Baixe o app para aproveitar ainda mais
Prévia do material em texto
VIAS DE ACESSO AO TÓRAX CIRURGIA CATARINA ALIPIO MEDICINA UNIMES Cirurgia I PRÁTICA Aula 01 - Anatomia do tórax: Linhas do tórax: - PAREDE ANTERIOR: • Linha médio esternal (mediana anterior): passa verticalmente/ sagitalmente sobre o ponto médio do esterno. • Linha hemiclavicular (medioclavicular): passa verticalmente sobre o ponto médio das clavículas e coincide com os mamilos. • Linha paraesternal: é paralela ao esterno e passa à meia distância entre as linhas medioesternal e hemiclavicular. - PAREDE LATERAL: • Linha axilar: - Anterior: desce verticalmente da prega axilar anterior. - Posterior: desce verticalmente da prega axilar posterior. - Média: desce no ponto médio entre as linhas axilares anterior e posterior. • Onde se faz as drenagens e as toracotomias ântero- laterais (no 5º EIC) com paciente deitado. - PAREDE POSTERIOR: • Linha mediana posterior (medioespinal): passa verticalmente sobre os processos espinhosos das vértebras. • Linha paravertebral: passa no ponto médio entre as linhas mediana posterior e escapular. • Linha escapular: tangencia verticalmente a margem medial da escápula. Parede anterior do tórax: - CLAVÍCULA: • Extremidade esternal. • Extremidade acromial. - ESTERNO: longa Catarina Alipio XXII-B Isabella Occhiuto XXII-B Página 1 Cirurgia I PRÁTICA e estreita placa óssea mediana na parede anterior do tórax que articula-se, por meio das cartilagens costais, permitindo a flexibilidade necessária para a respiração. • Partes: - Manúbrio (superior). - Corpo (meio). - Processo/ apêndice xifóide (inferior). • Ângulo esternal (de Louis): entre o manúbrio (inclinado para trás) e o corpo do esterno (inclinado para frente). - É uma sindesmose do manúbrio esternal (sem mobilidade). - Marca o ponto de referência para o 2º arco costal. • Referência para palpação dos espaços intercostais. - COSTELAS E CARTILAGENS COSTAIS: são fitas ósseas, que estendem-se das vértebras torácicas posteriormente até a parede anterior do tórax, onde se ligam indiretamente ao esterno através das cartilagens costais (facilmente quebráveis). • São 12 pares: - 1ª a 7ª verdadeiras: se articulam diretamente com o esterno através das cartilagens costais. - 8ª a 10ª falsas: fixam indiretamente ao esterno e formam o rebordo costal (marca o limite inferior da caixa torácica. - 11ª e 12ª flutuantes: não fazem ligação com o esterno. Parede posterior do tórax: - Pontos de referência: • Processo espinhoso da 7ª vértebra. • Ângulo da escápula. • Costelas 11ª e 12ª) flutuantes. - VÉRTEBRAS TORÁCICAS: T1 a T12 no plano mediano posterior. - ESCÁPULA: • Ângulo inferior da escápula: ponto de referência para toracocentese e toracotomia póstero-lateral. Catarina Alipio XXII-B Isabella Occhiuto XXII-B Página 2 Cirurgia I PRÁTICA Músculos do tórax: - Músculo serrátil anterior: saí posteriormente em direção às costelas (2ª a 9ª). - Músculo peitoral maior: mais superficial. • Daí do ponto médio da clavícula e forma uma aponeurose na margem do esterno. • Forma um leque. • É o limite da axila. • Importância cirúrgica: não lesioná-lo (ou lesioná-lo o mínimo possível). - Em uma toracotomia ântero-lateral, preferir rebater a musculatura ao invés de cortar as fibras musculares. - Ele não é acometido em uma esternotomva mediana. - Músculo peitoral menor: mais profundo. • Preso da 2ª a 6ª costela até a escápula. - Músculos intercostais: função na respiração. • Intercostais internos: se estendem da extremidade medial dos EIC até o ângulo da costela. - Fibras oblíquas com direção inferior e posterior. • Intercostais externos: se estendem do tubérculo costal até a junção costocondral. - Fibras oblíquas com direção inferior e anterior. • Íntimos: parte mais