. Ivan Daliberto Frugoli Material Didático – EaD Comissão editorial: Dra. Angélica L. Carlini (UNIP) Dr. Ivan Dias da Motta (CESUMAR) Dra. Kátia Mosorov Alonso (UFMT) Apoio: Profa. Cláudia Regina Baptista – EaD Profa. Deise Alcantara Carreiro – Comissão de Qualificação e Avaliação de Cursos Projeto gráfico: Prof. Alexandre Ponzetto Revisão: Lucas Ricardi Aline Ricciardi Sumário Supervisão de Intervenção Profissional APRESENTAÇÃO ......................................................................................................................................................7 INTRODUÇÃO ...........................................................................................................................................................7 Unidade I 1 PRERROGATIVAS LEGAIS QUE DISCIPLINAM O ESTÁGIO: LEI N. 11.788, DE 25 DE SETEMBRO DE 2008, E LEI DE DIRETRIZES E BASES DA EDUCAÇÃO ...................................9 1.1 Lei n. 11.788, de 25 de setembro de 2008 .....................................................................................9 1.2 Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional e Resolução do Conselho Nacional de Educação ................................................................................................................................ 20 2 POSICIONAMENTOS DA CATEGORIA EM RELAÇÃO AO ESTÁGIO CURRICULAR OBRIGATÓRIO E NÃO OBRIGATÓRIO EM SERVIÇO SOCIAL ................................................................ 22 2.1 Lei de Regulamentação da Profissão e Código Profissional de Ética do Assistente Social ........................................................................................................................................... 22 2.2 Diretrizes Curriculares da ABEPSS de 1996 ............................................................................... 28 2.3 Resolução CFESS n. 533/2008 ......................................................................................................... 30 2.4 Política Nacional de Estágio da ABEPSS de 2010 .................................................................... 34 3 NORMATIVAS INSTITUCIONAIS DA UNIP PARA A REALIZAÇÃO DESSA ATIVIDADE ............. 39 4 ELABORAÇÃO DO PLANO DE ESTÁGIO E DO PROJETO DE INTERVENÇÃO ................................ 44 Unidade II 5 ATORES ENVOLVIDOS NO PROCESSO E A IMPORTÂNCIA DO ESTÁGIO PARA A FORMAÇÃO PROFISSIONAL ............................................................................................................................. 58 5.1 Atores envolvidos no processo de estágio curricular obrigatório em Serviço Social ................................................................................................................................................ 58 5.1.1 Supervisor acadêmico ........................................................................................................................... 58 5.1.2 Supervisor de campo ............................................................................................................................. 65 5.1.3 Estagiário e Coordenação de Estágio ............................................................................................. 71 5.2 A importância do estágio curricular para a formação profissional do estagiário em Serviço Social ................................................................................................................... 78 5.2.1 Diferentes compreensões sobre o estágio em Serviço Social: aspectos históricos .................78 5.2.2 As diversas compreensões dos autores sobre a relevância do estágio em Serviço Social na contemporaneidade ...................................................................................................... 82 6 PRODUÇÃO DE CONHECIMENTO, SISTEMATIZAÇÃO DA PRÁTICA E APROPRIAÇÃO DOS INSTRUMENTAIS E TÉCNICAS NO ESTÁGIO .................................................................................... 86 6.1 Estágio como possibilidade de produção de conhecimento e sistematização da prática ......................................................................................................................... 86 6.2 Estágio como espaço de apropriação dos instrumentais e técnicas: relatórios e demais documentos ........................................................................................................... 96 6.2.1 Instrumentais de ação do assistente social ................................................................................. 97 6.2.2 Técnicas de ação do assistente social ...........................................................................................101 Unidade III 7 DESENVOLVIMENTO DAS ATIVIDADES PRÁTICAS TEÓRICO-METODOLÓGICAS DO ESTÁGIO NOS ESPAÇOS OCUPACIONAIS DO SERVIÇO SOCIAL ...............................................108 7.1 Desenvolvimento das atividades na esfera privada .............................................................108 7.1.1 Serviço Social nas empresas capitalistas privadas ..................................................................108 7.1.2 Organizações não governamentais ................................................................................................111 7.2 Desenvolvimento das atividades na esfera pública..............................................................116 8 RELATOS E DESCRIÇÕES .............................................................................................................................118 8.1 Experiências de alunos em estágio curricular de instituições públicas .......................118 8.2 Experiências de alunos em estágio curricular de instituições privadas .......................122 7 APRESENTAÇÃO O entendimento do estágio obrigatório em Serviço Social requer a compreensão dos elementos que definem tal exercício partindo do conhecimento das normativas legais que o disciplinam.Além disso, são extremamente importantes o conhecimento em relação ao estágio e ao estágio obrigatório, o Plano de Estágio e o relatório de finalização do estágio. Apresentaremos neste livro-texto uma discussão para além da questão normativa, com enfoque na relevância dos atores sociais que integram o processo de estágio obrigatório em Serviço Social. Ainda proporemos a realização de discussões sobre a importância do estágio para a formação profissional do futuro assistente social e orientaremos a discussão para a questão metodológica, destacando a relevância da elaboração de relatórios e demais documentos análogos. Outra possibilidade avistada em relação ao estágio será a discussão sobre a importância do estágio na produção de conhecimento. Também mostraremos experiências de estágio desenvolvidas em organizações públicas e privadas, buscando assim fortalecer a junção da teoria com a prática e estimulando uma reflexão sobre a relevância dessa fase para o desenvolvimento do futuro profissional. Por fim, traremos relatos de experiência vivenciados por outros estagiários sobre o processo de estágio. Dessa forma, esperamos que você tenha informações que o auxiliem a construir uma reflexão crítica sobre a fundamentação teórica que estrutura sua formação, estabelecendo uma relação com a realidade em que se pretende uma ação transformadora. Os documentos oficiais, elaborados pelo conjunto Conselho Federal de Serviço Social (CFESS) e Conselho Regional de Serviço Social (CRESS), também são importantes instrumentos que apresentaremos neste material, assim como as indicações propostas pela Associação Brasileira de Ensino e Pesquisa em Serviço Social (ABEPSS). Consideramos, assim, que os estudos aqui propostos irão colaborar substancialmente para uma nova análise do estágio em Serviço Social. INTRODUÇÃO Prezado aluno, Convidamos você, nesta disciplina, a pensar sobre a questão do estágio supervisionado em Serviço Social. Para analisarmos esse aspecto que envolve a formação do assistente social, realize a leitura do texto a seguir: Sou assistente social e supervisiono estágio: a supervisão qualifica a formação e o trabalho O objetivo da campanha é destacar, junto à categoria profissional, a relevância político- pedagógica do estágio supervisionado no processo de formação e no exercício profissional em serviço social. O lançamento foi realizado durante a Oficina Nacional da ABEPSS, no dia 8 de novembro A Associação Brasileira de Ensino e Pesquisa em Serviço Social (ABEPSS) lançou, no dia 8 de novembro de 2017, a campanha “Sou assistente social e supervisiono estágio: a supervisão qualifica a formação e o trabalho”. 