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Fisioterapia Aplicada a Neurologia Tema: Paralisia Facial • Eletroestimulação na paralisia facial A estimulação elétrica é recomendada após vinte dias da lesão do nervo facial e, após o início da Paralisia facial (PF), pode ser aplicada durante as seis primeiras semanas (SOARES et al., 2002). Shrode (2003) estudou dois casos de PF sendo utilizado a eletroestimulação e apresentou resultados benéficos, e foi indicada em estágios precoces da lesão, com a finalidade de acelerar o progresso da função muscular normal. Para Caropreso (2000) a eletroestimulação pode ser utilizada na fase aguda da PF, pois a musculatura facial ainda se encontra flácida, porém à medida que reaparecerem os primeiros movimentos voluntários, a mesma deve ser interrompida. Com isso, a estimulação elétrica de baixa frequência (abaixo de 100 Hz) tem sido utilizada nos músculos faciais para facilitar suas contrações voluntárias. Esta forma de estimulação elétrica não necessita da cooperação ativa do paciente. A corrente galvânica também é descrita na literatura como componente da reabilitação da PF e visa acelerar o retorno da contração muscular. Um estudo comparativo de 149 pacientes com paralisia facial de Bell demonstrou recuperação funcional completa mais rápida em 77 pacientes tratados com eletroestimulação neuromuscular, comparado aos 72 pacientes tratados apenas com prednisona. Entretanto, de acordo com Paula et al 2014., a eletroestimulação é importante no processo de reabilitação e fortalecimento muscular, porém alertando sobre a necessidade de se compreender os riscos e cuidados na elaboração e condução desses protocolos, os quais, se não executados de forma correta, podem promover piora da lesão, incluindo aumento das sincinesias patológicas, hiperexcitabilidade ou outras sequelas. Já a eletroestimulação elétrica na Paralisia Facial Periférica (PFP) associada a exercícios de alongamento e massoterapia pode reverter parcialmente as sequelas da mesma. A FES é capaz de produzir contração muscular através do impulso elétrico, onde poderá reestabelecer a função neuromuscular prejudicada ou perdida (SOUZA et al., 2015). • Laserterapia na paralisia facial Os lasers não cirúrgicos ou de baixa intensidade possuem uma série de efeitos biológicos quando interagem com os tecidos. Para o tratamento da Paralisia Facial (PF) pode-se destacar o aumento da amplitude dos potenciais de ação (função nervosa estimulada) e a capacidade de aceleração de regeneração de estruturas nervosas. MILORO et al. 2002 destacam a efetividade do emprego do laser não cirúrgico (Arseneto de Gálio e Alumínio ou GaAlAs 830nm) na regeneração neural do nervo alveolar inferior em ratos. Para o tratamento da paralisia facial de Bell utiliza-se o laser para a obtenção de um aumento da amplitude dos potenciais de ação (função nervosa estimulada) e a capacidade de aceleração de regeneração de estruturas nervosas. São poucos os trabalhos publicados sobre a utilização da laserterapia na PF. Para aumentar a efetividade da laserterapia, marcam-se na face do paciente o trajeto dos cinco ramos principais do nervo facial e alguns pontos correspondentes às inserções dos músculos afetados pela paralisia. Alguns autores propõem como protocolo a aplicação em quatro sessões (a cada 48horas) de laser vermelho 2 J/cm2 (HeNe, 635 nm, 50 nW, 72 Hz) nos pontos musculares e laser infravermelho 2 J/cm2 (GaAlAs, 830 nm, 50 nw, 72Hz) nos ramos principais do nervo facial18. Porém, são necessários estudos controlados e randomizados que sustentem a eficácia da laserterapia na PF, bem como do protocolo a utilizar. Vanderlei et. al 2019, realizaram uma revisão integrativa da literatura acerca da utilização e o efeito do laser de baixa intensidade como método terapêutico das paralisias faciais periféricas, e obtiveram como resultado efeitos positivos da laserterapia utilizando dosagens entre 4 e 105 J/cm2 e comprimentos de onda entre 670 e 1064 nm em um período entre 4 e 20 sessões. A laserterapia tem se mostrado como uma alternativa de tratamento, sem