interna com ação de inspiração (entre o interno e o íntimo há a passagem de um feixe vasculho-nervoso: veia, artéria e nervo intercostais) Catarina Alipio XXII-B Isabella Occhiuto XXII-B Página 3 Músculos subcostais Cirurgia I PRÁTICA - Músculos subcostais: preso internamente e posterior às costelas. - Músculo transverso do tórax: preso internamente e anterior às costelas. - Músculos escalenos: músculo do pescoço que se liga às primeiras costelas. - Diafragma: • Cúpula diafragmática. • Pleura diafragmática (brillante). MOVIMENTOS RESPIRATÓRIOS: - São coordenados por dois grupos de músculos principais: • Musculatura intercostal: aumenta do diâmetro ântero-posterior da caixa torácica. • Musculatura diafragmática: aumenta o diâmetro supero-inferior da caixa toracica. - Gera uma pressão negativa para que o ar entre nos pulmões. - Inspiração no indivíduo que está dormindo é predominantemente diafragmática (ventilação mais autônoma). - O indivíduo acordado, trabalha mais a caixa torácica e também pode controlar a respiração diafragmática quando quer. O sistema nervos autônomo é controlado pela vontade do paciente. Conteúdo da cavidade toracica: VÍSCERAS: - PULMÕES: • Pulmão esquerdo: - 2 lobos (superior e inferior). - 1 incisura (oblíqua). - Língua (prolongamento da margem anterior do lobo superior, entre a incisura oblíqua e a incisura cardíaca). - Faces e impressões: • Face diafragmática (na base do pulmão). Catarina Alipio XXII-B Isabella Occhiuto XXII-B Página 4 Cirurgia I PRÁTICA • Face costal (das costelas). • Impressão do arco da aorta. • Impressão cardíaca (profunda). - Brônquio fonte esquerdo (mais horizontalizado e mais fino que o brônquio fonte direito, que é mais grosso e mais verticalizado). • Pulmão direito: - 3 lobos (superior, médio e inferior). - 2 incisuras (oblíqua e horizontal). - Faces e impressões: • Impressão do esôfago. • Impressão cardíaca (mais leve). - Brônquio fonte direito (mais verticalizado e mais grosso): risco de aspiração e intubação unilateral. • Hilo pulmonar: vemos os anéis cartilaginosos do brônquio, as artérias (pressão baixa) e veias pulmonares. - CORAÇÃO: • Inserido no saco pericárdico (pericárdio visceral + parietal). • Situado no mediastino médio inferior. - TRAQUEIA. - VASOS DA BASE: • Arco aórtico: vaso espesso com PA de 120,80 mmHg que saí do ventrículo esquerdo. • Veia cava superior: têm pressão negativa (para “aspirar” o sangue para o átrio direito). Se forma pela tributação de 2 ramos principais, dos troncos braquiocefálicos direito e esquerdo. - Tronco braquiocefálico recebe sangue da veia jugular e da veia subclávia. - Possui parede mais fina. - Entra no átrio direito. • Tronco pulmonar: saí do ventrículo direito em direção aos pulmões e se bifurca nas artérias pulmonares. • Veias pulmonares: direitas superior e inferior, e esquerdas superior e inferior que desembocam no átrio esquerdo. • Artéria carótida: é um ramo direto do arco da aorta, do lado esquerdo, e um ramo do tronco braquiocefálico (ramo da aorta), do lado direito. - TIMO. - ESÔFAGO: passa posteriormente à traqueia. Catarina Alipio XXII-B Isabella Occhiuto XXII-B Página 5 Cirurgia I PRÁTICA REVESTIMENTOS: visceral e parietal - PLEURA: saco seroso de dupla parede. • Pleura parietal tem continuidade com a pleura visceral, formando os recessos. - Recessos pleurais; • Costodiafragmático ou costofrênico: onde acumula líquido (quando fazemos um Rx do paciente em pé, apresenta velamento, fica esbranquiçado, e se tiver um pneumotórax fica tudo preto). • Costomediastinal. • Retroesofágico. • Frênico-mediastínico. • Infrapericárdico. - PERICÁRDIO: produz líquido seroso que permite que o coroa funcione sem atrito. • Saco pericárdico: saco de 2 camadas que envolve o coração. • Cavidade