8 O lançamento ocorreu durante a Oficina Nacional da ABEPSS, realizada de 7 a 9 de novembro de 2017, na Escola de Serviço Social da Universidade Federal Fluminense (ESS/UFF), em Niterói, no Rio de Janeiro. O objetivo da campanha é destacar, junto à categoria profissional, a relevância político-pedagógica do estágio supervisionado no processo de formação e no exercício profissional em serviço social. E surge como parte de uma estratégia de fortalecimento e valorização do processo de supervisão de estágio. A ABEPSS entende que a supervisão se constitui em um dos lócus estratégicos para a defesa do projeto ético-político profissional. Partimos de uma concepção de profissão que compreende a atuação profissional nas expressões da questão social, formulando, implementando e avaliando propostas para seu enfrentamento, por meio de políticas públicas, dos movimentos sociais e das organizações do terceiro setor. Com a/o profissional dotada/o de formação intelectual e cultural generalista crítica; comprometida/o com os valores e princípios norteadores do Código de Ética da/o assistente social. Essa concepção de profissão necessita da articulação dinâmica e dialética entre as dimensões da formação profissional, do trabalho profissional e da organização política do coletivo profissional. E isso, em termos da supervisão de estágio, refere-se à indissociabilidade entre supervisão acadêmica e supervisão de campo. Fonte: ABEPSS (2017). Nesse texto vemos uma ação da ABEPSS na tentativa de sensibilizar os assistentes sociais a respeito da supervisão de estágio em Serviço Social. De certa forma, notamos que a ação proposta mostra-se válida, ao passo que o estágio é uma parte fundamental da formação dos assistentes sociais. Você já sabe que o estágio é extremamente importante para a sua formação. É nesse espaço que temos a possibilidade de unir teoria e prática, permitindo a realização de uma reflexão crítica sobre a realidade por meio de um estudo fundamentado, estruturado. Para isso, é necessário que tenhamos conhecimento sobre todas as prerrogativas, incluindo as legais, sobre o estágio curricular em Serviço Social, e com esse intuito foi organizada a presente disciplina. Partindo dessa perspectiva, também é basal o entendimento das indicações conferidas pela UNIP a respeito da organização do estágio curricular obrigatório em Serviço Social. Isso porque, para que o estágio curricular consiga cumprir, de fato, seu papel, é fundamental que todos os aspectos relacionados à orientação institucional sejam seguidos. Além das questões normativas, é extremamente necessário que seja realizada uma reflexão sobre o estágio em Serviço Social que compreenda a importante influência dessa vivência para a formação do futuro profissional. 9 SUPERVISÃO DE INTERVENÇÃO PROFISSIONAL Unidade I 1 PRERROGATIVAS LEGAIS QUE DISCIPLINAM O ESTÁGIO: LEI N. 11.788, DE 25 DE SETEMBRO DE 2008, E LEI DE DIRETRIZES E BASES DA EDUCAÇÃO Neste tópico, apresentaremos a Lei n. 11.788, de 25 de setembro de 2008, conhecida como Lei de Estágio, a qual orienta a organização do estágio no Brasil. Na sequência, passaremos a discorrer sobre a Lei de Diretrizes e Bases da Educação, porém, abordaremos apenas os aspectos relacionados ao estágio. 1.1 Lei n. 11.788, de 25 de setembro de 2008 Convidamos você para uma reflexão sobre a legislação federal conhecida como Lei de Estágio, que orienta e disciplina todo o processo de estágio em nosso país. Essa legislação busca aprimorar e detalhar aspectos relacionados ao estágio obrigatório e não obrigatório e aborda outras possibilidades de estágio além do desenvolvido junto ao ensino superior, sendo fundamental para que possamos compreender os aspectos legais que demarcam a realização de estágio em nosso país. Veja a definição a seguir: Art. 1º Estágio é ato educativo escolar supervisionado, desenvolvido no ambiente de trabalho, que visa à preparação para o trabalho produtivo de educandos que estejam frequentando o ensino regular em instituições de educação superior, de educação profissional, de ensino médio, da educação especial e dos anos finais do ensino fundamental, na modalidade profissional da educação de jovens e adultos (BRASIL, 2008). Conforme a legislação destaca, o estágio precisa se consolidar por meio de um processo educativo em que o estagiário seja preparado para a sua inserção laboral futura. Os estagiários precisam estar vinculados a instituições regulares de ensino. O vínculo com a instituição de ensino é que deve conferir ao estágio o caráter educacional e o seu papel de preparo para o mercado de trabalho. Partindo de tais indicações, podemos considerar que os estágios têm de fato se consolidado como espaços de preparação para o mercado de trabalho, mas são, verdadeiramente, espaços educacionais? Como fazer para que isso se consolide em todos os espaços de estágios e o estagiário deixe de ser a mão de obra barata de empresas públicas e privadas? Seguir a legislação é um elemento basal para consolidar práticas que sejam de fato promotoras do caráter educacional dessa atividade. Observação O estágio deve se consolidar como um meio para a promoção da educação, assim como para o preparo do estagiário para o seu futuro junto ao mercado de trabalho. 10 Unidade I O fato de o estagiário estar vinculadoa uma instituição de ensino pressupõe que o estágio atenda ao disposto no Projeto Pedagógico do respectivo curso. Dito de outra forma, o estágio precisa constar no Projeto Pedagógico do Curso para que, de fato, se constitua como uma metodologia educativa. Isso é muito importante, uma vez que o estágio não pode se consolidar como um espaço em que o estagiário desenvolva apenas atividades rotineiras, burocráticas, ou aquelas que não são desempenhadas pelos demais trabalhadores. Sempre é necessária uma reflexão em torno dessa questão para que o estágio se consolide como um meio de formação qualificada, e não como um espaço de exploração da mão de obra do aluno sem considerar suas necessidades educacionais. Saiba mais Vamos pensar um pouco sobre o estágio não obrigatório? O texto a seguir nos apresenta um relato de experiência de estágio desenvolvido no ensino fundamental de Maceió. É uma narrativa interessante, de uma área pedagógica, mas que nos orienta a refletir acerca das intercorrências presentes no processo de estágio: LIMA, W. dos S. R.; GOMES, M. A. V. Estágio curricular não obrigatório: relato de uma experiência em uma escola do ensino fundamental da rede pública de Maceió. In: EDUCERE – CONGRESSO NACIONAL DE EDUCAÇÃO, 12, 2015, Curitiba. Anais... Curitiba: PUC, 2015. Disponível em: https:// educere.bruc.com.br/arquivo/pdf2015/16645_7725.pdf. Acesso em: 26 mar. 2019. São elencados como possibilidades de estágio o obrigatório e o não obrigatório. Os formatos de estágio são assim apresentados: § 1º Estágio obrigatório é aquele definido como tal no projeto do curso, cuja carga horária é requisito para aprovação e obtenção de diploma. § 2º Estágio não obrigatório é aquele desenvolvido como atividade opcional, acrescida à carga horária regular e obrigatória (BRASIL, 2008). O estágio é obrigatório quando é requisito para a conclusão do curso. Já o não obrigatório é aquele que pode ser realizado desde que o estagiário esteja vinculado a uma instituição de ensino. No entanto, o estágio não obrigatório não é requisito para a conclusão do curso. Atividades como extensão, monitorias e iniciação científica não podem ser computadas como estágio, exceto se isso constar no Projeto Pedagógico do Curso. No nosso caso, vemos que as atividades em questão não são computadas como estágio em Serviço Social, tanto o obrigatório como o não obrigatório. O estágio obrigatório e o não obrigatório não geram vínculo empregatício. Dessa forma, após a conclusão do estágio, a empresa ou organização não tem nenhuma responsabilidade em relação ao estagiário. 11 SUPERVISÃO DE INTERVENÇÃO PROFISSIONAL Lembrete O estágio obrigatório e o não obrigatório não geram vínculo empregatício. Para a inserção em qualquer uma das modalidades, é necessário que o aluno esteja matriculado em uma instituição de ensino. Além disso, a lei nos coloca que é condição para o início do estágio a elaboração de um termo de compromisso entre estagiário, concedente e instituição de ensino. Nesse termo vão ser traçadas questões sobre a dinâmica do estágio, bem como seus objetivos pedagógicos. Há ainda a necessidade de que as atividades desenvolvidas no estágio não entrem em conflito com aquilo que foi determinado no termo de compromisso, afinal, não podemos indicar um rol de atividades, e o aluno/estagiário desenvolver outras ações distintas. Sintetizando, a legislação exige: I – matrícula e frequência regular do educando em curso de educação superior, de educação profissional, de ensino médio, da educação especial e nos anos finais do ensino fundamental, na modalidade profissional da educação de jovens e adultos e atestados pela instituição de ensino; II – celebração de termo de compromisso entre o educando, a parte concedente do estágio e a instituição de ensino; III – compatibilidade entre as atividades desenvolvidas no estágio e aquelas previstas no termo de compromisso (BRASIL, 2008). A garantia de que o estagiário irá desempenhar ações que tornarão o processo educativo, de fato, é fortalecida pela figura do supervisor ou do professor orientador. É essa pessoa que deve garantir que as atividades pedagógicas propostas sejam desempenhadas de forma adequada e que possam, de fato, colaborar para o processo formativo do aluno-estagiário. Outro ator importante no processo de estágio, seja ele obrigatório ou não, é o agente de integração, que seria a pessoa responsável nos locais pelo gerenciamento de estágio desenvolvido em espaços públicos e nos espaços privados (BRASIL, 2008). Por exemplo, na UNIP, temos o Setor de Estágio, responsável por organizar a inserção dos alunos nos mais diversos campos de estágio. O primeiro seria, por conseguinte, um exemplo de um agente de integração de estágio vinculado a uma empresa privada. Outro exemplo importante refere-se aos municípios. O município de Paraguaçu Paulista, no interior do estado de São Paulo, tem um funcionário designado especialmente para conferir o suporte necessário para as situações que envolvem o estágio curricular obrigatório e o não obrigatório desenvolvido na prefeitura municipal. Essa pessoa pode ser considerada um agente de integração. Há alguns municípios que firmam convênio com o Centro de Integração Empresa-Escola (CIEE) ou outras empresas análogas que desempenham o papel de agente integrador. No caso da empresa pública, é necessário que seja feita licitação da empresa que irá realizar esse papel. 