contraindicações, tendo em vista sua capacidade de aceleração da regeneração das estruturas nervosas. • Crioestimulação (termoterapia) na paralisia facial O calor visa manter a vascularização e as trocas celulares enquanto se aguarda o influxo nervoso e na fase de recuperação e hipertonia o calor promove o relaxamento muscular e prepara o estiramento muscular. A termoterapia local superficial pode ser usada previamente aos exercícios e à massagem. A utilização de os ultrassons (3 MHz, 5 min/ sessão, cinco vezes por semana, três a seis semanas) tem sido descrita para tratar a contratura muscular facial. Não devem ser usados na região da apófise mastoideia por poderem agravar a lesão do nervo facial inflamado e causar lesão da glândula parótida. Já a crioterapia tem como objetivo a estimulação de pontos motores para obtenção de contração muscular na fase flácida. Pode ser usado um cubo de gelo (com toalha protetora), durante um período até 10 minutos. Segundo Tomadon et al 2014., o uso da crioestimulação pode promover a restauração estrutural e funcional durante o processo de recuperação. Entretanto, Santos (2014) afirmou que mesmo tendo resultados positivos em sua pesquisa, a utilização da crioestimulação ainda necessita de maiores evidências, pois apesar de promover analgesia e redução de edemas, não há fatores que comprovem a melhora do desempenho e força muscular e, dessa forma, sugere estudos com maior atenção na aplicação dessa técnica. REFERÊNCIAS SANTOS, M.E.S.M; MARTINS, C.A.M; BELTRÃO, G.C; GALLO, T.B. Paralisia do nervo facial após remoção de enxerto mandibular – relato de caso. Rev. Cir. Traumatol. Buco-Maxilo-Fac. v. 6, n.3, p.33-38. 2006. SOARES, A.C.C.; SILVA, R.L.; BERTOLINI, S.M.M.G. Atuação da fisioterapia na paralisia facial periférica. Arq. Ciência Saúde Unipar, v.6, n.3, p.171-176, 2002. FLORES, F.P; ZAZUETA, M.R; GARCIA, H.L. Tratamiento de la paralisis facial periférica idiopática: terapia física versus prednisona. Rev Med IMSS. v.36, p.217-21. 1998. BEURSKENS, C.H; HEYMANS, P.G. Physiotherapy in patients with facial nerve paresis: description of outcomes. Am J Otolaryngol. v.25, p.394-400. 2006. VALENÇA, M.M; VALENÇA, L.P.A.A. Nervo facial: aspectos anatômicos e semiológicos. Neurobiol. 62:77-84. GUTKNECHT, N.; EDUARDO, C.P. Laser de Baixa Intensidade. In: Gutknecht N, Eduardo CP. A Odontologia e o Laser: Atuação na Especialidade Odontológica. São Paulo: Quintessence, 2003: 217-237. MILORO, M; HALKIAS, L.E; MALLERY, S; TRAVERS, S; RASHID, R.G. Low-level laser effect on neural regeneration in Gore-Tex tubes. Oral Surg Oral Med Oral Pathol Oral Radiol Endod. 2002:93:27- 34. VIENAS VN, KREISNER PE, MARIANI C, PAGNONCELLI RM: Laserterapia Associada ao Tratamento da Paralisia Facial de Bell. Rev Port Estomatol Cir Maxilofac. 2006:47:43-48 VANDERLEI et al., Laserterapia de baixa potência e paralisia facial periférica: revisão integrativa da literatura. Terapia a laser e Paralisia de Bell. Rev. Distúrbios da comunicação. Alagoas, v. 31, n. 4, p. 557-564, dez. (2019) CHÁVEZ E.P; et al., Guía clínica para la rehabilitación del paciente con parálisis facial periférica. Rev Med IMSS 2004;42(5):425-436 SOUZA, I. F. et al. Métodos fisioterapêuticos utilizados no tratamento da paralisia facial periférica. Revista Brasileira de Ciências da Saúde, v. 19, n. 4, p. 315-320, 2015. Tomadon A, Ferreira AJM, Liberari M, Matera NF, Portolez JLM, Bertolini GRF. Crioterapia como fator interveniente na dor muscular de início tardio. Rev. Bras. de Fisiol. do Exerc, 2014 Jul-Ago; 13(4) 17. SANTOS, T.S. Quantificação do uso da crioterapia no desempenho físico e tratamento de lesões na base de dados Scielo.org. RBPFEX, São Paulo. 2014 Jan-Fev; 8(43):44-9. PAULA, C.A.S; NADER, B.B; NETO,J.F.M.A. Paralisia facial de Bell e estratégias de intervenção fisioterápica preventiva ao acometimento da sincinesia. Rev Dig Buenos Aires, 2014 Dez;19(199). https://revistas.pucsp.br/index.php/dic/issue/view/2358 https://revistas.pucsp.br/index.php/dic/issue/view/2358
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