pericárdica: espaço entre o pericárdio seroso parietal e visceral. Anatomia cirúrgica do tórax: Catarina Alipio XXII-B Isabella Occhiuto XXII-B Página 6 No raio X: - Líquido: branco. - Ar: preto Cirurgia I PRÁTICA Acesso ao tórax: Classificação:- Quanto à indicação: • Eletiva: fazemos a toracotomia póstero-lateral. - Para abranger o esôfago: fazemos uma toracotomia póstero-lateral direita (porque o esôfago fica mais desse lado). - Abrange o hilo pulmonar. • De urgência: sempre fazemos a toracotomia ântero-lateral. - Quanto ao acesso: • Aberta ou convencional. • Video-assitida. Tipos de incisões cirúrgicas: • Esternotomia mediana. • Toracotomia ântero-lateral. • Toracotomia posterolateral. • Toracotomia axilar. Indicações: • Câncer de pulmão e esôfago. • Cirurgia cardíaca/ aórtica. • Trauma torácico. • Pneumotórax persistente. Catarina Alipio XXII-B Isabella Occhiuto XXII-B Página 7 Cirurgia I PRÁTICA Pericardiocentese: - Punção aspirativa do saco pericárdico ou Punção de Marfan. - Para tirar o paciente do choque do tamponamento cardíaco (estase jugular, bulhas rítmicas hipofonéticas e ausculta pulmonar normal). - Feita no ângulo entre o processo xifóide e o rebordo costal, do lado esquerdo (lado direito em situs inversus), com a agulha entrando à 45º apontada para o mamilo esquerdo. • Equivale à janela pericárdica. - Acompanhar com FAST ou ECG (se a agulha tocar o miocárdio provoca arritmia - extra sístole). - Seguir com cirurgia. - Pode ser total, parcial ou combinada. Toracocentese: - Punção com a finalidade diagnóstica ou terapêutica do derrame pleural pela remoção do acúmulo de líquido anormal ali presente. • Transforma um pneumotórax hipertensivo em um pneumotórax simples. - Entra com a agulha no ângulo inferior da espinha da escápula, na borda superior da costela inferior (evitar o feixe vasculho-nervoso costal). - TÉCNICA: • O paciente deve estar sentado com os braços apoiados em anteparo. Após preparar o material e realizar a assepsia o médico deve posicionar-se por atrás do paciente e proceder da seguinte maneira: • Anestesia: aspirar o anestésico com uma seringa acoplada à agulha 40 x 12 mm, em seguida com a agulha 30 x 7 mm puncionar na borda superior da costela inferior, na região lateral à musculatura paravertebral e medial à ponta da escápula ipsilateral ao lado do derrame. • Punção: após anestesiar, nova punção deve ser realizada no local previamente anestesiado, porém desta vez com jelco selecionado acoplado à seringa de 20 ml. Deve-se introduzi-lo lentamente sob aspiração negativa. Após aspiração do líquido pleural, e, portanto, confirmação do dispositivo no espaço interpleural, deve-se retrair um pouco a agulha metálica, deixando o jelco, e coletar cerca de 40 ml para estudo. Após coleta do material, retrair todo o mandril metálico e acoplar o equipo ao cateter Catarina Alipio XXII-B Isabella Occhiuto XXII-B Página 8 Cirurgia I PRÁTICA plástico estando a ponta distal do equipo dentro do frasco para coleta da secreção a ser drenada. Interrompa o procedimento após retirada de cerca de 1000 ml a 1500 ml de líquido ou após o paciente apresentar tosse. Faça um curativo com gaze e esparadrapo no local da punção. - Resultado da toracocentese: • Quando a secreção é serosa, fluída (amarelo citrina), não fazemos nada. • Quando a infecção é bem proteica, mucosa, com polimorfonucleares, mandamos o paciente para drenagem. Drenagem torácica: - Exame físico: • Inspeção. • Percussão: - Som claro pulmonar: normal. - Timpânico: pneumotórax. - Maciço: hemotórax (geralmente é trauma). - PNEUMOTORAX: situação urgente. • Classificar em aberto ou fechado. • Algum trauma que fez com que vazasse ar para o espaço pleural. • Paciente apresenta: estase jugular, expansibilidade