12 Unidade I Lembrete O agente de integração é a pessoa responsável por gerenciar o processo de estágio. Podemos identificar agentes de integração na área pública e também na área privada. De acordo com a legislação em questão, o agente de integração possui algumas competências, a saber: I – identificar oportunidades de estágio; II – ajustar suas condições de realização; III – fazer o acompanhamento administrativo; IV – encaminhar negociação de seguros contra acidentes pessoais; V – cadastrar os estudantes (BRASIL, 2008). Vemos que compete a tal agente adotar todas as providências necessárias para que o estágio transcorra conforme o disposto na legislação. Os agentes de integração também podem ser responsabilizados por indicar alunos para espaços de estágios que não sejam compatíveis com a sua formação. A legislação assevera, entretanto, que esses “serviços” e demais custos relacionados à inserção do aluno no processo de estágio não devem resultar também em custos para o estagiário. Exemplo de aplicação O site a seguir oferece orientações sobre a prática simulada que pode acontecer no caso de estágio obrigatório. São colocações interessantes e que ajudam a entender o processo de inserção do aluno nos espaços de estágio: ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE MANTENEDORAS DO ENSINO SUPERIOR. A inclusão das atividades de prática simulada no âmbito do estágio obrigatório. Brasília: Abmes, 2017. Disponível em: https://abmes. org.br/colunas/detalhe/1706/educacao-superior-comentada-a-inclusao-das-atividades-de-pratica- simulada-no-ambito-do-estagio-obrigatorio. Acesso em: 10 mar. 2020. Sugerimos que você reflita a respeito das prerrogativas apresentadas ao estágio curricular obrigatório. Elas têm sido cumpridas em seu processo de inserção nos campos de estágio? Observe que são aspectos legais que são avistados como necessidades para o desenvolvimento de forma adequada dos estágios em geral. A legislação também apresenta as competências das instituições de ensino e das empresas convenentes. Faz, ainda, orientações em relação à questão da jornada de trabalho e férias destinadas ao estagiário. Compete, assim, às instituições de ensino: 13 SUPERVISÃO DE INTERVENÇÃO PROFISSIONAL I – celebrar termo de compromisso com o educando ou com seu representante ou assistente legal, quando ele for absoluta ou relativamente incapaz, e com a parte concedente, indicando as condições de adequação do estágio à proposta pedagógica do curso, à etapa e modalidade da formação escolar do estudante e ao horário e calendário escolar;II – avaliar as instalações da parte concedente do estágio e sua adequação à formação cultural e profissional do educando; III – indicar professor orientador, da área a ser desenvolvida no estágio, como responsável pelo acompanhamento e avaliação das atividades do estagiário; IV – exigir do educando a apresentação periódica, em prazo não superior a 6 (seis) meses, de relatório das atividades; V – zelar pelo cumprimento do termo de compromisso, reorientando o estagiário para outro local em caso de descumprimento de suas normas; VI – elaborar normas complementares e instrumentos de avaliação dos estágios de seus educandos; VII – comunicar à parte concedente do estágio, no início do período letivo, as datas de realização de avaliações escolares ou acadêmicas. Parágrafo único. O plano de atividades do estagiário, elaborado em acordo das 3 (três) partes a que se refere o inciso II do caput do art. 3º desta Lei, será incorporado ao termo de compromisso por meio de aditivos à medida que for avaliado, progressivamente, o desempenho do estudante. Art. 8º É facultado às instituições de ensino celebrar com entes públicos e privados convênio de concessão de estágio, nos quais se explicitem o processo educativo compreendido nas atividades programadas para seus educandos e as condições de que tratam os arts. 6º a 14 desta Lei (BRASIL, 2008). Compete assim às instituições de ensino orientar a elaboração do termo de compromisso e desenvolver dispositivos para que ele seja cumprido. Além disso, as instituições de ensino devem analisar as instalações onde o estágio irá ocorrer, elaborar normas complementares ao exercício de estágio, requerer aos estagiários a apresentação de relatórios e comunicar às empresas dados sobre o início das atividades letivas. As instituições de ensino devem ainda auxiliar o estagiário na elaboração do Plano de Estágio e, necessariamente, indicar o professor orientador. A normativa ainda destaca, como ressaltamos anteriormente, as atribuições das empresas convenentes no processo de estágio, assim descritas: 14 Unidade I I – celebrar termo de compromisso com a instituição de ensino e o educando, zelando por seu cumprimento; II – ofertar instalações que tenham condições de proporcionar ao educando atividades de aprendizagem social, profissional e cultural; III – indicar funcionário de seu quadro de pessoal, com formação ou experiência profissional na área de conhecimento desenvolvida no curso do estagiário, para orientar e supervisionar até 10 (dez) estagiários simultaneamente; IV – contratar em favor do estagiário seguro contra acidentes pessoais, cuja apólice seja compatível com valores de mercado, conforme fique estabelecido no termo de compromisso; V – por ocasião do desligamento do estagiário, entregar termo de realização do estágio com indicação resumida das atividades desenvolvidas, dos períodos e da avaliação de desempenho; VI – manter à disposição da fiscalização documentos que comprovem a relação de estágio; VII – enviar à instituição de ensino, com periodicidade mínima de 6 (seis) meses, relatório de atividades, com vista obrigatória ao estagiário. Parágrafo único. No caso de estágio obrigatório, a responsabilidade pela contratação do seguro de que trata o inciso IV do caput deste artigo poderá, alternativamente, ser assumida pela instituição de ensino (BRASIL, 2008). Saiba mais Os filmes a seguir indicam diferentes vivências nos mais variados contextos relacionados ao estágio. Neles vemos até mesmo o estágio identificado pelos protagonistas dos filmes como única alternativa para o desemprego. À PROCURA da felicidade. Direção: Gabriele Muccino. EUA: Overbrook Entertainment, 2006. 117 min. OS ESTAGIÁRIOS. Direção: Shawn Levy. EUA: Regency Enterprises, 2013. 117 min. Por sua vez, vemos que há atribuições diferenciadas para as convenentes. Nesse caso, compete a essas instituições celebrar termo de convênio com a instituição de ensino, além de oferecer instalações adequadas para o desenvolvimento das atividades. Compete ainda à convenente indicar entre o quadro de 15 SUPERVISÃO DE INTERVENÇÃO PROFISSIONAL funcionários aquele que seja responsável pelo estagiário. Essa indicação deve considerar que o supervisor possua área de formação análoga à do estagiário. Para cada trabalhador, é indicado o número de até 10 estagiários, porém, no caso do serviço social, como veremos, há orientações específicas em relação à carga horária do supervisor. Para tanto, essa legislação se aplica no caso de estagiários em geral, sendo necessária a observação das prerrogativas de cada categoria de trabalhadores. Com relação à quantidade de estagiários, o artigo 17 ainda destaca um número máximo permitido por concedente. Esse número advém da quantidade de trabalhadores vinculados à empresa, assim destacado: I – de 1 (um) a 5 (cinco) empregados: 1 (um) estagiário; II – de 6 (seis) a 10 (dez) empregados: até 2 (dois) estagiários; III – de 11 (onze) a 25 (vinte e cinco) empregados: até 5 (cinco) estagiários; IV – acima de 25 (vinte e cinco) empregados: até 20% (vinte por cento) de estagiários (BRASIL, 2008). Lembrete O estágio obrigatório e o não obrigatório precisam cumprir sua finalidade educativa. Essa proporção deve ser observada para que possa ser garantido o caráter educativo do estágio. Vemos ainda que a contratação do seguro do estagiário é indicada como uma responsabilidade da convenente, que poderá partilhar essa contratação com o apoio da instituição de ensino no caso de estágio curricular obrigatório. A convenente precisa ainda participar quando o estágio for concluído para a instituição de ensino, que também deve receber dela relatório de atividades desenvolvidas durante o processo de estágio. Aliás, como podemos ver, a lei indica que a convenente precisa disponibilizar todos os documentos relacionados aos estágios, os quais precisam estar acessíveis em caso de consultas ou pesquisas. Sistematizando as informações destacadas na legislação em relação às responsabilidades na condução do estágio, observe o quadro a seguir: Quadro 1 – Responsabilidades em relação ao estágio de instituições educacionais e empresas conveniadas Atividades Instituições educacionais Empresas conveniadas Celebrar termo de compromisso X X Avaliar instalações X Ofertar instalações adequadas X 16 Unidade I Atividades Instituições educacionais Empresas conveniadas Indicar professor orientador X Indicar trabalhador responsável X Exigir relatórios semestrais X Oferecer informações semestrais sobre o estágio e manter os arquivos do estágio disponíveis X Contratar seguro X(estágio obrigatório) X Informar a finalização do estágio X Elaborar plano de atividades do estágio X Comunicar sobre o início do período letivo X Providenciar normas complementares e zelar pelo cumprimento do termo de compromisso X Vemos que há responsabilidades partilhadas, como a celebração do termo de compromisso, além da indicação de um trabalhador para acompanhar o estágio, sendo que esse profissional, na instituição de ensino, sempre será um professor. Entretanto, para que o estágio possa transcorrer de forma adequada e possa, de fato, cumprir seu papel educativo, é fundamental que seja idealizado para o estágio. Por fim, ao abordar o papel do estagiário, a legislação indica inicialmente questões relacionadas à jornada de trabalho. O documento aponta que a jornada de trabalho a ser cumprida deve ser determinada de acordo com o que é alinhado entre instituição de ensino, estagiário e concedente. No caso de estagiários que não tenham maioridade, é necessário ainda que o responsável legal também participe dessa decisão. Quanto ao horário a ser cumprido, lemos o que segue: I – 4 (quatro) horas diárias e 20 (vinte) horas semanais, no caso de estudantes de educação especial e dos anos finais do ensino fundamental, na modalidade profissional de educação de jovens e adultos; II – 6 (seis) horas diárias e 30 (trinta) horas semanais, nocaso de estudantes do ensino superior, da educação profissional de nível médio e do ensino médio regular. § 1º O estágio relativo a cursos que alternam teoria e prática, nos períodos em que não estão programadas aulas presenciais, poderá ter jornada de até 40 (quarenta) horas semanais, desde que isso esteja previsto no projeto pedagógico do curso e da instituição de ensino. § 2º Se a instituição de ensino adotar verificações de aprendizagem periódicas ou finais, nos períodos de avaliação, a carga horária do estágio será reduzida pelo menos à metade, segundo estipulado no termo de compromisso, para garantir o bom desempenho do estudante (BRASIL, 2008). 17 SUPERVISÃO DE INTERVENÇÃO PROFISSIONAL Exemplo de aplicação Temos observado várias discussões sobre a questão da inclusão, sobretudo de pessoas com deficiência, em escolas e demais unidades de ensino. Porém, é necessário pensar sobre a inserção da pessoa com deficiência também nos espaços de estágio. O texto a seguir propõe essa discussão: BATISTA, M. de L. A.; ZAMPONI, E. C. A importância do estágio remunerado para os alunos com deficiência intelectual: uma oportunidade nos Núcleos Regionais de Educação do Paraná. In: EDUCERE – CONGRESSO NACIONAL DE EDUCAÇÃO, 12, 2015, Curitiba. Anais... Curitiba: PUC, 2015. Disponível em: https://educere.bruc.com.br/arquivo/pdf2015/18421_9084.pdf. Acesso em: 26 mar. 2019. Vamos pensar sobre a importância que o estágio possui para o desenvolvimento de tais pessoas, bem como a respeito da relevância da bolsa recebida? Para os estágios de ensino fundamental, educação especial e em modalidade profissional, são indicadas a necessidade de cumprimento de 4 horas diárias ou 20 semanais. Para os estudantes de ensino superior, educação profissional de nível médio e ensino médio é indicado como necessário o cumprimento de 6 horas diárias ou 30 semanais. Já no caso de instituições que analisem verificações de aprendizagem periódicas ou finais, é possível a redução da carga horária de estágio, desde que isso conste no termo de compromisso. A legislação indica ainda que cada estagiário poderá permanecer no campo de estágio por no máximo dois anos, exceto no caso do estagiário tratar-se de pessoa com deficiência. Lembrete Cada estágio pode durar até dois anos. Somente os estagiários com deficiência podem celebrar contratos de estágio com outros períodos de duração. A legislação indica que poderá ser acordado junto ao estagiário o recebimento de bolsa ou qualquer outro tipo de auxílio, destacando, no entanto, que isso não caracteriza vínculo empregatício. O texto demonstra ainda que após um ano no campo de estágio, o estagiário faz jus a trinta dias de férias, os quais devem ser preferencialmente gozados por ele durante o período de férias escolares. Esse recesso, quando o estagiário receber bolsa, deverá ser remunerado. Em seu final, a legislação indica que há necessidade de fiscalização das atividades de estágio, uma vez que a lei em pauta deve ser cumprida. Em relação à fiscalização, ela nos coloca conforme segue: Art. 15. A manutenção de estagiários em desconformidade com esta Lei caracteriza vínculo de emprego do educando com a parte concedente do estágio para todos os fins da legislação trabalhista e previdenciária. 18 Unidade I § 1º A instituição privada ou pública que reincidir na irregularidade de que trata este artigo ficará impedida de receber estagiários por 2 (dois) anos, contados da data da decisão definitiva do processo administrativo correspondente. § 2º A penalidade de que trata o § 1º deste artigo limita-se à filial ou agência em que for cometida a irregularidade (BRASIL, 2008). Logo, manter alguém em situação de “estágio” sem a devida regulamentação pode caracterizar vínculo empregatício. A instituição de ensino, pública ou privada, que estabeleça estágios em desacordo com a legislação poderá ficar impedida de celebrar convênios de estágio. Mas como tem sido a inserção de alunos em campos de estágio? A matéria a seguir nos dá pistas sobre essa alocação: Número de estagiários no país cresce 23,8% no primeiro trimestre O número de estagiários no país cresceu de 466.157 no primeiro trimestre do ano passado para 576.983 no mesmo período deste ano, uma alta de 23,8%. Segundo pesquisa divulgada hoje (16), em São Paulo, pelo Centro de Integração Empresa-Escola (CIEE), estudantes do sexo feminino são maioria no mercado, respondendo por 65% das vagas ocupadas, com taxa de contratação de 30%. A aprendizagem, outra modalidade de trabalho, voltada para jovens entre 14 e 24 anos, sendo a maioria (68,8%) formada no ensino médio, apresentou alta de 39,5%, passando de 109.966 postos no primeiro trimestre de 2018 para 153.452 no mesmo período neste ano. Entre os aprendizes, o índice de contratação é de 25%. O superintendente do CIEE Humberto Casagrande Neto destacou que 27% da população com até 24 anos está sem emprego no país. “O jovem é sempre demitido em primeiro lugar, e é contratado mais tarde”, disse. Segundo ele, aumentar a qualidade e a formação dos jovens é primordial. “A produtividade da economia brasileira é uma das menores do mundo. Até os argentinos estão acima. Os programas de estágio têm tudo a ver com a melhora da produtividade, essa pauta também está aqui”, completou. Casagrande Neto também defendeu a proposta da Carteira de Trabalho Verde e Amarela, que, segundo ele, pretende desburocratizar as relações trabalhistas. “Não conflita [com o estágio e a aprendizagem]. Vejo com bons olhos, como cidadão, como entidade. Não vejo que vá trazer problemas, não vejo concorrência. Isso vai trazer mais emprego, mais oferta”, disse. 19 SUPERVISÃO DE INTERVENÇÃO PROFISSIONAL Dados O estudo mostrou que a média de estagiários por empresa é de 3,06 no Centro-Oeste e no Distrito Federal; de 3,84 na Grande São Paulo; de 3,24 no Nordeste; de 3,67 no Norte; de 3,71 no leste do interior paulista; e de 3,38 no oeste do interior paulista. O tempo médio de duração de cada estágio varia de 6,7 meses no Centro-Oeste a 7,9 meses na Grande São Paulo. Os cursos com maior número de estagiários no país são Administração, Pedagogia, Direito, Ciências Contábeis, Engenharia Civil e Engenharia de Produção, nessa ordem. No último trimestre, os cursos que mais abriram vagas foram Direito, Pedagogia, Administração, Ciências Contábeis, Educação Física e área de Tecnologia da Informação. Processo seletivo Segundo o superintendente de operações do CIEE, Marcelo Gallo, os principais requisitos que as empresas exigem dos estagiários são conhecimentos em informática (Excel, Word, PowerPoint e Windows) e o domínio do inglês. Os traços comportamentais, no entanto, são os diferenciais mais observados durante um processo seletivo, sendo valorizados os trabalhos em equipe, a versatilidade, a boa comunicação e a facilidade para lidar com adversidades. “A empresa pode oferecer os cursos, mas os aspectos comportamentais são mais difíceis de moldar na pessoa.” Uma chance para quem busca oportunidades de trabalho é a realização da 22ª edição da Expo CIEE, em São Paulo, que neste ano oferecerá 9 mil vagas para estágios e aprendizagem. O evento ocorrerá entre os dias 23 a 25 de maio, na Bienal do Parque Ibirapuera. Fonte: Cruz (2019). Exemplo de aplicação Os dados dessa pesquisa mostram uma elevação de 23,8% dos postos de estágio destinados a alunos do ensino médio e também do ensino superior. Nesse sentido, podemos dizer que a legislação que estudamos estimula as empresas na ampliação desses postos de trabalho? Em que medida essas experiências são importantes para aqueles que estão buscando sua inserção no mercado de trabalho? Vamos pensar um pouco sobre isso. Dessa forma, podemos compreender que muitas prerrogativas presentes no estágio em Serviço Social advêm da legislação oficial que disciplina o estágio como um todo. A elaboração do termo de compromisso e do plano de atividades, e a indicação da necessidade de supervisores tanto da instituiçãode ensino quanto da empresa convenente são requisitos importantes para que o estágio atenda à legislação federal. 20 Unidade I A seguir, passaremos a discutir as informações relacionadas ao estágio de acordo com a Lei de Diretrizes e Bases da Educação (LDB) com os parâmetros do Conselho Nacional de Educação. 