diminuída no hemitorax afetado, percussão timpânica, MV diminuídos. • Fazemos uma punção torácica de alivio primeiramente (no 2º EIC anteriormente) para transformar esse pneumotórax hipertensivo em um pneumotórax simples e depois fazemos a drenagem propriamente dita. - Todo paciente clinicamente instável deve ser submetido à punção do 2º espaço intercostal para alívio imediato do sintomas, seguido de drenagem torácica. - TÉCNICA: drenagem torácica. • Incisão transversa no 5º EIC na linha axilar média para cima. • Utilizando uma pinça com ponta romba do tipo “Kelly curva”, faça uma abertura com cerca de 1,5 cm na pleura e introduza o dedo na cavidade pleural. • Fazer a medição e inserir o dreno (que tem orifícios e é radiopaco). • Se vier sangue é hemotórax: conectar um selo d’água para drenagem. - Se o paciente drenar mais que 500 ml rapidamente, já é um paciente cirúrgico. • Fixamos o dreno com um ponto em “U”. Catarina Alipio XXII-B Isabella Occhiuto XXII-B Página 9 Cirurgia I PRÁTICA • Podemos deixar o dreno até 7 dias em casos de trauma geral e de 3 a 4 dias em casos de pneumotórax espontâneo. • Ao retirar o dreno, não damos ponto, colocamos um “esparadrapão”. Esternotomva mediana: - Só vale para cirurgia eletiva (coração, timo, vasos da base, tireoide…). • Amplo acesso ao coração. - INDICAÇÕES: ‣ Grandes bocios mergulhanetes. ‣ Acesso aos vasos da base, pericárdio, coração, timo, traqueia proximal. ‣ Diérerse com serra de esterno ou formão. ‣ Hemostasia com serra de osso. ‣ Síntese com fios de aço, abrangendo o esterno. - TÉCNICA: • Corta a pele, subcutâneo e periósteo (com bisturi frio para não dar osteomielite, pois o bisturi quente, queima o periósteo que para de ser nutrido). • Faz uma incisão no pescoço para passar o dedo e abrir o esterno, e outra incisão para tirar o apêndice xifóide e também passar dedo. • Com o dedo, faz a dissecção no espaço retroesternal, soltando o saco pericárdico e tentando chegar ao máximo um dedo próximo do outro nas incisões. • Com uma serra específica, vamos martelando e serrando o osso esterno, sem comprometer o saco pericárdico. • Colocar cera de osso para reduzir o sangramento (sangra muito). • Com o afastador, abre o esterno. • Para suturar o esterno, é com fio de aço que envolve o esterno, bem ao lado de suas margens, tomando muito cuidado com as artérias mamárias. Toracotomia ântero-lateral: - Melhor via de acesso para o trauma. - Paciente em DDH. - Vantagem: pode estender para o outro lado, cerrando o esterno transversalmente (open book ou Shell). - Mais adequado no 5º espaço intercostal esquerdo. • Abre o pericárdio e começa a massagear o coração para reverter a PCR. - Dá acesso a coração e pulmões na emergência. - Precisa-se fazer ligadura das artérias mamárias, que está passando elo 5º EIC. Catarina Alipio XXII-B Isabella Occhiuto XXII-B Página 10 - Artérias mamárias em visão posterior da p a r e d e t o r á c i c a anterior. Cirurgia I PRÁTICA • Contagem dos espaços intercostais: - Ângulo de Luis (entre o manúbrio e corpo do esterno): refere-se à 2ª costela e embaixo, o 2º EIC. - Qualquer incisão torácica deve ser acima do processo xifóide (que refere-se à cúpula diafragmática). Toracotomia póstero-lateral: - Não serve para o trauma, é usada em cirurgias eletivas. • Ex: cirurgia de esôfago. - Feita em decúbito lateral. - O braço do paciente fica em cima de um suporte e usamos como referência o ângulo da escápula para frente, no 5ª EIC. - Início abaixo a escápula ao longo do espaço intercostal. - Evitar seccionar músculos serráreis, grande dorsal e peitoral maior, afastando-os ou difusionado-os. - Síntese com fios absorvíveis envolvendo ambos arcos costais. Catarina Alipio XXII-B Isabella Occhiuto XXII-B Página 11
Compartilhar