1.2 Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional e Resolução do Conselho Nacional de Educação A LDB apresenta, de forma muito resumida, o estágio, isso porque a lei em questão foi elaborada em 1996 e posteriormente as indicações sobre o estágio que havia nela foram substituídas pela Lei de Estágio que estudamos anteriormente. Aqui iremos destacar somente os artigos que não integram a Lei de Estágio e que ainda estão em vigor. A princípio, há uma colocação sobre o estágio em relação aos profissionais da educação, a partir do artigo 61: Parágrafo único. A formação dos profissionais da educação, de modo a atender às especificidades do exercício de suas atividades, bem como aos objetivos das diferentes etapas e modalidades da educação básica, terá como fundamentos: (Incluído pela Lei n. 12.014, de 2009) I – a presença de sólida formação básica, que propicie o conhecimento dos fundamentos científicos e sociais de suas competências de trabalho; (Incluído pela Lei n. 12.014, de 2009) II – a associação entre teorias e práticas, mediante estágios supervisionados e capacitação em serviço; (Incluído pela Lei n. 12.014, de 2009) III – o aproveitamento da formação e experiências anteriores, em instituições de ensino e em outras atividades. (Incluído pela Lei n. 12.014, de 2009) (BRASIL, 1996). Vemos que é enfatizada a importância da vinculação entre teoria e prática por meio do estágio supervisionado. Porém, não há uma discussão de forma mais específica sobre o estágio na área pedagógica; antes, há apenas essa menção. No artigo 82, indica-se que os sistemas de ensino devem dispor sobre as normativas relacionadas à realização do estágio: “Art. 82. Os sistemas de ensino estabelecerão as normas de realização de estágio em sua jurisdição, observada a lei federal sobre a matéria” (BRASIL, 1996). Não há outras considerações nessa lei acerca do estágio. As Resoluções de número 492, de 3 de abril de 2001; 1.363, de 12 de dezembro de 2001; e 15, de 13 de março de 2002, do Conselho Nacional de Educação, indicam parâmetros que devem ser usados em relação ao estágio em Serviço Social. A resolução incorporou as indicações contidas nas Diretrizes Curriculares da ABEPSS de 1996 e, em relação ao estágio e à atividade complementar, destacou que: 21 SUPERVISÃO DE INTERVENÇÃO PROFISSIONAL Devem integralizar a estrutura curricular, com computação de carga horária, atividades acadêmicas autorizadas pelo Colegiado tais como: estágios, iniciação científica, laboratórios, trabalho em pesquisa, trabalho de conclusão de curso, participação em eventos científicos, seminários extra-classe, projetos de extensão (CONSELHO NACIONAL DE EDUCAÇÃO, 2001, p. 4). O estágio em Serviço Social faz parte da grade curricular do curso. Isso nos diz que não é possível a conclusão do curso sem a realização do estágio. A resolução ainda destaca que a organização dos cursos de graduação em Serviço Social deve observar a flexibilidade nos currículos e visar à integração do estudo das disciplinas a outras atividades, entre as quais o estágio. Ainda no que diz respeito à organização do curso, o documento salienta a necessidade de haver junção entre supervisão acadêmica e profissional, apresentadas como elementos fundamentais para a atividade de estágio em Serviço Social. Assim, deve haver: Flexibilidade dos currículos plenos, integrando o ensino das disciplinas com outros componentes curriculares, tais como: oficinas, seminários temáticos, estágio, atividades complementares; [...] indissociabilidade entre a supervisão acadêmica e profissional na atividade de estágio (CONSELHO NACIONAL DE EDUCAÇÃO, 2001, p. 13-14) Observação A supervisão acadêmica e a supervisão de campo devem ser garantidas quando temos o ingresso do aluno no campo de estágio em Serviço Social. A referida resolução ainda destaca, no item 5 do curso de Serviço Social, informações agregadas sobre o Estágio Supervisionado e o Trabalho de Conclusão de Curso (TCC): O Estágio Supervisionado e o Trabalho de Conclusão de Curso devem ser desenvolvidos durante o processo de formação a partir do desdobramento dos componentes curriculares, concomitante ao período letivo escolar. O Estágio Supervisionado é uma atividade curricular obrigatória que se configura a partir da inserção do aluno no espaço sócio-institucional, objetivando capacitá-lo para o exercício profissional, o que pressupõe supervisão sistemática. Esta supervisão será feita conjuntamente por professor supervisor e por profissional do campo, com base em planos de estágio elaborados em conjunto pelas unidades de ensino e organizações que oferecem estágio (CONSELHO NACIONAL DE EDUCAÇÃO, 2001, p. 13-14) Isso fortalece a noção de que o estágio deve ser desenvolvido acompanhando os componentes curriculares do curso, e em período letivo. Nesse sentido, é lícito entender que o estágio não pode ser realizado fora do período letivo, como em férias ou recesso escolar. Para o exercício do estágio, o aluno 22 Unidade I deve ser alocado em espaço sócio-ocupacional sob supervisão direta, que deverá ser empreendida pelo supervisor pedagógico (professor supervisor) e pelo supervisor de campo. A inserção em campo de estágio requer ainda que essa supervisão seja conjunta e orientada pelos planos de estágio elaborados também de forma partilhada entre as unidades de ensino. Lembrete O estágio requer a vinculação de um supervisor por parte da instituição de ensino e outro por parte da instituição concedente. Para tanto, partindo de tais indicações, na sequência, abordaremos as indicações dos documentos da categoria CFESS/CRESS e ABEPSS em relação ao estágio em Serviço Social. Agora, partiremos de estudos específicos sobre a nossa área de atuação. 2 POSICIONAMENTOS DA CATEGORIA EM RELAÇÃO AO ESTÁGIO CURRICULAR OBRIGATÓRIO E NÃO OBRIGATÓRIO EM SERVIÇO SOCIAL Para compreender o estágio em Serviço Social, há alguns documentos que precisam ser estudados. Entre esses documentos, podemos citar, em ordem cronológica: a Lei de Regulamentação da Profissão e o Código de Ética do/a Assistente Social, ambos de 1993; a Diretriz Curricular da ABEPSS, de 1996; a Resolução CFESS n. 533/2008; e a Política Nacional de Estágio, de 2009. Para que possamos, de fato, conhecer o estágio em Serviço Social é basal que façamos uma releitura desses dispositivos que em tese orientam tal atividade profissional. 2.1 Lei de Regulamentação da Profissão e Código Profissional de Ética do Assistente Social A Lei de Regulamentação da Profissão é um dos dispositivos legais mais conhecidos pelos profissionais da área. Ela é um documento normativo que impõe um caráter à ação do assistente social e disciplina aspectos da intervenção profissional. Já o Código Profissional de Ética do Assistente Social é uma resolução do Conselho Federal de Serviço Social que oferece parâmetros e referências para a ação do assistente social. O Código Profissional de Ética não tem “força de lei” como a Lei de Regulamentação, mas tem influência na delimitação de um perfil que é idealizado aos profissionais. Observação As atribuições privativas, segundo a Lei de Regulamentação da Profissão, correspondem a intervenções que somente o assistente social habilitado pode desenvolver. A Lei de Regulamentação da Profissão nos apresenta, entre vários aspectos, atribuições privativas e competências dos assistentes sociais. As atribuições privativas correspondem a ações que somente o 23 SUPERVISÃO DE INTERVENÇÃO PROFISSIONAL assistente social, regularmente inscrito no CRESS, pode desempenhar. As competências, por sua vez, destacam atos que o assistente social pode desempenhar, mas não são específicas de suaárea de atuação. De toda forma, é na descrição das atribuições privativas do assistente social, no artigo 5º, que temos a abordagem de questões específicas de nossa categoria, entre elas, o estágio: Art. 5º Constituem atribuições privativas do assistente social: I – coordenar, elaborar, executar, supervisionar e avaliar estudos, pesquisas, planos, programas e projetos na área de serviço social; II – planejar, organizar e administrar programas e projetos em Unidade de serviço social; III – assessoria e consultoria e órgãos da Administração Pública direta e indireta, empresas privadas e outras entidades, em matéria de serviço social; IV – realizar vistorias, perícias técnicas, laudos periciais, informações e pareceres sobre a matéria de serviço social; V – assumir, no magistério de serviço social tanto a nível de graduação como pós-graduação, disciplinas e funções que exijam conhecimentos próprios e adquiridos em curso de formação regular; VI – treinamento, avaliação e supervisão direta de estagiários de serviço social; VII – dirigir e coordenar Unidades de Ensino e Cursos de Serviço Social, de graduação e pós-graduação; VIII – dirigir e coordenar associações, núcleos, centros de estudo e de pesquisa em serviço social; IX – elaborar provas, presidir e compor bancas de exames e comissões julgadoras de concursos ou outras formas de seleção para assistentes sociais, ou onde sejam aferidos conhecimentos inerentes ao serviço social; X – coordenar seminários, encontros, congressos e eventos assemelhados sobre assuntos de serviço social; XI – fiscalizar o exercício profissional através dos Conselhos Federal e Regionais; XII – dirigir serviços técnicos de serviço social em entidades públicas ou privadas; 24 Unidade I XIII – ocupar cargos e funções de direção e fiscalização da gestão financeira em órgãos e entidades representativas da categoria profissional (BRASIL, 1993). No que se refere a atividades como “coordenar, elaborar, executar, supervisionar e avaliar estudos, pesquisas, planos, programas e projetos na área de serviço social” (BRASIL, 1993), apesar de não ser citada especificamente a supervisão de estágio, é indicada a supervisão de estudos e intervenções por meio de planos, programas e projetos na área, algo que observamos ser realizado no estágio obrigatório. Já em relação a “assumir, no magistério de serviço social tanto a nível de graduação como pós-graduação, disciplinas e funções que exijam conhecimentos próprios e adquiridos em curso de formação regular” (BRASIL, 1993), como sabemos, os cursos de graduação exigem professor que exerça a supervisão de estágio, atribuição privativa do assistente social. Dessa forma, temos destaque tanto pela necessidade de supervisão de ações específicas em serviço social, incluindo a intervenção e a pesquisa, quanto pelo fato de que no magistério as matérias de conhecimento específico são conferidas por assistentes sociais, do que podemos ler também as disciplinas de supervisão. Ainda nesse artigo, é no trecho “treinamento, avaliação e supervisão direta de estagiários de serviço social” (BRASIL, 1993) que temos uma menção mais clara sobre a questão do estágio, uma vez que ele enfatiza a supervisão direta de alunos. A supervisão, a orientação e a análise do estagiário são apresentadas como uma atividade que só pode ser desempenhada pelo assistente social, sendo vedada a outro profissional. Vamos pensar sobre uma situação hipotética: uma assistente social inscrita no CRESS, mas em desvio de função e exercendo atividades que não constituem sua área de formação, poderia ter em sua responsabilidade um aluno estagiário em Serviço Social? A resposta é não. Se o profissional não desempenha as funções ligadas à área, não pode desempenhar a orientação de alunos para estágio. O alinhamento de responsabilidades em relação ao estágio curricular obrigatório é posto também no artigo 14 da Lei de Regulamentação da Profissão. Nesse artigo lemos que: Cabe às unidades de ensino credenciar e comunicar aos conselhos regionais de sua jurisdição os campos de estágio de seus alunos e designar os assistentes sociais responsáveis por sua supervisão. Parágrafo único – somente os estudantes de Serviço Social, sob supervisão direta do assistente social em pleno gozo de seus direitos profissionais, poderão realizar estágio em Serviço Social (BRASIL, 1993). Compete às instituições de ensino realizar o credenciamento dos campos de estágio em que os alunos estejam vinculados, bem como apontar os assistentes sociais que irão desempenhar o papel de supervisor, e somente aqueles que atendam a todos os requisitos do CRESS é que poderão realizar a supervisão direta de estágio. Quando o profissional apresenta qualquer pendência junto ao CFESS/CRESS, ele não pode realizar a supervisão de estágio. 25 SUPERVISÃO DE INTERVENÇÃO PROFISSIONAL Saiba mais O site a seguir apresenta algumas discussões da ABEPSS em prol da reflexão sobre o papel da supervisão e do estágio curricular para a formação do aluno: ABEPSS. Sou assistente social e supervisiono estágio: a supervisão qualifica a formação e o trabalho. Brasília: ABEPSS, 2017. Disponível em: http://www.abepss.org.br/noticias/souassistentesocialesupervisionoestagio asupervisaoqualificaaformacaoeotrabalho-157. Acesso em: 8 mar. 2020. Já o Código Profissional de Ética do assistente social nos aponta parâmetros, digamos, éticos a serem observados pelos profissionais na sua relação com instituições empregadoras, com outros profissionais, com os usuários e com outros aspectos afins com os quais os profissionais podem se relacionar. Em relação ao estágio, o documento nos coloca uma orientação muito específica no artigo 4º: d) compactuar com o exercício ilegal da profissão, inclusive nos casos de estagiários que exerçam atribuições específicas, em substituição aos profissionais; e) permitir ou exercer a supervisão de aluno de serviço social em instituições públicas e/ou privadas que não tenham em seu quadro assistente social que realize acompanhamento direto ao aluno estagiário (CFESS, 1993). Isso é muito interessante e demanda uma reflexão profunda. Quando sabemos que há casos de exercício irregular da profissão, não podemos ser coniventes – afinal, isso depõe contra os valores de nossa categoria e de nosso Código Profissional de Ética. Mas a reflexão que urge nesse caso relaciona-se à ênfase dada pelo documento ao exercício ilegal da profissão vinculado ao fato de que há estagiários desempenhando funções que deveriam ser realizadas por profissionais. Será que isso acontece no processo de estágio em Serviço Social? Sob quais argumentos? De toda maneira, não é lícito que o estagiário desenvolva intervenções que são de responsabilidade de assistente social habilitado, cabendo mesmo denúncia aos órgãos de fiscalização expressos no conjunto CFESS/CRESS. Lembrete É vedada a contratação de estagiário em Serviço Social em locais que não contem com o assistente social como integrante do quadro de trabalhadores. Também é apresentada como conduta incorreta no que diz respeito à supervisão de estágio a oferta de estágio na área do Serviço Social por instituições que não possuam assistente social habilitado em seu 26 Unidade I quadro de trabalhadores. Isso pode até parecer redundância, mas há casos de organizações que procuram instituições de ensino desejando celebrar acordos de estágio. Existem organizações que, provavelmente pelo desconhecimento da legislação que orienta o exercício profissional do Serviço Social, procuram estagiários sem possuir em seu quadro de trabalhadores os assistentes sociais. Há ainda empresas que buscam contratar o estagiário como mão de obra barata, visando que ele desempenhe as funções do assistente social por um salário inferior ao comumente pago ao profissional. Isso é muito grave e deve ser combatido por alunos e profissionais. Por fim, no artigo 21 do Código Profissional de Ética do Assistente Social, é apresentado como umdever de nossa categoria “informar, esclarecer e orientar os estudantes, na docência ou supervisão, quanto aos princípios e normas contidas neste código” (CFESS, 1993), fortalecendo assim a importância da noção de que os profissionais devem, além de conhecer o Código Profissional de Ética, também construir esse saber, esse conhecimento junto aos alunos estagiários. Aliás, sempre precisamos lembrar que a defesa pelas prerrogativas de nossa categoria deve incluir profissionais já atuantes, docentes e alunos. O quadro a seguir apresenta as principais especificidades em relação ao estágio observadas na Lei de Regulamentação da Profissão e no Código Profissional de Ética do Assistente Social. Vejamos: Quadro 2 – Indicações relacionadas ao estágio/supervisão em Serviço Social segundo a Lei de Regulamentação da Profissão e o Código Profissional de Ética do Assistente Social Lei de Regulamentação da Profissão Código Profissional de Ética do Assistente Social Supervisão de estagiário em Serviço Social como uma atribuição privativa dessa categoria Vedação da realização, pelo estagiário, de atividades dos profissionais habilitados e proibição do estabelecimento de estágio em locais que não possuam assistentes sociais em seu quadro de trabalhadores Necessidade das unidades de ensino em credenciar e informar campos de estágio Exigência para que os profissionais estejam habilitados para o exercício da supervisão Informação aos estagiários como dever do supervisor Como vemos, as normativas se complementam, fortalecendo a importância do papel do supervisor, destacando responsabilidades para as unidades de ensino e também reforçando a necessidade de defesa do estágio. As indicações de que o aluno não pode desenvolver ações sem a supervisão e também não pode desempenhar funções que corresponderiam ao profissional nos chamam a atenção para o caráter de defesa dos direitos que é apresentado no documento em questão. Observação É importante sensibilizar estagiários e supervisores quanto aos dispositivos contidos nessa legislação e nas demais que ainda iremos estudar. 27 SUPERVISÃO DE INTERVENÇÃO PROFISSIONAL Observe a notícia a seguir: Atividade Integrada de Pesquisa e Fórum de Supervisão de Estágio em Serviço Social Foi realizado no dia de hoje (04/12/2019) o evento Atividade Integrada de Pesquisa e Fórum de Supervisão de Estágio em Serviço Social da Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC). O evento foi articulado entre o CRESS 12ª Região, o NUCRESS Grande Florianópolis e a UFSC. Essa atividade encerra uma sequência de oito encontros realizados este ano, que nos demais NUCRESS chamou-se “Oficina Atribuições e Competências Profissionais: Os desafios da Relação Teoria-Prática”. No período da manhã a atividade teve início com a mesa de abertura composta por Tatiane dos Santos, Vice-coordenadora do NUCRESS Grande Florianópolis, Profa. Dra. Vânia Maria Manfroi, Coordenadora do Grupo de Pesquisa Formação e Trabalho da UFSC, Mediadora da mesa Profa. Dra. Marisa Camargo, Coordenadora de Estágio da UFSC, Juan Rafael Mirê Sanchez Chagas, representante da Comissão Ampliada de Estágios e Larissa de Souza, representante da ENESSO. Tatiane agradeceu a parceria entre o NUCRESS, o CRESS e UFSC, ressaltou a importância de reforçar o projeto ético-político dos/as assistentes sociais, e afirmou que: “É nesse espaço que a gente se fortalece para voltar para nosso espaço de trabalho que é onde fazemos a resistência”. A vice-coordenadora do NUCRESS Grande Florianópolis convidou a todos/as para participarem do NUCRESS e relembrou a importância dos/as profissionais realizarem o recadastramento obrigatório, que encerra em 31 de dezembro deste ano. Após a mesa de abertura deu-se início a palestra “Os desafios do presente para a materialização das competências e atribuições profissionais”, realizada pela Professora Profa. Dra. Yolanda Guerra. A palestra foi mediada por Mary Kazue Zanfra, assistente social da Prefeitura Municipal de Florianópolis, e teve um profícuo debate após a palestra da Profa. Dra. Yolanda. Fonte: CRESSSC (2019). Exemplo de aplicação Vemos nessa notícia a descrição de uma parceira firmada entre o CRESS de Santa Catarina e a Universidade Federal de Santa Catarina para pensar o estágio e a supervisão em Serviço Social. Além desses eventos, quais outros poderiam ser realizados para estimular a reflexão da categoria de profissionais atuantes sobre a supervisão de estágio em Serviço Social? 28 Unidade I No próximo tópico, avançaremos ainda mais no entendimento das prerrogativas que orientam o estágio em Serviço Social e nos aproximaremos das Diretrizes Curriculares da ABEPSS, importante referência para os estudos de estágio em Serviço Social. 2.2 Diretrizes Curriculares da ABEPSS de 1996 As Diretrizes Curriculares da ABEPSS são instrumentos fundamentais para a organização curricular dos cursos de Serviço Social no Brasil. Elas apontam para conteúdos, saberes e problematizações que devem integrar os currículos dos cursos de Serviço Social constituídos em nosso país. Dessa maneira, apesar de não se constituirem como legislação, as referências postas pela ABEPSS são basais aos cursos que desejam formar um profissional crítico e capacitado tecnicamente. É preciso enfatizar, no entanto, que há grande correspondência entre o que é destacado como ideal pela ABEPSS e aquilo que é indicado como necessário aos cursos de graduação pelo Conselho Nacional de Educação, conferme estudamos. Dito de outra maneira, ambos os documentos convergem para uma mesma finalidade. Lembrete As Resoluções n. 492, de 3 de abril de 2001; 1.363, de 12 de dezembro de 2001; e 15, de 13 e março de 2002, do Conselho Nacional de Educação, indicam conteúdos curriculares mínimos para vários cursos, entre eles, o de Serviço Social. Analisando as Diretrizes Curriculares da ABEPSS, é possível inferir que temos uma grande ênfase no entendimento do estágio como o momento privilegiado de articular teoria e prática, tanto é que o documento destaca que se deve constituir um princípio da formação profissional o estabelecimento de “mediações” entre a formação acadêmica e a realidade na qual interfere o estágio, ou seja, deve “[...] capacitar o/a aluno/a para o exercício profissional, por meio da realização das mediações entre o conhecimento apreendido na formação acadêmica e a realidade social (ABEPSS, 1996, p. 7). Esse princípio deve estar presente na organização curricular de todos os cursos de graduação em Serviço Social. Para isso, são indicadas possibilidades de abordagem da questão do estágio que devem estar presentes até mesmo nas disciplinas básicas do curso. Uma proposta interessante avistada pela ABEPSS se daria por meio do eixo de processo de trabalho e serviço social. Esse eixo de discussão, assentado na construção do conceito de trabalho pautado na análise marxista e considerando ainda as implicações da organização capitalista do trabalho para a profissão do assistente social, pressupõe que o aluno seja motivado a pensar o estágio diante desse contexto. Tanto é que um dos eixos vinculados à disciplina proposta é assim descrito: “O assistente social como trabalhador e o produto do seu trabalho. Supervisão do processo de trabalho e o estágio” (ABEPSS, 1996, p. 18). Pode ser, no entanto, que os cursos não usem em sua grade curricular essa nomenclatura, mas abordem o conceito de trabalho sob o viés da teoria crítica, assim como a perspectiva, igualmente crítica, do trabalho do assistente social como circunscrito em processos de trabalho. A abordagem desses conteúdos também não precisa acontecer somente nos espaços das disciplinas ligadas ao estágio. 29 SUPERVISÃO DE INTERVENÇÃO PROFISSIONAL A ABEPSS (1996) reforça a possibilidade de que temas relacionados ao estágio em Serviço Social também sejam discutidos por meio de oficinas, seminários e todos os outros espaços que as instituições de ensino considerem por bem constituir. Partindo dessacompreensão, o estágio, assim como o TCC, são indicados como atividades indispensáveis junto ao currículo dos cursos de graduação. O estágio, especificamente, aparece assim descrito: Estágio supervisionado: é uma atividade curricular obrigatória que se configura a partir da inserção do aluno no espaço sócio-institucional objetivando capacitá-lo para o exercício do trabalho profissional, o que pressupõe supervisão sistemática. Esta supervisão será feita pelo professor supervisor e pelo profissional do campo, através da reflexão, acompanhamento e sistematização com base em planos de estágio, elaborados em conjunto entre Unidade de Ensino e Unidade Campo de Estágio, tendo como referência a Lei n. 8.662/93 (Lei de Regulamentação da Profissão) e o Código de Ética do Profissional (1993). O Estágio Supervisionado é concomitante ao período letivo escolar (ABEPSS, 1996, p. 19). Dessa definição podemos inferir um rol amplo de aspectos sobre o estágio em Serviço Social, entre eles, a questão de que o estágio é uma atividade curricular obrigatória e, como tal, necessária para que o aluno possa concluir sua graduação. O estágio, para se consolidar como algo educativo, demanda ainda a presença dos supervisores de campo e do professor supervisor. O supervisor de campo é aquele que está vinculado à instituição onde o estágio será desenvolvido, e o professor supervisor será aquele vinculado à instituição de ensino. Ambos devem ser responsáveis pelo estágio, que deve ser acompanhado de maneira partilhada entre os profissionais. Nesse item vemos ainda em destaque a necessidade de elaboração do chamado Plano de Estágio, algo que como vimos é apresentado na Lei de Estágio como um dos requisitos para inserção dos alunos em estágio. Vemos que há o fortalecimento da importância de que esse Plano de Estágio seja elaborado de forma partilhada entre a unidade de ensino e o local em que o estágio irá acontecer. Iremos retomar essa questão adiante. Por agora, basta enfatizar que o entendimento da ABEPSS é o de que o Plano de Estágio deve figurar em todos os cursos de graduação como requisito prévio para a inserção dos alunos de Serviço Social em campo de estágio. Na indicação das Diretrizes Curriculares da ABEPSS, há ainda a recomendação de que o estágio curricular obrigatório de Serviço Social possuía uma carga horária mínima de 15% da carga total do curso: “O estágio supervisionado constitui-se como momento privilegiado de aprendizado teórico-prático do trabalho profissional tendo como carga horária mínima 15% da carga horária mínima do curso (2.700 horas)” (ABEPSS, 1996, p. 20). Novamente temos também o fortalecimento da relevância da vinculação entre teoria e prática como requisito fundamental para o caráter educativo do estágio. Apesar de apresentar poucas indicações específicas sobre o estágio em Serviço Social, as Diretrizes Curriculares da ABEPSS representam a reflexão de toda a categoria, uma vez que sua elaboração foi 30 Unidade I precedida por fóruns, debates e um rol amplo de atividades que foram organizadas pelos CRESS nas mais variadas regiões. Assim, o documento não representa ponderações de profissionais específicos, mas de toda a categoria dos assistentes sociais (CFESS, 2013). Outra relevância desse documento, expresso em um dos grande movimentos de discussão da categoria, resultou na Resolução CFESS n. 533/2008 e na Política Nacional de Estágio. Isso demonstra o amadurecimento da profissão em torno de questões extremamente relevantes à formação, como o estágio. Dando seguimento a nossos estudos, apresentaremos a Resolução CFESS n. 533/2008, que traz informações extremamente relevantes e específicas sobre o estágio. 2.3 Resolução CFESS n. 533/2008 A Resolução CFESS n. 533/2008 também resulta de um processo de reflexão empreendido pela categoria profissional dos assistentes sociais. Os profissionais, preocupados com a ampliação dos cursos de graduação e a consequente demanda de espaços para realização de estágio, passaram a empreender vários estudos, pesquisas e discussões em torno dessa questão. Um deles foi expresso por meio das tratativas conferidas pela ABEPSS, conforme observamos em relação às Diretrizes Curriculares Nacionais. Outro movimento, bastante singular, foi desenvolvido pelo conjunto CFESS/CRESS e imbuído do mesmo objetivo: qualificar as práticas de estágio curricular em Serviço Social, bem como provocar a reflexão dos supervisores sobre esse importante dispositivo de formação profissional. A Resolução CFESS n. 533/2008, após muitos aprofundamentos, foi aprovada no 38º Encontro Nacional de Serviço Social e se consolida hoje como um das principais referências sobre o estágio em Serviço Social (CFESS, 2013). Saiba mais O artigo a seguir é bem interessante ao problematizar e discutir a Resolução CFESS n. 533/2008: MARTINIANO, L. de A. Reflexões sobre a Resolução n. 533/08: supervisão direta de estágio. Serviço Social & Realidade, Franca, v. 21, n. 1, 2012. Disponível em: https://ojs.franca.unesp.br/index.php/SSR/article/download/ 2434/2142. Acesso em: 18 abr. 2020. A resolução foi estruturada reafirmando os postulados e princípios da profissão contidos na Lei de Regulamentação da Profissão, no Código Profissional de Ética do Assistente Social e nos demais dispositivos de orientação da categoria. Seu avanço advém do fato de delimitar com maior precisão as responsabilidades das unidades de ensino, dos supervisores e de todos os demais atores sociais que estão vinculados ao processo de estágio. Tais medidas são indicadas como meios de garantir que o estágio cumpra seu papel no processo de formação dos alunos. 31 SUPERVISÃO DE INTERVENÇÃO PROFISSIONAL Observação É responsabilidade da unidade de ensino informar ao CRESS dados da inserção dos alunos em campos de estágio em Serviço Social. Assim sendo, o documento destaca que compete à instituição de ensino informar ao CRESS de sua região sobre a inserção dos alunos em campos de estágio. A informação pode acontecer em até trinta dias após o semestre letivo e ser realizada pelo coordenador de curso ou coordenador de estágio, a depender da instituição educacional. A instituição precisa indicar os seguintes dados, conforme o artigo 1º: I – Campos credenciados, bem como seus respectivos endereços e contatos; II – Nome e número de registro no CRESS dos profissionais responsáveis pela supervisão acadêmica e de campo; III – Nome do estagiário e semestre em que está matriculado (CFESS, 2008). É essa informação que viabiliza que o CRESS realize a fiscalização do exercício dos profissionais como supervisores de campo. O CRESS é imbuído do papel de acompanhar os estágios para que esses espaços não se consolidem como dispositivos de exploração da mão de obra barata. Também constitui atribuição da unidade de ensino informar o CRESS a respeito da oferta de vagas de estágio. As instituições de ensino, por meio de seus responsáveis, devem ainda realizar visitas para acompanhar o estágio e também com a finalidade de verificar se o espaço físico da instituição permite que dispositivos como o sigilo profissional sejam garantidos. Na verdade, essa averiguação do espaço físico também é responsabilidade dos supervisores de campo. As instituições de ensino, no entanto, podem ser multadas se não transmitirem essas informações ao CRESS (CFESS, 2008). As indicações que acabamos de apresentar são recomendações tanto para os casos de estágio curricular obrigatório quanto para os casos do estágio curricular não obrigatório. Quanto a isso, a resolução nos coloca que tanto o estágio curricular obrigatório quanto o não obrigatório precisam constar no Projeto Pedagógico dos Cursos e também figurar na Política de Estágio da Instituição. Ambos devem visar à qualificação do aluno e prepará-lo para a sua formação futura. A diferença é que o estágio curricular obrigatório é validado como uma atividade curricular, e ao cursá-lo o aluno cumpre uma atividade acadêmica sem a qual não conseguiriase graduar. Já o estágio curricular não obrigatório é aquele que não é contabilizado para o cumprimento curricular. Lembrete O estágio, segundo a Lei de Estágio, tem jornada diária máxima de 6 horas. 32 Unidade I Tanto o estágio curricular obrigatório quanto o não obrigatório pressupõem a vinculação dos supervisores, de campo e acadêmico. A supervisão é, segundo a Lei de Regulamentação da Profissão, uma atribuição privativa do assistente social. A resolução assim descreve a supervisão direta de estágio em Serviço Social em seu parágrafo 6º, artigo 2º: Art. 2º. A supervisão direta de estágio em Serviço Social é atividade privativa do assistente social, em pleno gozo dos seus direitos profissionais, devidamente inscrito no CRESS de sua área de ação, sendo denominado supervisor de campo o assistente social da instituição campo de estágio e supervisor acadêmico o assistente social professor da instituição de ensino. Parágrafo único. Para sua realização, a instituição campo de estágio deve assegurar os seguintes requisitos básicos: espaço físico adequado, sigilo profissional, equipamentos necessários, disponibilidade do supervisor de campo para acompanhamento presencial da atividade de aprendizagem, dentre outros requisitos, nos termos da Resolução CFESS nº 493/2006, que dispõe sobre as “condições éticas e técnicas do exercício profissional do assistente social” (CFESS, 2008). Assim, recuperam-se as definições de supervisor de campo e supervisor acadêmico e destacam-se aspectos que devem ser garantidos pela instituição convenente de estágio, como espaço físico, sigilo e demais insumos necessários aos estágios. O texto ainda chama a nossa atenção para a questão da disponibilidade do supervisor de campo em participar, de fato, do processo de aprendizagem consolidado através do estágio curricular. O supervisor de campo precisa possuir essa disponibilidade, esse desejo em colaborar com o processo formativo do aluno-estagiário. Em face disso, a resolução ainda delimita que cada profissional poderá orientar um estagiário a cada dez horas trabalhadas na semana. Dessa forma, “[...] o limite máximo não deverá exceder 1 (um) estagiário para cada 10 (dez) horas semanais de trabalho” (CFESS, 2008). Assim, os profissionais que atuam 30 horas semanais podem ter até três alunos sob supervisão; os que atuam 20 horas semanais, até dois alunos; e os que atuam 10 horas semanais, até um aluno, sendo que essa quantidade não pode ser negligenciada. No caso de haver mais alunos, é preciso ainda observar se a estrutura física é suficiente para contemplar as necessidades do processo de supervisão. Lembrete O supervisor de campo pode orientar um aluno a cada 10 horas semanais trabalhadas. A resolução do CFESS ainda apresenta as competências e as atribuições dos supervisores assim descritas: I - ao supervisor de campo, apresentar projeto de trabalho à unidade de ensino, incluindo sua proposta de supervisão, no momento de abertura do campo de estágio; 33 SUPERVISÃO DE INTERVENÇÃO PROFISSIONAL II - aos supervisores acadêmico e de campo e pelo estagiário, construir Plano de Estágio onde constem os papéis, funções, atribuições e dinâmica processual da supervisão, no início de cada semestre/ano letivo (CFESS, 2008). O supervisor de campo apresenta o projeto de trabalho à instituição de ensino e ambos os supervisores constroem de maneira combinada e partilhada o Plano de Estágio. Nele, devem constar as atribuições de cada um dos envolvidos. O documento, o qual deve ser revisto semestralmente, ainda indica a responsabilidade partilhada dos supervisores (campo e acadêmico), conforme visto a seguir: Artigo 8º [...] I - Avaliar conjuntamente a pertinência de abertura e encerramento do campo de estágio; II - Acordar conjuntamente o início do estágio, a inserção do estudante no campo de estágio, bem como o número de estagiários por supervisor de campo, limitado ao número máximo estabelecido no parágrafo único do artigo 3º; III - Planejar conjuntamente as atividades inerentes ao estágio, estabelecer o cronograma de supervisão sistemática e presencial, que deverá constar no Plano de Estágio; IV - Verificar se o estudante estagiário está devidamente matriculado no semestre correspondente ao estágio curricular obrigatório; V - Realizar reuniões de orientação, bem como discutir e formular estratégias para resolver problemas e questões atinentes ao estágio; VI - Atestar/reconhecer as horas de estágio realizadas pelo estagiário, bem como emitir avaliação e nota (CFESS, 2008). O documento também destaca que é uma responsabilidade do supervisor de campo manter o arquivo do Plano de Estágio no local onde o estágio acontece, fortalecendo também o entendimento de que a supervisão de campo só pode ser desenvolvida por profissional que esteja vinculado à instituição. A supervisão não pode ser empreendida por trabalhadores que exercem atividade voluntária e que não possuem vínculo empregatício com as instituições. O artigo 5º nos diz que “A supervisão direta de estágio de serviço social deve ser realizada por assistente social funcionário do quadro de pessoal da instituição em que se ocorre o estágio” (CFESS, 2008). No item subsequente passaremos para a discussão a respeito da Política Nacional de Estágio constituída pela ABEPSS em 2009, publicada em 2010. 34 Unidade I 2.4 Política Nacional de Estágio da ABEPSS de 2010 A Política Nacional de Estágio da ABEPSS é um documento que apresenta várias indicações a respeito do estágio curricular em Serviço Social. As indicações iniciais partem da apresentação de questões contemporâneas presentes nos espaços de estágio curricular e nas universidades, além de apresentar discussões sobre a importância do campo de estágio. Saiba mais Veja o vídeo da ABEPSS sobre a Política Nacional de Estágio: GRADUAÇÃO em Serviço Social: Diretrizes Curriculares e a Política Nacional de Estágio. Brasil: TV ABEPSS, 2015. 4 minutos. Disponível em: https://www.youtube.com/watch?v=UPgKALe9e9U. Acesso em: 18 abr. 2020. Além de tal problematização inicial, o documento salienta ainda outros conceitos que devem ser pensados sempre que consideramos as questões relacionadas ao estágio: os princípios ético-profissionais, os princípios gerais e a concepção de estágio; elementos basais para que possamos pensar a alocação dos alunos em campos de estágio. Os princípios éticos apresentados como referência são os mesmos defendidos pela categoria dos assistentes sociais e estão apresentados no Código Profissional de Ética de nossa profissão. Sobre os princípios ético-profissionais, [...] a defesa da liberdade, democracia, cidadania, justiça, direitos humanos, combate ao preconceito se vinculam à construção de uma nova configuração societária que supere a exploração e as formas de opressão. Não podemos deixar de ressaltar, também, o compromisso com a qualidade dos serviços prestados, a competência e o pluralismo como princípios que precisam se objetivar no cotidiano profissional e nas vivências de estágio (ABEPSS, 2010, p. 12). A apropriação dos princípios de nossa categoria é condição vital para o estagiário. Diante disso, o estágio tem que viabilizar ao aluno o conhecimento desses dispositivos e sua incorporação em seu cotidiano. A apropriação desses princípios vai além de simplesmente aceitá-los, mas evoca o entendimento de sua importância para o exercício profissional qualificado. Os princípios gerais, por outro lado, destacam habilidades e competências que o estagiário precisa desenvolver a partir de valores construídos por meio do seu processo de estágio. A ABEPSS (2010) apresenta os seguintes princípios gerais: 35 SUPERVISÃO DE INTERVENÇÃO PROFISSIONAL • Indissociabilidade entre as dimensões teórico-metodológica, ético-política e técnico-operativa: o fundamento teórico metodológico é alicerçado nas dimensões ético-políticas e técnico-operativas. Teoria, ética e intervenção estão interligadas. • Articulação entre formação
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